Exilado em França antes da revolução de Abril, Tino Flores é a escolha de hoje e é a sua primeira passagem por este blog.
É de todos os cantautores anteriores ao 25 de Abril aquele que apresenta maior radicalidade, quer em termos das letras directamente alinhadas com a esquerda marxista-leninista, quer em termos musicais onde a simplicidade do acompanhamento com a viola se confunde com a facilidade de memorização e seguimento por quem ouvisse as suas canções.
De todo seria possível a sua passagem na rádio de então. Os discos gravados em França circulavam clandestinamente em Portugal e foi assim que os conheci já estudante em Coimbra nos anos de 1973 e 1974.
São três os EP por ele então gravados:
- Viva a Revolução (1971)
- Organizado o Povo É Invencível (1972)
- O Povo em Armas Esmagará a Burguesia (1973)
www.discogs.com |
O desenho da capa e texto da contra-capa do 2º EP é sintomático da orientação política de Tino Flores:
"Explorados nas fábricas e nos campos, carne para canhão na guerra colonial, emigrantes a fugir à fome, presos, torturados e massacrados pelos carrascos da burguesia, esta é a nossa vida. Sózinhos, isolados somos uma presa fácil nas mãos dos capitalistas. Quando nos unimos, quando nos organizamos, obrigamos os patrões e os oficiais e a polícia a recuar, fazemos greves e ganhamos, desertamos e roubamos armas, atacamos a guarda e fazemos com que ela fuja. Organizados e com armas conquistaremos o poder e exterminaremos essa corja de bandidos e parasitas que nos sugam o sangue e que nos lançam na miséria. Lutemos pela nossa unidade, organizemos reuniões nas fábricas, nos campos, nos quartéis, nos bairros onde vivemos! Discutamos os nossos problemas e organizemo-nos para a resposta vitoriosa contra os nossos exploradores! A união de todos os explorados criará um mundo novo onde terminará a exploração do homem pelo homem!
A guerra do povo é invencível.
Em frente pela revolução popular!"
Tino Flores – Na Casa do Operário
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