E finalmente às 20h30m em ponto eis Van Morrison, Van the man.
Já algum público, em desrespeito para com o músico e resto da assistência, parecia ignorar que o concerto já tinha começado e passado algumas canções ainda procuravam os seus lugares com as mãos ocupadas por sandes e copos de cerveja que já deviam ter sido digeridos. Quando é que assistirei em Portugal a um concerto em que as pessoas tomam os seus lugares a seu devido tempo e o início não é perturbado pelos "com licença, com licença" de quem parece estar ali por estar, sem se interessar pelo objecto do espectáculo?
Quanto ao concerto, propriamente dito só há que enaltecer. Desde a qualidade sonora, à prestação de Van Morrison e restantes acompanhantes esteve tudo bem. Van Morrison com os seus 72 anos apresenta uma voz invejável, embora naturalmente diferente da que conhecíamos dos anos 60 e 70, mas só surpreendeu quem não acompanhou a longa e excelente carreira deste músico.
Escondido no seu fato às riscas, chapéu e óculos escuros, cantou e tocou o seu saxofone, durante mais de 90 minutos e assim como entrou assim saiu com apenas uns "thanks" no final. "Encore" não é com ele, foi-se embora e deixou o restante grupo a deliciar-nos com variações em torno de "GLORIA".
Num concerto centrado no Blues e no Jazz onde ele se tem acantonado nos últimos anos, mas aos quais nunca foi alheio, interpretou temas de "GLORIA" (1964) a "Broken Record" (2017) que percorreram mais de 50 anos de uma brilhante carreira. Entre as 20 canções interpretadas lá estava "The Way Young Lovers Do" (1968) na versão 2018 de "You're Driving Me Crazy", o blues "Baby Please Don't Go" (original de 1935) por ele interpretada em 1964 com os Them e aqui acrescida de "Got My Mojo Working" popularizada em 1957 por Muddy Waters e "Days Like This" do álbum homónimo de 1995. Não podia faltar "Moondance" do também álbum homónimo de 1970, o standard "Bye, Bye Blackbird" de "Versatile" (2017), "Have I Told You Lately" do álbum "Avalon Sunset" (1989) sem esquecer "Brown Eye Girl" do primeiro LP a solo "Blowin' Your Mind" (1967).
No final, tal como há 25 anos no Coliseu do Porto, soube a pouco, tal é a quantidade de temas que preenchem a minha memória e que logicamente não ouvi, "Cyprus Avenue", "Ballerina", "Into the Mystic", "Domino", "Listen to the Lion", "Saint Dominic's Preview", "Snow in San Anselmo", só para citar algumas do final dos anos 60, início de 70, do século passado. Mas era pedir demais, era querer meter o Rossio na rua da Betesga.
Nota final para a excelente banda que o acompanhou, tanto quanto consegui apurar formada por: Paul Moran - teclados, trompete, Dave Keary - guitarras, Paul Moore - baixo, Mez Clough - bateria, Dana Masters - voz, Teena Lyle - vibrafone e percussões.
Para lembrar ficamos com "Magic Time" de 2005, aqui na versão de 2018 do álbum "You're Driving Me Crazy" e que ele também interpretou.
Van Morrison - Magic Time
Para uns recordações, para outros descobertas. São notas passadas, musicais e não só...
terça-feira, 31 de julho de 2018
segunda-feira, 30 de julho de 2018
Van Morrison - EDPCOOLJAZZ 2018
A vinda de Van Morrison a Portugal é um acontecimento imperdível.
Já o tinha visto há 25 anos atrás no Coliseu do Porto e tinha ficado com um "sabe a pouco" que queria ultrapassar. Assim, quando soube da vinda dele ao EDPCOOLJAZZ, não exitei e logo adquiri os bilhetes para este concerto que se realizou na Sábado passado. Comprei-os pois logo no início do ano e reservei hotel em Oeiras pois era no Parque dos Poetas que o acontecimento estava anunciado.
Mas algum tempo antes dei conta que o local do concerto tinha sido alterado, mantendo-se a hora para as 19h, e já não era em Oeiras mas sim em Cascais no hipódromo Manuel Possolo. Bom, o hotel já estava marcado em Oeiras, já não era tempo de o alterar e assim ficou. Entretanto constatei que para as 19h tinha sido acrescentado, a anteceder o Van Morrison, um grupo português de nome Off The Road. Tudo bem, antes a mais do que a menos ...
Chega o dia e já depois das 18h (no bilhete diz abertura de portas às 18h) dirigimo-nos, eu e a minha esposa, para a entrada que ainda se encontrava fechada e uma longa fila se desenhava pelo passeio fora. Rápido foi, no entanto, a entrada quando esta se abriu.
Chegamos ao interior do parque, no acesso ao hipódromo, fomos informados que o Van Morrison só actuava às 20h e 30m. Os tais Of The Road, não actuavam ali mas sim no jardim anexo onde estava instaladas as barracas de cerveja e fast-food.
Para lá nos dirigimos e lá actuaram os ditos num palco que quase passava despercebido e que serviu de entretenimento enquanto se passeava pelo jardim e, ou, se matava a fome e a sede nas referidas barracas.
Para que conste 2 copos pequenos de cerveja custaram 7€ (!!), sendo os copos reutilizáveis mas não reembolsáveis.
Portanto o tempo que antecedeu o concerto foi mais de comes e bebes do que propriamente musical.
Mas tudo valeu a pena, pois de Van Morrison se tratava. Amanhã continuo, mas fica desde já uma pergunta: pelo que descrevi não há muita falta de planeamento, sendo este já o 15º evento?
Já o tinha visto há 25 anos atrás no Coliseu do Porto e tinha ficado com um "sabe a pouco" que queria ultrapassar. Assim, quando soube da vinda dele ao EDPCOOLJAZZ, não exitei e logo adquiri os bilhetes para este concerto que se realizou na Sábado passado. Comprei-os pois logo no início do ano e reservei hotel em Oeiras pois era no Parque dos Poetas que o acontecimento estava anunciado.
Mas algum tempo antes dei conta que o local do concerto tinha sido alterado, mantendo-se a hora para as 19h, e já não era em Oeiras mas sim em Cascais no hipódromo Manuel Possolo. Bom, o hotel já estava marcado em Oeiras, já não era tempo de o alterar e assim ficou. Entretanto constatei que para as 19h tinha sido acrescentado, a anteceder o Van Morrison, um grupo português de nome Off The Road. Tudo bem, antes a mais do que a menos ...
Chega o dia e já depois das 18h (no bilhete diz abertura de portas às 18h) dirigimo-nos, eu e a minha esposa, para a entrada que ainda se encontrava fechada e uma longa fila se desenhava pelo passeio fora. Rápido foi, no entanto, a entrada quando esta se abriu.
Para lá nos dirigimos e lá actuaram os ditos num palco que quase passava despercebido e que serviu de entretenimento enquanto se passeava pelo jardim e, ou, se matava a fome e a sede nas referidas barracas.
Para que conste 2 copos pequenos de cerveja custaram 7€ (!!), sendo os copos reutilizáveis mas não reembolsáveis.
Portanto o tempo que antecedeu o concerto foi mais de comes e bebes do que propriamente musical.
Mas tudo valeu a pena, pois de Van Morrison se tratava. Amanhã continuo, mas fica desde já uma pergunta: pelo que descrevi não há muita falta de planeamento, sendo este já o 15º evento?
Bee Gees - I.O. I. O.
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
Quase esquecida, e pouco se perdia se a tivesse ignorado, a recuperação que hoje faço de mais um tema dos australianos Bee Gees, dá pelo nome de "I.O. I.O."
A maior parte e a melhor da produção discográfica dos Bee Gees centrou-se nos anos 60 e 70 com pontos altos centrados em álbuns como "Bee Gees 1st" e "Odessa", mas também com baixos a resvalar para o piroso em canções como "You Should Be Dancing", "I.O. I.O." ou o aclamado "Stayin' Alive".
Em 1969 os Bee Gees estão desentendidos, Robin Gibb tinha partido para carreira a solo, restavam Maurice e Barry Gibb que gravam o LP "Cucumber Castle" e separam-se de seguida A separação seria curta pois em 1970 já se encontravam juntos para enfrentar com sucesso a nova década.
De "Cucumber Castle" sobreviveu "Don't Forget To Remember" que nos trás boas memórias, mas é de "I.O. I.O." que a revista "mundo da canção" reproduzia a letra no seu nº 6. "I.O. I.O." foi, em 1970, editada em Single com "Sweetheart" no lado B.
Bee Gees - I.O. I. O.
Quase esquecida, e pouco se perdia se a tivesse ignorado, a recuperação que hoje faço de mais um tema dos australianos Bee Gees, dá pelo nome de "I.O. I.O."
A maior parte e a melhor da produção discográfica dos Bee Gees centrou-se nos anos 60 e 70 com pontos altos centrados em álbuns como "Bee Gees 1st" e "Odessa", mas também com baixos a resvalar para o piroso em canções como "You Should Be Dancing", "I.O. I.O." ou o aclamado "Stayin' Alive".
Em 1969 os Bee Gees estão desentendidos, Robin Gibb tinha partido para carreira a solo, restavam Maurice e Barry Gibb que gravam o LP "Cucumber Castle" e separam-se de seguida A separação seria curta pois em 1970 já se encontravam juntos para enfrentar com sucesso a nova década.
De "Cucumber Castle" sobreviveu "Don't Forget To Remember" que nos trás boas memórias, mas é de "I.O. I.O." que a revista "mundo da canção" reproduzia a letra no seu nº 6. "I.O. I.O." foi, em 1970, editada em Single com "Sweetheart" no lado B.
Bee Gees - I.O. I. O.
domingo, 29 de julho de 2018
Tony Joe White - Roosevelt and Ira Lee
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
Não a conhecia de todo ou na melhor das hipóteses não me lembrava dela. Passou-me ao lado, a canção chamava-se "Roosevelt and Ira Lee" e tinha sido composta e interpretada por Tony Joe White. Uma falha minha agora a ser colmatada.
Em actividade desde 1968, Tony Joe White é um cantor norte-americano próximo do Country e do Blues. Não me recordo de por cá ter sido divulgado, pelo menos o suficiente para me recordar desta "Roosevelt and Ira Lee", que surge no 2º LP por ele editado em 1969.
Já no ano anterior tinha alcançado notoriedade com o primeiro LP donde tinha saído "Polka Salad Annie" e do mesmo período realço ainda a inspirada "Rainy Night in Georgia".
Não fora a revista "mundo da canção" no seu nº 6 de Maio de 1970 que tenho vindo a recordar e esta "Roosevelt and Ira Lee" não teria por mim sido (re)descoberta. É esta a proposta de audição para quem hoje passar por este Regresso ao Passado.
Tony Joe White - Roosevelt and Ira Lee
Não a conhecia de todo ou na melhor das hipóteses não me lembrava dela. Passou-me ao lado, a canção chamava-se "Roosevelt and Ira Lee" e tinha sido composta e interpretada por Tony Joe White. Uma falha minha agora a ser colmatada.
Em actividade desde 1968, Tony Joe White é um cantor norte-americano próximo do Country e do Blues. Não me recordo de por cá ter sido divulgado, pelo menos o suficiente para me recordar desta "Roosevelt and Ira Lee", que surge no 2º LP por ele editado em 1969.
Já no ano anterior tinha alcançado notoriedade com o primeiro LP donde tinha saído "Polka Salad Annie" e do mesmo período realço ainda a inspirada "Rainy Night in Georgia".
Não fora a revista "mundo da canção" no seu nº 6 de Maio de 1970 que tenho vindo a recordar e esta "Roosevelt and Ira Lee" não teria por mim sido (re)descoberta. É esta a proposta de audição para quem hoje passar por este Regresso ao Passado.
Tony Joe White - Roosevelt and Ira Lee
sábado, 28 de julho de 2018
Tee Set - Ma Belle Amie
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
Porque não só de divulgação de música de qualidade vivia a revista "mundo da canção", também lá se encontravam com regularidade letras de canções de êxito fácil, de rápido consumo, e que rapidamente passavam ao esquecimento. É o caso de hoje, o exemplo vai para os Tee Set e a canção "Ma Belle Amie".
Os Tee Set eram oriundos da Holanda, então a começar a ter algum destaque no Pop-Rock internacional, e tiveram em 1970 o seu ano de fama à custa de uma canção que andou pelos Top e, claro, muito se ouvia na rádio, era "Ma Belle Amie". Por cá o seu êxito foi efémero, passado "Ma Belle Amie" deixou-se de ouvir falar nos Tee Set e, na realidade, pouco se perdeu pois nada de novo vieram acrescentar à música Pop-Rock.
"Ma Belle Amie" estava entre as canções de "usar e deitar fora" e como tal não perdurou no tempo.
Valha-lhe a recordação deste nº da revista "mundo da canção" onde a letra vinha publicada.
Tee Set - Ma Belle Amie
Porque não só de divulgação de música de qualidade vivia a revista "mundo da canção", também lá se encontravam com regularidade letras de canções de êxito fácil, de rápido consumo, e que rapidamente passavam ao esquecimento. É o caso de hoje, o exemplo vai para os Tee Set e a canção "Ma Belle Amie".
Os Tee Set eram oriundos da Holanda, então a começar a ter algum destaque no Pop-Rock internacional, e tiveram em 1970 o seu ano de fama à custa de uma canção que andou pelos Top e, claro, muito se ouvia na rádio, era "Ma Belle Amie". Por cá o seu êxito foi efémero, passado "Ma Belle Amie" deixou-se de ouvir falar nos Tee Set e, na realidade, pouco se perdeu pois nada de novo vieram acrescentar à música Pop-Rock.
"Ma Belle Amie" estava entre as canções de "usar e deitar fora" e como tal não perdurou no tempo.
Valha-lhe a recordação deste nº da revista "mundo da canção" onde a letra vinha publicada.
Tee Set - Ma Belle Amie
sexta-feira, 27 de julho de 2018
Joan Baez - If I Were A Carpenter
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
Joan Baez, cantora surgida nos longínquos anos 60, famosa pelas suas canções de protesto associadas à sua militância pacifista e de luta pela justiça social. Desses anos nos dá conta, resumidamente, a Ficha nº 5, a ela dedicada e publicada no nº 6 da revista "mundo da canção" que tenho vindo a seguir.
Ainda espaço para publicação de uma letra de uma canção por ela interpretada em 1967, trata-se de "If I Were A Carpenter" um original de Tim Hardin. Uma bela canção de Tim Hardin que teve várias versões, de Bobby Darin em 1966 a Bob Seeger em 1972, pelo meio a do próprio e a que hoje interessa a de Joan Baez.
Pertence ao álbum "Joan" (1967) e tem a particularidade da letra ter sido alterada os "I" por "You" e os You" por "I", assim a canção tomou mesmo o nome de "If You Were A Carpenter", ora ouçam.
Joan Baez - If I Were A Carpenter
PS:
Actualmente com 77 anos edita um novo álbum de nome "Whistle Down the Wind", o seu pacifismo mantém-se, ouça-se a última canção "I Wish the Wars Were All Over", e é anunciada a sua despedida dos palcos estando prevista a sua passagem em Fevereiro do ano que vem pelo Coliseu de Lisboa.
Joan Baez, cantora surgida nos longínquos anos 60, famosa pelas suas canções de protesto associadas à sua militância pacifista e de luta pela justiça social. Desses anos nos dá conta, resumidamente, a Ficha nº 5, a ela dedicada e publicada no nº 6 da revista "mundo da canção" que tenho vindo a seguir.
Ainda espaço para publicação de uma letra de uma canção por ela interpretada em 1967, trata-se de "If I Were A Carpenter" um original de Tim Hardin. Uma bela canção de Tim Hardin que teve várias versões, de Bobby Darin em 1966 a Bob Seeger em 1972, pelo meio a do próprio e a que hoje interessa a de Joan Baez.
Pertence ao álbum "Joan" (1967) e tem a particularidade da letra ter sido alterada os "I" por "You" e os You" por "I", assim a canção tomou mesmo o nome de "If You Were A Carpenter", ora ouçam.
Joan Baez - If I Were A Carpenter
PS:
Actualmente com 77 anos edita um novo álbum de nome "Whistle Down the Wind", o seu pacifismo mantém-se, ouça-se a última canção "I Wish the Wars Were All Over", e é anunciada a sua despedida dos palcos estando prevista a sua passagem em Fevereiro do ano que vem pelo Coliseu de Lisboa.
quinta-feira, 26 de julho de 2018
Creedence Clearwater Revival - Who'll Stop The Rain
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
Também presença regular nas páginas da revista "mundo da canção", os Creedence Clearwater Revival tinham neste nº 6 a publicação de mais três letras de canções suas, respectivamente "Commotion", "Who'll Stop The Rain" e "Lodi".
A 1ª e a 3ª do LP "Green River" (1969) e a 2ª de "Cosmo's Factory" (1970). Lembro-me bem da edição destes 2 LP, "Green River" acabei por o comprar mais tarde, já "Cosmo's Factory", para além das muitas passagens na rádio, também o pude ouvir na integra por empréstimo de um amigo meu.
A grande divulgação deste último levava-me a preferir a discografia anterior, mas tenho de reconhecer que dentro do género "Cosmo's Factory" era um disco contagiante. Dele saíram vários êxitos, quem viveu aquele tempo com certeza que se lembra bem de canções como "Travelin' Band", "Lookin' Out My Back Door", "Up Around The Bend", "Who'll Stop The Rain" e "Long as I Can See the Light"
"Who'll Stop The Rain", o retorno à juventude!
Creedence Clearwater Revival - Who'll Stop The Rain
Também presença regular nas páginas da revista "mundo da canção", os Creedence Clearwater Revival tinham neste nº 6 a publicação de mais três letras de canções suas, respectivamente "Commotion", "Who'll Stop The Rain" e "Lodi".
A 1ª e a 3ª do LP "Green River" (1969) e a 2ª de "Cosmo's Factory" (1970). Lembro-me bem da edição destes 2 LP, "Green River" acabei por o comprar mais tarde, já "Cosmo's Factory", para além das muitas passagens na rádio, também o pude ouvir na integra por empréstimo de um amigo meu.
A grande divulgação deste último levava-me a preferir a discografia anterior, mas tenho de reconhecer que dentro do género "Cosmo's Factory" era um disco contagiante. Dele saíram vários êxitos, quem viveu aquele tempo com certeza que se lembra bem de canções como "Travelin' Band", "Lookin' Out My Back Door", "Up Around The Bend", "Who'll Stop The Rain" e "Long as I Can See the Light"
"Who'll Stop The Rain", o retorno à juventude!
Creedence Clearwater Revival - Who'll Stop The Rain
quarta-feira, 25 de julho de 2018
Otis Redding - Respect
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
Para além da música portuguesa, brasileira, espanhola e francesa, a música de expressão anglo-saxónica ocupava um espaço significativo em mais um nº da revista "mundo da canção". Não era de estranhar face ao domínio que já se fazia sentir na música estrangeira divulgada sobretudo na nossa rádio.
A qualidade das referências era diversa, indo de um Bob Dylan à pobreza de uns Tee Set, então com o sucesso "Ma Belle Amie".
Otis Redding é o primeiro intérprete a surgir sendo a letra publicada a de "Respect".
"Respect" fazia parte do 3º LP de Otis Redding "Otis Blue" de 1965 e é para muitos o melhor LP que ele nos deixou.
Quanto a "Respect" era uma das três canções originais por ele assinadas, sendo as outras duas "Ole Man Trouble" e a inesquecível "I've Been Loving You Too Long". O sucesso de "Respect" estava, no entanto, guardado para a versão que Aretha Franklin iria gravar dois anos mais tarde.
Agora, é "Respect" no original.
Otis Redding - Respect
Para além da música portuguesa, brasileira, espanhola e francesa, a música de expressão anglo-saxónica ocupava um espaço significativo em mais um nº da revista "mundo da canção". Não era de estranhar face ao domínio que já se fazia sentir na música estrangeira divulgada sobretudo na nossa rádio.
A qualidade das referências era diversa, indo de um Bob Dylan à pobreza de uns Tee Set, então com o sucesso "Ma Belle Amie".
Otis Redding é o primeiro intérprete a surgir sendo a letra publicada a de "Respect".
"Respect" fazia parte do 3º LP de Otis Redding "Otis Blue" de 1965 e é para muitos o melhor LP que ele nos deixou.
Quanto a "Respect" era uma das três canções originais por ele assinadas, sendo as outras duas "Ole Man Trouble" e a inesquecível "I've Been Loving You Too Long". O sucesso de "Respect" estava, no entanto, guardado para a versão que Aretha Franklin iria gravar dois anos mais tarde.
Agora, é "Respect" no original.
Otis Redding - Respect
terça-feira, 24 de julho de 2018
Charles Aznavour - Désormais
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
Em 1969 Charles Aznavour era já um artista mais que consagrado, ele que, actualmente com 94 anos, continua a pisar os palcos, o que o faz desde os anos 40 do século passado. É portanto uma instituição viva da música francesa que importa preservar e divulgar às gerações mais jovens, é uma verdadeira lenda viva a atravessar e encantar várias gerações.
Presença assídua no nosso país nos anos 50 e 60, era amigo de Amália Rodrigues para quem escreveu "Ay, mourir pour toi" porque soava parecido com Mouraria. Terá sido, julgo eu, em Janeiro de 1966, no Teatro Monumental em Lisboa, o primeiro concerto de Carles Aznavour em Portugal, tendo o mais recente o ocorrido, 50 anos depois, em Dezembro de 2016 no Meo Arena.
É de 1969 a letra da canção que a revista "mundo da canção" publica no seu nº de Maio de 1970, trata-se de "Désormais", LP, EP e Single continham esta canção.
Charles Aznavour - Désormais
Em 1969 Charles Aznavour era já um artista mais que consagrado, ele que, actualmente com 94 anos, continua a pisar os palcos, o que o faz desde os anos 40 do século passado. É portanto uma instituição viva da música francesa que importa preservar e divulgar às gerações mais jovens, é uma verdadeira lenda viva a atravessar e encantar várias gerações.
Presença assídua no nosso país nos anos 50 e 60, era amigo de Amália Rodrigues para quem escreveu "Ay, mourir pour toi" porque soava parecido com Mouraria. Terá sido, julgo eu, em Janeiro de 1966, no Teatro Monumental em Lisboa, o primeiro concerto de Carles Aznavour em Portugal, tendo o mais recente o ocorrido, 50 anos depois, em Dezembro de 2016 no Meo Arena.
É de 1969 a letra da canção que a revista "mundo da canção" publica no seu nº de Maio de 1970, trata-se de "Désormais", LP, EP e Single continham esta canção.
Charles Aznavour - Désormais
segunda-feira, 23 de julho de 2018
Nicoletta - Ma Vie C'est um Manège
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
Também a música francesa era presença habitual na revista "mundo da canção", neste nº, o sexto, somente duas letras naquela língua, uma para a Nicoletta e outra para Charles Aznavour.
Nicoletta é uma cantora Pop francesa tornada conhecida no mundo musical na década de 60 do século passado. Não faço ideia de quando a terei ouvido pela primeira vez. Provavelmente tê-la-ei ouvido sem associá-la à respectiva música, pois naquela década a música francesa era ainda bastante popular e ouvia-se muito na nossa rádio. No entanto inclino-me para ter sido o seu êxito da versão da conhecida "Mamy Blue" (1971) que me fez fixar o seu nome, pelo menos é a canção que me vem à memória quando de Nicoletta se fala.
As primeiras gravações datam, julgo eu, de 1966 ("L'homme A La Moto") tendo na década de 60 editado 2 LP e vários discos de curta duração. Entre os EP então publicados constava o que tinha como canção principal esta "Ma Vie C'est un Manège", a escolha de hoje.
Ma Vie C'est un Manège EP 1969
Também a música francesa era presença habitual na revista "mundo da canção", neste nº, o sexto, somente duas letras naquela língua, uma para a Nicoletta e outra para Charles Aznavour.
Nicoletta é uma cantora Pop francesa tornada conhecida no mundo musical na década de 60 do século passado. Não faço ideia de quando a terei ouvido pela primeira vez. Provavelmente tê-la-ei ouvido sem associá-la à respectiva música, pois naquela década a música francesa era ainda bastante popular e ouvia-se muito na nossa rádio. No entanto inclino-me para ter sido o seu êxito da versão da conhecida "Mamy Blue" (1971) que me fez fixar o seu nome, pelo menos é a canção que me vem à memória quando de Nicoletta se fala.
As primeiras gravações datam, julgo eu, de 1966 ("L'homme A La Moto") tendo na década de 60 editado 2 LP e vários discos de curta duração. Entre os EP então publicados constava o que tinha como canção principal esta "Ma Vie C'est un Manège", a escolha de hoje.
Ma Vie C'est un Manège EP 1969
domingo, 22 de julho de 2018
Patxi Andión - Canto
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
É com enorme nostalgia que lembro algumas das canções cujas letras vinham publicadas neste nº 6 da revista "mundo da canção". Estávamos no ano de 1970 e, à semelhança de Portugal cuja renovação da música dita popular se operava de forma intensa, também em Espanha de certa forma se operava idêntica operação. A oposição aos regimes fascistas nos dois países teve um contributo inegável na busca de novos caminhos de maior intervenção social dos novos cantores que surgiam quer cá, quer lá.
Ontem recordei Joan Manuel Serrat, hoje, não com menos saudade, é a vez de Patxi Andión e de mais uma canção maravilhosa.
Patxi Andión, tinha comparência regular no "mundo da canção" e neste nº 6 marca novamente presença com a letra da canção "Canto" que já anteriormente recordei e à qual volto novamente. É sempre um prazer a audição desta marcante canção constante no 1º Single de 1968 deste tão importante cantautor espanhol.
Patxi Andión - Canto
É com enorme nostalgia que lembro algumas das canções cujas letras vinham publicadas neste nº 6 da revista "mundo da canção". Estávamos no ano de 1970 e, à semelhança de Portugal cuja renovação da música dita popular se operava de forma intensa, também em Espanha de certa forma se operava idêntica operação. A oposição aos regimes fascistas nos dois países teve um contributo inegável na busca de novos caminhos de maior intervenção social dos novos cantores que surgiam quer cá, quer lá.
Ontem recordei Joan Manuel Serrat, hoje, não com menos saudade, é a vez de Patxi Andión e de mais uma canção maravilhosa.
Patxi Andión, tinha comparência regular no "mundo da canção" e neste nº 6 marca novamente presença com a letra da canção "Canto" que já anteriormente recordei e à qual volto novamente. É sempre um prazer a audição desta marcante canção constante no 1º Single de 1968 deste tão importante cantautor espanhol.
Patxi Andión - Canto
sábado, 21 de julho de 2018
Joan Manuel Serrat - Cantares
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
Que não só de música portuguesa se fazia a revista "mundo da canção", os êxitos mais recentes do Pop-Rock internacional também faziam eco através da publicação das respectivas letras e dando a conhecer as biografias de alguns dos seus intérpretes.
Na música espanhola lá encontramos, neste nº 6, dois nomes fundamentais, Joan Manuel Serrat e Patxi Andión.
Num período altamente criativo deste excelente e pouco lembrado cantor da nossa vizinha Espanha, tendo entre 1967 e 1970 Joan Manuel Serrat gravou 7 álbuns de originais, centremo-nos em "Dedicado a Antonio Machado, poeta", o 5º longa duração editado em 1969.
"Dedicado a Antonio Machado, poeta" foi um dos discos mais bem conseguidos de Joan Manuel Serrat, 12 canções alicerçadas em 12 poemas do poeta Antonio Machado elevaram ainda mais alto o nome e o sucesso já anteriormente alcançado, nomeadamente com "La Paloma".
A letra publicada pelo "mundo da canção" é "Cantares" e é uma das canções incontornáveis na longa discografia deste cantor catalão. Excelente!
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar ..."
Joan Manuel Serrat - Cantares
Que não só de música portuguesa se fazia a revista "mundo da canção", os êxitos mais recentes do Pop-Rock internacional também faziam eco através da publicação das respectivas letras e dando a conhecer as biografias de alguns dos seus intérpretes.
Na música espanhola lá encontramos, neste nº 6, dois nomes fundamentais, Joan Manuel Serrat e Patxi Andión.
Num período altamente criativo deste excelente e pouco lembrado cantor da nossa vizinha Espanha, tendo entre 1967 e 1970 Joan Manuel Serrat gravou 7 álbuns de originais, centremo-nos em "Dedicado a Antonio Machado, poeta", o 5º longa duração editado em 1969.
"Dedicado a Antonio Machado, poeta" foi um dos discos mais bem conseguidos de Joan Manuel Serrat, 12 canções alicerçadas em 12 poemas do poeta Antonio Machado elevaram ainda mais alto o nome e o sucesso já anteriormente alcançado, nomeadamente com "La Paloma".
A letra publicada pelo "mundo da canção" é "Cantares" e é uma das canções incontornáveis na longa discografia deste cantor catalão. Excelente!
"Caminante no hay camino,
se hace camino al andar ..."
Joan Manuel Serrat - Cantares
sexta-feira, 20 de julho de 2018
Gal Costa - Cinema Olympia
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
Ainda em língua portuguesa, mas vindo do outro lado do Atlântico, mais concretamente do Brasil, a revista "mundo da canção" publicava a letra de uma canção interpretada por Gal Costa que pertencia ao álbum "Gal" e editado no ano de 1969, era a faixa de abertura e dava pelo nome de "Cinema Olympia".
Gal Costa um dos nomes maiores da música brasileira, teve nos anos 60 o início da sua carreira musical. Depois de 2 álbuns com parcerias, "Domingo" (1967) com Caetano Veloso e "Tropicalia ou Panis et Circencis" (1968) com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nara Leão, Tom Zé e os Mutantes, em 1969 edita os 2 primeiros registos a solo, respectivamente "Gal Costa" e "Gal". Neste último registo, de cariz psicadélico e experimental, a mostrar que as influências daqueles géneros de Rock também no Brasil se fizeram sentir, constava temas como o conhecido "País Tropical" de Jorge Ben, "Meu Nome É Gal" de Roberto Carlos e Erasmo Carlos e também a escolha de hoje "Cinema Olympia" de Caetano Veloso.
Um disco ímpar na carreira de Gal Costa e de toda a música popular brasileira, deste "Gal" fica para audição "Cinema Olympia".
Gal Costa - Cinema Olympia
Ainda em língua portuguesa, mas vindo do outro lado do Atlântico, mais concretamente do Brasil, a revista "mundo da canção" publicava a letra de uma canção interpretada por Gal Costa que pertencia ao álbum "Gal" e editado no ano de 1969, era a faixa de abertura e dava pelo nome de "Cinema Olympia".
Gal Costa um dos nomes maiores da música brasileira, teve nos anos 60 o início da sua carreira musical. Depois de 2 álbuns com parcerias, "Domingo" (1967) com Caetano Veloso e "Tropicalia ou Panis et Circencis" (1968) com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nara Leão, Tom Zé e os Mutantes, em 1969 edita os 2 primeiros registos a solo, respectivamente "Gal Costa" e "Gal". Neste último registo, de cariz psicadélico e experimental, a mostrar que as influências daqueles géneros de Rock também no Brasil se fizeram sentir, constava temas como o conhecido "País Tropical" de Jorge Ben, "Meu Nome É Gal" de Roberto Carlos e Erasmo Carlos e também a escolha de hoje "Cinema Olympia" de Caetano Veloso.
Um disco ímpar na carreira de Gal Costa e de toda a música popular brasileira, deste "Gal" fica para audição "Cinema Olympia".
Gal Costa - Cinema Olympia
quinta-feira, 19 de julho de 2018
Pop Five Music Incorporated - Aria
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
Na rubrica "mc NOTÍCIA" do nº 6 da revista "mundo da canção" ficamos a saber que "O último disco do Pop Five Music Incorporated, «Page One» / «Aria», vai ser editado pela Vogue alemã." para, mais adiante, desenvolverem a notícia sob o título "O Single do Pop Five".
O que não diziam, provavelmente não sabiam era que, na edição alemã, a lógica das canções editadas seria invertida, ou seja "Page One" passa para o lado B e "Aria" para o lado A sendo assim o tema principal.
Lembre-se "Page One" teve por cá um sucesso assinalável sendo a música do indicativo do programa radiofónico "Página Um", que eu não perdia às 19h 30m na Rádio Renascença. Quanto a "Aria" era um arranjo de Miguel Graça Moura, recém chegado ao grupo, sobre um original de Bach. A foto obtida em www.discogs.com comprova a alteração.
Em tempos já passei "Page One", fica, logicamente, "Aria" para audição.
Pop Five Music Incorporated - Aria
Na rubrica "mc NOTÍCIA" do nº 6 da revista "mundo da canção" ficamos a saber que "O último disco do Pop Five Music Incorporated, «Page One» / «Aria», vai ser editado pela Vogue alemã." para, mais adiante, desenvolverem a notícia sob o título "O Single do Pop Five".
O que não diziam, provavelmente não sabiam era que, na edição alemã, a lógica das canções editadas seria invertida, ou seja "Page One" passa para o lado B e "Aria" para o lado A sendo assim o tema principal.
Lembre-se "Page One" teve por cá um sucesso assinalável sendo a música do indicativo do programa radiofónico "Página Um", que eu não perdia às 19h 30m na Rádio Renascença. Quanto a "Aria" era um arranjo de Miguel Graça Moura, recém chegado ao grupo, sobre um original de Bach. A foto obtida em www.discogs.com comprova a alteração.
Em tempos já passei "Page One", fica, logicamente, "Aria" para audição.
Pop Five Music Incorporated - Aria
quarta-feira, 18 de julho de 2018
Deniz Cintra - Manuel
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
Não está entre os nomes que ficaram mais conhecidos na nova música popular que se desenhava nos anos anteriores ao 25 de Abril de 1974, nem deixou uma discografia longa, somente 2 EP e 1 Single editados nos anos de 1970 e 1971 e, no entanto, hoje a audição das suas canções mostra que merece a devida recordação (porque não a sua recuperação para CD, dele e muitos outros entretanto esquecidos?), falo de Deniz Cintra, que já tive oportunidade de anteriormente evocar.
Desta vez é a propósito do nº 6 da revista "mundo da canção" publicada em Maio de 1970 e que para além da publicação da letra de uma canção sua, trazia uma entrevista efectuada pela Maria Teresa Horta.
Sob o título "Encontro com Deniz Cintra" aqui está a entrevista:
"Manuel" é a primeira canção do primeiro EP editado em 1970 e era a letra que o "mundo da canção" publicava.
Deniz Cintra - Manuel
Não está entre os nomes que ficaram mais conhecidos na nova música popular que se desenhava nos anos anteriores ao 25 de Abril de 1974, nem deixou uma discografia longa, somente 2 EP e 1 Single editados nos anos de 1970 e 1971 e, no entanto, hoje a audição das suas canções mostra que merece a devida recordação (porque não a sua recuperação para CD, dele e muitos outros entretanto esquecidos?), falo de Deniz Cintra, que já tive oportunidade de anteriormente evocar.
Desta vez é a propósito do nº 6 da revista "mundo da canção" publicada em Maio de 1970 e que para além da publicação da letra de uma canção sua, trazia uma entrevista efectuada pela Maria Teresa Horta.
Sob o título "Encontro com Deniz Cintra" aqui está a entrevista:
"Manuel" é a primeira canção do primeiro EP editado em 1970 e era a letra que o "mundo da canção" publicava.
Deniz Cintra - Manuel
terça-feira, 17 de julho de 2018
Adriano Correia de Oliveira - As Mãos
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
Sem dúvida, a revista "mundo da canção" foi antes do 25 de Abril de 1974 um dos grandes divulgadores dos principais autores da renovação da música popular que encontravam as maiores dificuldades de o ser quer na rádio, quer na imprensa escrita da época. Este nº da revista é mais um exemplo disso, nomeadamente pela publicação de um conjunto de letras que de outra forma teriam grande dificuldade em serem conhecidas.
Continuo hoje com Adriano Correia de Oliveira, figura de proa da música de intervenção (recorde-se esse verdadeiro hino de resistência que foi "Trova do Vento que Passa"), iniciou-se nas lides da música ainda na sua terra natal, Avintes, mas foi ao ir estudar Direito para a Universidade de Coimbra no final da década de 50 que tudo se altera. Atravessou a década de 60 editando uma vasta obra discográfica em discos de vinil de 45 rpm, ou seja discos EP com 4 canções. Somente em 1969 aparece o primeiro trabalho de longa duração, o LP "O Canto e as Armas" (com a mesma designação do livro anteriormente publicado por Manuel Alegre e apreendido pela censura), onde a maioria das letras das canções pertenciam precisamente a Manuel Alegre.
É desse álbum que a revista "mundo da canção" publica a letra da canção "As Mãos", "...as mãos que são o canto e são as armas."
Cantada sem acompanhamento instrumental, eis "As Mãos" na belíssima voz de Adriano Correia de Oliveira.
Adriano Correia de Oliveira - As Mãos
Sem dúvida, a revista "mundo da canção" foi antes do 25 de Abril de 1974 um dos grandes divulgadores dos principais autores da renovação da música popular que encontravam as maiores dificuldades de o ser quer na rádio, quer na imprensa escrita da época. Este nº da revista é mais um exemplo disso, nomeadamente pela publicação de um conjunto de letras que de outra forma teriam grande dificuldade em serem conhecidas.
Continuo hoje com Adriano Correia de Oliveira, figura de proa da música de intervenção (recorde-se esse verdadeiro hino de resistência que foi "Trova do Vento que Passa"), iniciou-se nas lides da música ainda na sua terra natal, Avintes, mas foi ao ir estudar Direito para a Universidade de Coimbra no final da década de 50 que tudo se altera. Atravessou a década de 60 editando uma vasta obra discográfica em discos de vinil de 45 rpm, ou seja discos EP com 4 canções. Somente em 1969 aparece o primeiro trabalho de longa duração, o LP "O Canto e as Armas" (com a mesma designação do livro anteriormente publicado por Manuel Alegre e apreendido pela censura), onde a maioria das letras das canções pertenciam precisamente a Manuel Alegre.
É desse álbum que a revista "mundo da canção" publica a letra da canção "As Mãos", "...as mãos que são o canto e são as armas."
Cantada sem acompanhamento instrumental, eis "As Mãos" na belíssima voz de Adriano Correia de Oliveira.
Adriano Correia de Oliveira - As Mãos
segunda-feira, 16 de julho de 2018
Fausto - África
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
Fausto, um dos nomes grandes da nossa música popular. Com José Mário Branco e Sérgio Godinho teve um papel enorme na renovação do panorama musical português no início da década de 70. De então para cá a ter um percurso importantíssimo na escrita de alguns trabalhos a ficarem na nossa história colectiva, veja-se o exemplo da obra-prima que foi "Por Este Rio Acima".
Mas vamos ao início, e esse verificou-se nos idos anos 60 e 70 do século passado. Ainda em Angola faz parte do grupo Ié-Ié, Os Rebeldes, mas é ao vir estudar para Lisboa que escolhe outros caminhos para a sua música. Logo em 1969 edita o promissor 1º EP, Prémio Revelação atribuído pelo programa de rádio "Página Um", e no ano seguinte aparece o 1º LP.
O lado A do LP terminava com a composição de Fausto "África", era esta a letra que a revista "mundo da canção" publicava, conjuntamente com "Ó Pastor que Choras", e que agora se reproduzem.
Só voltaria a editar já depois do 25 de Abril, tendo entretanto forte envolvimento, com colaborações com Adriano Correia de Oliveira, José Afonso e Manuel Freire, na luta anti regime alinhando portanto com o movimento dos cantores de intervenção.
Infelizmente o 1º LP não foi editado ainda em CD, enquanto não o é aproveitemos para ouvir "África".
Fausto - África
Fausto, um dos nomes grandes da nossa música popular. Com José Mário Branco e Sérgio Godinho teve um papel enorme na renovação do panorama musical português no início da década de 70. De então para cá a ter um percurso importantíssimo na escrita de alguns trabalhos a ficarem na nossa história colectiva, veja-se o exemplo da obra-prima que foi "Por Este Rio Acima".
Mas vamos ao início, e esse verificou-se nos idos anos 60 e 70 do século passado. Ainda em Angola faz parte do grupo Ié-Ié, Os Rebeldes, mas é ao vir estudar para Lisboa que escolhe outros caminhos para a sua música. Logo em 1969 edita o promissor 1º EP, Prémio Revelação atribuído pelo programa de rádio "Página Um", e no ano seguinte aparece o 1º LP.
O lado A do LP terminava com a composição de Fausto "África", era esta a letra que a revista "mundo da canção" publicava, conjuntamente com "Ó Pastor que Choras", e que agora se reproduzem.
Só voltaria a editar já depois do 25 de Abril, tendo entretanto forte envolvimento, com colaborações com Adriano Correia de Oliveira, José Afonso e Manuel Freire, na luta anti regime alinhando portanto com o movimento dos cantores de intervenção.
Infelizmente o 1º LP não foi editado ainda em CD, enquanto não o é aproveitemos para ouvir "África".
Fausto - África
José Barata Moura, Manuel Freire e Vieira da Silva no "mundo da canção"
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
A música feita em Portugal tinha particular relevo neste nº da revista "mundo da canção", não só na reportagem do VII Festival da RTP da Canção, como nas letras publicadas de canções dos melhores cantores de então, como ainda em entrevistas e nas notícias dos convívios do "mundo da canção".
Eis a entrevista a José Barata Moura.
Eis os Dois Convívios do "mundo da canção", respectivamente com Manuel Freire e Vieira da Silva.
A música feita em Portugal tinha particular relevo neste nº da revista "mundo da canção", não só na reportagem do VII Festival da RTP da Canção, como nas letras publicadas de canções dos melhores cantores de então, como ainda em entrevistas e nas notícias dos convívios do "mundo da canção".
Eis a entrevista a José Barata Moura.
Eis os Dois Convívios do "mundo da canção", respectivamente com Manuel Freire e Vieira da Silva.
domingo, 15 de julho de 2018
José Afonso - Cantares do Andarilho
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
Arrumada a questão do VII Festival RTP da Canção, onde para além da reportagem e algumas "Notas e Contranotas" eram publicadas as letras das canções classificadas nos primeiros quatro lugares, o nº 6 da revista "mundo da canção" continuava na divulgação da nova música portuguesa que então por cá se desenvolvia. E claro a presença de José Afonso era praticamente garantida.
Na carreira discográfica de José Afonso existe um hiato de 4 anos (1964 a 1968) sem gravações. Corresponde ao período em que esteve em Moçambique e onde continuou a sua profissão de professor. Em 1967, quando regressa "Sofreu perseguições políticas e foi finalmente exonerado «por conveniência se serviço» em Out. 1967.", conforme "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX". Vê-se então obrigado a dar explicações e em pensar no retorno à actividade musical onde encontra dificuldades em arranjar editora face à perseguição de que era alvo. É na Arnaldo Trindade do Porto que consegue contrato e onde grava o trabalho de longa duração "Cantares do Andarilho" editado em finais de 1968. É o início também do maior empenhamento político na luta e denúncia do regime fascista então vigente.
É deste trabalho que saem canções que ficaram para sempre parte integrante do cancioneiro popular português, como por exemplo: "Natal dos Simples", "Balada do Sino", "Vejam Bem", "Canção de Embalar" ou ainda "Cantares do Andarilho".
"Cantares do Andarilho", poema do pintor António Quadros e música do próprio José Afonso, era a letra reproduzida neste nº 6 de Maio de 1970 da revista "mundo da canção" que agora recordo.
É de Urbano Tavares Rodrigues o texto inserido na contracapa do disco:
" A noite das lágrimas e da raiva. A madrugada das carícias e do sorriso. O dia claro da festa colectiva. Tudo isso se encontra na poesia cantada de José Afonso, cantada por José Afonso. A luminosa gargalhada do Povo, o seu suor de sangue, nas horas de esforço ingrato e de absurda expiação. O lirismo primaveril e feminino das bailias que não morreram. E o orvalho da esperança. E os ecos de um grande coro de fraternidade sonhada e assumida. José Afonso, trovador, é o mais puro veio de água que torna o presente em futuro, que à tradição arranca a chama do amanhã. No tumulto da contestação, ma marcha de mãos dadas, com flores entre os lábios, é ele a figura de proa, o arauto, o aedo, o humilde, o múltiplo, o doce, o soberbo cantador da revolta e da bonança. Singelo José Afonso do Algarve doirado, dos barcos de vela parda, do Alentejo infinito sem redenção, dos pinhais da melancolia, dos amores sem medida, do sabor de ser irmão... José Afonso é a primeira voz da massa que avança em lume de vaga, é a mais alta crista e a mais terna faúlha de luar na praia cólera da poesia, da balada nova."
Segue "Cantares do Andarilho".
José Afonso - Cantares do Andarilho
Arrumada a questão do VII Festival RTP da Canção, onde para além da reportagem e algumas "Notas e Contranotas" eram publicadas as letras das canções classificadas nos primeiros quatro lugares, o nº 6 da revista "mundo da canção" continuava na divulgação da nova música portuguesa que então por cá se desenvolvia. E claro a presença de José Afonso era praticamente garantida.
Na carreira discográfica de José Afonso existe um hiato de 4 anos (1964 a 1968) sem gravações. Corresponde ao período em que esteve em Moçambique e onde continuou a sua profissão de professor. Em 1967, quando regressa "Sofreu perseguições políticas e foi finalmente exonerado «por conveniência se serviço» em Out. 1967.", conforme "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX". Vê-se então obrigado a dar explicações e em pensar no retorno à actividade musical onde encontra dificuldades em arranjar editora face à perseguição de que era alvo. É na Arnaldo Trindade do Porto que consegue contrato e onde grava o trabalho de longa duração "Cantares do Andarilho" editado em finais de 1968. É o início também do maior empenhamento político na luta e denúncia do regime fascista então vigente.
É deste trabalho que saem canções que ficaram para sempre parte integrante do cancioneiro popular português, como por exemplo: "Natal dos Simples", "Balada do Sino", "Vejam Bem", "Canção de Embalar" ou ainda "Cantares do Andarilho".
"Cantares do Andarilho", poema do pintor António Quadros e música do próprio José Afonso, era a letra reproduzida neste nº 6 de Maio de 1970 da revista "mundo da canção" que agora recordo.
É de Urbano Tavares Rodrigues o texto inserido na contracapa do disco:
" A noite das lágrimas e da raiva. A madrugada das carícias e do sorriso. O dia claro da festa colectiva. Tudo isso se encontra na poesia cantada de José Afonso, cantada por José Afonso. A luminosa gargalhada do Povo, o seu suor de sangue, nas horas de esforço ingrato e de absurda expiação. O lirismo primaveril e feminino das bailias que não morreram. E o orvalho da esperança. E os ecos de um grande coro de fraternidade sonhada e assumida. José Afonso, trovador, é o mais puro veio de água que torna o presente em futuro, que à tradição arranca a chama do amanhã. No tumulto da contestação, ma marcha de mãos dadas, com flores entre os lábios, é ele a figura de proa, o arauto, o aedo, o humilde, o múltiplo, o doce, o soberbo cantador da revolta e da bonança. Singelo José Afonso do Algarve doirado, dos barcos de vela parda, do Alentejo infinito sem redenção, dos pinhais da melancolia, dos amores sem medida, do sabor de ser irmão... José Afonso é a primeira voz da massa que avança em lume de vaga, é a mais alta crista e a mais terna faúlha de luar na praia cólera da poesia, da balada nova."
Segue "Cantares do Andarilho".
José Afonso - Cantares do Andarilho
sábado, 14 de julho de 2018
Sérgio Borges - Onde Vais, Rio que Eu Canto
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
Em 1970 Sérgio Borges (1943-2011) edita, na sequência da participação no VII Festival RTP da Canção, as primeiras gravações a solo. Elemento conhecido do Conjunto Académico João Paulo, desde as primeiras gravações de 1964, pela sua expressividade vocal, já tinha participado no III Festival RTP da Canção em 1996, onde tinha conquistado o 2º lugar com a canção "Eu Nunca Direi Adeus".
Desta vez iria conquistar o discutível 1º lugar destacado com 84 votos (mais 11 do que a "Canção de Madrugar") com a canção "Onde Vais, Rio que Eu Canto". Para a revista "mundo da canção" parecia não ter sido a primeira escolha, essa ia para "Canção de Madrugar" de Hugo Maia de Loureiro, referindo-se-lhe assim:
"Para já, o autor da letra, finalista de Letras/Românicas, deveria saber, se não foi um lamentável lapso gramatical, que é «Aonde vais, rio que eu canto» e não «Onde vais...». De resto, as quadras desta quase-valsa não ganharam coisa nenhuma. Quem triunfou foi o intérprete, verdadeiramente isso, ainda que custe a muita boa gente. O compositor arranjou uma melodia muito simples e de fácil ingresso no ouvidozinho de cada um. Agora a letra... A orquestração desta canção e de «Folhas Verdes» esteve bastante boa. Mas só isso. Veja-se de quem vem." (vinha de Joaquim Luís Gomes (1914-2009), "um dos mais destacados orquestradores portugueses, sobretudo no âmbito das actividades musicais da Emissora Nacional (EN) e da Radiotelevisão Portuguesa." em a "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX")
Segue reprodução da letra e respectiva música.
Sérgio Borges - Onde Vais, Rio que Eu Canto
Em 1970 Sérgio Borges (1943-2011) edita, na sequência da participação no VII Festival RTP da Canção, as primeiras gravações a solo. Elemento conhecido do Conjunto Académico João Paulo, desde as primeiras gravações de 1964, pela sua expressividade vocal, já tinha participado no III Festival RTP da Canção em 1996, onde tinha conquistado o 2º lugar com a canção "Eu Nunca Direi Adeus".
Desta vez iria conquistar o discutível 1º lugar destacado com 84 votos (mais 11 do que a "Canção de Madrugar") com a canção "Onde Vais, Rio que Eu Canto". Para a revista "mundo da canção" parecia não ter sido a primeira escolha, essa ia para "Canção de Madrugar" de Hugo Maia de Loureiro, referindo-se-lhe assim:
"Para já, o autor da letra, finalista de Letras/Românicas, deveria saber, se não foi um lamentável lapso gramatical, que é «Aonde vais, rio que eu canto» e não «Onde vais...». De resto, as quadras desta quase-valsa não ganharam coisa nenhuma. Quem triunfou foi o intérprete, verdadeiramente isso, ainda que custe a muita boa gente. O compositor arranjou uma melodia muito simples e de fácil ingresso no ouvidozinho de cada um. Agora a letra... A orquestração desta canção e de «Folhas Verdes» esteve bastante boa. Mas só isso. Veja-se de quem vem." (vinha de Joaquim Luís Gomes (1914-2009), "um dos mais destacados orquestradores portugueses, sobretudo no âmbito das actividades musicais da Emissora Nacional (EN) e da Radiotelevisão Portuguesa." em a "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX")
Segue reprodução da letra e respectiva música.
Sérgio Borges - Onde Vais, Rio que Eu Canto
sexta-feira, 13 de julho de 2018
Hugo Maia de Loureiro - Canção de Madrugar
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
Das duas vezes que recordei o Hugo Maia de Loureiro, fi-lo com a mesma canção "Fonte de Água Vermelha", foi a propósito da sua passagem pelo programa televisivo "Zip-Zip" e pela publicação da letra dessa mesma canção no nº 4 da revista "mundo da canção".
Estou agora a recuperar o nº 6 da mesma revista e ao Hugo Maia de Loureiro volto para evocar aquela que foi a sua melhor composição e uma das melhores da música ligeira nacional, refiro-me, claro está, a "Canção de Madrugar".
Em 1970 participa no VII Festival RTP da Canção, facto que voltaria a acontecer no ano seguinte, com precisamente "Canção de Madrugar" e obteve o 2º lugar com 73 votos. Então com os meus 13 anos lembro-me bem desta edição do Festival e de na altura se destacar a melhoria das interpretação em relação a festivais anteriores, as 4 primeiras classificadas eram prova disso.
Lembro-me também da preferência por muitos em relação a esta canção, considerando que tinha sido uma injustiça a sua classificação em 2º lugar, a revista "mundo da canção" alinhava pelo mesmo diapasão:
"Este deveria ser o primeiro prémio. Principalmente, pelo belo poema. O compositor não foi muito feliz. E é pena. O intérprete está melhor no disco (que já saiu) do que esteve no palco do Monumental. Aqui não se entendeu muito bem o que ele dizia, e é de tomar em conta que esta canção vive muito da letra. O coro foi exemplar. Sabia o que fazia. Estava bem dentro do que se cantava. Acontecimento neste VII Grande Prémio da Canção - honra seja feita a esta «Canção de Madrugar»."
Aqui fica a letra, publicada neste nº 6 da revista "mundo da canção", de uma das mais bonitas canções de sempre da nossa música ligeira.
Hugo Maia de Loureiro - Canção de Madrugar
Das duas vezes que recordei o Hugo Maia de Loureiro, fi-lo com a mesma canção "Fonte de Água Vermelha", foi a propósito da sua passagem pelo programa televisivo "Zip-Zip" e pela publicação da letra dessa mesma canção no nº 4 da revista "mundo da canção".
Estou agora a recuperar o nº 6 da mesma revista e ao Hugo Maia de Loureiro volto para evocar aquela que foi a sua melhor composição e uma das melhores da música ligeira nacional, refiro-me, claro está, a "Canção de Madrugar".
Em 1970 participa no VII Festival RTP da Canção, facto que voltaria a acontecer no ano seguinte, com precisamente "Canção de Madrugar" e obteve o 2º lugar com 73 votos. Então com os meus 13 anos lembro-me bem desta edição do Festival e de na altura se destacar a melhoria das interpretação em relação a festivais anteriores, as 4 primeiras classificadas eram prova disso.
Lembro-me também da preferência por muitos em relação a esta canção, considerando que tinha sido uma injustiça a sua classificação em 2º lugar, a revista "mundo da canção" alinhava pelo mesmo diapasão:
"Este deveria ser o primeiro prémio. Principalmente, pelo belo poema. O compositor não foi muito feliz. E é pena. O intérprete está melhor no disco (que já saiu) do que esteve no palco do Monumental. Aqui não se entendeu muito bem o que ele dizia, e é de tomar em conta que esta canção vive muito da letra. O coro foi exemplar. Sabia o que fazia. Estava bem dentro do que se cantava. Acontecimento neste VII Grande Prémio da Canção - honra seja feita a esta «Canção de Madrugar»."
Aqui fica a letra, publicada neste nº 6 da revista "mundo da canção", de uma das mais bonitas canções de sempre da nossa música ligeira.
Hugo Maia de Loureiro - Canção de Madrugar
quinta-feira, 12 de julho de 2018
Intróito - Verdes Trigais
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
Os Intróito já aqui foram lembrados na versão de "Corre 'Nina", a canção precisamente ontem lembrada no original de Paulo de Carvalho. Se este tinha ficado em 4º lugar no VII Festival RTP da Canção com aquela canção, os Intróito com ele rivalizaram ao obter o 3º lugar com mais um ponto ou seja 25.
A canção por eles interpretada foi "Verdes Trigais", que com "Corre 'Nina" constituiria o primeiro Single do quarteto, e merecia uma apreciação genericamente positiva, tendo a revista "mundo da canção" sobre ela escrito:
"Queriam uma canção portuguesa no sentido formal do termo? Aqui está. Boas ideias para um poema frágil, muito frágil. Melodicamente popular, regional. Mas deve dizer-se, de pronto, que ter sido classificada em 3º lugar foi um acto de justiça. O quarteto que a interpretou está com todos os cordelinhos afinados e já deixou de prometer - afirma. Com ênfase. O autor da música fez brilhar esta canção."
Nesta passagem pela música ligeira voltariam ao Festival no ano seguinte a lembrar num futuro espero não muito longe. Para já ficamos com a letra publicada na revista "mundo da canção" e respectiva música.
Intróito - Verdes Trigais
Os Intróito já aqui foram lembrados na versão de "Corre 'Nina", a canção precisamente ontem lembrada no original de Paulo de Carvalho. Se este tinha ficado em 4º lugar no VII Festival RTP da Canção com aquela canção, os Intróito com ele rivalizaram ao obter o 3º lugar com mais um ponto ou seja 25.
A canção por eles interpretada foi "Verdes Trigais", que com "Corre 'Nina" constituiria o primeiro Single do quarteto, e merecia uma apreciação genericamente positiva, tendo a revista "mundo da canção" sobre ela escrito:
"Queriam uma canção portuguesa no sentido formal do termo? Aqui está. Boas ideias para um poema frágil, muito frágil. Melodicamente popular, regional. Mas deve dizer-se, de pronto, que ter sido classificada em 3º lugar foi um acto de justiça. O quarteto que a interpretou está com todos os cordelinhos afinados e já deixou de prometer - afirma. Com ênfase. O autor da música fez brilhar esta canção."
Nesta passagem pela música ligeira voltariam ao Festival no ano seguinte a lembrar num futuro espero não muito longe. Para já ficamos com a letra publicada na revista "mundo da canção" e respectiva música.
Intróito - Verdes Trigais
quarta-feira, 11 de julho de 2018
Paulo de Carvalho - Corre 'Nina
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
Começo então com a primeira letra deste nº 6 da revista "mundo da canção" que começo hoje a recordar. Sendo neste nº relevado o VII Festival da Canção, é por uma das canções concorrentes que principio, é com Paulo de Carvalho e "Corre 'Nina".
Paulo de Carvalho encontrava-se a meio de um período de grande produção e afirmação, entre 1969 e 1971 grava com os Fluído 2 EP (1969) e um Single (1970), em nome próprio as gravações começam em 1970 precisamente com o Single "Corre 'Nina" e ainda o Single de colaboração com Manolo Diaz, em 1971 mais 2 Singles, o primeiro dos quais com nova participação no Festival da Canção, e finalmente o excelente primeiro LP "Eu, Paulo de Carvalho".
Para o grande público é no VII Festival RTP da Canção que se dá a conhecer onde interpreta a convite do Pedro Osório "Corre 'Nina" com música deste e letra de Carlos Portugal. Merece o prémio de imprensa para a melhor interpretação.
Com 24 votos fica em 4º lugar e a revista "mundo da canção" refere-se-lhe em "Notas e Contranotas" da seguinte estranha forma:
"O intérprete - o melhor intérprete deste VII G. P. C., ao lado do de «(A)onde vais rio que eu canto» - ia dando o 3º lugar à sua canção. O autor da letra tem melhor, muito melhor. O conjunto «Objectivo» esteve em Dia Sim. A música era a tal que o compositor fez."
A letra reproduzida era a seguinte:
Paulo de Carvalho - Corre 'Nina
Começo então com a primeira letra deste nº 6 da revista "mundo da canção" que começo hoje a recordar. Sendo neste nº relevado o VII Festival da Canção, é por uma das canções concorrentes que principio, é com Paulo de Carvalho e "Corre 'Nina".
Paulo de Carvalho encontrava-se a meio de um período de grande produção e afirmação, entre 1969 e 1971 grava com os Fluído 2 EP (1969) e um Single (1970), em nome próprio as gravações começam em 1970 precisamente com o Single "Corre 'Nina" e ainda o Single de colaboração com Manolo Diaz, em 1971 mais 2 Singles, o primeiro dos quais com nova participação no Festival da Canção, e finalmente o excelente primeiro LP "Eu, Paulo de Carvalho".
Para o grande público é no VII Festival RTP da Canção que se dá a conhecer onde interpreta a convite do Pedro Osório "Corre 'Nina" com música deste e letra de Carlos Portugal. Merece o prémio de imprensa para a melhor interpretação.
Com 24 votos fica em 4º lugar e a revista "mundo da canção" refere-se-lhe em "Notas e Contranotas" da seguinte estranha forma:
"O intérprete - o melhor intérprete deste VII G. P. C., ao lado do de «(A)onde vais rio que eu canto» - ia dando o 3º lugar à sua canção. O autor da letra tem melhor, muito melhor. O conjunto «Objectivo» esteve em Dia Sim. A música era a tal que o compositor fez."
A letra reproduzida era a seguinte:
Paulo de Carvalho - Corre 'Nina
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
mundo da canção nº 6 de Maio de 1970
Mais um nº da revista "mundo da canção", é o sexto e teve edição em Maio de 1970.
O destaque para esta edição ia para o VII Festival da Canção da RTP realizado a 22 de Maio daquele ano.
Na capa, Paulo de Carvalho, um dos concorrentes do Festival com a canção "Corre 'Nina" e considerado o melhor intérprete, mas ficando classificado em 4º lugar.
O editorial era dedicado ao Festival com críticas abertas ao certame.
Para além da publicação das letras das canções classificadas nos primeiros 4 lugares ainda uma reportagem do Festival assinada pelo "enviado especial MC" Viale Moutinho.
De resto mantinham-se as habituais rubricas "mc Notícias", "mc ficha", entrevistas a José Barata Moura e Deniz Cintra, e letras de canções de língua portuguesa, espanhola, francesa e inglesa.
Mais um nº da revista "mundo da canção", é o sexto e teve edição em Maio de 1970.
O destaque para esta edição ia para o VII Festival da Canção da RTP realizado a 22 de Maio daquele ano.
Na capa, Paulo de Carvalho, um dos concorrentes do Festival com a canção "Corre 'Nina" e considerado o melhor intérprete, mas ficando classificado em 4º lugar.
O editorial era dedicado ao Festival com críticas abertas ao certame.
Para além da publicação das letras das canções classificadas nos primeiros 4 lugares ainda uma reportagem do Festival assinada pelo "enviado especial MC" Viale Moutinho.
De resto mantinham-se as habituais rubricas "mc Notícias", "mc ficha", entrevistas a José Barata Moura e Deniz Cintra, e letras de canções de língua portuguesa, espanhola, francesa e inglesa.
terça-feira, 10 de julho de 2018
José Mário Branco - Ronda do Soldadinho
A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974
Sob este título termino hoje estas passagens pela nossa música popular, não que o já não tivesse feito antes ou que não volte a fazê-lo, depende das ocasiões e da temática em curso. Portanto sob este título, ou outro ou nenhum a música popular portuguesa estará sempre presente neste blogue seja qual for o pretexto.
Para o fim deixei, já o tinha dito ontem, o José Mário Branco, esse expoente máximo da nossa melhor música de cariz popular. Só lamento que, apesar de ainda se encontrar no activo, a sua produção musical não seja mais extensa, álbuns originais contabilizei somente 7 em 50 anos de actividade que se têm vindo a comemorar, primeiro com a reedição em CD dos seus trabalhos originais e agora com o duplo CD "Inéditos (1967-1999)". O último trabalho de originais data do já longínquo ano de 2004.
José Mário Branco nasceu no Porto no ano de 1942. Aos 19 anos é estudante de História na Universidade de Coimbra onde, integrado no Partido Comunista, é politicamente activo. Em 1963 foge para França, aí estabelece contactos com diversas forças de esquerda de oposição ao regime, no ano seguinte começa a compor, sendo as primeiras canções escritas em francês, começa a actuar em festas em cooperativas de trabalhadores.
Em 1968 efectua as primeiras gravações de forma muito artesanal, donde iriam sair as "seis cantigas de amigo". Enviadas para o Fernando Lopes-Graça seriam por cá editadas, no ano seguinte, pelos Arquivos Sonoros Portugueses. Segue-se a auto-edição do Single "Ronda do Soldadinho" introduzido clandestinamente em Portugal e parcialmente apreendido pela PIDE.
"Ronda do Soldadinho" seria musicalmente radicalmente diferente do anterior baseado no Cancioneiro Galaico-Português. A temática é agora a guerra colonial com letra e música do próprio.
José Mário Branco - Ronda do Soldadinho
Sob este título termino hoje estas passagens pela nossa música popular, não que o já não tivesse feito antes ou que não volte a fazê-lo, depende das ocasiões e da temática em curso. Portanto sob este título, ou outro ou nenhum a música popular portuguesa estará sempre presente neste blogue seja qual for o pretexto.
Para o fim deixei, já o tinha dito ontem, o José Mário Branco, esse expoente máximo da nossa melhor música de cariz popular. Só lamento que, apesar de ainda se encontrar no activo, a sua produção musical não seja mais extensa, álbuns originais contabilizei somente 7 em 50 anos de actividade que se têm vindo a comemorar, primeiro com a reedição em CD dos seus trabalhos originais e agora com o duplo CD "Inéditos (1967-1999)". O último trabalho de originais data do já longínquo ano de 2004.
José Mário Branco nasceu no Porto no ano de 1942. Aos 19 anos é estudante de História na Universidade de Coimbra onde, integrado no Partido Comunista, é politicamente activo. Em 1963 foge para França, aí estabelece contactos com diversas forças de esquerda de oposição ao regime, no ano seguinte começa a compor, sendo as primeiras canções escritas em francês, começa a actuar em festas em cooperativas de trabalhadores.
Em 1968 efectua as primeiras gravações de forma muito artesanal, donde iriam sair as "seis cantigas de amigo". Enviadas para o Fernando Lopes-Graça seriam por cá editadas, no ano seguinte, pelos Arquivos Sonoros Portugueses. Segue-se a auto-edição do Single "Ronda do Soldadinho" introduzido clandestinamente em Portugal e parcialmente apreendido pela PIDE.
"Ronda do Soldadinho" seria musicalmente radicalmente diferente do anterior baseado no Cancioneiro Galaico-Português. A temática é agora a guerra colonial com letra e música do próprio.
José Mário Branco - Ronda do Soldadinho
segunda-feira, 9 de julho de 2018
Sérgio Godinho - Charlatão
A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974
Estou a chegar ao fim desta breve passagem por músicas feitas por alguns dos principais intérpretes da renovação da nossa música popular anterior ao 25 de Abril. Para o fim deixei dois desses principais agentes, Sérgio Godinho e José Mário Branco. São eles os principais responsáveis pela "ruptura musical", como lhe chamou Eduardo M. Raposo, iniciada no ano de 1971.
Pese todo o trabalho desenvolvido por quem cá vivia e resistia ao amorfismo cultural decorrente do regime fascista, foi de França que veio, na definição de novos paradigmas para a música popular, uma das mais significativas abordagens.
Sérgio Godinho, nasceu no Porto em 1945 e de muito cedo a música teve presença na sua vida em particular pela influência familiar.
"Este ambiente musical e artístico terá propiciado as escolhas e orientações de S. Godinho, e do seu irmão mais novo, e marcado um percurso profissional intensamente preenchido por uma relação quase umbilical com a música, a literatura e o teatro.", em "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX".
A meio da década de 60 vai para Genebra, onde estudou Psicologia por dois anos. Em 1967 está em Paris onde conhece José Mário Branco e Luís Cília. Está presente no Maio de 1968 e no ano seguinte integra o elenco da ópera-rock "Hair".
A primeira participação em disco é no agora histórico EP de José Mário Branco "Seis Cantigas de Amigo" onde o acompanha com a 2ª viola e pandeireta. A primeira gravação em nome próprio é o EP "Romance de um Dia na Estrada" em finais de 1971, a antecipar o álbum "Os Sobreviventes" no ano seguinte.
Lê-se em "Canto de Intervenção 1960-1974": "Romance de um Dia na Estrada é a definição do cantor como vagabundo, colhendo experências aqui e ali, das quais se serve para fabricar a canção - um pouco a mentalidade do Kerouac de «On The Road».", e mais adiante: " Composto por quatro temas: «Romance de um Dia na Estrada»; «Linda Joana»; «Charlatão» e «AEIOU», sendo Romance de im Dia na Estrada, sem sombra de dúvida um dos acontecimentos mais importantes do ano, é-o, certamente, em grande parte, através da voz espontânea, fresca e intencional de Sérgio Godinho".
Assim se faz mais uma passagem pelo EP inicial de Sérgio Godinho, desta vez é o "Charlatão", letra do próprio e música de José Mário Branco.
Sérgio Godinho - Charlatão
Estou a chegar ao fim desta breve passagem por músicas feitas por alguns dos principais intérpretes da renovação da nossa música popular anterior ao 25 de Abril. Para o fim deixei dois desses principais agentes, Sérgio Godinho e José Mário Branco. São eles os principais responsáveis pela "ruptura musical", como lhe chamou Eduardo M. Raposo, iniciada no ano de 1971.
Pese todo o trabalho desenvolvido por quem cá vivia e resistia ao amorfismo cultural decorrente do regime fascista, foi de França que veio, na definição de novos paradigmas para a música popular, uma das mais significativas abordagens.
Sérgio Godinho, nasceu no Porto em 1945 e de muito cedo a música teve presença na sua vida em particular pela influência familiar.
"Este ambiente musical e artístico terá propiciado as escolhas e orientações de S. Godinho, e do seu irmão mais novo, e marcado um percurso profissional intensamente preenchido por uma relação quase umbilical com a música, a literatura e o teatro.", em "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX".
A meio da década de 60 vai para Genebra, onde estudou Psicologia por dois anos. Em 1967 está em Paris onde conhece José Mário Branco e Luís Cília. Está presente no Maio de 1968 e no ano seguinte integra o elenco da ópera-rock "Hair".
A primeira participação em disco é no agora histórico EP de José Mário Branco "Seis Cantigas de Amigo" onde o acompanha com a 2ª viola e pandeireta. A primeira gravação em nome próprio é o EP "Romance de um Dia na Estrada" em finais de 1971, a antecipar o álbum "Os Sobreviventes" no ano seguinte.
Lê-se em "Canto de Intervenção 1960-1974": "Romance de um Dia na Estrada é a definição do cantor como vagabundo, colhendo experências aqui e ali, das quais se serve para fabricar a canção - um pouco a mentalidade do Kerouac de «On The Road».", e mais adiante: " Composto por quatro temas: «Romance de um Dia na Estrada»; «Linda Joana»; «Charlatão» e «AEIOU», sendo Romance de im Dia na Estrada, sem sombra de dúvida um dos acontecimentos mais importantes do ano, é-o, certamente, em grande parte, através da voz espontânea, fresca e intencional de Sérgio Godinho".
Assim se faz mais uma passagem pelo EP inicial de Sérgio Godinho, desta vez é o "Charlatão", letra do próprio e música de José Mário Branco.
Sérgio Godinho - Charlatão
domingo, 8 de julho de 2018
Luiz Goes - Mi Deseo (O Meu Desejo)
A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974
"Cantor, autor de letras e compositor. É uma das figuras proeminentes da canção de Coimbra desde a década de 50.", extraído da "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX", na entrada para Luiz Goes (1933-2012).
São efectivamente dos anos 50 as suas primeiras gravações, inserindo-se as suas canções na melhor tradição coimbrã.
É naquela década que se vai assistir ao revolucionar da forma de cantar e compor da canção de Coimbra sendo de destacar alguns nomes verdadeiramente importantes nessa tarefa: José Afonso, António Portugal, António Brojo, Fernando Rolim, Fernando Machado Soares e a recordação de hoje Luiz Goes.
É ao excelente blogue "Guitarra de Coimbra" (I/II/III/IV e V) que vou buscar boa parte da informação para este Regresso ao Passado.
No meio académico de Coimbra é formado o Grupo de António Portugal, posteriormente "designado Coimbra Quintet pelo marketing fonográfico", que teve várias formações. Em 1957 partem para Madrid para a gravação de um conjunto de canções, actualmente históricas; à última da hora Fernando Machado Soares, "acometido por um pânico nervoso", desistiu sendo substituído por Luiz Goes.
"Circuladas em suporte vinil de 33 rpm (um LP) e 45 rpm (três EP) as gravações tiveram edição internacional, conquistaram grande sucesso e conferiram a Luiz Goes uma impressionante projecção mediática."
A formação que efectuou estas gravações foi constituída por Luiz Goes, António Portugal, Jorge Godinho, Manuel Pepe e Levy Batista.
O LP era de 10", tinha 8 composições, entre as quais "Mi Deseo (O Meu Desejo): "MI DESEO/O MEU DESEJO (O meu desejo/É dar-te um beijo), música de Luís Goes; letra de Luiz Goes, arranjo para guitarra de acompanhamento de António Portugal."
Texto da contracapa, escrito em inglês e assinado por Manuel Lousã Henriques:
"According to some insiders the University Fado has its origin in the Medieval Troubadour culture, at the time of the installation of the Portuguese Court at Coimbra, whereas other hold the view that it is a relic of old Lusitanian folklore, but all agree that it is the most authentic and artistic of student manifestations.
At Coimbra, singing is an essential part of the student's life. The traditional bohemian of ancient Coimbra, living between his "Sebenta" (textbook) and his dreams, could only express himself in this particular style. In this way his lyrism has become a most beautiful and typically Portuguese form of art. The two main themes: Love and "Saudade" reflect his own life.
In Coimbra itself there is a light scent of washed linen in the air and a nostalgy of bells and towers. a pleasant fragance of a luxurious but familiar vegetation. Coimbra has a very special place among other towns - it is a villagetown. We learn more from its depth than from its expance and it is this town that, together with adolescense, determines the subjectivism of the academic songs.
As long as the student is singing, as long as he tells of his life and problems in short poems of popular or classical style, the University which gave birth to them and the liberal air of its culture cannot be lost. Let us sing with him:
Eu hei-de voltar um dia,
eu sou como as andorinhas
se as tuas saudades forem
bater à porta das minhas...
(One day I'll have to return,
for I am like the swallows,
when your "saudades" come knocking
at my door...)"
Luiz Goes - Mi Deseo (O Meu Desejo)
"Cantor, autor de letras e compositor. É uma das figuras proeminentes da canção de Coimbra desde a década de 50.", extraído da "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX", na entrada para Luiz Goes (1933-2012).
São efectivamente dos anos 50 as suas primeiras gravações, inserindo-se as suas canções na melhor tradição coimbrã.
É naquela década que se vai assistir ao revolucionar da forma de cantar e compor da canção de Coimbra sendo de destacar alguns nomes verdadeiramente importantes nessa tarefa: José Afonso, António Portugal, António Brojo, Fernando Rolim, Fernando Machado Soares e a recordação de hoje Luiz Goes.
É ao excelente blogue "Guitarra de Coimbra" (I/II/III/IV e V) que vou buscar boa parte da informação para este Regresso ao Passado.
No meio académico de Coimbra é formado o Grupo de António Portugal, posteriormente "designado Coimbra Quintet pelo marketing fonográfico", que teve várias formações. Em 1957 partem para Madrid para a gravação de um conjunto de canções, actualmente históricas; à última da hora Fernando Machado Soares, "acometido por um pânico nervoso", desistiu sendo substituído por Luiz Goes.
"Circuladas em suporte vinil de 33 rpm (um LP) e 45 rpm (três EP) as gravações tiveram edição internacional, conquistaram grande sucesso e conferiram a Luiz Goes uma impressionante projecção mediática."
A formação que efectuou estas gravações foi constituída por Luiz Goes, António Portugal, Jorge Godinho, Manuel Pepe e Levy Batista.
guitarradecoimbra4.blogspot.com |
O LP era de 10", tinha 8 composições, entre as quais "Mi Deseo (O Meu Desejo): "MI DESEO/O MEU DESEJO (O meu desejo/É dar-te um beijo), música de Luís Goes; letra de Luiz Goes, arranjo para guitarra de acompanhamento de António Portugal."
Texto da contracapa, escrito em inglês e assinado por Manuel Lousã Henriques:
"According to some insiders the University Fado has its origin in the Medieval Troubadour culture, at the time of the installation of the Portuguese Court at Coimbra, whereas other hold the view that it is a relic of old Lusitanian folklore, but all agree that it is the most authentic and artistic of student manifestations.
At Coimbra, singing is an essential part of the student's life. The traditional bohemian of ancient Coimbra, living between his "Sebenta" (textbook) and his dreams, could only express himself in this particular style. In this way his lyrism has become a most beautiful and typically Portuguese form of art. The two main themes: Love and "Saudade" reflect his own life.
In Coimbra itself there is a light scent of washed linen in the air and a nostalgy of bells and towers. a pleasant fragance of a luxurious but familiar vegetation. Coimbra has a very special place among other towns - it is a villagetown. We learn more from its depth than from its expance and it is this town that, together with adolescense, determines the subjectivism of the academic songs.
As long as the student is singing, as long as he tells of his life and problems in short poems of popular or classical style, the University which gave birth to them and the liberal air of its culture cannot be lost. Let us sing with him:
Eu hei-de voltar um dia,
eu sou como as andorinhas
se as tuas saudades forem
bater à porta das minhas...
(One day I'll have to return,
for I am like the swallows,
when your "saudades" come knocking
at my door...)"
Luiz Goes - Mi Deseo (O Meu Desejo)
sábado, 7 de julho de 2018
Samuel – O Cantigueiro
A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974
Sons novos se fizeram ouvir nos anos que antecederam o 25 de Abril de 1974. Era a busca de caminhos mais modernos para a música popular portuguesa que desde o início dos anos 60 vinha progressivamente a desenvolver-se em formas de maior contemporaneidade, mais consentâneas com a produção estrangeira que nos chegava e nos era dada a conhecer através da rádio e nos discos em vinil.
Foi na rádio que tomei conhecimento de um novo nome que veio engrossar a fileira cada vez maior dos cantores ditos de intervenção, era o Samuel. Arrisco-me a afirmar, tal a probabilidade de estar certo, que foi no programa radiofónico "Página Um" que pela primeira vez o ouvi. Estávamos no ano de 1972 e a audição de "O Cantigueiro", com o seu toque de Folk e Country, correspondia a uma experiência original no contexto da música por cá produzida. Era agradável e refrescante aquela viola e a harmónica, com os arranjos de José Calvário, a suportarem aquele texto arrojado e certeiro:
"...Mau pregador
justo auditório
Pior a pregação
Verdades ditas
fora do tempo
e o pregador vai para a prisão
Não há fiança
pr'o cantigueiro
e ele nem dinheiro tem
se viu demais
que arranque os olhos
e a vida correrá bem..."
O ano de 1972 ficaria ainda marcado pela colaboração com Carlos Mendes, Duarte Mendes e Tonicha num grande trabalho da música portuguesa, o álbum "Fala do Homem Nascido".
Para já é com "O Cantigueiro" que ficamos.
Samuel – O Cantigueiro
Sons novos se fizeram ouvir nos anos que antecederam o 25 de Abril de 1974. Era a busca de caminhos mais modernos para a música popular portuguesa que desde o início dos anos 60 vinha progressivamente a desenvolver-se em formas de maior contemporaneidade, mais consentâneas com a produção estrangeira que nos chegava e nos era dada a conhecer através da rádio e nos discos em vinil.
Foi na rádio que tomei conhecimento de um novo nome que veio engrossar a fileira cada vez maior dos cantores ditos de intervenção, era o Samuel. Arrisco-me a afirmar, tal a probabilidade de estar certo, que foi no programa radiofónico "Página Um" que pela primeira vez o ouvi. Estávamos no ano de 1972 e a audição de "O Cantigueiro", com o seu toque de Folk e Country, correspondia a uma experiência original no contexto da música por cá produzida. Era agradável e refrescante aquela viola e a harmónica, com os arranjos de José Calvário, a suportarem aquele texto arrojado e certeiro:
"...Mau pregador
justo auditório
Pior a pregação
Verdades ditas
fora do tempo
e o pregador vai para a prisão
Não há fiança
pr'o cantigueiro
e ele nem dinheiro tem
se viu demais
que arranque os olhos
e a vida correrá bem..."
O ano de 1972 ficaria ainda marcado pela colaboração com Carlos Mendes, Duarte Mendes e Tonicha num grande trabalho da música portuguesa, o álbum "Fala do Homem Nascido".
Para já é com "O Cantigueiro" que ficamos.
Samuel – O Cantigueiro
sexta-feira, 6 de julho de 2018
José Almada – Vento Suão
A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974
Pouco a pouco aqui vou recordando José Almada. Meu conhecido desde 7 de Março de 2009 num concerto em Lousada, depois, alguns encontros na praia do Furadouro, Ovar, onde ele vive e onde eu passei a minha juventude, no entretanto, amigos no Facebook e algumas trocas de correspondência.
O que se mantém permanente é o regresso à sua música, ouço-a com alguma regularidade, em particular o álbum "Homenagem" que entretanto consegui comprar. O restante em mp3 e wav que foi o que se arranjou.
Volto hoje, ainda, ao primeiro EP, "Mendigos", de 1970 onde na contra-capa do EP "Mendigos" se pode ler:
"- Os homens do teu planeta, disse o pequeno príncipe, cultivam cinco mil rosas no mesmo jardim... e não encontram o que procuram...
- Não encontram, respondi eu...
- E, todavia, o que eles procuram poderia ser encontrado numa única rosa ou numa gota de água...
- Concerteza, respondi eu.
E o pequeno príncipe acrescentou:
- Mas os olhos são cegos. É preciso procurar com o coração.
de "O Pequeno Príncipe" de Saint-Exupéry"
seguia-se um pequeno texto assinado "Discos ZIP":
"José Almada tem 17 anos e é um caso concreto de busca com o coração. O quê? A fraternidade. Principalmente para os que dela mais necessitam: os mendigos. Eles são um tema obcecante nos seus versos, nas suas conversas, nas suas preocupações. José Almada conhece Mendigos. Muitos. Viveu os seus dramas e habituou-se a amá-los, como Homens, como Homem. É fascinante ouvir José Almada falar com o coração. É importante ouvir José Almada cantar com o coração. É um talento que se adivinha, uma sensibilidade que importa compreender e respeitar."
Sou testemunha da sensibilidade e da sua espiritualidade, quer das vezes em que falámos, quer pela troca de mails que efectuámos. A sua preocupação social é manifesta logo no primeiro EP com 4 canções sob o lema "Mendigos", hoje recordamos "Vento Suão" com letra de Fausto José e música dele próprio. Uma maravilha da música popular portuguesa, neste caso anterior ao 25 de Abril.
José Almada – Vento Suão
Pouco a pouco aqui vou recordando José Almada. Meu conhecido desde 7 de Março de 2009 num concerto em Lousada, depois, alguns encontros na praia do Furadouro, Ovar, onde ele vive e onde eu passei a minha juventude, no entretanto, amigos no Facebook e algumas trocas de correspondência.
Lousada, 7 de Março de 2009 |
O que se mantém permanente é o regresso à sua música, ouço-a com alguma regularidade, em particular o álbum "Homenagem" que entretanto consegui comprar. O restante em mp3 e wav que foi o que se arranjou.
Volto hoje, ainda, ao primeiro EP, "Mendigos", de 1970 onde na contra-capa do EP "Mendigos" se pode ler:
"- Os homens do teu planeta, disse o pequeno príncipe, cultivam cinco mil rosas no mesmo jardim... e não encontram o que procuram...
- Não encontram, respondi eu...
- E, todavia, o que eles procuram poderia ser encontrado numa única rosa ou numa gota de água...
- Concerteza, respondi eu.
E o pequeno príncipe acrescentou:
- Mas os olhos são cegos. É preciso procurar com o coração.
de "O Pequeno Príncipe" de Saint-Exupéry"
seguia-se um pequeno texto assinado "Discos ZIP":
"José Almada tem 17 anos e é um caso concreto de busca com o coração. O quê? A fraternidade. Principalmente para os que dela mais necessitam: os mendigos. Eles são um tema obcecante nos seus versos, nas suas conversas, nas suas preocupações. José Almada conhece Mendigos. Muitos. Viveu os seus dramas e habituou-se a amá-los, como Homens, como Homem. É fascinante ouvir José Almada falar com o coração. É importante ouvir José Almada cantar com o coração. É um talento que se adivinha, uma sensibilidade que importa compreender e respeitar."
Sou testemunha da sensibilidade e da sua espiritualidade, quer das vezes em que falámos, quer pela troca de mails que efectuámos. A sua preocupação social é manifesta logo no primeiro EP com 4 canções sob o lema "Mendigos", hoje recordamos "Vento Suão" com letra de Fausto José e música dele próprio. Uma maravilha da música popular portuguesa, neste caso anterior ao 25 de Abril.
José Almada – Vento Suão
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