Dei por mim a pensar...
Hoje em dia, qualquer música pode ser ouvida, em qualquer lugar, em qualquer momento. De manhã, tarde, noite, em casa, nos transportes, no trabalho, nas férias, estão generalizados os dispositivos electrónicos que permitem o usufruto da audição das músicas mais queridas, regra geral com qualidade de reprodução inferior ao desejável. É assim o mundo actual, a diversidade, o caos, a procura permanente do desfrute de momentos de prazer que atenuem os momentos difíceis ou ampliem os momentos de lazer. Há pois um abandalhamento do gozo musical que faz com que esta esteja presente quando não devia ser necessária. Não bastasse os ditos dispositivos pessoais, por vezes partilhados por dois (é vê-los, nos transportes, a partição dos auriculares), que pelo menos têm a vantagem de “só usa quem quer” (embora, por vezes, até esses equipamentos emitam ruído que incomoda quem ao lado vai), também a sociedade institui a música para todos os lugares e situações, consultórios, hotéis, elevadores, congressos, praias, são disso exemplo. Até nos concertos ao ar livre, o abuso e desrespeito pela música é enorme: níveis de audição superiores ao desejável, vários palcos em simultâneo, onde num palco se ouve, ao longe, o som do outro, e uma boa parte da plateia mais interessada em tudo menos na fruição da música, mais um pretexto que uma real necessidade ou interesse.
Não vou, claro, por este caminho.
E, sem querer institui regras para quando e como se deve ouvir esta ou aquela música, procuro deixar que essa selecção se efectue o mais naturalmente possível. Nas manhãs não há, normalmente, necessidade de ouvir música; a tarde é boa para a descoberta de novas sonoridades (Johnny Flynn, Laura Marling, Kurt Vile, Matthew E. White, etc.) e a noite para os consagrados (de Richard Thompson a John Coltrane). Os Domingos (agora de manhã faz todo o sentido) são bons para reviver The Beatles, The Beach Boys…, o Verão para a música Pop, o Inverno para o Jazz …
Agora a escolha para hoje, recuamos no tempo ao ano de 1961. Bill Evans (1929-1980), músico branco, pianista com influências da música clássica, reconhecido na grande música negra, o Jazz, deixou-nos uma larga obra a influenciar, por sua vez, inúmeros destacados músicos de Jazz. Para ouvir, quando quiserem, como quiserem, mas de preferência em vinil numa boa aparelhagem, “Waltz for Debby” original de Bill Evans de 1956, aqui numa interpretação de 1961.
Bill Evans - Waltz for Debby
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