De
retorno a Zeca do Rock (1943-2012), ou melhor a José das Dores de nome
verdadeiro.
Depois de “O Sansão foi enganado” (1961) a escolha vai
para “God of Negroes” já da segunda metade da década de 60 e, julgo eu, sem
edição comercial.
A ideia de “God of Negroes” era por ele explicada no seu blog onde afirmava:
““Entrei em quadrícula” na região de Farim, no norte da Guiné-Bissau, como
oficial do Batalhão de Caçadores 1887, em 1966, após uma estadia de poucos
meses no quartel da Amura em Bissau. Todos aqueles meses de Guiné provocaram em
mim uma grande tristeza e desânimo, ao constatar que os mais de 500 anos de
presença portuguesa naquelas paragens não tinham produzido nenhum resultado
civilizacional palpável. As populações indígenas viviam no meio das maiores
carências, sem meios sanitários de qualquer espécie à sua disposição, não
falando uma palavra da língua portuguesa, abandonadas, exploradas, ignoradas,
desprezadas.
A administração pública e os lugares de chefia dentro da sociedade civil
estavam entregues a uma elite de cabo-verdianos que exerciam a mais tirânica
repressão sobre os guineenses. Estes, desamparados, pareciam até esquecidos por
Deus. Foi então que me surgiu a ideia de me dirigir ao “Deus dos Negros” a
pedir-lhe piedade para o seu povo, já que o deus dos brancos parecia tê-lo
abandonado. “
De um conjunto de gravações domésticas de Zeca do Rock ficamos agora com o
original “God of Negroes”, “…rascunhos.” “… a figurar como fichas num
arquivo de memórias”, ou o que poderia ter sido uma grande canção.
Zeca do Rock - God of Negroes
Em 1972, o Conjunto Académico João Paulo, aliás Sérgio Borges e o Conjunto
João Paulo assim, entretanto, renomeado face à popularidade crescente de
Sérgio Borges, gravam o que julgo ser a única edição comercial de “God of
Negroes”.
Sérgio Borges e o Conjunto João Paulo - God of Negroes
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