quinta-feira, 31 de março de 2016

Booker T. and the M.G.'s - Hip Hug-Her

Monterey International Pop Festival 1967


Booker T. and the M.G.'s, que já por aqui passaram na recordação de "Green Onions", eram à data do Festival de Monterey, em Junho de 1967, um grupo que não necessitava apresentações. Constituídos no início da década pelo organista Booker T. Jones obtiveram no primeiro Single "Green Onions" o seu maior sucesso. Para além da carreira própria serviram de grupo de suporte para cantores, entre outros, como Wilson Pickett, Sam and Dave e Otis Redding.

Booker T. and the M.G.'s (MG marca de carro ou Memphis Group mantem-se a dúvida) actuaram na noite de 17 de Junho no Festival de Monterey e fecharam a noite em suporte a Otis Redding.




"Hip Hug-Her" é o nome do 5º álbum do grupo editado precisamente em Junho de 1967, o tema título, que abre o álbum, foi um dos temas que constou na actuação no Festival de Monterey e é com ele que recordamos novamente  Booker T. and the M.G.'s. O Soul instrumental de Booker T. and the M.G.'s abriam assim caminho para a actuação histórica de Otis Redding.



Booker T. and the M.G.'s - Hip Hug-Her

quarta-feira, 30 de março de 2016

Jefferson Airplane - The Ballad of You and Me and Pooneil

Monterey International Pop Festival 1967


Paul Kantner (Voz, Guitarra), Marty Balin (Voz), Jack Casady (Baixo), Jorma Kaukonen (Guitarra, Voz), Spencer Dryden (Bateria), Grace Slick (Voz) constituíram a formação de ouro dos Jefferson Airplane e foi a que esteve presente na noite de 17 de Junho de 1967 no Festival de Monterey.

Representantes maiores do som psicadélico da West Coast, quando tocaram em Monterey tinham já uma reputação a defender. Depois de "Jefferson Airplane Takes Off", o álbum inicial ainda sem Grace Slick, tinha já sido editado, no início do ano, o seminal "Surrealistic  Pillow" onde pontificavam as canções "Somebody To Love" e "White Rabbit" que Grace Slick tinha trazido dos The Great Society, grande deveria ser pois a expectativa.
E, pelos vistos, de acordo com Michael Lydon em "Monterey Pop: The First Rock Festival", "Jefferson Airplane were fantastically good".




Os Jefferson Airplane, apresentados por Jerry Garcia, como "a perfect example of what the world is coming to" tocaram, entre outras, "Somebody To Love", "White Rabbit", "She Has Funny Cars" e esta canção, então inédita, "The Ballad of You and Me and Pooneil". Depois de ser editada em Single após o Festival, era a faixa de abertura do 3º álbum "After Bathing at Baxter's" editado ainda em 1967. "The Ballad of You and Me and Pooneil", na versão longa, ao vivo em Monterey.



Jefferson Airplane - The Ballad of You and Me and Pooneil

terça-feira, 29 de março de 2016

Laura Nyro - Wedding Bell Blues

Monterey International Pop Festival 1967

Numa biografia de Bruce Eder relativa aos participantes no Festival de Monterey de 1967 lia-se o seguinte sobre Laura Nyro (1947-1997):
"Laura Nyro was one of those musical talents too imposing to ignore, and too diverse to categorize.", era o que eu pensava dela.
Por um lado Laura Nyro era um talento enorme que se destacou principalmente na segunda metade dos anos 60 e inícios da década de 70, por outro era difícil de a definir musicalmente situando-se numa mescla de estilos ( pop, jazz, gospel, rhythm and blues, show tunes, rock e soul de acordo com a wikipédia),  que lhe conferiam uma sonoridade muito própria.

Quando participou no Festival de Monterey tinha já um álbum, "More Than a New Discovery", editado tinha ela 19 anos. Neste álbum constava a canção "And When I Die" que viria a ser um grande sucesso na versão dos Blood, Sweat and Tears em 1969.

Infelizmente a actuação de Laura Nyro, em Monterey, parece não ter tido o agrado de todos, recebendo críticas negativas, para alguns, foi mesmo a prestação menos conseguida do Festival.





"Eli and The Thirteenth Confession" e "New York Tendaberry", respectivamente de 1968 e 1969, vieram mostrar todas as qualidades de Laura Nyro quer como intérprete quer como compositora. Algumas das canções, curiosamente, a terem sucesso nas interpretações dos Three Dog Night e The 5th Dimension.

Da passagem por Monterey ficamos com "Wedding Bell Blues", nº1 em 1969 na versão dos The 5th Dimension.



Laura Nyro - Wedding Bell Blues

segunda-feira, 28 de março de 2016

The Byrds - So You Want to Be a Rock'n'Roll Star

Monterey International Pop Festival 1967

Na noite de 17 de Junho de 1967 no Festival de Monterey, a seguir a Hugh Masekela, Mike Bloomfield apresenta The Byrds.

Depois da gravação de " Eight Miles High" em 1966 Gene Clark abandona The Byrds e é na formação de quarteto que o grupo vai actuar em Monterey. Era então constituído por: Roger McGuinn, David Crosby, Chris Hillman e Michael Clarke. Em Outubro de 1967, durante as gravação de "The Notorious Byrd Brothers", também David Crosby abandona o grupo.

Pioneiros do Folk-Rock é sempre com saudade e muito gosto que voltamos aos The Byrds, um dos que mais admirados grupos de Rock dos anos 60 do outro lado do Atlântico.
Infelizmente a actuação dos The Byrds pareceu-nos pouco interessante, aquém das gravações de estúdio e a captação do som não parece ser a melhor.




A escolha vai para "So You Want to Be a Rock'n'Roll Star " que já passou neste Regresso ao Passado. Agora a vez da versão ao vivo no Festival de Monterey com Hugh Masekela no trompete.



The Byrds - So You Want to Be a Rock'n'Roll Star

domingo, 27 de março de 2016

Hugh Masekela - Bajabula Bonke

Monterey International Pop Festival 1967


Hoje é uma lenda da música da África do Sul: Hugh Masekela (1939-2018). No Festival de Monterey de 1967 Hugh Masekela também aí marcou presença.

Com início de carreira na África do Sul, é a partir de 1960 nos Estados Unidos, onde dá início a um exílio de 30 anos, que  Hugh Masekela se vai desenvolver enquanto músico. Durante dois anos esteve casado com a conhecida cantora sul-africana Mirian Makeba também em situação de exílio.

Compositor, cantor, trompetista, Hugh Masekela desenvolveu um estilo único, com fortes influências africanas, que se pode situar na World Music e no Jazz de fusão. No ano do primeiro Festival de Monterey, Hugh Masekela era um músico já com vários discos editados.




Ainda nos anos 60 muda-se para Los Angeles onde, de acordo com o seu próprio sítio, se tornou amigo de ícones do movimento hippie como David Crosby, Peter Fonda e Dennis Hooper.
O sucesso chega em 1968, primeiro com a versão instrumental de "Up, Up and Away" (grande sucesso no original dos The Fifth Dimension), e depois com o nº 1 que foi o também instrumental "Grazin' in the Grass".

Da actuação no Festival de Monterey na noite de 17 de Junho ficamos com "Bajabula Bonke". Particular atenção para Daniel Ray (mais conhecido por Big Black) a tocar congas.



Hugh Masekela - Bajabula Bonke

sábado, 26 de março de 2016

Moby Grape - Indifference

Monterey International Pop Festival 1967

Vamos directos para a noite de Sábado de 17 de Junho de 1967, vamos para o Festival de Monterey. Nessa noite actuaram: Moby Grape,  Hugh Maseleke, The Byrds, Laura Nyro, Jefferson Airplane, Booker T. & the M.G.'s, The Mar-Keys e Otis Redding.

Comecemos pelos Moby Grape que abriram a noite.

Numa combinação hábil de vários estilos musicais os Moby Grape, oriundos de S. Francisco, editaram, poucos dias antes da sua presença no Festival de Monterey, o primeiro e muito promissor homónimo álbum que ainda hoje se mantém como uma referência da melhor produção da cena psicadélica de S.Francisco. Que grande ano foi o de 1967, um pouco por todo o lado!

Uma coisa é certa, passados todos estes anos, ainda hoje é particularmente agradável a audição deste disco que por cá teve tão pouca divulgação.



Monterey foi o primeiro grande festival de música Rock, nele foram lançados ao mundo grandes nomes da música popular, de Janis Joplin a Steve Miller. Os Moby Grape não tiveram o reconhecimento daqueles, problemas diversos desfizeram e fizeram o grupo várias vezes, mas o primeiro álbum e a passagem pelo Festival foram um marco significativo das inovadoras sonoridades então praticadas.

"Indifference" foi o tema de abertura da actuação dos Moby Grape e, por sinal, a que encerra o primeiro álbum. Eis os Moby Grape em Monterey.



Moby Grape - Indifference

sexta-feira, 25 de março de 2016

The Electric Flag - Groovin' Is Easy

Monterey International Pop Festival 1967


Depois de uma primeira passagem dos The Electric Flag por este Regresso ao Passado a eles voltamos a propósito do Festival de Monterey.

Formados em S. Francisco, em 1967, após a saída de Mike Bloomfield dos The Butterfield Blues Band, a constituição original dos The Electric Flag vai durar menos de um ano. O gosto de Mike Bloomfield (1943-1981) pelos Blues, o Soul e Rhythm'n'Blues levou a que pretende-se que os The Electric Flag fossem representativos daquilo que ele considerava "a música americana". Foram um dos primeiros grupos Rock a incluir uma secção de metais e são hoje considerados percursores na sonoridade de grupos como os Blood, Sweat and Tears e Chicago.




À semelhança de outros grupos que passaram por Monterey não tinham à data do Festival qualquer disco gravado, o primeiro e único com Mike Bloomfield seria  "A Long Time Comin'" editado em 1968.
O Festival de Monterey terá sido mesmo a primeira actuação ao vivo destes The Electric Flag. Nela se destacou, para além do próprio Mike Bloomfield, o então jovem baterista e vocalista de 19 anos apenas, Buddy Miles (1947-2008).
Dessa actuação escolhemos "Groovin' Is Easy" um tema de Nick Gravenites que iria fazer parte do referido  "A Long Time Comin'". Foram apresentados por David Crosby assim:
“Man, if you didn’t hear Mike Bloomfield’s group, man, you are out of it, so far out of it.”




The Electric Flag - Groovin' Is Easy

Blitz Nº 73 de 25 de Março de 1986

Jornal "Blitz"

Contrariando o habitual a capa do nº 73 do jornal Blitz de há 30 anos trazia na capa o então jovem actor Matt Dillon sob o título "Rumble Fish", o filme de 1983 de Francis Ford Cappola.




- Na página 2, entre as pequenas notícias econtrava-se o anúncio do novo LP de Lou Reed, "Mistrial".
- Na página 3, o destaque ia para as escolhas dos leitores do "New Musical Express", os melhores grupos do ano de 1985 eram os seguintes:
1 - The Smiths
2 - Jesus and Mary Chain
3 - Style Council
4 - Pogues
5 - U2
6 - New Order
7 - The Fall
8 - Prefab Sprout
9 - Talking Heads
10 - Cocteau Twins

Boas escolhas, sem dúvidas.
- Página 4 com oportunidades de emprego e anuncia-se que o Café-Concerto no Bairro Alto está interessado em artistas plásticos amadores para aí fazerem exposições.
- Página 5 totalmente dedicada aos Long Ryders: "Longe dos ridículos Los Lobos e perto dos longínquos Byrds, entre o desejo de pó dos caminhos na garganta e os «grafitti» urbanos de Los Angeles..."
- Anúncio a emblemas do Blitz preenche toda a página 6, 4 por 200$00 (1 €).
- Página 7 vai para Francis, guitarrista ex-Xutos e Pontapés e ex-UHF em conversa com o Blitz, o propósito é o primeiro disco a solo "Stilleto".
- Página 8 ocupada com Juice Newton,"A minha música é o folk-rock".
- Página 9 para os elogios de "Rumble Fish", que justificaram a capa do jornal.
- Páginas centrais vão para uma das minhas preferidas: Nico. "Atemporal, hermética, nihilista, ascética são predicados que, regra geral, não se aplicam a uma cantora. A regra vira excepção, no entanto, quando a cantora responde pelo nome «Nico»."
- Página 12, as recordações da Busca No Sótão e da Feira da Ladra vão para os Spencer Davis Group ou melhor para Steve Winwood: "Os Spencer Davis Group eram Steve Winwood".
- Nada a adiantar na página 13 dedicada aos Pregões e Declarações.
- Na página 14 Roger Daltrey diz: "Os Who pararam no memento exacto". Roger Daltrey em carreira  a solo depois do fim dos The Who em 1983 e antes das muitas reuniões dos The Who que levaran inclusivé a um escusado novo disco, "Endless Wire", em 2006.
- Página 15 com o Cardápio da Música, Rádio, Televisão, Cinema e Exposições. Claro que no cinema a sugestão ia para "Rumble Fish".
- Página 16 ocupada com Fernando Girão. Os tempos do Very Nice já lá vão, em 1986, o pretexto era o novo disco "Africana".
- Página 17 com os discos "The Blind Leading The Naked" dos Violent Femmes" e "The Clock Comes Down The Stairs" dos Microdisney. Este a referência mais positiva nos discos editados em Portugal com 4 estrelas.
- O deserto nas tabelas de discos mais vendidos leva-nos a passar rápido as páginas 18 e 19, pouco se aproveita.
- Termina com a página 20 que vai para Huey Lewis: "Na Actualidade ninguém está a fazer nada de original". Ele próprio reconhece: "Eu não estou a fazer nada de especial...". Fica-lhe bem.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Steve Miller Band - Mercury Blues

Monterey International Pop Festival 1967

A Steve Miller Band foi mais uma das bandas que, quando actuou no Festival de Monterey em 1967, não tinha um único disco gravado. Fazia parte do manancial de grupos emergentes na Costa Oeste dos Estados Unidos, em particular S. Francisco.

A Steve Miller Band era pois uma banda praticamente desconhecida fora do circuito de S. Francisco. Steve Miller era um habilidoso guitarrista e a actuação no Festival de Monterey veio catapultar a banda para uma longa  e bem sucedida carreira que ainda hoje se mantém. Com flutuações entre o Blues Rock, o Rock psicadélico inicial e o Pop Rock se tem feito o percurso desta banda de S. Francisco.



Da actuação no dia 17 de Junho de 1967 no Festival de Monterey consta a canção "Mercury Blues". "Mercury Blues" é uma canção dos anos 40, homenagem ao carro norte-americano Mercury, que Steve Miller só vai inclui em gravação de estúdio no muito bem recebido álbum "Fly Like an Eagle" de 1976. Agora, "Mercury Blues" ao vivo no Festival de Monterey.



Steve Miller Band - Mercury Blues

quarta-feira, 23 de março de 2016

Quicksilver Messenger Service - All I Ever Wanted To Do

Monterey International Pop Festival 1967

Mais uma passagem pelo grupo de S. Francisco Quicksilver Messenger Service.

Existiam há já dois anos quando actuaram em 1967 no Festival de Monterey, não tinham ainda qualquer disco gravado pelo que a sua popularidade só podia ter sido granjeada através dos concertos que efectuaram pela West Coast dos Estados Unidos.
É ainda com a constituição original, um quinteto formado por Jim Murray, Gary Duncan, John Cipollina nas guitarras, David Freiberg no baixo e Greg Elmore na bateria que se apresentam, na tarde de Sábado de 17 de Junho, em Monterey.





No Festival interpretam, entre outras, a canção "All I Ever Wanted To Do" que já aqui recordámos sob o nome de "Dino's Song", uma canção escrita por Dino Valenti. Dino Valenti, tido como estando na origem dos Quicksilver Messenger Service, entretanto preso por posse de drogas, somente em 1969 é que se torna elemento efectivo do grupo assumindo a sua liderança.

"I don't ever wanna see you cryin'
And I don't ever wanna see you blue,oh no
All I ever wanted to do was know you
And maybe hope you could know me too"





Quicksilver Messenger Service - All I Ever Wanted To Do

terça-feira, 22 de março de 2016

The Butterfield Blues Band - Born in Chicago

Monterey International Pop Festival 1967

Ainda na tarde de 17 de Junho de 1967, logo a seguir a Al Kooper, entram em cena, no Festival de Monterey, The Butterfield Blues Band.

Paul Butterfield (1942-1987) constitui, por volta de 1963,  o grupo The Butterfield Blues Band tendo por influência maior o Blues de Chicago, foi sem dúvida, na década de 60, um dos primeiros cantores brancos norte-americanos a captar a essência do Blues.

Quando actuaram em Monterey tinham já dois álbuns editados "The Paul Butterfield Blues Band" e "East-West".

Apesar do reconhecimento que o grupo então tinha, tal não evitou sucessivas alterações na sua constituição, nomeadamente a saída do guitarrista Mike Bloomfield para formar os Electric Flag que também actuaram em Monterey.




Da actuação dos The Butterfield Blues Band em Monterey já tivemos oportunidade de recordar o excelente "Driftin' Blues", agora é a vez de "Born in Chicago" a faixa que abria o já referido primeiro álbum  "The Paul Butterfield Blues Band".

Citando Al Kooper no site montereyinternationalpopfestival.com:
"Paul Butterfield was the real thing. It's like Mike Boomfield said: There was no black or white.
Paul could have been a tuna fish; it wouldn't have made any difference. He was still a blues guy. He was the blues".


Ao vivo, em Monterey, "Born in Chicago".



The Butterfield Blues Band - Born in Chicago

segunda-feira, 21 de março de 2016

Al Kooper - Wake Me, Shake Me

Monterey International Pop Festival 1967

Al Kooper, lembremos, foi, nos anos 60 uma figura destacada na cena musical norte-americana, como músico de estúdio de Bob Dylan quando este passou do acústico para o eléctrico, na passagem pelos Blues Project com quem gravou 2 LP, na gravação de "Super Sessions" com os guitarristas Mike Bloomfield e Stephen Stills, na formação inicial dos Blood, Sweat and Tears ou ainda na carreira a solo que então encetou.

Al Kooper já aqui fizemos várias passagens, interessa-nos agora o ano de 1967, ano em, que depois de abandonar os Blues Project e antes de criar os Blood, Sweat and Tears de boa memória, passa pelo Festival de Monterey que aqui vimos recordando.



Ao segundo dia do Festival, no sábado 17 de Junho, Al Kooper é apresentado por Paul Butterfield, a anteceder precisamente a actuação dos The Butterfield Blues Band, e, entre outras canções, interpreta "Wake Me, Shake Me" que agora recuperamos.

"Wake Me, Shake Me" é uma canção do 2º LP "Projections" que Al Kooper tinha gravado com os Blues Project em 1966 e que, curiosamente, os Blues Project (já sem Al Kooper) iriam também interpretar no último dia do Festival.



Al Kooper - Wake Me, Shake Me

domingo, 20 de março de 2016

Country Joe and The Fish - Not So Sweet Martha Lorraine

Monterey International Pop Festival 1967

Os Country Joe and The Fish são incontornáveis quando se fala da música popular dos anos 60 e em particular do som da West Coast dos Estados Unidos. Por isso a eles aqui voltamos, agora, mais uma vez, a propósito da sua passagem, em 1967, pelo Festival de Monterey.
Foi a 17 de Junho, ao segundo dia do Festival, após a contagiante actuação dos The Big Brother and The Holding Company, que Country Joe and The Fish subiram ao palco .

Da passagem pelo Festival já recordámos "Fixin' To Die Rag" que iria ser editada, no final do ano, no 2º LP "I-Feel-Like-I'm-Fixin'-to-Die".




À data do Festival estava somente editado o 1º e excelente LP "Electric Music for the Mind and Body", um dos mais representativos discos de Rock psicadélico.

"Not So Sweet Martha Lorraine" fazia parte desse disco e é bem ilustrativo da música por eles praticada.
Da actuação no Festival de Monterey segue "Not So Sweet Martha Lorraine".




Country Joe and The Fish - Not So Sweet Martha Lorraine

sábado, 19 de março de 2016

Big Brother and The Holding Company - Ball and Chain

Monterey International Pop Festival 1967

Em 1966 Janis Joplin completa a formação clássica dos Big Brother and The Holding Company. É ainda nesse ano que gravam o primeiro homónimo álbum que seria editado no ano seguinte após o sucesso alcançado no Festival de Monterey nos dias 17 e 18 de Junho.

Originários de S. Francisco eram ainda pouco conhecidos quando actuaram no Verão de 1967 no Festival de Monterey tendo sido a única banda a tocar em dois dias. Depois de uma impressionante actuação no Sábado dia 17 e não tendo sido autorizada pelo manager do grupo a gravação em vídeo, os promotores pedem ao grupo para voltarem ao palco no dia seguinte de forma a Pennebaker poder fazer o registo em filme.
No dia 18 voltaram, felizmente, para tocarem "Combination of The Two" e "Ball and Chain". Eis o imperdível registo de "Ball and Chain".




No dia anterior Big Brother and The Holding Company também interpretaram "Ball and Chain" numa espantosa versão de mais de 8 minutos. Um momento único da melhor Janis Joplin e da música popular que mais admiramos.




Big Brother and The Holding Company - Ball and Chain

sexta-feira, 18 de março de 2016

Blitz Nº 72 de 18 de Março de 1986

Jornal "Blitz"

A capa do Nº 72 do jornal de divulgação musical "Blitz" de 18 de Março de 1986 trás o Elvis Costello de "King of America", o 10º álbum de originais editado naquele ano.




- O Ok! da página 2 previa a sua edição em Portugal em Março ou Abril. Entre outras notícias constava a edição do 2º álbum de Julian Lennon, filho do ex-Beatle John Lennon, denominado "The Secret Value of Day Dream".
Na página 3 anuncia-se o novo LP de Frank Zappa "Frank Zappa Meets the Mothers Of Prevention". Ficamos a saber que David Bowie vai realizar nova digressão mundial no ano seguinte, tinha entretanto saído "Absolute Beginners" canção-tema da banda sonora do filme "Labyrinth".
- Página 4 dá-se conta da polémica sobre taxar as cassettes virgens e sob o título "O Princípio do Fim" revela- se a má prestação das bandas que actuaram no Rock Rendez-Vous no âmbito do III Concurso de Música Moderna.
- Página 5 vai para Feargal Skarkey o ex-Undertones convertido à música Pop da moda.
- Página 6 para noticiar a vinda a Portugal, para actuar no Rock Rendez-Vous, da banda de Hard-Rock francesa Dogs
- Página 7 com entrevista a Jim Kerr dos Simple Minds. Ficamos a saber da vida dele e que roubou Chrissie Hynde, a vocalista dos Pretenders a Ray Davies dos The Kinks.
- Página 8, Feira da Ladra e Busca no Sotão dedicados à história e ao regresso dos Monkees.
- Página 9 dedicada a Elvis Costello. Quanto a "King of America" ainda ouvido somente em cassette "é o mais entusiasmante álbum desde há muito tempo e deixa a milhas de distância qualquer concorrência."
- Páginas centrais com fotografias do videoclip "Dunas" do LP "Os Homens Não Se Querem Bonitos" dos GNR.
- Página 12 para o Heavy Metal. Os W.A.S.P. formados em 1982 e que ainda aí andam iam no 2º LP "The Last Command". O vocalista Blackie Lawless dizia "Este grupo vai ser famoso ou eu mesmo morrerei na tentativa.", é o único que se mantém na banda da formação original.
- Página 13 tem Pregões e Declarações.
- Página 14 vai para a exposição "Vestir 1955-1985" a decorrer no Museu Nacional do Trajo e a entrada era grátis aos fins-de-semana.
- Página 15 é para o Cardápio. Dia 21 no Pavilhão do Belenenses, os Xutos e Pontapés, Croix-Sainte, Ban e GNR.
- Página 16, o Rondas Nocturnas vai ao Pavilhão Chinês e à Gafieira. Neste a cerveja custa 200 escudos (1€), a caipira, o vodka e o Gin 250.
- Página 17, nos discos editados na semana anterior quase nada se safa. Valha The Clash com "Cut the Crap", o último álbum que editaram, e nos Singles "In a Lifetime", Moya Brennan em dueto com Bono.
- Páginas 18 e 19 com os Top de Portugal, EUA e GB, nada de muito interessante a  salientar, Elton John, Whitney Houston, Dire Straits dominam as listas de álbuns.
- Página 20, toda a página com anúncio ao Lisboa Rock 86 o já referido concerto no Pavilhão dos Belenenses.



Canned Heat - Rollin' and Tumblin'

Monterey International Pop Festival 1967

O 2º dia do Festival de Monterey teve um peso significativo de bandas de S. Francisco. A abrir o dia de Sábado de 17 de Junho de 1967 estiveram os Canned Heat.

Os Canned Heat eram um grupo de Blues Rock apresentado no Festival, por John Phillips, como uma banda de S. Francisco.
Com um naipe de excelentes músicos, onde se destacavam o vocalista Bob Hite (1943-1981) e o guitarrista Henry Vestine (1944-1997) praticavam um Rock com forte presença do Blues  e faziam em Monterey a sua primeira grande aparição em público.



Aquando do Festival de Monterey tinham acabado de gravar o primeiro álbum "Canned Heat" o qual seria editado no mês seguinte.
"Rollin' and Tumblin'" é um tema de Blues do final da década 20 e popularizada por Muddy Waters em 1950. É também a faixa de abertura do primeiro registo dos Canned Heat e foi com "Rollin' and Tumblin'" que iniciaram o 2º dia do Festival.



Canned Heat - Rollin' and Tumblin'

quinta-feira, 17 de março de 2016

Simon and Garfunkel - For Emily, Whenever I May Find Her

Monterey International Pop Festival 1967

Simon and Garfunkel era, em 1967, um duo já consagrado na música popular norte-americana. Tinham 3 LP editados sendo o mais recente "Parsley, Sage, Rosemary and Thyme" particularmente bem recebido. Faltavam ainda 2 obras-primas, "Bookends"  e "Bridge Over Troubled Waters".

Terminava em beleza o primeiro dia do Festival de Monterey de 1967, acabou com a actuação de Simon and Garfunkel que foram então apresentados por John Phillips.



"The angelic voice of Garfunkel and the beautiful melodies of Simon ... I was so impressed." disse Ravi Shankar.
Da passagem de Simon and Garfunkel por Monterey recordamos "For Emily, Whenever I May Find Her", a combinação perfeita de dois músicos que encantaram a nossa juventude.



Simon and Garfunkel - For Emily, Whenever I May Find Her

quarta-feira, 16 de março de 2016

Eric Burdon and The Animals - Paint It, Black

Monterey International Pop Festival 1967


"The House of The Rising Sun" e "Don't Let Me Be Misunderstood", de 1964 e 1965 respectivamente, foram duas das mais celebradas canções do grupo inglês The Animals. The Animals foram um afamado conjunto britânico liderado por Eric Burdon e que teve particular sucesso nos Estados Unidos. The Animals assim se designaram de 1963 a 1966. De 1966 a 1968 o sucesso mantem-se mas agora sob o nome de Eric Burdon and The Animals e com uma formação completamente diferente da original (excepto Eric Burdon, claro).

"San Franciscan Nights" e "Monterey" são duas canções de Eric Burdon and The Animals editadas em 1967, a primeira uma canção antiguerra do Vietname, a segunda um tributo à passagem do grupo pelo Festival de Monterey naquele mesmo ano.

Actuam, ainda no primeiro dia do festival , logo a seguir a Johnny Rivers, onde interpretam "San Franciscan Nights", ""Gin House Blues", "Hey Gyp" e "Paint It Black".




"The Festival was wonderful. I just remember how much the people applauded "Gin House Blues" and "Paint It Black", with John Weider on guitar and electric violin. Everyone in the band stepped up to the plate and we managed to leave the stage with applause.
But, honestly, I was glad when the performance was over, ... I could get back to the party backstage." disse Eric Burdon, conforme o site montereyinternationalpopfestival.com

Para audição "Paint It, Black", canção de êxito dos The Rolling Stones, aqui na versão de Eric Burdon and The Animals no Festival de Monterey, antes de Eric Burdon continuar a festa nos bastidores...



Eric Burdon and The Animals - Paint It, Black

terça-feira, 15 de março de 2016

Johnny Rivers - Memphis

Monterey International Pop Festival 1967

Johnny Rivers é hoje um ícone do rock americano, nasceu em 1942 em Nova Iorque e datam ainda dos anos 50 as suas primeiras gravações. As décadas de 60 e 70 são de grande actividade e consagração, nessas duas décadas deixa-nos dezenas de LP entre gravações em estúdio, ao vivo ou compilações.
"A Touch of Gold", de 1969, foi um dos meus primeiros discos e que muito admirei pelo seu estilo Pop-Rock, pelas incursões no Blues e no Soul, pelo encantador "Baby I Need Your Lovin'" ou pelo poderoso e longo "Ode To John Lee".
Johnny Rivers colabora na organização do Festival de Monterey de 1967 e nele actua no primeiro dia, Sexta-feira, 16 de Junho.




Depois de Beverly e antes de Eric Burdon and The Animals, Johnny Rivers fez uma longa actuação, sendo "Memphis" uma das canções que então interpretou.
"Memphis, Tennessee" ou somente "Memphis" é um original de Chuck Berry que Johnny Rivers gravou logo no primeiro álbum por ele editado, o LP, ao vivo, "At The Whisky à Go Go" no início de 1964.

É com esta canção que ficamos, agora no Festival de Monterey em 1967.



Johnny Rivers - Memphis

segunda-feira, 14 de março de 2016

Beverley - Happy New Year

Monterey International Pop Festival 1967

Beverley, ou melhor Beverley Kutner, é uma cantora Folk que nasceu em 1947 em Inglaterra.

Começou a sua carreira musical com apenas 16 anos com o grupo The Levee Breakers com quem gravou o primeiro Single "Babe I'm Leaving You".
Em 1965 aparece  na fotografia da capa do 2º álbum de Bert Jansch "It Don't Bother".
Em 1966 grava, como Beverley o Single "Happy New Year", canção escrita por Randy Newman, onde é acompanhada por Nicky Hopkins, John Paul Jones e Jimmy Page (os dois últimos futuros Led Zeppelin) . Foi o primeiro Single da editora Deram.

Cartaz promocional do 1º Single da
Editora DERAM

"Good morning, Mr Leitch, have you had a busy day?" a frase a meio da canção "Fakin' It" de Simon and Garfunkel é dita por ela.
Em 1967 participa no Festival de Monterey onde é apresentada por Paul Simon.
Também em 1967 é editado o Single onde Beverley interpretada a canção "Museum" de Donovan, de quem ela era amiga.

Em 1969 conhece John Martyn com quem se casa. Da união saem 2 LP de John and Beverley Martyn editados em 1970.
A solo, a agora Beverley Martyn, tem 2 álbuns, "No Frills" e "The Pheonix and the Turtle" respectivamente de 1998 e 2014.

Recordamos então Beverly, no ano de 1967, com a canção "Happy New Year".



Beverley - Happy New Year

domingo, 13 de março de 2016

Lou Rawls - Dead End Street

Monterey International Pop Festival 1967

Lou Rawls (1933-2006) foi um cantor norte-americano que experimentou géneros como o Soul, o Blues e o Jazz.

Era já um cantor consagrado quando actua no primeiro dia do Festival de Monterey a 16 de Junho de 1967. Dispunha de mais de uma dezena de álbuns gravados pelo que seria provavelmente o músico com mais experiência de quantos passaram pelo festival.
O primeiro LP datava de 1962, "Stormy Monday", onde interpretava alguns clássicos de Jazz; nos álbuns seguintes efectua combinações de Jazz, Blues e música Pop. A meio da década, numa fase bastante produtiva, numa abordagem mais Soul e simultaneamente mais comercial, obtém particular sucesso nas tabelas de R&B.



No ano de 1967 é particularmente generoso, edita 3 álbuns, ganha o primeiro Grammy Award para o melhor R&B Vocal Performance pelo Single "Dead End Street" e participa no Festival Pop de Monterey.

"Dead End Street" pertencia ao álbum "Too Much!", o primeiro dos três editados nesse ano, e foi uma das canções que ele interpretou no Festival de Monterey.

Eis, então, Lou Rawls com "Dead End Street" no Festival de Monterey.



Lou Rawls - Dead End Street

sábado, 12 de março de 2016

The Paupers - Magic People

Monterey International Pop Festival 1967

"O chamado som de São Francisco é, na realidade, o som de toda a costa ocidental". em "O Mundo da Música Pop".

O Festival de Monterey em 1967 vai ser disso evidência. Pese os grupos mais representativos do som de S. Francisco estarem mais concentrados no segundo dia, todo o festival foi o despertar de sons que a nova música popular desenvolvia, não só em "toda a costa ocidental", mas um pouco por todo o lado , dos The Who, a Ravi Shankar, a Simon and Garfunkel passando, claro, pelos Grateful Dead ou Jefferson Airplane.

Do Canadá vieram The Paupers, já tinham alguns Singles editados quando em 1967 integraram a lista de grupos anunciados para o Festival de Monterey.



É do mesmo ano o primeiro e interessante LP de nome "Magic People", manifestando influências diversas, Byrds, Buffalo Springfield e Lovin' Spoonful são algumas.
Em 1967 foram grupo de suporte dos Jefferson Airplane e actuaram em diversas cidades da West Coast.
No primeiro dia do Festival de Monterey, 16 de Junho, ao que parece tudo lhes correu mal, drogas em excesso e problemas com o check sound, marcaram negativamente a actuação destes canadianos.
Terá sido o princípio do fim, terminam em 1968 após a edição ainda de um segundo LP.

Apresentados por David Crosby do "set list" dos The Paupers constou "Magic People", a canção título do primeiro LP.



The Paupers - Magic People

sexta-feira, 11 de março de 2016

The Association - Along Came Mary

Monterey International Pop Festival 1967

O primeiro dia do Festival de Monterey de 1967 ocorreu numa Sexta-feira, dia 16 de Junho e no cartaz para esse dia constavam: The Association, The Paupers, Low Rawls, Beverly, Johnny Rivers, Eric Burdon and The Animals e Simon and Garfunkel.

O ano de 1967, é o ano do 3º álbum dos The Association, "Insight Out", o tal de "Windy", "Requiem for the Masses" e o inesquecível "Never My Love". Já tinham 2 LP, editados em 1966, e eram bem conhecido quando a 16 de Junho são os primeiros a actuar em Monterey após a apresentação de John Phillips.



Entre as canções que The Association então interpretaram estava "Along Came Mary" canção saída do primeiro LP "And Then... Along Comes the Association" e primeiro sucesso do grupo no ano anterior.
"Along Came Mary", onde Mary remete para Marijuana, foi uma das canções que The Association interpretaram em Monterey, agora é só imaginar que se está em 16 de Junho de 1967 e ouvi-la.
The Association provavelmente o grupo mais Pop a estar presente em Monterey.



The Association - Along Came Mary

quinta-feira, 10 de março de 2016

Country Joe and The Fish - Fixin' To Die Rag

Monterey International Pop Festival 1967


"São Francisco não está só. Uma música similar ressoa ao largo de toda a costa ocidental. Disso se dá conta a opinião pública ao realizar-se em Monterey o mais importante festival de 1967." em " "O Mundo da Música Pop" a propósito do festival que marcou o início do Summer of Love, o Festival Pop de Monterey.

E de seguida citando o «East Village Other»:
"A Música não era tudo no festival. Os acontecimentos musicais eram como o órgão de expressão da cultura hippie na costa ocidental." ,
"A música era o órgão de expressão da nova cultura. Esta cultura declara-se definitivamente partidária do amor e oposto à guerra."
e
"Tratava-se, efectivamente, de uma espécie de festival anti-bélico."



O Festival que teve a duração de três dias, 16 a 18 de Junho de 1967, teve em Country Joe and The Fish a manifestação antiguerra mais evidente quer através de "Please Don't Drop That HBomb":

"Don't drop your H-Bomb on me
You can drop it right on yourself"

quer na canção "Fixin' To Die Rag" a canção de protesto antiguerra do Vietnam que mais popular se tornou.

"And it's one, two, three,
What are we fighting for?
Don't ask me, I don't give a damn,
Next stop is Vietnam;
And it's five, six, seven, Open up the pearly gates,
Well there ain't no time to wonder why,
Whoopee! we're all gonna die."

Depois do Festival a canção foi gravada no 2º LP, "I-Feel-Like-I'm-Fixin'-to-Die", de Country Joe and The Fish era a faixa de abertura, "The Fish Cheer-I feel like I'm Fixin' to Die Rag".

Aqui a interpretação no dia 17 de Junho de 1967 no Festival Pop Internacional de Monterey.



Country Joe and The Fish - Fixin' To Die Rag

quarta-feira, 9 de março de 2016

Zeca do Rock - God of Negroes / Sérgio Borges e o Conjunto João Paulo - God of Negroes

De retorno a Zeca do Rock (1943-2012), ou melhor a José das Dores de nome verdadeiro.
Depois de “O Sansão foi enganado” (1961) a escolha vai para “God of Negroes” já da segunda metade da década de 60 e, julgo eu, sem edição comercial.
A ideia de “God of Negroes” era por ele explicada no seu blog onde afirmava:

““Entrei em quadrícula” na região de Farim, no norte da Guiné-Bissau, como oficial do Batalhão de Caçadores 1887, em 1966, após uma estadia de poucos meses no quartel da Amura em Bissau. Todos aqueles meses de Guiné provocaram em mim uma grande tristeza e desânimo, ao constatar que os mais de 500 anos de presença portuguesa naquelas paragens não tinham produzido nenhum resultado civilizacional palpável. As populações indígenas viviam no meio das maiores carências, sem meios sanitários de qualquer espécie à sua disposição, não falando uma palavra da língua portuguesa, abandonadas, exploradas, ignoradas, desprezadas.
A administração pública e os lugares de chefia dentro da sociedade civil estavam entregues a uma elite de cabo-verdianos que exerciam a mais tirânica repressão sobre os guineenses. Estes, desamparados, pareciam até esquecidos por Deus. Foi então que me surgiu a ideia de me dirigir ao “Deus dos Negros” a pedir-lhe piedade para o seu povo, já que o deus dos brancos parecia tê-lo abandonado. “

De um conjunto de gravações domésticas de Zeca do Rock ficamos agora com o original “God of Negroes”, “…rascunhos.” “… a figurar como fichas num arquivo de memórias”, ou o que poderia ter sido uma grande canção.



Zeca do Rock - God of Negroes


Em 1972, o Conjunto Académico João Paulo, aliás Sérgio Borges e o Conjunto João Paulo assim, entretanto, renomeado face à popularidade crescente de Sérgio Borges, gravam o que julgo ser a única edição comercial de “God of Negroes”.



Sérgio Borges e o Conjunto João Paulo - God of Negroes

terça-feira, 8 de março de 2016

Grupo 5 - Daydream Believer

The Monkees foram um grupo pop americano dos anos 60, tiveram um sucesso enorme em particular com “I’m Believer” mas também com o tema de hoje, “Daydream Believer”.

Comecemos por recordar “Daydream Believer”, The Monkees em 1967.



Por cá a música dos The Monkees foi bastante popular e os conjuntos portugueses atentos aos seus êxitos.
Os Chinchilas gravaram, em 1967, “I’m a Believer” e em 1968 um conjunto do Porto vai incluir “Daydream Believer” no seu primeiro EP. O conjunto dava pelo nome de Grupo 5 e gravou 3 EP entre 1968 e 1970.
A liderar o grupo encontrava-se Sousa Pinto, o mesmo do Conjunto Sousa Pinto e por ele passaram alguns músicos importantes como o André Sarbib (actual destacado músico de jazz). De êxito e duração curta, Sousa Pinto estaria em 1970 na origem de novo grupo o Pentágono, mas isso já são, definitivamente, outras músicas.
Para já, “Daydream Believer” pelo Grupo 5.



Grupo 5 - Daydream Believer

segunda-feira, 7 de março de 2016

Conjunto Académico João Paulo - Jezebel

Na década de 60 eram raros os concertos de música pop em Portugal.
Os poucos que houve foram quase todos em Lisboa. Por cá passaram: Francoise Hardy, Sylvie Vartan (também no Coliseu do Porto), Charles Aznavour, Richard Anthony, France Gall, Rita Pavone, Sandie Shaw (também no Porto), Dalida; no pop-rock The Searchers, The Animals e Cliff Richard and the Shadows todos em 1965 e em 1968 o George Fame.
A 8 de Dezembro de 1965 o jornal Diário de Notícias escrevia "um aviso: não tragam os Beatles! Será o fim do Monumental - teatro e cinema - a avaliar pelo delírio que ontem provocaram The Animals. (...) Gritos estridentes, ininterruptos, agudos, lancinantes, um uivo sincopado de yé-yé, definindo quase um sentimento de dor" (não foi necessário trazerem The Beatles para acabarem com o Monumental, acrescentamos).

Para os cantores e conjuntos portugueses estava reservado fazerem a primeira parte dos espectáculos de algum artista estrangeiro ou a participação em Concursos que então começavam a proliferar.
Ora vejamos:
- Concurso Radiofónico “Os Caloiros da Canção”. Os vencedores, Os Conchas e o Daniel Bacelar tiveram o privilégio de gravar a meias em 1960 o que é considerado o primeiro disco de Ié-Ié português.
- Concurso “Rei do Twist”. Realizado em Setembro de 1963 no Teatro Monumental com a vitória para Victor Gomes e os Gatos Negros.
- Concurso de Conjuntos Portugueses do tipo dos Shadows. Realizado no mesmo mês de Setembro de 1963, saiu vencedor o Conjunto Mistério com direito à gravação de um disco e viagem a Londres para conhecer o conjunto The Shadows.
- Festival Rock e Twist. Realizado em Setembro de 1963 no Cinema Águia d’Ouro no Porto. O destaque vai para o Armindo do Rock.
“Por fim, quando chegou a vez de Armindo do Rock, toda a multidão que enchia o «Águia d’Ouro» pôs-se de pé, galvanizada por duas canções que ele cantou fora de cena. «Depois – escreve o «Jornal de Notícias» - mostrou-se aos olhos dos seus adeptos e foi o delírio». A polícia teve que intervir para acalmar os ânimos, suspendendo o espectáculo com «o palco cheio» e o teatro «em ebulição»", dizia a revista Plateia.
- Festival de Ritmos Modernos. Realizado em Janeiro de 1964 no Teatro Monumental.
 "O Festival foi o mais completo sucesso em termos de rock and roll, com a assistência a gritar, dançar, e aplaudir-nos vibrantemente. O grande erro foi o Vasco Morgado (talvez para fazer a vontade à Censura) ter tentado misturar cançonetistas tradicionais com intérpretes de rock. Pela nossa parte, tudo bem, porque éramos colegas e amigos dos tradicional-cançonetistas, mas certo público jovem, cansado da música que lhe era impingida pelas instâncias oficiais, estava ali para soltar o grito do Ipiranga, contra o antigo regime em termos de preferências musicais. Em consequência, decidiu pura e simplesmente recusar-se a ouvir esses intérpretes, vaiando-os e até lançando objectos para o palco.” Relato de Zeca do Rock ao blog Ié-Ié.
- 1º Grande Festival de Shake Rock'n'Roll. Realizado em Abril de 1965 no Cinema Águia d'Ouro, no Porto, com a participação de Armindo do Rock, Tony Araújo e o Conjunto Os Galãs.
- Concurso de Ié-Ié. Final realizada em Abril de 1966 no Teatro Monumental com a vitória do conjunto Os Claves de Lisboa.



 E fiquemos pelo ano de 1966. Foi neste ano que se realizou o primeiro concerto (ou será melhor dizer espectáculo?) de um conjunto português. Foi no Teatro Monumental e o protagonista deste facto histórico foi o Conjunto Académico João Paulo já então consagrado com a edição de vários EP. Deste concerto saiu o primeiro LP português de música pop e logo registado ao vivo. Ao vivo, não terá sido na totalidade, pois, pelos vistos, algumas faixas foram gravadas em estúdio com adição posterior dos aplausos. De qualquer forma é um disco histórico e nunca foi editado em CD.
O tema de abertura do LP é “Jezebel” a mostrar bem a dinâmica que o conjunto evidenciava e agora, vamos lá ouvir "Jezebel" e toca a bater palmas.



Conjunto Académico João Paulo - Jezebel

domingo, 6 de março de 2016

Nuno Filipe - Canção à Maneira da Saudade

De alguns nomes da música feita em Portugal nos anos 60 retinha somente o nome e (ou) a lembrança da leitura de algum texto sobre os mesmos enquanto a sua música pura e simplesmente não conhecia ou, na piordas hipóteses, não me lembrava de todo. Por exemplo o Nuno Filipe, a Magdalena Pinto Basto ou até a Teresa Paula Brito, pelo que a curiosidade de os (re)descobrir era grande. Pois bem, aqui estamos, mais uma vez, com o Nuno Filipe (1947-2002).

Nuno Filipe deixou-nos 4 discos (3 EP e 1 single) sempre com a colaboração nas letras da poetisa Maria Teresa Horta. Em Outubro de 1970 a revista “mundo da canção” referia-se à dupla Nuno Filipe/Maria Teresa Horta assim:
“Nuno Filipe. Dentro da via de uma canção internacionalista e urbana (nas suas coordenadas melódicas, musicais e instrumentais). Embora envolvendo temáticas enraizadas. Como os poemas de Maria Teresa Horta – uma das mais válidas vozes da poesia de hoje.”




Em 1969 foi editado o muito bem conseguido 3º EP, do qual me recordava mal, e ao que parece alvo da censura então vigente. O tema escolhido é o 2º de nome “Canção à maneira de saudade, conforme poema de El-Rei D. Diniz”. O tom “jazzístico” é dado pelo acompanhamento musical do conjunto Álamos  e a própria Maria Teresa Horta participa na gravação com a leitura de pequenos versos. É dela o texto da contra-capa que se transcreve:
“O microfone à minha frente tinha ao centro um pequeno coração vermelho, saliente, brilhante… tentei concentrar nele a atenção enquanto procurava não me lembrar ainda das palavras que teria de dizer, de gravar, sobre um fundo esgarçado de «jazz»: mundo diferente e tenso numa espécie de raiva e de doçura de arrepiar os nervos; a enroscar-se na pele …

À minha frente o coração parece uma pequena jóia, mas os olhos escorregam para o papel onde as letras se destacam firmes e precisas a formarem os seus versos:
Ai minha dor minha amizade / notícias aqui desta cidade / Ai, Deus, e u é?
 … Onde estão novas, onde estão dias / rasgado naquilo que nos servia / Ai, Deus, e u é?

À minha frente o coração de metal cromado… mexo nos cabelos a aliviar o peso dos auscultadores e mais à vontade, agora que já gravei, ensaio um sorriso tranquilo. Oiço os meus poemas cantados: a voz rebelde e agressiva de Nuno Filipe e sùbitamente a minha: apenas um momento numa das canções a dar um toque de mulher e de corpo. E volto para o meu lugar, atrás do vidro grosso, debruçado sobre a sala, fascinada.

Ai meu amor, ai meu amigo / cantai bem alto o que vos digo / Ai, Deus, e u é?



Nuno Filipe - Canção à Maneira da Saudade

sábado, 5 de março de 2016

Paulo de Carvalho e Fluido - Sorrow and Pain

Paulo de Carvalho, com mais de 50 anos de actividade, tem alguns períodos da sua carreira relativamente pouco conhecidos.

Depois de abandonar os Sheiks em 1968 e antes do início da carreira a solo em 1970/71, existem algumas gravações dos grupos que entretanto formou que não são de menosprezar. Para além de um EP gravado com a Banda 4, algumas gravações com os Fluido são deveras agradáveis apresentando um registo de voz particularmente atraente e algumas influências psicadélicas que, infelizmente, rapidamente abandonaria. Com temas em português, mas também em inglês (a pensar já na tentativa de internacionalização?), as gravações não tiveram grande divulgação e consequentemente diminuta popularidade.



Como evidência desses tempos, escolhemos “Sorrow and Pain”, uma pequena e bonita canção, do género quanto mais se ouve, mais se gosta. Espero que seja uma agradável surpresa e mostra um Paulo de Carvalho que só teria a ganhar, digo eu, se tivesse enveredado por caminhos que aqui parecia começar a desbravar.

Este é um tema gravado num EP, em 1969, Paulo de Carvalho com os Fluido.



Paulo de Carvalho e Fluido - Sorrow and Pain

sexta-feira, 4 de março de 2016

The Mamas and The Papas - California Dreamin'

O Som de S. Francisco

O curto espaço de tempo, de finais de 1965 a meados de 1967, foi mais que suficiente para o nascimento, desenvolvimento e morte da nova cultura que se desenvolveu em S. Francisco. As suas repercussões, essas mantiveram-se ao longo dos tempos.

"...esta nova cultura foi silenciada durante um ano pela imprensa mundial, que lhe deu a chancela «hippie» para convertê-la num simples slogan turístico." em "O Mundo da Música Pop".
Quando ela se espalhou um pouco por todo o lado, cá também, já S. Francisco tinha declarado o seu fim.
A 6 de Outubro de 1967 é declarado o fim do movimento hippie: "The Death of The Hippie" foi o funeral celebrado.




Musicalmente os acontecimentos ocorreram de formas diversas, através da Family Dog Concerts (que se prolongaram por 1968), os concertos no Carousel Ballroom (durante alguns meses transformado numa espécie de centro comunitário gerido pelos Grateful Dead, Jefferson Airplane, Quicksilver Messenger Service e Big Brother and the Holding Company), posteriormente os famosos concertos no Fillmore West de Bill Graham, os Trips Festival no Longshoreman's Hall ou ainda os concertos ao ar livre no Panhandle e Golden Gate Park (centro do Summer of Love).


Para além dos muitos e bons grupos originários de S. Francisco, muitos dos quais já aqui se deu conta, outros não oriundos de S. Francisco mas de alguma forma a ela relacionados são de referir, Crosby, Stills, Nash & Young, The Doors, Bob Dylan, Scott Mckenzie, The Youngbloods, The Mamas and The Papas, etc..

Fechamos esta passagem pelo Som de S. Francisco com um grupo bem distante da West Coast: The Mamas and The Papas.
The Mamas and The Papas eram um quarteto predominantemente vocal formado por Cass Elliot (1941-1974), John Phillips (1935-2001), Michelle Phillips (1944-) e Denny Doherty (1940-2007), originários de Nova York, ficaram para sempre ligados à contracultura hippie dos anos 60.
John Phillips é mesmo o autor de "San Francisco (Be Sure to Wear Flowers in Your Hair)" eternizada na voz de Scott Mackenzie, editada em Maio de 1967 e promotora do Monterey Pop Festival (o qual teve em John Philips um dos principais organizadores) que se realizou em Junho, era o início do Summer of Love.
Recuperamos, mais uma vez, "California Dreamin'", editada em finais de 1965, e que ficará para sempre como um símbolo da cena musical da West Coast.



The Mamas and The Papas - California Dreamin'