quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Rão Kyao - Libano

Ainda nos anos 60 toca no agrupamento Bossa Jazz 3 (ou já era 4?) de Marcos Resende. No início dos anos 70 passa pelos Sindicato de Jorge Palma e Rui Cardoso, o conjunto português que melhor absorveu as influências dos Blood, Sweat & Tears e Chicago, em 1971 participa no Festival de Jazz de Cascais integrado no grupo The Bridge, em 1972 está no septeto Status e actua igualmente no Festival de Jazz de Cascais. Os anos de 1973/4 passa-os em França, de regresso a Portugal colabora, ao longo da década, em gravações de Fernando Girão, José Luís Tinoco, José Jorge Letria, José Afonso e Banda do Casaco. O disco de estreia a solo verifica-se em 1976 e dá pelo nome de “Malpertuis”, estou a falar de Rão Kyao.



Composto por 5 faixas “Malpertuis” é um disco histórico pois é, tanto quanto sei, o primeiro LP de Jazz gravado por portugueses. Era eu estudante em Coimbra e o LP adquirido pelo meu colega e amigo António Resende de Oliveira era ouvido e discutido com a irreverência da nossa juventude. Desde então nunca mais ouvi “Malpertuis” e foi com enorme satisfação que agora voltei a este disco quase esquecido na discografia de Rão Kyao. Mas nada melhor que este pequeno texto de Paulo Gil na contra-capa do LP para contextualizar “Malpertuis”:
"A edição do primeiro disco do Rão era esperado há longo tempo. Trata-se efectivamente, na minha opinião, do mais importante músico de jazz do nosso país, que somente agora vê concretizado parte do seu esforço. Talvez este disco não deva ser considerado especificamente de jazz, pois os elementos do rock, da música oriental, da música étnica são preponderantes. De qualquer modo, no plano criativo, nos solos que se desenvolvem em todos os temas, se nota a paixão do Rão pelos métodos e possibilidades de criar beleza e significado através do som, numa linguagem jazz. E é exactamente o seu profundo interesse por estas qualidades que levam este músico a pesquisar diferentes áreas da música. Mas o facto do Rão estar totalmente ligado à tradição dos blues parece-me indiscutível. Os seus solos são construídos com uma intensa beleza rítmica e melódica, onde a tensão gerada conduz a frequentes “explosões” numa linguagem jazz dos nossos dias. Na sua música o Rão exprime-se através da “força da verdade”" assina Paulo Gil.

A faixa que eu melhor recordava era “Libano”, aqui com a participação de “Very Nice” (nome real Fernando Girão) na voz e percussão, e é a proposta de audição.



Rão Kyao - Libano

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