terça-feira, 13 de outubro de 2015

Bossa Jazz 3 - Autumn Leaves

Continuando no Jazz …
As memórias mais remotas que tenho da música Jazz são, paradoxalmente, visuais e não sonoras. Efectivamente a divulgação do Jazz (essa música do diabo) era muito, muito escassa, e as primeiras recordações sonoras, início da década de 70, vão directas para os “Cinco minutos de Jazz” às 11h30m na Rádio Renascença enquanto se esperava pela meia-noite para ouvir o “Em Órbita”. Aqui tomei conhecimento de grandes músicos de Jazz, da melhor música que se fez nos anos 50 e 60, como John Coltrane ou Thelonious Monk.

Mas o primeiro Jazz de que me lembro, dizia eu, é visual e não sonoro; é das imagens a preto e branco da RTP (provavelmente do Thilo’s Combo nalguma aproximação ao Jazz) que me recordo (e a minha mãe a dizer, quando o baterista usava escovas, que aquela música lhe fazia sono) e entre elas as de um pianista relativamente pouco conhecido (mas que eu me lembro bem), cujo nome era Marcos Resende.
Marcos Resende era um pianista brasileiro a estudar em Portugal que em 1967 formou os Bossa Jazz 3 com quem grava, no ano seguinte, um EP com três músicas e onde se destacava o standard “Autumn Leaves”.



Mas para se saber tudo sobre os Bossa Jazz 3 eis o texto da contra-capa do EP:
"O BJ3 constitui-se em dezembro de 1967. Nessa altura o contrabaixo era outro elemento. A formação actual tem Marcos Resende, piano, Manuel Barbosa, contrabaixo e Paulo Gil, bateria. Marcos Resende é de nacionalidade brasileira e além de piano toca ainda vibrafone, contrabaixo e viola. Fez parte quando esteve no Rio de Janeiro, do Trio 3M, que actuava em programas de divulgação de Bossa-Jazz. Manuel Barbosa é autodidata e encontra-se há algum tempo em contacto com o jazz no nosso país. Paulo Gil está ligado à divulgação do jazz há longo tempo. Fez parte do trio, quarteto e quinteto do Hot Clube de Portugal, e também do Jazztet de Lisboa.
A ideia, para a formação do grupo, partiu de Paulo Gil, que no fina do Verão de 1967, tentou a constituição de uma formação instrumental pequena que estivesse apta a divulgar, no aspecto execução, o jazz, fundamentalmente acessível, no nosso meio. Essa ideia foi bem aceite por Marcos Resende  e o Trio apareceu. A finalidade do BJ3 como conjunto, é a divulgação do jazz, de características pouco complicadas, por intermédio da associação da Moderna Música Brasileira ao elemento puramente Jazz. Contudo, alguns dos temas do seu reportório, são exclusivamente jazz. Até à data, o BJ3 apareceu já num Festival de Música Moderna, no Coliseu do Porto, Festival Internacional de Jazz da Queima das Fitas de Coimbra, sessões de divulgação comentadas ou não no Clube de Jazz da J.M.P. do Porto, na Faculdade de Letras, no Instituto Superior Técnico, no Clube de Jazz da Associação Académica de Coimbra, em Leiria, programas de TV e Rádio e actuações, durante o Verão de 1968,, em Albufeira no Clube Internacional e na Boite 7 e 1/2. Actuou também em Lisboa na Boite Relógio."

Com um toque bem brasileiro aqui vai “Autumn Leaves” uma das raras gravações de Jazz por cá feitas naqueles tempos, eram os Bossa Jazz 3.



Bossa Jazz 3 - Autumn Leaves

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