sábado, 31 de outubro de 2015

Buffalo Springfield - Buffalo Springfield Again

Os 10 melhores álbuns de 1968 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

Os Buffalo Springfield não foram, por cá, dos grupos mais divulgados. Não por culpa do programa de rádio "Em Órbita" que atento ao que na West Cost então se fazia, os passava no Rádio Clube Português. Assim em 1968 para além da classificação de "Mr. Soul" entre as melhores do ano, também o 2º LP do conjunto "Buffalo Springfield Again" vai estar entre os melhores, concretamente em 8º lugar.

Em finais de 1967 o conjunto de Stephen Stills e Neil Young, mas também de Richie Furay, Dewey Martin e Bruce Palmer, assinam um belo álbum novo disco, era o referido "Buffalo Springfield Again".



Para o programa "Em Órbita" o LP  "É a demonstração cabal de toda a versatilidade e comunicação de um grupo que tem aqui a sua melhor colectânea. É um álbum que encontra a sua unidade não numa sequência lógica de melodias, mas sim num sentido profundo de comunicabilidade que se expressa em climas profundamente antagónicos."

Deste álbum, as minhas preferências vão para os temas assinados por Neil Young, era o despertar de um génio. Entre elas constava "Expecting to Fly", uma delícia.



Buffalo Springfield - Expecting to Fly

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Cream - Wheels of Fire

Os 10 melhores álbuns de 1968 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

Os Cream, na sua curta duração (1966-1968), constituíram-se como uma das propostas mais interessantes do Rock nos idos anos 60. Constituídos como um trio (na realidade um Super-trio) de excelentes executantes, a saber: Ginger Baker, bateria; Eric Clapton, guitarra e Jack Bruce (1943-2014), baixo, criaram um som irresistível entre o Blues e o Hard Rock. Deixaram-nos 4 álbuns, tendo o último "Goodbye" sido editado já após a dissolução do grupo.
Aquele que agora nos interessa é o editado em 1968, dava pelo nome de "Wheels of Fire" e era um duplo-álbum. Um LP de estúdio e outro gravado ao vivo, fizeram as delícias dos aficionados desta mistura estranha de Blues, Rock e algum psicadelismo. Mais um ponto alto na evolução da música popular nos anos 60.


 "Em Órbita", sempre atento às novas sonoridades, elege "Wheels of Fire" como o 9º melhor álbum do ano de 1968 com a seguinte apreciação:

"Uma obra na charneira de um dispositivo que orienta a música popular em novas direcções. Um grupo que constrói, uma música ríspida, rigorosamente austera, mas bela e poderosa."

Para recordação deste álbum a escolha vai para o incrível "White Room" que abria o álbum, Eric Clapton nas guitarras (Wah-Wah incluído), Jack Bruce (a música é dele) na voz e baixo e Ginger Baker insuperável na bateria.



Cream - White Room

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Otis Redding - The Immortal Otis Redding

Os 10 melhores álbuns de 1968 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

Otis Redding já tinha falecido (10 de Dezembro de 1967) e no ano de 1968 vão ser editados 2 álbuns póstumos: "The Dock of the Bay" e "The Immortal Otis Redding". Este último continha gravações efectuadas por Otis Redding semanas antes da sua morte e é o que vai ser eleito pelo "Em Órbita" para o 10º melhor álbum do ano.


"É talvez a prova mais evidente de uma vitalidade expressiva que ainda não encontrou quem a substitua.
É um álbum que encerra todo um mundo de sugestões e princípios que têm servido como motivo de inspiração a toda uma geração de intérpretes de cor." assim se referia o programa "Em Órbita" a este álbum de Otis Redding.

Para ilustrar este álbum fica a faixa de abertura "I've Got Dreams to Remember" entre o melhor que Otis Redding nos deixou.



Otis Redding - I've Got Dreams to Remember

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

The Union Gap - Young Girl

A pior canção de 1968 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

Relembro, em 1966 "Em Órbita" considerou a pior canção do ano "Strangers in the Night" de Frank Sinatra, em 1967 era a vez da Sandie Shaw com "Puppet on a String", o que estaria reservado para o ano de 1968?

Eis o texto lido pelo "Em Órbita":
"Com a escolha da pior, procura-se concretizar, se possível de forma eloquente, o que se nos afigura como negativo, inconsistente, artificioso. 
Se a escolha recair numa gravação que tenha granjeado aceitação pública generalizada, o facto deve ser entendido não como manifestação de interessantismo, mas como uma prova de que não nos interessa esse índice como factor determinante.
Para 1968, devemos confessá-lo, o campo de escolha revelou-se amplo e todavia uma em especial incomodou muito particularmente, sobretudo porque a seguir ao êxito obtido veio o chorrilho de gravações do mesmo género que serviu para dar novos argumentos aos defensores e municiadores do negativismo.
A gravação escolhida representa, para todos quantos se quiserem dar ao trabalho de uma observação atenta ou a uma comparação séria, um exemplo flagrante de uma realização que nada adianta, antes pelo contrário.
Musical e instrumentalmente medíocre e pouco imaginosa, a escolhida gravação atinge na sua parte lírica um delírio paternalista pretensioso e boçal, que foi o argumento definitivo.
Lançada e promovida com todos os requintes de um «marketing» programado a computadores, a gravação que se aponta a dedo tem de ser chamada pelo nome próprio: o de um produto concebido para se vender, com absoluta negligência de outras preocupações. Como produto para se consumir, o seu lugar deverá ser o que é ocupado por artigos de idêntico fim económico: sabonetes, lâminas de barbear ou canetas esferográficas.
Para pior gravação do ano de 1968, doa a quem doer, escolheu-se «YOUNG GIRL» de Gary Puckett and The Union Gap."




Com os meus 12 anos não tinha ainda esta percepção e claro estava na onda do grande êxito que "Young Girl" então foi. Em cima a capa da edição portuguesa do EP que então existia em casa dos meus pais.
A pior gravação do ano de 1968 vale agora cerca de 20€ no Ebay.



The Union Gap - Young Girl

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Simon and Garfunkel - Mrs Robinson


As 10 melhores canções de 1968 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

À semelhança de 1967 a escolha para melhor canção do ano recai sobre Simon and Garfunkel a mostrar o "fraquinho" que "Em Órbita" tinha por aquele duo norte-americano. O júri do "Em Órbita" vai eleger para melhor do ano, uma canção já parcialmente conhecida do ano anterior na banda sonora do filme "The Graduate", entre nós "A Primeira Noite", tratava-se de "Mrs. Robinson".

"Mrs. Robinson", no álbum "The Graduate", com a música do filme editado no início de 1968, surgia  parcialmente por duas vezes, primeiro um extracto instrumental e depois cantada, a versão completa iria sair no álbum seguinte, também de 1968, era o magnífico "Bookends".



Mais do que as qualidades intrínsecas desta gravação, julgo que era o contexto social que então se vivia que o “Em Órbita” pretendia destacar, senão repare-se no texto lido no programa:
“Mais, muito mais do que um tema agradável, musical ou liricamente, «Mrs. Robinson» é o acabado retrato de uma pequena e média burguesia, que é a norte-americana como podia ser europeia e universal. Uma descrição satírica dos pequenos e grandes mitos que constituem os alicerces de uma sociedade que se ignora no mais profundo da sua estrutura.”
(o mesmo posicionamento ideológico que levara já em 1966 a considerar "Strangers In The Night" de Frank Sinatra a pior gravação do ano?)
Mas fiquemos com o restante texto:
"Uma troça ao anestésico de uma religiosidade hipócrita que compensa a consciência dos pecadilhos de um materialismo quotidiano.
Uma gargalhada irreverente lançada aos dignos senhores que se alimentam da saudade dos tempos de um antigo ídolo do desporto profissional e que são capazes de assumir um sentido de realização pessoal e social, através do exercício de direitos políticos desvirtuados por um esquema bipartidário, mistificador nas opções falsas que propõe. Onde se despe publicamente um viver definido pela tibieza, na confrontação das realidades terrenas, a pretexto da garantia de um lugar reservado no mundo onde se galardoam as boas e puras intenções.
«Mrs. Robinson», é a melhor gravação de 1968."

Em relação a 1968 as minhas preferências teriam ido para outras gravações, também referenciadas pelo “Em Órbita”, como “Unknow Soldier” dos The Doors ou “Sunshine of Our Love” dos Cream ou até “America” também de “Bookends” de Simon and Garfunkel, mas é com “Mrs. Robinson”, a eleita, que ficamos para audição.



Simon and Garfunkel - Mrs Robinson

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

The Doors - The Unknown Soldier

As 10 melhores canções de 1968 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

The Doors, um grupo à época relativamente conhecido cá no nosso país. "Light my Fire" era bem conhecida e foi por cá um êxito, mas conhecer uma canção não é conhecer a música de um grupo, muito menos conhecer The Doors.
"Light my Fire" era do primeiro álbum de 1967 e em 1968, o ano em causa, era já editado o 3º registo grupo, o inexcedível "Waiting for the Sun".
O primeiro Single tirado de "Waiting for the Sun" foi "The Unknown Soldier" e foi a escolha de "Em Órbita" para o 2º lugar das melhores canções do ano.



"Um alertamento muito especial suscitado pela presença desta gravação na posição de proeminência que representa um 2º lugar.
Não se está em face de uma gravação susceptível de ser escutada e entendida com a mínima leviandade. Como é aliás típico na produção dos «Doors», "The Unknown Soldier» está longe de ser uma gravação de audição fácil, sobretudo em rádio.
É uma realização que impõe uma adesão prévia, uma preparação específica que permita o ouvinte acompanhar as diversas fases por que ela se desenvolve e a compreender o espantoso clima emocional que vai sendo progressivamente criado e aumentado. «The Unknown Soldier», é bom não esquecer, é uma gravação em que apenas participam quatro homens dos quais um é só vocalista. Os efeitos sonoros especiais que se acrescentam com a simplicidade prática mais evidente, servem de elemento perfeitamente legítimo de encenação do ambiente dominante.
«The Unknown Soldier», desenvolve o tema eterno do soldado desconhecido e parte daí ao assalto do contexto bélico em que se vive na maior parte do mundo.
Uma gravação que arranca, se desenvolve e finalmente se consome num expressionismo terrível e alucinante." texto lido pelo programa "Em Órbita" ao anunciar a classificação de "The Unknown Soldier".

E agora:
"Wait until the war is over
And we're both a little older..."




The Doors - The Unknown Soldier

domingo, 25 de outubro de 2015

Manfred Mann - Mighty Quinn

As 10 melhores canções de 1968 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

Já por aqui passou e a ela volto, é "Mighty Quinn" na interpretação dos Manfred Mann. O motivo é quase o mesmo, mais uma vez o programa "Em Órbita" e mais não fosse, "Mighty Quinn" é uma grande canção, quer no original de Bob Dylan, quer nesta versão dos já referidos Manfred Mann.

Gravada por Bob Dylan em 1967 nas chamadas sessões "Basement Tapes", só iria aparecer no álbum "Self Portait" em 1970. Entretanto Manfred Mann gravou-a em 1968 e foi o sucesso que se sabe, no Reino Unido chegou a nº 1 nas tabelas de vendas de Singles.



Eis então o texto do Programa "Em Órbita" para esta canção:
"O grupo que é hoje talvez  o mais brilhante arauto dos temas de Dylan.
Mais uma explanação clara e linear, mais uma prova incontestada de uma plenitude musical. Uma gravação sumamente aliciante pela justaposição de um criador de génio a recriadores inventivos."

"Mighty Quinn" na interpretação dos Manfred Mann a alcançar a 3ª posição nas melhores canções do ano de 1968. Aqui vai ela outra vez, as vezes que forem precisas...



Manfred Mann - Mighty Quinn

sábado, 24 de outubro de 2015

The Moody Blues - Tuesday Afternoon

As 10 melhores canções de 1968 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

Entre o melhor que a música popular nos forneceu na década de 60 estavam The Moody Blues. Em 1968 The Moody Blues editam o 3º (ou se quiserem o 2º dos novos The Moody Blues) álbum de nome "In Search of the Lost Chord". O expoente máximo da obra deste grupo.
Na classificação das 10 melhores canções do ano "Em Órbita" vai buscar, no entanto, a canção "Tuesday Afternoon" editada em Single em 1968, constante no celebérrimo álbum de 1967 "Days of Futured Passed".



"O alargamento definitivo de uma concepcão enriquecida com a consciência das infinitas possibilidades que se abrem à música popular.
Um marco importantíssimo na evolução de um grupo de que nunca se desconfiou. Um requinte elevado a um grau praticamente inédito de sofisticada encenação orquestral." dizia o programa "Em Órbita" para aquela que considerou a 4ª melhor canção do ano de 1968.

Em álbum "Forever Afternoon (Tuesday?)", em Single "Tuesday Afternoon", eis The Moody Blues uma das expressões mais elevadas da música popular nos anos 60.



The Moody Blues - Tuesday Afternoon

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Nina Simone - Ain't Got no, I Got Life

As 10 melhores canções de 1968 segundo o programa de rádio "Em Órbita"


O ano de 1968 foi o ano de "Hair". "Hair: The American Tribal Love-Rock Musical" foi uma peça musical de Rock, produto da conta-cultura Hippie e da contestação à guerra do Vietname, que teve enorme sucesso, particularmente, no final dos anos 60.
De acordo com a produção teatral de "Hair" assim variava o conjunto de canções que a constituíam, sendo "Aquarius/Let the Sunshine In" o tema mais conhecido.
No caso interessa-nos as canções "I Got Life" e "Ain't Got no" e em particular o medley "Ain't Got no, I Got Life" na interpretação de Nina Simone.



"Presença de Nina Simone justificada por si própria. Presença também de um dos apontamentos mais sugestivos de um acontecimento artístico da maior relevância no ano que terminou.
«HAIR -The American Tribal Rock Musical».
Um título cuja posição representa objectivamente a importância que se atribuiu à personalidade daquela intérprete e à dimensão daquele acontecimento."

"Ain't Got no, I Got Life" do musical "Hair, na interpretação de Nina Simone ocupa o 5º lugar entre as melhores canções do ano de 1968 para o programa "Em Órbita".



Nina Simone - Ain't Got no, I Got Life

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Donovan - Hurdy Gurdy Man

As 10 melhores canções de 1968 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

Donovan Leitch, mais conhecido simplesmente por Donovan, já aqui foi recuperado diversas vezes, nomeadamente entre as escolhas de "Em Órbita" para os melhores registos de 1967. Estamos em 1968 e "Em Órbita" volta a Donovan quer nas melhores canções quer nos melhores álbuns.
"Hurdy Gurdy Man" a canção vai preceder o álbum homónimo do mesmo ano.



"Hurdy Gurdy Man" foi escrita durante a viagem à Índia, onde também se encontrava George Harrison, e reflecte as influências orientais então ocorridas. Donovan na fase psicadélica.

"O primeiro grande ensaio de Donovan ao aproveitamento de processos sonoros que tradicionalmente vinha mantendo à margem.
Ainda e sempre uma poesia da máxima musicalidade. Um contraste maravilhoso entre a subtileza do conteúdo lírico e a tranquilidade na articulação interpretativa, com a novidade de uma intensidade rítmica e instrumental.
A costumada articulação rigorosa das palavras à respectiva textura musical." dizia o "Em Órbita" para "Hurdy Gurdy Man", a sexta melhor canção do ano .

 "Hurdy Gurdy Man" mais uma pequena maravilha, das muitas, que Donovan nos deixou, recordemos. Ocupou o 6º lugar entre as melhores canções do ano.



Donovan - Hurdy Gurdy Man

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

The Byrds - Lady Friend

As 10 melhores canções de 1968 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

Presença regular na programação do "Em Órbita",  The Byrds repetem em 1968 aparição nas listas dos melhores do ano.

Em 1967 com a canção "My Back Pages", em 1968 com "Lady Friend".
"Lady Friend" foi escrita por David Crosby, editada em Single no ano de 1967, não tendo sido incluída em qualquer álbum de originais. De percurso modesto nas tabelas de vendas, não passou despercebida ao programa "Em Órbita" que a vota em 7º lugar entre as melhores do ano.




"Byrds é uma imagem renovada.
«Lady Friend», uma tentativa que não teve infelizmente continuidade, mas que inclui apontamentos de um experimentalismo do domínio do apoio orquestral, inegavelmente mais valiosos.
Um ponto alto de uma curva produtiva ziguezagueante.
Todavia, ainda é uma reminiscência assinalável, com uma posição de toda a justiça."

E agora, as irresistíveis guitarras e harmonias dos The Byrds, era "Lady Friend".



The Byrds - Lady Friend

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Cream - Sunshine of Your Love

As 10 melhores canções de 1968 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

No crivo exigente do programa "Em Órbita" os Cream eram mais um grupo a repetir, em anos consecutivos, a entrada na seleção dos melhores do ano.
Os Cream esse super-grupo que pontificou entre 1966 e 1968 vai reaparecer entre os melhores no ano de 1968, na classificação das melhores canções "Em Órbita" vai ao 2º álbum do grupo, "Disraeli Gears" sacar a canção "Sunshine of Your Love" editada em Single em 1968 e colocá-la na 8ª posição.



"Mais uma manifestação de uma qualidade monolítica, impressionante na homogeneidade do desenvolvimento temático.
«Cream», bem um grupo que se exprime com a certeza antecipada que acerta, que existe para a audácia de se lançar nos detalhes da perfeição.", era o texto para "Sunshine of Your Love".

Uma grande canção do melhor Rock praticado na segunda metade da década de 60, uma das melhores canções Rock de todos os tempos!


Cream - Sunshine of Your Love

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Canned Heat - On the Road Again

As 10 melhores canções de 1968 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

O 9º lugar das melhores canções do ano de 1968 vai para o grupo californiano de Blues-Rock Canned Heat. Numa altura em que algumas das melhores propostas musicais vinham da West-Coast norte-americana o programa "Em Órbita" elegeu entre os melhores um grande tema dos Canned Heat, "On the Road Again".


"Canned Heat. Um êxito que não foi manifestamente o resultado de uma promoção artificiosa, mas antes a consequência de um desejo público de sinceridade. «On the Road Again» um exemplo dos mais sugestivos, do que é possível obter se de uma exploração não rebuscada de uma tradição popular.
Um êxito da linguagem mais autêntica.
Um êxito do público que o fez." foi o texto lido por "Em Órbita" ao anunciar "On the Road Again".

"On the Road Again" aparece no segundo álbum do grupo "Boogie with Canned Heat", foi a primeira canção a constar nas tabelas de vendas e foi o tema mais conhecido dos Canned Heat.



Canned Heat - On the Road Again

domingo, 18 de outubro de 2015

Buffalo Springfield - Mr. Soul

As 10 melhores canções de 1968 segundo o programa de rádio "Em Órbita"

Depois de já, por muitas vezes, termos evocado o programa de rádio "Em Órbita", nomeadamente nas classificações referentes aos melhores álbuns e canções do ano de 1967, avançamos um ano e vamos agora recordar o ano de 1968. O que de melhor teve nos álbuns, nas canções, qual a pior canção e qual a revelação do ano de 1968.
Uma nota interessante, Bob Dylan nunca apareceu nas listas do programa, pela simples razão de o considerarem um caso completamente à parte, pelo que não deveria aparecer nas classificações do programa.

Começamos então pela lista das 10 melhores canções.

"Uma comunicabilidade que não se impõe, antes convida amavelmente à adesão. Um sincronismo notável de interpretação. Um bom exemplo da música popular moderna, pulsante e aguerrida." era o texto para a canção "Mr. Soul" dos queridos Buffalo Springfield e já identificados nas listas do ano anterior.



"Mr. Soul" era uma canção escrita por Neil Young e abria o 2º álbum dos Buffalo Springfield, "Buffalo Springfield Again"; "Em Órbita" considerou-a a 10ª melhor canção de 1968.




Buffalo Springfield - Mr. Soul

sábado, 17 de outubro de 2015

Trio Barroco - When Something Is Wrong With My Baby

De entre as muitas canções dos anos 60 que ficaram na memória, algumas há pelas quais nutro um “fraquinho”, por vezes, difícil de explicar. Por exemplo, “When Something Is Wrong With My Baby” é uma delas. Talvez o facto de me lembrar dela desde muito, muito novo, e de, com frequência, me vir à lembrança. O difícil de explicar é que não a ouvi assim tantas vezes que me traga alguma recordação em especial. Pronto, ficou na cabeça, e ainda bem pois é uma grande canção de “Soul” no original do duo Sam & Dave.

No vídeo uma excelente interpretação, exactamente, por Sam & Dave. Uma canção que se tornou um clássico, ao ouvir é daquelas que dá vontade de dizer, já não se fazem canções assim.




Confesso que desconhecia qualquer versão portuguesa desta grande canção.

Descobri, entretanto, o Trio Barroco + Tyree Glenn Jr. & Van Dixon que num EP de 1968 interpretam “When Something Is Wrong With My Baby”. O Trio Barroco era constituído pelos conhecidos Pedro Osório, no piano, Jean Sarbib, no baixo, e Vilas Boas, na bateria. O EP é uma miscelânea onde para além de “When Something Is Wrong With My Baby” constam “Hold On I'm Coming” (muito bem) também de Sam & Dave, “Les enfants Qui Pleurent” de Michel Legrand e “Summer” (versão menor em inglês de “Verão” tema com que Carlos Mendes venceu o Festival da Canção naquele ano).
Não deixando o original grande campo de manobra para outras versões, teremos que alargar o crivo de selecção para aceitar e desfrutar da interpretação do Trio Barroco + Tyree Glenn Jr. & Van Dixon. De salientar, de qualquer forma, a busca de novas sonoridades que então se verificava já longe do já não preponderante Ié-Ié.



Trio Barroco - When Something Is Wrong With My Baby

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Os Nómadas - What'd I Say

O Rhythm'n'Blues não foi, na década de 60, das expressões musicais mais divulgadas no nosso país. Lá fora o Rhythm'n'Blues inicialmente de expressão negra (destaque para Ray Charles) rapidamente influenciaria outras dimensões musicais nomeadamente o Rock e o mundo branco (The Rolling Stones e Van Morrison são dos melhores exemplos).
Por cá as gravações efectuadas são praticamente desconhecidas, daí o interesse quando descobri esta raridade, uma versão de “What'd I Say” de Ray Charles, gravada em 1968 por um conjunto de nome Os Nómadas.
O original é de 1959, no vídeo Ray Charles no Brasil em 1963 a interpretar “What'd I Say”.



Quanto aos nossos desconhecidos Os Nómadas nada de especial a assinalar a não ser o facto do disco ter o patrocínio da Molaflex (veja-se a capa) e ainda da música começar com a publicidade “a Molaflex oferece e Os Nómadas cantam”.



Um único Single para a posteridade destes desconhecidos Os Nómadas. Ouça-se “What'd I Say” e a respectiva propaganda.



Os Nómadas - What'd I Say

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Teresa - Dans Mon Île

Tomei conhecimento de um EP português dos anos 60, concretamente de 1962, cuja capa diz simplesmente “a voz de Teresa”. A minha primeira reação foi de alguma desconfiança e de não crer ouvir o EP por inteiro. Mas o nome das composições, “Dans Mon Île” de Henri Salvador, “Non, Capisco La Doménica”, a conhecida “Lisboa à Noite” e o standard de jazz “Fever” fizeram despertar a curiosidade. E não dei o meu tempo por perdido, as espectativas foram ultrapassadas e fiquei preso, em particular, a “Dans Mon Île”, na versão da Teresa e no original de Henri Salvador.

Comecemos pelo original.



Na contra-capa do EP pode-se ler:
“Dolente, preguiçosa, satisfeita, traduz os segredos trocados pelo vento com as palmeiras numa ilha distante e paradisíaca: DANS MON ÎLE.”
E mais adiante:
“Quatro canções de índole tão diversa exigiriam, normalmente, quatro intérpretes distintos. Neste disco, porém, não há mais do que uma voz - a voz da TEREZA. E o facto de ela cantar, de interpretar com tanta personalidade, com tanto rigor, quatro trechos tão diferentes entre si, é motivo bastante para a considerarmos uma das maiores revelações dos últimos tempos e lhe augurarmos, já e sem hesitar, a rápida consagração a que tem direito”.

Com muita preguiça, ouçamos “Dans mon île” na voz de Teresa, com a certeza que a ela havemos de voltar.
O acompanhamento é dos sempre presentes Thilo’s Combo.



Teresa - Dans Mon Île

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Rão Kyao - Libano

Ainda nos anos 60 toca no agrupamento Bossa Jazz 3 (ou já era 4?) de Marcos Resende. No início dos anos 70 passa pelos Sindicato de Jorge Palma e Rui Cardoso, o conjunto português que melhor absorveu as influências dos Blood, Sweat & Tears e Chicago, em 1971 participa no Festival de Jazz de Cascais integrado no grupo The Bridge, em 1972 está no septeto Status e actua igualmente no Festival de Jazz de Cascais. Os anos de 1973/4 passa-os em França, de regresso a Portugal colabora, ao longo da década, em gravações de Fernando Girão, José Luís Tinoco, José Jorge Letria, José Afonso e Banda do Casaco. O disco de estreia a solo verifica-se em 1976 e dá pelo nome de “Malpertuis”, estou a falar de Rão Kyao.



Composto por 5 faixas “Malpertuis” é um disco histórico pois é, tanto quanto sei, o primeiro LP de Jazz gravado por portugueses. Era eu estudante em Coimbra e o LP adquirido pelo meu colega e amigo António Resende de Oliveira era ouvido e discutido com a irreverência da nossa juventude. Desde então nunca mais ouvi “Malpertuis” e foi com enorme satisfação que agora voltei a este disco quase esquecido na discografia de Rão Kyao. Mas nada melhor que este pequeno texto de Paulo Gil na contra-capa do LP para contextualizar “Malpertuis”:
"A edição do primeiro disco do Rão era esperado há longo tempo. Trata-se efectivamente, na minha opinião, do mais importante músico de jazz do nosso país, que somente agora vê concretizado parte do seu esforço. Talvez este disco não deva ser considerado especificamente de jazz, pois os elementos do rock, da música oriental, da música étnica são preponderantes. De qualquer modo, no plano criativo, nos solos que se desenvolvem em todos os temas, se nota a paixão do Rão pelos métodos e possibilidades de criar beleza e significado através do som, numa linguagem jazz. E é exactamente o seu profundo interesse por estas qualidades que levam este músico a pesquisar diferentes áreas da música. Mas o facto do Rão estar totalmente ligado à tradição dos blues parece-me indiscutível. Os seus solos são construídos com uma intensa beleza rítmica e melódica, onde a tensão gerada conduz a frequentes “explosões” numa linguagem jazz dos nossos dias. Na sua música o Rão exprime-se através da “força da verdade”" assina Paulo Gil.

A faixa que eu melhor recordava era “Libano”, aqui com a participação de “Very Nice” (nome real Fernando Girão) na voz e percussão, e é a proposta de audição.



Rão Kyao - Libano

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Bossa Jazz 3 - Autumn Leaves

Continuando no Jazz …
As memórias mais remotas que tenho da música Jazz são, paradoxalmente, visuais e não sonoras. Efectivamente a divulgação do Jazz (essa música do diabo) era muito, muito escassa, e as primeiras recordações sonoras, início da década de 70, vão directas para os “Cinco minutos de Jazz” às 11h30m na Rádio Renascença enquanto se esperava pela meia-noite para ouvir o “Em Órbita”. Aqui tomei conhecimento de grandes músicos de Jazz, da melhor música que se fez nos anos 50 e 60, como John Coltrane ou Thelonious Monk.

Mas o primeiro Jazz de que me lembro, dizia eu, é visual e não sonoro; é das imagens a preto e branco da RTP (provavelmente do Thilo’s Combo nalguma aproximação ao Jazz) que me recordo (e a minha mãe a dizer, quando o baterista usava escovas, que aquela música lhe fazia sono) e entre elas as de um pianista relativamente pouco conhecido (mas que eu me lembro bem), cujo nome era Marcos Resende.
Marcos Resende era um pianista brasileiro a estudar em Portugal que em 1967 formou os Bossa Jazz 3 com quem grava, no ano seguinte, um EP com três músicas e onde se destacava o standard “Autumn Leaves”.



Mas para se saber tudo sobre os Bossa Jazz 3 eis o texto da contra-capa do EP:
"O BJ3 constitui-se em dezembro de 1967. Nessa altura o contrabaixo era outro elemento. A formação actual tem Marcos Resende, piano, Manuel Barbosa, contrabaixo e Paulo Gil, bateria. Marcos Resende é de nacionalidade brasileira e além de piano toca ainda vibrafone, contrabaixo e viola. Fez parte quando esteve no Rio de Janeiro, do Trio 3M, que actuava em programas de divulgação de Bossa-Jazz. Manuel Barbosa é autodidata e encontra-se há algum tempo em contacto com o jazz no nosso país. Paulo Gil está ligado à divulgação do jazz há longo tempo. Fez parte do trio, quarteto e quinteto do Hot Clube de Portugal, e também do Jazztet de Lisboa.
A ideia, para a formação do grupo, partiu de Paulo Gil, que no fina do Verão de 1967, tentou a constituição de uma formação instrumental pequena que estivesse apta a divulgar, no aspecto execução, o jazz, fundamentalmente acessível, no nosso meio. Essa ideia foi bem aceite por Marcos Resende  e o Trio apareceu. A finalidade do BJ3 como conjunto, é a divulgação do jazz, de características pouco complicadas, por intermédio da associação da Moderna Música Brasileira ao elemento puramente Jazz. Contudo, alguns dos temas do seu reportório, são exclusivamente jazz. Até à data, o BJ3 apareceu já num Festival de Música Moderna, no Coliseu do Porto, Festival Internacional de Jazz da Queima das Fitas de Coimbra, sessões de divulgação comentadas ou não no Clube de Jazz da J.M.P. do Porto, na Faculdade de Letras, no Instituto Superior Técnico, no Clube de Jazz da Associação Académica de Coimbra, em Leiria, programas de TV e Rádio e actuações, durante o Verão de 1968,, em Albufeira no Clube Internacional e na Boite 7 e 1/2. Actuou também em Lisboa na Boite Relógio."

Com um toque bem brasileiro aqui vai “Autumn Leaves” uma das raras gravações de Jazz por cá feitas naqueles tempos, eram os Bossa Jazz 3.



Bossa Jazz 3 - Autumn Leaves

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Steve Lacy Live In Lisbon: Estilhaços

Primeiro disco de Jazz ao vivo gravado em Portugal, "Estilhaços" (ou Steve Lacy Live in Lisbon), foi o resultado de um concerto de Steve Lacy a 29 de Fevereiro de 1972 realizado no antigo Cinema Monumental, em Lisboa, de comemoração do 6º aniversário do programa de rádio, apresentado pelo José Duarte, "Cinco Minutos de Jazz". Hoje o mais antigo programa de rádio.
"Cinco Minutos de Jazz" passava, na altura, pelas 11h 30m da noite inserido no programa "23ª Hora" na Rádio Renascença e foi nele que ouvi os primeiros acordes de Jazz.





Numa época em que o Free Jazz fazia escola, Steve Lacy fez, neste concerto, uma abordagem experimentalista (ouça-se "Stations"!), pleno de criatividade patente, particularmente, nas explosões de Steve Lacy e Steve Potts.


Texto de Raúl Bernardo
no interior da capa

"Estilhaços" a liberdade criativa do Jazz a dois anos de se conquistar outras liberdades!

Steve Lacy - Stations

Apesar de esmagadoramente dominantes, não só de música Pop e Rock eram feitos os sons que se ouviam em Portugal nos anos 60/70. Pese a pouca divulgação, outras sonoridades, procuravam teimosamente o seu espaço e a respectiva divulgação.
O Jazz, tirando o Hot Club em Lisboa desde o final dos anos 40, era praticamente nulo em todo o país, conjuntos de Jazz nem vê-los, gravações feitas por cá quase nenhumas. Tirando 2 ou 3 gravações dos anos 50/60, é preciso esperar por 1972 para vermos a gravação de um álbum ao vivo em Portugal, refiro-me a “Estilhaços” do saxofonista Steve Lacy gravado em 29/02/1972 para comemorar o 6º aniversário do programa “Cinco minutos de Jazz” do José Duarte (o concerto deu em directo na rádio!!! E eu ouvi-o, que sons esquisitos!). Tem, portanto, mais de 40 anos esta gravação histórica.

Na capa interior do disco em vinil Raúl Bernado, em inglês no original, escrevia: “O concerto que teve lugar em 29 de fevereiro no Cinema Monumental é, acreditamos, a primeira gravação feita pelo novo Quinteto de Steve Lacy. A característica mais óbvia da música é, certamente, a extraordinária naturalidade com o qual ela flui, apesar da aparente complexidade.”
E terminava: “Num país onde são raros os concertos de Jazz, particularmente deste tipo, foi muito estimulante ouvir uma criança dizer «eu gostei», ou um adulto, que estava a ouvir Jazz pela primeira vez «eu não consegui entender, mas gostei». Uma verdade simples, para uma música simples que é o Jazz: em primeiro lugar, gostar, amá-la... depois, compreendê-la, estudá-la.”

Foi já deitado, com os meus pais provavelmente a mandar-me pôr o rádio mais baixo, que ouvi o concerto e que tomei conhecimento destas sonoridades praticamente desconhecidas no contexto da época. O disco em vinil custou-me 200 Esc, ou seja 1€.
Para ouvir segue o primeiro tema “Stations”, ouçam com atenção e deixem-se envolver por estes estranhos sons. Na época era necessário sintonizar a Rádio Renascença no programa a “23ª hora” e esperar pela rubrica “Cinco minutos de Jazz”, às 11h30m da noite, para se ouvir Jazz, agora está à distância de um clique.



Steve Lacy - Stations

domingo, 11 de outubro de 2015

John Coltrane and Johnny Hartman - Lush Life

Não ficou tão conhecido como alguns dos crooners que por aqui já passaram, nomeadamente  Frank Sinatra, Bing Crosby e Tony Bennett, no entanto, foi um grande cantor de Jazz, mesmo, um dos que mais gosto, foi Johnny Hartman.
Johnny Hartman (1923-1983) possuidor de uma bela voz, profunda e extremamente melancólica, distinguiu-se particularmente na interpretação de baladas.
Tendo-se iniciado no piano e no canto ainda muito novo, é a seguir à 2ª Guerra Mundial que, ao ser descoberto e contratado por Earl Hines, começa carreira profissional. Segue-se a Orquestra de Dizzy Gillespie antes de, já na década de 50, começar carreira a solo e efectuar as primeiras gravação em nome próprio.
Um ponto alto da sua carreira vai ser, já na década de 60, a gravação de um álbum com John Coltrane.



"John Coltrane and Johnny Hartman" editado em 1963 é um delicioso álbum com seis canções interpretadas por Johnny Hartman e o excelente Quarteto de John Coltrane, a saber: John Coltrane (1926-1967), sax; McCoy Tyner (1938-), piano; Jimmy Garrison (1934-1967), baixo e Elvin Jones (1927-2004), bateria.
A escolha vai para "Lush Life" uma canção escrita por Billy Strayhorn nos anos 30, uma pequena maravilha.



John Coltrane and Johnny Hartman - Lush Life

sábado, 10 de outubro de 2015

Tony Bennett - Because of You

Dos três grandes cronners norte-americanos, Frank Sinatra, Bing Crosby e Tony Bennett, só este último está vivo.
Tony Bennett nascido em 1926, iniciou carreira musical em 1949 e mantem-se ainda hoje em actividade (o último álbum "Cheek to Cheek" data de 2014, é um disco de duetos com Lady Gaga e foi nº 1 nos Estados Unidos).



7 décadas de carreira ficaram documentadas em dezenas de LP originais onde deixou registado praticamente todos os standards de Jazz. Manteve quase sempre um fraseado jazz, que o caracteriza, em todo o seu repertório, gravou com nomes grandes do Jazz como, Count Basie e Bill Evans, interpretou canções de Victor Young a The Beatles, fez duetos, entre outros, com Aretha Franklin, K. D. Lang e mais recentemente com Amy Winehouse e Lady Gaga.
Ficamos onde tudo começou, com "Because of You", o primeiro nº 1 de Tony Bennett decorria  ano de 1951.



Tony Bennett - Because of You

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Bing Crosby - Pennies From Heaven

O primeiro contacto que tive com Bing Crosby foi, de certeza, na visualização na RTP de algum filme, dos muitos em que ele participou, provavelmente em parceria com Bob Hope. Talvez em "Sedução de Marrocos"("Road to Marocco") de 1942 ou "A Caminho de Hong Kong" ("Road to Hong Kong") de 1962 ou outra "road" qualquer Singapore, Rio, Bali...



Bing Crosby (1903-1977), cantor, actor, comediante ficou celebérrimo quer como actor quer como cantor.
Iniciou-se como cantor ainda nos anos 20 no trio vocal The Rhythm Boys, actuaram e gravaram com músicos como Paul Whiteman, Jack Teagarden e Tommy Dorsey. Possuidor de uma bela voz de barítono, passou de cantor crooner com influências jazzísticas a cantor popular mainstream, dá início a carreira a solo nos anos 30 que se prolongou com um sucesso incomparável até à década de 50. Foi dos artistas que mais vendas efectuou no século XX. A canção mais conhecida é a sua interpretação da canção de Natal "White Christmas" gravada em 1942 sendo nº 1 por várias vezes nas tabelas de vendas norte-americanas.
Do filme com o mesmo nome escolhemos a canção "Pennies from Heaven" nº 1 nos Estados Unidos em 1936. Billie Holiday, Louis Armstrong, Frank Sinatra, Tony Bennett foram alguns a igualmente interpretarem esta canção.



Bing Crosby - Pennies From Heaven

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Frank Sinatra - From the Bottom of my Heart

Alguns cantores tornados muito populares na segunda metade do século passado realizaram as suas carreiras naquilo que podemos chamar as fronteiras do Jazz. Não tendo sido verdadeiros cantores de Jazz, muito lhe ficaram a dever, tendo, por sua vez, exercido influências no Jazz vocal. Designados por crooners, eram cantores românticos que cantavam de uma forma muito sentimental, regra geral com uma voz grave e suave. Entre os mais conhecidos estão três cantores incontornáveis: Frank Sinatra, Bing Crosby e Tony Bennett.
O mais prestigiado de todos foi Frank Sinatra (1915-1998) considerado por muitos o maior cantor do século XX, o seu melhor período vai de meados dos anos 40 até à década de 70.



Tendo-se iniciado profissionalmente ainda nos anos 30, é no final da década que efectua a primeira gravação comercial com a Orquestra de Harry James. Segue-se contrato com Tommy Dorsey que lhe veio trazer notoriedade. Gravou discos, entre outros com Duke Ellington, Woody Herman, Count Basie e Quincy Jones. "Strangers In The Night" (1966) e "My Way" (1969) são, talvez, as suas canções mais conhecidas. As últimas gravações vão para dois álbuns de duetos em 1993 e 1994.

São incontáveis os sucessos e as opções para audição, nesta primeira abordagem a Frank Sinatra. Para simplificar ficamos com a primeira gravação efectuada em 1939 com a Orquestra de Harry James.



Frank Sinatra - From the Bottom of my Heart

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Eddie Jefferson - Moody's Mood For Love

Já aqui referimos que o canto Be-bop manifestou-se de duas maneiras diferentes: pelo género scat (onomatopeias, sílabas ou frases sem significado) ou pelo estilo vocalese (adaptação de textos inéditos sobre temas originalmente instrumentais).

"Eddie Jefferson (1918-1979) foi o primeiro (a partir dos anos 40) a adaptar as suas próprias letras sobre grandes solos, seguindo as inflexões e modulações das versões instrumentais de referência." em "Os Grandes Criadores de Jazz".
Eddie Jefferson, cantor, bailarino e instrumentista começou a actuar profissionalmente ainda adolescente. A origem do estilo vocalese poderá ter estado no final dos anos 30 quando Eddie Jefferson, em diversão com os amigos, começa a cantar, improvisando as letras, com acompanhamento de discos.




A sua canção mais conhecida é "Moody's Mood For Love".
Tendo por base uma improvisação de 1949 do saxofonista James Moody sobre um tema popular de 1935 de nome "I'm In The Mood For Love", Eddie Jefferson adicionou-lhe a letra tendo a primeira gravação sido efectuada em 1952 por King Pleasure.
Eddie Jefferson gravou "Moody's Mood For Love" várias vezes ao longo da sua carreira, tendo por vezes uma voz feminina durante o curto solo de piano, na ausência de voz feminina ele cantava essa parte em falsete como na versão que segue do ano de 1956.
(Versões mais recentes de "Moody's Mood For Love" dignas de nota são a de Van Morrison em 1983 e Amy Winehouse em 2003)


Eddie Jefferson - Moody's Mood For Love

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Stevie Wonder - Sir Duke

Segunda passagem por Stevie Wonder, esse menino prodígio, cego de nascença, que a Tamla-Motown (a sua editora de sempre) lançou ainda criança. De "Fingertips" (1963) a "So What The Fuss" (2005)  vai uma longa e interessante carreira de um multi-instrumentista e cantor que percorreu géneros como o Soul, R&B, Pop, Funk e Jazz.
Até meados dos anos 80 foi presença regular nas principais tabelas de vendas, desde o já citado "Fingertips" ou "Yester-Me, Yester-You, Yesterday" ao mega sucesso que foi "I Just Call To Say I Love You" de 1984.

No meio esteve o seu melhor ou seja na década de 70.
"É em 1972 que nasce o segundo Stevie Wonder, ou seja, o melhor compositor de música popular de uma geração. Com a sucessão dos álbuns - Music of My Mind, Talking Book, Innervisions -, cada vez mais sofisticados, elaborados como verdadeiras sonatas orquestrais, dezenas de melodias soberbas enriquecerão o repertório dos cantores mas também o dos músicos de jazz." em "Os Grandes Criadores de Jazz".



A obra de maior folego viria em 1976 com o duplo álbum (mais um EP), o monumental "Songs In The Key Of Life" em memória a Duke Ellington falecido em 1974.
A escolha para audição só podia ir para "Sir Duke", entre o melhor que Stevie Wonder fez na já longínqua década de 70.



Stevie Wonder - Sir Duke

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Ray Charles - Baby, Won't You Please Come Home

"Uma síntese de todos os géneros vocais" é assim que "Os Grandes Criadores de Jazz" caracteriza Ray Charles (1930-2004).

Expressão maior da Soul (juntamente com Aretha Franklin), do Blues e do Jazz é sempre com prazer que retornamos a Ray Charles. Deixou-nos uma longa discografia, iniciada ainda nos anos 40:
numa primeira fase, de 1949 a 1953, uma coleção de singles como Maxim Trio e depois como The Ray Charles Trio ou finalmente Ray Charles; o primeiro álbum surge somente em 1957 e dava início a um período de ouro que se prolongaria até finais dos anos 60, são desta época canções como "Georgia On My Mind", "Hit The Road Jack" e "I Can't Stop Loving You". Posteriormente verificou-se algum declínio e Ray Charles adopta um repertório mais mainstream, efectuando inúmeros duetos, de BB King a  Norah Jones.



"Da imitação de Nat King Cole (quando começou, em 1949, com o «Maxim Trio») até La Mamma de Charles Aznavour, Ray Charles seguirá pela via marcada a ferro em brasa do blues, percurso exemplar semeado de armadilhas (a droga) que conseguirá superar." igualmente em "Os Grandes Criadores de Jazz".
A escolha desta vez vai para a canção "Baby, Won't You Please Come Home", um standard do Jazz, interpretada pela primeira vez por Bessie Smith em 1923, gravada por Ray Charles em 1952, onde se nota a influência nítida então exercida por Nat King Cole.



Ray Charles - Baby, Won't You Please Come Home

domingo, 4 de outubro de 2015

Marvin Gaye - I Heart It Through the Grapevine

Marvin Gaye (1939-1984) foi um cantor norte-americano que atravessou géneros musicais do Soul ao R&B, do Funk ao Jazz.
As suas influências foram de Frank Sinatra a Billy Eckstine e Nat King Cole.
Foi nos anos 60 um dos músicos mais destacados da Tamla-Motown e um dos que mais contribui para a definição do chamado som Motown.
Depois de tocar bateria com as The Miracles e The Marvelettes efectua as primeiras gravações a solo em 1961; "Stubborn Kind Of Fellow" e "Hitch Hike", ambas de 1962, foram as primeiras canções a conhecer as tabelas de vendas.




"I Heart It Through the Grapevine" foi na década de 60 o seu maior sucesso.
"I Heart It Through the Grapevine" foi um marco na história da Tamla-Motown. Depois das edições de "I Heart It Through the Grapevine" por Smokey Robinson & The Miracles (1966) e Gladys Knight & The Pips (1967) foi a vez de Marvin Gaye a levar ao primeiro lugar das tabelas dos Estados Unidos e Reino Unido (já agora, não esquecer a versão de 11 minutos dos Creedence Clearwater Revival no álbum "Cosmo's Factory" em 1970).

O sucesso maior ainda estaria para vir nos anos 70, nomeadamente com os LP "What's Goin' On" e "Let's Get It On", mas agora é mesmo com "I Heart It Through the Grapevine" que ficamos.



Marvin Gaye - I Heart It Through the Grapevine

sábado, 3 de outubro de 2015

Al Green - How Can You Mend a Broken Heart?

Al Green é um cantor norte-americano, nascido em 1946 e é considerado um dos últimos grandes cantores Soul.
Tornou-se bastante popular ao longo da década de 70 através de um conjunto de álbuns de qualidade inegável, muitos deles nº 1 nas tabelas norte-americanas de R&B. Possuidor de um registo de falsete muito peculiar, o seu maior êxito vai para a canção "Let's Stay Together" decorria o ano de 1972.




Ao longo da década de 70 aproxima-se da religião, torna-se pastor, e em 1980 edita o primeiro de uma série de discos Gospel. Posteriormente envereda por uma mistura de estilos do Soul, ao Funk e à Pop Music.
Mas voltamos ao ano de 1972 e ao álbum "Let's Stay Together", onde encontramos, para além do tema título, uma bela interpretação de "How Can You Mend a Broken Heart?", grande êxito, no ano anterior, no original dos irmãos Gibb, os Bee Gees.



Al Green - How Can You Mend a Broken Heart?

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Nina Simone - My Baby Just Cares for Me


Nina Simone (1933-2003) foi mais uma grande cantora norte-americana a abraçar diversos estilos musicais: Jazz, Soul, Rhythm'n'Blues, Gospel, Folk.
"nascida na Carolina do Norte em 1933 sob o nome de Eunice Waymon, a sublime Nina Simone distingue-se em todos os registos e em todas as nuances por um espectro infinitamente variado que irradia do gospel ao jazz moderno, passando pelo blues, a soul e até um repertório dramático de origem europeia." em "Os Grandes Criadores de Jazz".

À semelhança de muitas das cantoras negras americanas do século passado, nasceu pobre, cedo se iniciou no canto, tocou na igreja local e foi empenhada na luta pelos direitos civis.
A popularidade começa no final dos anos 50 quando efectua as primeiras gravações. Na década de 60 grava mais de duas dezenas de álbuns e envolve-se na luta pelos direito civis.




O seu ecletismo, aproxima-a da música Pop gravando temas como, por exemplo, "Here Comes the Sun" e "To Love Somebody".
Ainda em "Os Grandes Criadores de Jazz": "...é um dos génios mais singulares da cultura afro-americana, capaz de transcender como ninguém um repertório universal (de Gershwin a Brel) sem nunca trair aquele mistério original que a palavra soul resume na perfeição."

Uma gravação original de 1958, sucesso nos anos 80 num anúncio comercial, "My Baby Just Cares for Me" é a recordação com que ficamos de Nina Simone.



Nina Simone - My Baby Just Cares for Me

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Aretha Franklin - Think

"Ela tem apenas dezoito anos e os seus discos profanos são autenticas obras-primas: ninguém, salvo Ray Charles, cruzou de forma tão íntima e instintiva as tradições do blues, do gospel e do jazz, adaptando-as sem as dulcificar ao novo contexto da soul e da pop music." em "Os Grandes Criadores de Jazz"
Aretha Franklin, nascida em 1942, é essa a cantora.
Teve a sua projeção maior logo na década de 60 ficando então conhecida pela Rainha do Soul. Tendo-se iniciado, muito nova, no Gospel e efectuado as primeiras gravações em 1956, rapidamente inflecte para o Soul e Rhythm'n'Blues como o mostra a discografia dos anos 60.
Mantendo sempre este registo não deixa de interpretar temas de música Pop e Rock como "Bridge Over Troubled Water", "Let It Be", "Eleanor Rigby", "The Long and Winding Road" ou "Border Song".




Os discos de que me lembro melhor foram dois excelentes álbuns de 1968, respectivamente "Lady Soul" e "Aretha Now". Particularmente o poderoso início de "Aretha Now" com "Think", "I Say  a Little Prayer" e  "See Saw".
Recordamos então "Think".


Aretha Franklin - Think