Independentemente da qualidade intrínseca de cada álbum da vasta e duradoura discografia de Sérgio Godinho, o LP de 1973 “pré-histórias” foi aquele que vivi mais intensamente. Era o seu segundo registo e era aguardado com grande expectativa (José Mário Branco já tinha editado o 2º álbum e sabia-se que o do Sérgio Godinho estava na forja).
10 temas inesquecíveis preenchiam este álbum onde o destaque maior ia para, talvez, a melhor canção que o Sérgio Godinho alguma vez compôs: “A Noite Passada”. De “Barnabé” a “O Homem dos 7 Instrumentos” eram novas as sensações que se usufruíam advindas de uma forma de escrita única e verdadeiramente revolucionária, acrescidas da subtileza de arranjos e vocalizações tão peculiares e inauditas.
Gravação alemã em CD com ref: 848103-2 |
Claro que rapidamente a malta decorou o disco da frente para trás, de trás para a frente e era ver-nos pela avenida do Furadouro, alegres e felizes, a cantar de forma desafiante, mas igualmente ingénua,
“Eh, meu irmão, que é que tensque tremes como um chouriço?
Eh, meu irmão que é que tens,
à noite juntávamo-nos junto ao paredão e aí cantarolávamos
pela fresta aberta o meu peito fugiu
Muito redutoramente Sérgio Godinho continua a ser por muitos catalogado como um “cantor de intervenção”. Quem assim o vê desconhece completamente a sua obra. A diversificada temática por ele abordada nas suas letras e os diferentes estilos musicais utilizados fazem dele “um «cantautor» transocial e transgeracional” no dizer, e bem, da “Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX”.
Para terminar ficamos com “O Barnabé” e digam lá o “Que é que tem o Barnabé que é diferente dos outros?”Sérgio Godinho – Barnabé
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