O Pop-Rock oriundo do Porto nos anos 60
Nomes há, dos primórdios do Rock'n'Roll nacional, que praticamente ficaram esquecidos, aliás poucos são os que de uma forma marcante são hoje reconhecidos. Os tempos passaram, as memórias foram-se apagando, os estudos daqueles tempos são poucos e os registos escritos ou fonográficos praticamente inexistentes. E do Porto talvez ainda pior face à concentração da informação que sempre se verificou em favor de Lisboa.
Hoje refiro um nome do Porto que se encontra naquela situação, ou seja praticamente não se encontra informação sobre ele, trata-se de Armindo da Costa, então conhecido por Armindo Rock. Felizmente, tem sido feito um esforço na tentativa de salvaguardar e dar a conhecer aqueles tempos, o Rock e o Porto.
A propósito da exposição ocorrida em 2018 intitulada "Musonautas, Visões & Avarias 1960-2010 — 5 Décadas de Inquietação Musical no Porto" o jornal Público escrevia:
"Em 1963, no Porto, já havia invasões de palco em festivais de música. O grande culpado era Armindo Rock, um miúdo com menos de 20 anos que se autoproclamava o “rei do rock and roll e do twist português”. Segundo a imprensa da época, Armindo “espalhava o delírio” e “electrizava os ânimos” da juventude — coisa muito pouco aconselhável em tempos de ditadura fascista, o que levou a polícia a intervir num dos seus concertos e a suspender os festivais de “rock e twist” no Porto, bem como as actuações de Armindo, que mais tarde decidiu adoptar um novo look de menino bem comportado e virar-se para as canções românticas."
Num artigo da revista Plateia nº 125 de 1962 intitulado "Prepara-se par vir do Porto a Lisboa o novo candidato a rei do «Rock» e do «Twist» em Portugal: Armindo Rock!" à pergunta " - Então, quando começou a sua carreira artística?" Armindo Rock responde:
"- A minha estreia teve lugar no dia 18 de Março de 1962, no Coliseu do Porto, num programa de variedades «Pica-Pau» com a presença de artistas de nome, alguns até estrangeiros. Fui nessa noite um dos três artistas mais aplaudidos, juntamente com o espanhol Jesus Valência e Neca Rafael. Mais de 2000 pessoas deram-me, com os seus aplausos, o título, que uso sem vaidade, o rei do «rock-and-roll» e do «twist» português."
Afirmava ainda ter no seu reportório "...30 canções de minha autoria...", mas, ao que o próprio diz em comentário feito ao Blogue A Trompa em 2010, "Fiz vários espectáculos como cabeça de cartaz. Não tendo gravado qualquer disco (na Alvorada achavam que eu era maluco) andei nos lugares cimeiros para o Rei da Rádio (António Calvário)" e lembrava: "A partir de 1961 (aos meus 17 anos) com o nome de Armindo do Rock, acompanhado pelo conjunto Tony Araújo que já naquela altura estava equipado com guitarras fender e aparelhagem de som Semprini, muito em voga nos conjuntos italianos e usada também pela orquestra francesa Eddie Vartan.
Mais tarde fui co-fundador dos conjuntos Blusões Negros e Tártaros."
Ficamos assim a saber que o Conjunto de Tony Araújo acompanhava Armindo Rock, lembre-se que este conjunto deixou uma gravação de um EP com 4 faixas sendo uma delas "Foge de Mim" da autoria de Armindo Rock.
O blogue O Covil do Vinil, afirma que Armindo Rock está sentado no avião Cessna que constava na capa pelo aventa a hipótese de este disco poder contrariar a afirmação do próprio de nunca ter gravado.
Apesar da qualidade da gravação parecer não ter resistido ao passar dos anos aqui fica graças ao blogue Música dos Anos 60 a canção "Foge de Mim".
Conjunto Tony Araújo - Foge de Mim
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