No tempo do vinil a duração média de um álbum situava-se nos 45 minutos. Quando tinha menos tempo achava-se que tinha sido mal aproveitado e poucos eram os que ultrapassavam os tais 45 minutos.
Com o digital e o advento do CD esse tempo aumentou significativamente. É raro um álbum com menos de 60 minutos e alguns chegam mesmo perto dos 80 minutos (o limite permitido pelo CD). Dir-se-ia que a criatividade aumentou proporcionalmente ao espaço de gravação, mas não é verdade. Por vezes tem-se mesmo a sensação que alguma contenção na duração dos álbuns resultaria em obras mais equilibradas (veja-se por exemplo a reedição de obras em CD por vezes com extras desnecessários). Por outro lado dispor-se de 80 minutos dedicados exclusivamente à audição de um CD é cada vez menos frequente, a menos que se coloque como música de fundo enquanto se anda pela casa e não se lhe presta a devida atenção.
Já não falo nos dispositivos de leitura de MP3, ou outros formatos comprimidos, com tempos de gravação infindáveis e qualidade duvidosa. Não percebo mesmo como a venda do formato MP3 pode ser um negócio em si.
Adiante, pois, se virmos bem, a questão não está propriamente na duração dos suportes de gravação mas sim na qualidade intrínseca da obra.
Num tempo em que não havia tecnologia de gravação Richard Wagner compôs “O Anel de Nibelungo” que dura cerca de 15 horas (14 CD na actualidade). No tempo do vinil Nick Drake gravou “Pink Moon” que dura somente 28m34s e Serge Gainsbourg “Histoire de Melody Nelson” com apenas 28m08s. Ficamos então na pequena jóia que é “Histoire de Melody Nelson”, ou seja a história do amor trágico de um homem pela jovem menor Melody (Jane Birkin).
Edição norte-americana em CD da editora light in the attic, referência LITA 040 de 2009 |
Gainsbourg e Birkin no seu melhor, estávamos em 1971.
Seguem os temas “Ballade de Melody Nelson” e “Valse de Melody”.
Serge Gainsbourg - Ballade de Melody Nelson-Valse de Melody
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