Em Portugal, no ano de 1968 a produção discográfica era relativamente pobre e o que de melhor se fazia era de difícil acesso dada a pouca divulgação que se verificava no contexto político da época.
O destaque vai para as novas sonoridades que se desenhavam na música popular portuguesa e que vinham de José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Nuno Filipe, Teresa Paula Brito, Quarteto 1111 e pouco mais.
Em 1968 José Afonso edita o 2º LP "Cantares do Andarilho", um álbum entre as baladas e a recuperação de temas populares, um disco com novas opções musicais que José Afonso iria consolidar na discografia posterior.
Na capa interior do LP um texto de Urbano Tavares Rodrigues que vale apena recordar:
"A noite das lágrimas e da raiva. A madrugada das carícias e do sorriso. O dia claro da festa coletiva. Tudo isso se encontra na poesia cantada de José Afonso. A luminosa gargalhada do povo, o seu suor de sangue nas horas de esforço ingrato e de absurda expiação. O lirismo primaveril e feminino das bailias que não morreram. E o orvalho da esperança. E os ecos de um grande coro de fraternidade sonhada e assumida. José Afonso, trovador, é o mais puro veio de água que torna o presente em futuro, que à tradição arranca a chamo do amanhã. No tumulto da contestação, na marcha de mãos dadas, com flores entre os lábios, é ele a figura de proa, o arauto, o aedo, o humilde, o múltiplo, o doce, o soberbo cantador da revolta e da bonança. Singelo José Afonso do Algarve doirado, dos barcos de vela panda, do Alentejo infinito sem redenção, dos Pinhais, da melancolia, dos amores sem medida, do sabor de ser irmão...
José Afonso é a primeira voz da massa que avança em lume de vaga, é a mais alta crista e a mais terna faúlha de luar na praia cólera da poesia, da balada nova."
"Vejam Bem" foi mais uma das canções de José Afonso a tornar-se um hino na resistência ao fascismo.
José Afonso - Vejam Bem
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