DISCO MÚSICA & MODA, nº 9 de 1 de Junho de 1971
East of Eden - Jig-a-Jig
Para uns recordações, para outros descobertas. São notas passadas, musicais e não só...
DISCO MÚSICA & MODA, nº 9 de 1 de Junho de 1971
DISCO MÚSICA & MODA, nº 9 de 1 de Junho de 1971
A riqueza que se verificava nas tabelas de vendas em Portugal já não era tão evidente, pelo menos nos Singles que eram as tabelas disponibilizadas no jornal "DISCO MÚSICA & MODA", nos Estados Unidos e Inglaterra.
Nos Estados Unidos o 1º lugar era ocupado por "Joy To The World" dos Three Dog Night que já se encontra neste blogue e de relevante encontrava-se somente a Aretha Franklin, The Rolling Stones e The Doors, nomes grandes da melhor música popular.
The Doors tinham publicado "L.A. Woman", o último em vida com Jim Morrison e no ar andavam os sons de algumas canções deste álbum que viriam a ficar entre as mais populares do grupo como o tema título e "Riders On The Storm", mas a primeira a ser editada em Single foi "Love Her Madly" que ocupava o 7º lugar na tabela de Singles dos Estados Unidos.
Pouco depois de ter comprado este nº de "DISCO MÚSICA & MODA" viria a pior
das notícias, Jim Morrison falecia, em Paris, a 3 de Julho de overdose. Para
sempre fica a sua música que não me canso de recordar, entre elas está "Love
Her Madly".
The Doors - Love Her Madly
DISCO MÚSICA & MODA, nº 9 de 1 de Junho de 1971
Impressionante é a qualidade da listagens dos 10 álbuns mais vendidos em Portugal, definitivamente havia ainda qualquer coisa no ar para que surgissem no mercado tantos discos de qualidade acima da média e ao mesmo tempo vendáveis. Desde a entrada directa, em formato duplo, para primeiro lugar da segunda colectânea de canções retiradas do Festival de Woodstock (1969) até ao décimo lugar ocupado por mais um duplo LP, o terceiro dos imaginativos e fundamentais Soft Machine, uma colecção de álbuns onde até Frank Zappa faz a sua aparição com o Rock de vanguarda de "Hot Rats".
Para hoje fico-me pelo primeiro lugar, um álbum com alguns dos protagonistas do Festival de Woodstock a saber: Jimi Hendrix, Jefferson Airplane, The Butterfield Blues Band, Joan Baez, Crosby, Stills, Nash & Young, Melanie, Mountain e Canned Heat. Os únicos que ainda por aqui não passaram foram os Mountain, agrupamento norte-americano de sonoridades Rock mais pesadas e que tinham neste Festival a 4ª aparição em público. Era portanto um grupo recém formado, não tinham qualquer gravação efectuada e por isso ainda pouco conhecido.
Eram duas as faixas a que os Mountain tiveram direito, respectivamente "Blood
Of The Sun" e "Theme For An Imaginary Western", escolho esta última, um
original de Jack Bruce que a gravou no seu 1º LP a solo, "Songs for a Tailor"
em 1969. Os Mountain iriam inclui-la na sua primeira gravação, o álbum
"Climbing!" de 1970. Ei-la, ao vivo em Woodstock.
Mountain - Theme For An Imaginary Western
DISCO MÚSICA & MODA, nº 9 de 1 de Junho de 1971
Bom, vamos lá ver as tabelas de vendas publicadas no jornal "DISCO MÚSICA & MODA" a 1 de Junho de 1971. Começo com a tabela de Singles em Portugal e a primeira constatação vai para a qualidade que ela ainda revelava mesmo tema em atenção que em 1º lugar estava um Waldo de los Rios e "Um te Amo Meu Brasil" a contrariar o genérico bom gosto que a lista denotava.
Descendo na tabela, procurando uma canção que ainda não tenha recordado, paro e pasmo no 7º lugar e entrada directa para um Single dos Fotheringay. É verdade, os Fotheringay vendiam em Portugal! O Single continha a canção "Peace In The End" pertencente ao álbum único "Fotheringay" que então adquiri e que ainda o possuo bem estimado.
A canção "Peace In The End", sem ser a mais representativa do álbum, tinha sido escrita por Sandy Denny e o namorado Trevor Lucas sendo interpretada em dueto com este a assegurar a voz principal.
Uma bela canção a recordar nestes novos tempos de guerra.
DISCO MÚSICA & MODA, nº 9 de 1 de Junho de 1971
Vamos então folhear as páginas deste nº 9 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" e paramos logo na 2ª página aquela que tinha os Top de vendas e também uma secção de "Pequenas Notícias": O novo álbum de Tom Jones, como estavam os Fleetwood Mac em 1971 e o anúncio de alguns novos álbuns como o "Sticky Fingers" dos The Rolling Stones, o novo de Paul McCartney que não seria "Paul McCartney II" mas simplesmente "Ram", etc., etc..
Escolho os Fleetwood Mac que em 1971 eram constituídos por Mick Fleetwood, John McVie, Jeremy Spencer, Danny Kirwan e Christine McVie ou seja o histórico Peter Green já tinha abandonado o grupo e com ele a melhor fase do grupo tinha terminado, pelo menos para o meu gosto. Tinham editado o 4º trabalho, "Kiln House" de nome no ano anterior e no início de 1971 andavam em turné pelos Estados Unidos.
É neste contexto que vinha publicada a notícia dando conta da saída de Jeremy Spencer tendo aderido à seita religiosa "Children of God", a situação foi salva temporariamente por Peter Green que o substituiu para os concertos restantes. Ainda em 1971 Bob Welch seria contratado para o substituir mantendo-se no grupo até 1974.
Musicalmente "Kiln House" é mediano e menos interessante que os anteriores com
uma vertente Blues-Rock menos acentuada, sobressaindo uma sonoridade mais
convencional. Sem um tema que verdadeiramente se destaca-se fica para audição
"One Together" escrita por Jeremy Spencer e com ele na voz principal.
Fleetwood Mac - One Together
DISCO MÚSICA & MODA, nº 9 de 1 de Junho de 1971
Tinha ainda 14 anos quando foi publicado este nº 9 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" que começo hoje a recordar e onde estão reflectidas como veremos várias das minhas preferências musicais daquela época. Algumas das quais ainda hoje se mantêm passados mais de 50 anos.
Basta a idade que tinha para recordar com saudade aqueles tempos que aos olhos da minha adolescência eram bem mais simples e melhores (?) que os actuais. Pelo menos musicalmente eram bem interessantes e diversificados, internacionalmente a variedade era enorme e de qualidade entre as várias tendências que então se afirmavam, estou-me a lembrar do Folk-Rock e do Rock Progressivo e também da afirmação da música popular portuguesa.
De alguma forma a capa deste nº de "DISCO MÚSICA & MODA" evidenciava alguns dos meus gostos de então, destaque para foto de Bob Dylan que tinha desenvolvimento maior nas páginas centrais, chamadas a artigos de músicos que eu muito apreciava em "A Folk Inglesa" e "Peter, Paul & Mary". O Pop-Rock português tinha no Festival Pop-71 ocorrido em Coimbra o seu desenvolvimento no interior assim como a "Fausto" e o estado da música popular nacional em artigo de um leitor.
A notícia triste era o fim do programa "Em Órbita" do qual eu era ouvinte atento e que contribui decididamente para a formação do meu gosto musical.
A minha proposta para hoje vai para Bert Jansch (1943-2011), músico de
excepção do Folk-Rock inglês, e que para além da sua participação nos seminais
Pentangle (1967-1972), desenvolvia carreira a solo que vinha já de 1965. "A
Woman Like You" pertencia ao seu 6º álbum "Birthday Blues" de 1969.
Bert Jansch - A Woman Like You
Volto a uma das minhas preferências de sempre. os Fairport Convention no tempo da Sandy Denny.
Poucos meses depois de “What We Did On Our Holidays” é editado “Unhalfbricking”, o segundo de uma trilogia toda editada em 1969 e que são o marco maior da história do folk-rock britânico (fusão da música tradicional com instrumentos e ritmos modernos).
Da formação base do álbum anterior sai Ian Matthews e entra, como convidado, o violinista Dave Swarbrick que contribuirá determinantemente para a sonoridade imediata e futura dos Fairport Convention.
O lado A do disco em vinil terminava com “Saylor’s Life”, uma canção tradicional superiormente interpretada por Sandy Denny e restantes Fairport Convention, são 11 minutos de cortar a respiração. Sublime.
Das baladas tradicionais folk com forte influência americana já pouco resta, agora temos guitarras eléctricas, presença marcante da bateria e longos improvisos de violino caracterizam as novas sonoridades do folk-rock britânico na sua expressão suprema, os Fairport Convention. Não que o gosto pelo que se produzia do outro lado do atlântico fosse abandonado, nunca o foi, só em “Unhalfbricking” aparecem 3 temas de Bob Dylan, mas a atenção maior ia para as composições de Sandy Denny, Richard Thompson e a recriação de canções tradicionais britânicas com os devidos arrojos eléctricos.
Das sessões de “Unhalfbricking” uma foto de Sandy Denny |
A escolha para audição fica na beleza irresistível de “Autopsy” de Sandy Denny.
Fairport Convention - Autopsy
Dolores Keane, é uma das mais agradáveis cantoras folk irlandesas. Tornou-se conhecida ao formar o grupo de música Celta De Dannan em 1975 com os quais gravou, intermitentemente, alguns álbuns de reconhecida qualidade. Simultaneamente teve uma carreira a solo, entre o Pop e a música tradicional Celta, da qual, infelizmente se desconhecem novidades neste milénio. Para hoje o interesse vai directo para o álbum a solo de 1989 “Lion In a Cage” e a canção com o mesmo nome.
Edição em CD do Reino Unido com a ref: RTMCD 7 do ano de 1989 |
“Lion in a Cage” escrita pelo marido de Dolores Keane, John Faulkner, em 1989, a pensar em Nelson Mandela quando este ainda estava preso.
Segue “Lion In a Cage” e ao mesmo tempo evocar a bela música de Dolores
Keane e a memória de Nelson Mandela.
Dolores Keane – Lion In a Cage
PS:
“The Veld is burning in the African sun
Do quarteto The Doors que foram preponderantes na formatação do meu godto musical na minha juventude, vivem ainda baterista John Densmore e o guitarrista Robby Krieger, já faleceram Jim Morrison (1943-1971) vocalista e verdadeira lenda da música popular dos anos 60, e Ray Manzarek (1939-2013) teclados e elemento fundamental na definição da sonoridade do grupo. The Doors foram um dos mais importantes grupos da história da música moderna e sobre eles já dediquei o tema "The Doors - uma muito breve história", resta continuar a ir recuperando temas da sua obra intemporal-
A música escolhida é um dos temas longos dos The Doors e dá pelo nome de “When the Music’s Over” que começo por recordar, numa versão de 13 minutos, no concerto no Hollywood Bowl em 1968.
Nota particular para Ray Manzarek tão preponderante na sonoridade do quarteto, não só ao suprir no órgão a falta de um viola-baixo, como na improvisação jazzística e ainda pela necessidade de acompanhar o imprevisível e explosivo Jim Morrison.
Agora fiquem com a versão de estúdio do mesmo “When the Music’s Over” saído no
2º álbum “Strange Days”, estávamos no ano de 1967. E não se esqueçam “When the
music's over, Turn out the lights”.
The Doors – When the music’s over
PS:
“Well the music is your special friend
Se é verdade que nos Top estão normalmente as músicas de êxito mais fácil e pouco duradouro, também é verdade que esta realidade era bastante contrariada na segunda metade da década de 60, inícios de 70. Uma situação que ao longo dos primeiros anos da década de 70 foi em decrescendo ou seja progressivamente a qualidade foi diminuindo e os temas de êxito mais fácil foi crescendo.
Nma rápida passagem pelos Top de álbuns e Singles de 1973 constatamos:
Nos álbuns o decréscimo qualitativo é evidente. A promessa maior é Bruce Springsteen com o primeiro registo “Greetings from Asbury Park”, mas a maioria dos consagrados ficam aquém do expectável, Led Zeppelin com “Houses of the Holy”, The Who com “Quadrophenia”, a desilusão de Elton John com o aclamado “Goodbye Yellow Brick Road”, Neil Young e David Bowie com menor fulgor, respectivamente “Time Fades Away” e “Aladdin Sane”, etc., etc…. As excepções vão directas para dois trabalhos de qualidade superior, Lou Reed com “Berlin” e Genesis com “Selling England By the Pound”.
Nos Singles o cenário também não era animador. Assim, se entre os “novos” o destaque ia para Roberta Flack e o seu “Killing Me Softly” e também para Mike Oldfield (então com 19 anos) com “Tubular Bells”, os “velhos” arrastavam-se mais ou menos penosamente, Paul McCartney e George Harrison, sintonizados na temática, respectivamente com “My Love” e “Give Me Love”, Ringo Starr com “Photograph”, finalmente Elton John atingia a popularidade com o insuportável “Daniel”. Os Chicago continuavam nos Top, mas agora muito menos inspirados, com “Feeling Stronger Everyday”, o mesmo para os The Moody Blues com “I’m Just a Singer”; os The Rolling Stone dividiam opiniões com “Angie” e os Pink Floyd enriqueciam com “Money”.
https://www.discogs.com/ - edição portuguesa |
O melhor encontrava-se em Marvin Gaye e o seu “Let’s Get It On” e também em Jim Croce (1943-1973) (falecido num desastre de aviação) com “I Got a Name”.
“I Got a Name” fazia parte do último álbum com o mesmo nome e foi editado
postumamente, seria um dos temas mais populares de Jim Croce.
Jim Croce - I Got A Name
Em 2014 tive a oportunidade de visitar a Bélgica. Várias foram as memórias que ficaram: “graufres”, “Moules”, a velha cerveja “Leffe”, os chocolates “Pierre Marcolini”, dizem os melhores do mundo, a banda desenhada, a bela “Grand Place”, e os museus, muitos, com destaque para o imperdível “Old England”, o museu de instrumentos musicais antigos. E lojas de discos de vinil, a evitar se uma pessoa não se quiser perder.
Ouvia-se, nos transportes públicos, rádio e bares. muita música dos anos 60 e 70. De “Walking on the Moon” (1979) dos Police a “Daydream” (1969) do conjunto belga Wallace Collection (quem se lembra?) e, claro, Jacques Brel e também Léo Ferré.
A escolha mais óbvia seria Jacques Brel, mas na viagem de autocarro do aeroporto Charleroi para Bruxelas ouvi uma música (muitos furos abaixo) de 1970 que já não ouvia desde então, chama-se “Sympathy” e foi um êxito de um grupo inglês denominado Rare Bird. Tem o particular de o Single me ter sido oferecido quando fiz 14 anos e, mal cheguei, logo tratei de o recuperar o melhor possível.
Edição portuguesa de 1970 |
Ficou-me na cabeça e recuei a esses belos tempos de adolescência. Ficamos
então com os Rare Bird e “Sympathy”.
Rare Bird - Sympathy
“Tubular Bells” é o álbum de estreia do músico inglês Mike Oldfield, gravado quando ele tinha apenas 19 anos e editado em 1973. Foi também o primeiro álbum lançado pela, mais tarde famosa etiqueta, Virgin Records.
Sob o título “Mike Oldfield Nome a Atender” o jornal “musicalíssimo”, Nº 38, de 20/7/73, dava uma pequena notícia sobre a edição de “Tubular Bells”, onde o destacava como “um nome bastante conhecido no meio britânico” tendo “participado em inúmeras sessões de gravação” de grupos como Soft Machine, Matching Mole, Gong ou ainda Kevin Ayers. Assim era Mike Oldfield apresentado, sendo o disco, por cá, bastante divulgado nomeadamente em programas de rádio como o excelente “Página Um”. Uma panóplia de instrumentos, quase todos tocados por Mike Oldfield, dá o colorido a um tema simples que rapidamente iria ficar no ouvido e que era de uma frescura enorme, a fazer acreditar no retomar da melhor música popular.
O ano de 1973 era assim surpreendido por um músico que contrariava a queda que se começava a anunciar na música popular. Iniciava-se então um tremendo sucesso que se iria prolongar por décadas e mais de duas dezenas de álbuns.
Esta primeira gravação criou expectativas muito elevadas que infelizmente, pese a qualidade generalizada da sua discografia, não mais foi igualada, em particular nas sequelas “Tubular Bells II” (1992), “Tubular Bells III” (1998) e “The Millennium Bell” (1999).
“Tubular Bells” é constituído por duas partes a caberem nos lados A e B dos
antigos discos e vinil, recorda-se o início de "Tubular Bells, Part One"
Mike Oldfield - Tubular Bells, Part One (Início)
O Glam (Glamour) Rock teve os seus anos de glória entre 1971-74. Caracterizava-se pela relevância estética (maquilhagem e vestes andróginas) a par de uma sonoridade onde, para além dos instrumentos tradicionais do Rock, baixo, guitarra e bateria, se destacavam os saxofones, os teclados e os sintetizadores.
Neste género distinguiram-se, pelo melhor, os T. Rex, David Bowie, Iggy Pop, Lou Reed, Roxy Music, Bryan Ferry e Brian Eno. Todos eles tiveram presença destacada no ano de 1973.
Os Roxy Music estavam no apogeu e editam dois proeminentes álbuns: “For Your Peasure” e “Stranded”. Sem o esplendo e experimentalismo destes, Bryan Ferry grava também em 1973 o seu 1º álbum a solo de nome “These Foolish Things”. “These Foolish Things” era um álbum de versões de temas gravados por gente bem conhecida e géneros bem diferentes, de Bob Dylan a Mick Jagger, de Brian Wilson a Smokey Robinson, faltava-lhe o radicalismo experimental dos Roxy Music, sobrava-lhe na recuperação do lustre do cantor crooner que não existia desde Frank Sinatra.
Se o tema mais popular foi a versão de "A Hard Rain's a-Gonna Fall" de Bob Dylan, a minha preferência ia para o tema título “These Foolish Things”, já disponibilizado neste blogue, uma canção dos anos 30 que Bryan Ferry tão bem recupera no seu gesto peculiar. Mas outros temas mereciam a melhor referência, entre elas "Track of My Tears", uma canção de 1965 de Smokey Robinson and The Miracles e que eu anteriormente conhecia da versão de Johnny Rivers de 1967, que agora proponho para audição.
Lou Reed (1942-2013) é um nome fundamental no melhor Rock que se tem produzido.
Lou Reed, membro fundador dos vanguardistas, alternativos e experimentais The Velvet Underground, viria a abandonar o grupo em 1970, depois de 4 álbuns seminais e reduzido sucesso comercial (hoje, a banda mais influente da história do Rock!). Seria ao 2º álbum a solo (“Transformer” de 1972) que Lou Reed teria o devido reconhecimento, nomeadamente através do tema “Walk on the Wild Side”.
Em 1973, contrariando o sucesso de “Transformer”, Lou Reed grava “Berlin”, um disco fora de tempo e então pouco notado, a revista “Rolling Stones” considera-o mesmo um desastre. O fracasso do casamento de Lou Reed estaria na origem deste álbum conceptual sobre o amor, as drogas, a prostituição e o suicídio. Um disco pesado que ficou esquecido.
A sua recuperação só seria feita em 2006/7 através de uma série de concertos que dariam origem ao filme “Lou Reed’s Berlin”, disponível em DVD. Mas para começar nada como recuar no tempo, mais precisamente a 29 de Janeiro de 1972, irmos ao Bataclan a Paris, onde os ex-velvetianos Lou Reed, John Cale e Nico (1938-1988) apareceram juntos pela primeira vez após a separação e ver/ouvir o tema “Berlin”:
Reed tinha escrito para Nico, “Femme Fatale”, “I’ll Be Your Mirror” e “All Tomorrow´s Parties”, fica a dúvida se também terá escrito “Berlin” a pensar nesta alta e germânica Nico entretanto partida, Nico que “… foi breve e simultaneamente namorada de Reed e Cale no início dos ensaios dos Velvet Underground” in “Andy Warhol e os Velvet Underground”, edição Assírio & Alvim, 1992. A letra de “Berlin” pode impelir para Nico, ora vejamos:
“In Berlin, by the wallE repare-se no final do vídeo, Lou deixa de olhar o público para se fixar em Nico que ouvia “Berlin” senão pela primeira vez, de certeza uma das primeiras.
Suposições. Agora, um salto para 2006, para “Berlin” no filme “Lou Reed’s Berlin”:
Já em 1980 Miguel Esteves Cardoso reconhecia a genialidade de “Berlin”: “obra-prima de dramatismo decadente”, “o LP mais menosprezado de toda a sua obra”.
Finalmente, em mais esta passagem pela obra a solo de Lou Reed, a faixa que terminava o álbum, "Sad Song", entre o melhor que o ano de 1973 nos deixou.
Country-Rock é, como o nome indica, um estilo musical resultante da fusão do Country e do Rock e é predominantemente norte-americano. O seu período de ouro terá sido nos idos anos 60 e 70, onde pontificaram nomes tão importantes como Bob Dylan, The Byrds, The Flying Burrito Brothers, New Riders of the Purple Sage, Nitty Gritty Dirt Band, Eagles ou ainda Neil Young. Mas o destaque, hoje vai para um nome relativamente pouco conhecido, mas um dos expoentes maiores deste género musical: Gram Parsons.
Gram Parsons (1946-1973) foi, efectivamente, um dos que melhor operou a fusão do Country com o então dominante Rock. Os álbuns “Sweetheart of the Rodeo” (1968), a marcar a sua passagem pelos The Byrds, e ainda "The Gilded Palace of Sin" (1969) e "Burrito DeLuxe” (1970) nos The Flying Burrito Brothers são hoje marcos incontornáveis do melhor que se produziu na área do Country-Rock.
É ainda em vida que sai o primeiro álbum a solo “GP” (1973), um dos melhores álbuns do ano e onde, como dizia Miguel Esteves Cardoso, “…consegue a fusão de Country e Rock mais perfeita de sempre, …”.
Edição alemã em CD com a ref: 7599-26108-2 dos álbuns "GP" e "Grievous Angel |
Deste magnífico álbum segue “The New Soft Shoe” onde no coro, na voz feminina, se pode ouvir, nada mais, nada menos, que Emmylou Harris, que então despontava.
À semelhança de muitos outros, não resistiu, aos 26 anos, a “overdose”.
Integra a lista “100 greatest artists of all time” da revista “Rolling
Stones”.
Gram Parsons - The New Soft Shoe
O ano de 1971 viu surgir o 4º e melhor álbum dos Jethro Tull: “Aqualung”.
“Aqualung” é não só dos melhores discos de 1971, mas de sempre!
Um disco na intercepção de um Rock mais hard e o tradicional folk. Uma mistura difícil, mas explosiva quando bem feita, é o caso. À época era considerado um álbum polémico e de, à primeira audição, difícil aceitação. Na realidade, era, no mínimo, desconcertante, ao oscilar entre o extremamente simples de “Wand’ring Aloud” e a complexidade de “My God” ou o tema título “Aqualung”. A unidade era dada pela temática do álbum, a visão de Ian Anderson sobre Deus e a religião. A própria capa (de muito bom gosto), um mendigo (com semelhanças evidentes com Ian Anderson), a mostrar onde se deve procurar Deus, nos vadios e indefesos da sociedade. Segue uma interpretação já deste século de “Wandr’ing Aloud” e Ian Anderson uns aninhos mais velho.
O alto valor dos Jethro Tull culminava no seu líder, cantor, compositor e flautista fora do vulgar: Ian Anderson, um verdadeiro animal de palco (atenção particular para os solos de flauta) como se pode comprovar no vídeo seguinte para “My God” com os Jethro Tull, no seu melhor, no Festival da Ilha de Wight em 1970, ou seja, ainda anterior à publicação de “Aqualung” e aqui Ian Anderson uns aninhos… mais novo.
A propósito de “My God” lia-se no jornal “a memória do elefante” de Janeiro-Fevereiro de 1972:
“Situado a meio termo da beleza de BOURÉE e da originalidade de WITH YOU TO HELP ME, MY GOD é talvez o ponto mais alto da criação de Ian Anderson.”
E terminava:
“Demonstração inequívoca dum originalismo ilimitado dum raro sentido do belo, MY GOD é o melhor título de 1971.”
Com a melhor música de há mais de 50 anos aqui vai “My God” (para ouvir alto),
são os
Jethro Tull
um dos grupos mais originais de sempre.
Jethro Tull - My God
PS:
“People (what have you done?)Na grande família que foram (são) os Fairport Convention (com passagem por nós em 1977 na Festa do Avante e em 1995 no Festival Intercéltico) fizeram parte uma quantidade significativa de músicos de qualidade superior, muitos deles ainda hoje no activo.
Um deles, a merecer o melhor destaque, foi Ian Matthews que fez parte da formação inicial dos Fairport Convention (1967/68). Com uma longa carreira a solo iniciada em 1969, o relevo vai também para as formações Matthews Southern Comfort (1969/70) e Plainsong (1972), e o destaque para esse magnífico álbum a solo de nome “If You Saw Thro' My Eyes” de 1971.
Edição Vertigo com a ref: 514 167-2, 1993 |
O álbum não passou, na época, despercebido, nem na nossa rádio mais esclarecida, em particular no programa “Página um”, nem na melhor escrita musical, no jornal “a memória do elefante”, que o colocava no topo das preferências para 1971. Referia-se ao álbum desta forma:
“…
IF YOU SAW THRO’ MY EYES é a afirmação duma simplicidade e amor de atitudes como base da compreensão e da paz. Sítio onde nada se esconde, este álbum é um modo maravilhoso de análise das pessoas e dos sentimentos; é também um conselho de calma e honestidade que se pronuncia tranquilamente porque tranquila e correcta sentimos a nossa própria existência. Desejo de ensinar o gosto pelo que é belo, este trabalho recorda-nos que acima de quaisquer ideologias está a correcção de pensamentos e de atitudes, sem o que qualquer sistema de ideias sucumbe na prática ao egoísmo e à exaltação irreflectida das pessoas.
…”
A ilustrar o melhor de “If You Saw Thro' My Eyes” e do ano de 1971 está a
simples e comovente “Little Known”.
Ian Matthews - Little Known
Com uma duração curta (1968/1973), um reconhecimento reduzido e 4 álbuns gravados, os Seatrain foram uma banda de Country/Rock norte-nmericana onde os discos “Seatrain” (1970) e “The Marblehead Messenger” (1971) (2º e 3º álbum respectivamente e a serem a primeira produção de George Martin pós The Beatles), faziam antever um futuro promissor que não veio a ocorrer.
Da homogeneidade estética do grupo destacava-se o violinista Richard Greene que emprestava ao grupo um som mais “Bluegrass”, por vezes a recordar influências dos britânicos Fairport Convention.
O tema mais popular foi “13 Questions” que recordamos de seguida.
Entre as 10 melhores músicas de 1971, o jornal “a memória do elefante” escolheu “Song of Job” à qual se referia nestes termos:
“Eis aqui recolhida toda a exuberância de imaginação e de execução de um grupo de que muito podemos esperar. Explanação total e clara duma sonoridade muito típica e inteligentemente elaborada que vem do Country and Western, SONG OF JOB acusa toda a diversidade de potencial vocal, instrumental e de composição que os Seatrain mostram possuir ao longo do álbum segundo de que faz parte.”
Ouçam então “Song of Job”, os diálogos de Deus com o Diabo, a fé de Job e o violino de Richard Greene:
“…
Satan went to God, and God said, "Satan, Where you been?"
Tempo agora para algumas canções soltas sem nenhum tema subjacente, quase todas ainda aqui não recordadas, e que são bem demonstrativas da qualidade da música Rock em geral no início dos anos 70.
E para começar temos os Yes e "Yours Is No Disgrace".
Os Yes são um bom exemplo do arrojo musical característico, dos melhores grupos, da primeira metade dos anos 70. Os Yes tiveram uma formação muito variável e a mais interessante terá sido há mais de 50 anos, antes da entrada do "terrível" Rick Wakeman para os teclados. Gravaram então um álbum que ainda hoje é referência entre os melhores do Rock Progressivo, era já o 3º álbum do grupo.
O jornal “a memória do elefante” considera mesmo o 3º álbum dos Yes, de nome “The Yes Album”, o melhor de 1971. E “Yours Is No Disgrace” uma das melhores composições do ano. “The Yes Album” o triunfo do Rock Progressivo.
“Produto duma imaginação incansável, este título é um transcorrer de ritmos diversos, de imagens sonoras opostas sem que a sua consequência perca continuidade e surpresa simultaneamente.
Alegria de criar e de fugir ao que é caduco, YOURS IS NO DISGRACE é um acto de grupo, uma afirmação colectiva de fé nas novas fórmulas de existência, a partir dum modo poético característico duma ideologia algumas vezes deturpada, sem no entanto encerrar em si linhas vulgares ou pensamentos viciados.”
E a crítica ao álbum terminava assim:
“Ouça-o com atenção. Se não gostar ouça-o outra vez. Se ainda assim não gostar consulte um psiquiatra.”
À consideração de cada um.
Yes ao vivo em 1972 no vídeo seguinte.
Destaque para Steve Howe na guitarra e Jon Anderson na voz principal. “Yours
Is No Disgrace” segue para audição.
Yes - Yours Is No Disgrace
Canções que se ouviam no ano de 1975
Concluo hoje esta passagem pelo tema "Canções que se ouviam no ano de 1975", um ano do qual particularmente não tenho grandes recordações musicais, provavelmente porque a qualidade do ano terá sido menor e também pelo facto de nesse ano ter sido particularmente intenso politicamente e como tal a minha atenção terá sido partilhada por outros interesses, sem falar nos estudos.
O Rock dito progressivo ou sinfónico perdia força e criatividade, o Folk-Rock já tinha tido melhores dias e alguns dos seus melhores autores, sem perderem qualidade, avançavam por abordagens mais experimentais, veja-se o exemplo de Joni Mitchell, salvava-se Richard and Linda Thompson.
O Rock puro e duro era uma desilusão, não fosse a obra-prima de um então ainda pouco conhecido Bruce Springsteen. Em 1975 Bruce Springsteen assinava ao 3º LP um dos melhores discos de Rock da década, nada mais nada menos que "Born To Run".
Edição portuguesa com a ref: 80959 |
Se todo o álbum revelava uma energia e criatividade que parecia que o Rock
tinha perdido, ouça-se "Jungleland", a canção título era a que viria a dar
notoriedade internacional a Bruce Springsteen. Simplesmente uma grande canção.
O Rock podia estar moribundo mas não estava morto.
Bruce Springsteen - Born To Run
Canções que se ouviam no ano de 1975
Depois da separação em 1970 do duo Simon and Garfunkel, ambos seguiram carreiras a solo sendo a de Paul Simon particularmente bem sucedida. Concretamente os três álbuns que gravou na década de 70, "Paul Simon" (1972), "There Goes Rhymin' Simon" (1973) e "Still Crazy After All These Years" (1975) são do melhor que o autor e o Folk-Rock norte-americanos nos deixaram.
Não se confinando ao Folk ou ao Folk-Rock "Still Crazy After All These Years" representa uma evolução com aproximações musicais vindas do Jazz e até do Soul a que não terá sido indiferente os músicos que o acompanharam.
Um álbum de extrema beleza, sem pontos fracos dele saíram canções que ficaram para sempre no nosso ideário. Lembre-se o tema título, "50 Ways to Leave Your Lover", "Gone at Last" e ainda a pequena maravilha que é "My Little Town".
https://www.discogs.com/ - capa da edição portuguesa |
"My Little Town", escrita por Paul Simon teve a colaboração de Art Garfunkel,
a primeira desde o fim do duo, tendo a edição em Single surgido como Simon and Garfunkel, veja-se, por exemplo, a capa da edição portuguesa. "My Little Town"
entre o melhor que o ano de 1975 tem para recordar.
Paul Simon - My Little Town
Canções que se ouviam no ano de 1975
Tivesse James Taylor somente gravado "Sweet Baby James", o seu 2º LP publicado em 1970, e já teria sido suficiente para ficar na história do Folk-Rock. Um álbum fundamental. Não mais o igualou, mas nem por isso deixou de fazer belas canções algumas das quais se mantêm como boas referências da música popular daqueles tempos.
"Gorilla", o LP de 1975, é um trabalho bastante decente e de consolidação da sua carreira, é ainda hoje bem agradável de se ouvir e é nele que aparece "How Sweet It Is (To Be Loved By You)" a composição mais conhecida do álbum.
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"How Sweet It Is (To Be Loved By You)" não é um original de James Taylor,
embora a canção lhe encaixe tão que parece que é, mas sim dos
famosos Holland–Dozier–Holland equipa de sucesso da Motown da década
anterior. Escrita em 1964 foi originalmente gravada por Marvin Gaye não tendo
a graciosidade que a versão de James Taylor nos revela.
James Taylor - How Sweet It Is (To Be Loved By You)
Canções que se ouviam no ano de 1975
Em contraponto com os sons de Rock mais pesados dominantes no ano de 1975 e também das canções Pop medíocres que proliferavam pelos Top, a escolha de hoje vai para Judy Collins e para a canção "Send In The Clows".
Judy Collins, cantora Folk norte-americana ainda hoje com 82 anos em actividade, tinha em 1975 uma carreira já consagrada entre os mais prestigiados cantores populares. Com gravações efectuadas desde o início dos anos 60, "Judith" balança entre o Folk e o Pop orquestral e as composições oscilam bastante entre o imprescindível e o "passa-se bem sem".
Entre as primeiras encontram-se canções como "The Moon Is a Harsh Mistress", "Song for Duke" e "Send In The Clowns".
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"Send In The Clowns" é uma canção que foi escrita para o musical "A Little
Night Music" (1973) e que encontrou várias versões, sendo que, das que
conheço, o destaque maior vai para esta de Judy Collins.
Judy Collins - Send In The Clowns
Canções que se ouviam no ano de 1975
Bom, definitivamente a escolha de hoje não se enquadra neste tema "Canções que se ouviam no ano de 1975". Eu, pelo menos, não me recordo de a ouvir. Vai portanto à boleia dos seus ex-colegas de grupo John Lennon, Paul McCartney e George Harrison,
Ringo Starr era dos quatro o menos dotado em termos de composição e a sua voz também não apresentava características particularmente interessantes. apresentando mesmo algumas limitações. Não deixou por isso de continuar nas lides musicais após o fim dos The Beatles e de ter de imediato iniciado carreira a solo que ainda hoje se mantem.
Em 1975 não publicou nenhum novo álbum, mas já tinha quatro trabalhos editados, o último dos quais era "Goodnight Vienna" do ano anterior e do qual foram extraídos vários Singles.
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"Snookeroo" foi um deles e por cá foi editado em 1975. E apesar de "Snookeroo" ter sido composta pela dupla Elton John/Bernie Taupin não deixa de ser um tema desinteressante sem vontade de se repetir a audição.
De um álbum que vai de um Pop deslambido a um Rock insonso cada um aproveite o que puder, por mim prefiro fazer dieta.
Das canções que for ambém editadas em Single "You" foi a primeira, mas passou relativamente despercebida. Quantos se lembraram desta canção? "You" a revelar-se mesmo assim como o mais interessante que este álbum nos trazia.
Ringo Starr - Snookeroo
Canções que se ouviam no ano de 1975
Com "Listen To What The Man Said" de Paul McCartney entrei no limite do tema que tenho estado a desenvolver ou seja canções que andaram pelos pelos Top de vendas e como tal temas de que ouviam no ano de 1975, o mesmo acontece com a recordação de hoje, "You" de George Harrison. 1975 parecia mesmo um ano fatídico para os ex-Beatles com as respectivas gravações a não passarem dos limites do satisfatório. E na realidade os discos editados naquele ano pelos quatro músicos de Liverpool não se ouviram assim tanto, pelo menos cá passaram-me um pouco ao lado e diga-se não se perdeu muito.
Ouça-se "Extra Texture", o álbum publicado por George Harrison, e nenhuma sensação especial fica, trata-se de um disco descontraído mas que não satisfaz, não se fica saciado, sabe a pouco, para mais vindo de quem em 1970 tinha publicado "All Things Must Pass". Nada de relevante e até um pouco monótono.
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Das canções que foram também editadas em Single "You" foi a primeira, mas passou relativamente despercebida. Quantos se lembraram desta canção? "You" a revelar-se mesmo assim como o mais interessante que este álbum nos trazia.
George Harrison - You
Canções que se ouviam no ano de 1975
Talvez já o tenha dito, se sim volto a dizer, as expectativas em relação a Paul McCartney eram muito elevadas após o fim dos The Beatles. Pelo menos para mim eram, e a verdade é que nunca consegui uma verdadeira adesão à sua produção a solo ou com The Wings como a que tinha anteriormente. Problema meu, provavelmente, mas que hei-de eu fazer? o meu entusiasmo foi esmorecendo e não mais me convenceu. Vejamos o ano de 1975.
O ano de 1975 é o ano de "Venus and Mars", seguia-se a "Band on the Run" (1973) então muito bem recebido e talvez o seu melhor trabalho pós-Beatles, mas ficou bem distante deste. Na realidade parece um disco sem chama e que se prescinde com facilidade, não fica em nenhuma lista de discos a levar para uma ilha deserta.
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Vários Singles foram extraídos deste álbum o primeiro dos quais foi "Listen To
What The Man Said" e sendo assim vamos lá ouvir o que ele tem para dizer...
Paul McCartney - Listen To What The Man Said
Canções que se ouviam no ano de 1975
E em 1975 como estavam os ex-Beatles? Mal diria eu, The Beatles já tinham acabado, que não as suas influências, mas as carreiras dos 4 ex-Beatles já tinham tido dias melhores. E quase a contrariar este tema "Canções que se ouviam no ano de 1975" pouco se ouviam...
Começo com John Lennon. Talvez aquele que ainda melhor se apresentava. 1975 foi o ano de "Rock 'n' Roll", álbum de versões de canções dos primórdios do Rock'n'Roll e não me ficou no ouvido, mas ainda do ano anterior e do álbum anterior "Walls and Bridges", é publicado em Single "#9 Dream".
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Em "#9 Dream" estamos perante uma agradável, cativante e suave melodia, mais
uma bela composição de John Lennon, esta ainda a recordar outros tempos ainda
mais antigos.
John Lennon - #9 Dream
Canções que se ouviam no ano de 1975
Linda Ronstadt é uma cantora de Country-Rock norte-americana cujas primeiras gravações datam ainda dos anos 60. Sá a descobri já nos anos 70 nas colaborações que efectuou com outros artistas nomeadamente com Neil Young em gravações como "Harvest" (1972) e mais tarde em "American Stars 'n Bars" (1977). Para mim revelou-se a solo em 1974 com o LP "Heart Like a Wheel" que já o seu 5º trabalho e era, digo-o agora, a sua melhor gravação.
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"Heart Like a Wheel" era um disco muito equilibrado, muito agradável de se
ouvir com muito boas interpretações de algumas canções bem conhecidas
como "You Can Close Your Eyes" de James Taylor, "When Will I Be
Loved" dos Everly Brothers ou "Heart Like a Wheel" de Kate & Anna
McGarrigle. No entanto a canção que alcançou maior projeção foi "You're No
Good" que em 1975 andou pelas listas de Top.
Linda Ronstadt - You're No Good
Canções que se ouviam no ano de 1975
Janis Ian é uma cantora Folk norte-americana nascida em 1951 em que muito cedo se deu a conhecer ao mundo musical com a excelente canção "Society's Child (Baby I've Been Thinking)", gravou-a com apenas 14 anos e foi publicada em 1966. Já dela dei conhecimento e do facto do nosso programa "Em Órbita" dela ter feito eco ao classificar o seu 1º LP em 3º lugar, ex-aequo com os Peter, Paul and Mary, na lista dos melhores álbuns do ano.
De resto o seu sucesso na Europa foi infelizmente reduzido e merecia ter tido maior atenção e divulgação.
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A canção que melhor conheci, pelo que há-de ter tido uma razoável divulgação, é já do ano de 1975 e está entre o melhor que este ano nos deixou. Trata-se de "At Seventeen" e pertencia ao 7º álbum de estúdio "Between the Lines". A emoção e a qualidade da música doutros tempos que não se encontra hoje em dia, uma canção impossível para os tempos actuais? Sim, já não se encontram e esta mantem todas as sensações e excitação de então.
"I learned the truth at seventeenPS: