Teresa Paula Brito - Duele

  DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

E chego ao último dia do ano com a última passagem pelo nº 8 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" cuja última página era ocupada integralmente por um artigo sobre a Teresa Paula Brito.

No artigo, parte dele em entrevista à própria Teresa Paula Brito, apercebemos da carreira ziguezagueante que ela teve durante a década de 60, do comercial ao não comercial, do nacional cançonetismo à balada e ao seu gosto pelo Jazz, "Se tivesse nascido nos Estados Unidos teria sido cantora de jazz" afirmava.

Aquando deste artigo tinha sido editado o EP "Minha Senhora de Mim", o seu melhor trabalho para meu gosto, com três canções com a poesia de Maria Teresa Horta e a música de Nuno Filipe já se encontrando na totalidade neste blogue. Proponho para audição "Duele" que ela gravou depois de ter participado em 1967, em Cuba no Festival de la Cancion Popular dizendo ela: "Quando de lá vim trouxe uma canção que me havia deixado apaixonada e logo a gravei. Chamava-se «Duele»".

"Duele" pertencia ao EP "Quatro canções para fim de noite" editado em 1968, no original um bolero de 1964 de Vicentico Valdés, cantor popular cubano.



Teresa Paula Brito - Duele

Nirvana - Salutation, Construction

 DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

Para hoje o último disco que vinha na página de "Novos Discos" no jornal "DISCO MÚSICA & MODA" no seu nº 8  de 15 de Maio de 1971 e o disco era "Local Anaesthetic" dos Nirvana. Não, não eram os Nirvana de Kurt Cobain que esses só apareceram nos anos 80, mas sim um grupo de Rock do Reino Unido que existiu de 1965 a 1971.

Tratava-se na realidade de um duo que voltou a juntar-se em 1985 tendo mesmo processados os novos Nirvana pela utilização do mesmo nome. Ao que parece chegaram a acordo e ambos continuaram a designar-se Nirvana.

Estes Nirvana mais antigos, sem nunca alcançar o estrelato, filiavam-se na sonoridade da época de um Pop-Rock melódico onde se podem encontrar influências dos Procol Harum, The Moody Blues, The Kinks e também dos Love e The Beach Boys do outro lado do Atlântico. Foram percursores dos álbuns conceptuais e ao 4º LP, "Local Anaesthetic" de 1971, não fugiram os temas longos tão típicos no início dos anos 70. "Local Anaesthetic" é composto por dois temas "Modus Operandi" e "Home", este subdividido em 5 partes: "Salutation", "Construction", "Destruction", "Reconstruction" e "Fanfare".

Seguem as duas primeiras partes.

Nirvana - Salutation, Construction

Uriah Heep - Lady In Black

DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

Constituíram-se em 1969 e fico agora a saber pela página oficial que ainda existem e acabam de gravar um novo álbum, trata-se do grupo de Rock inglês Uriah Heep sendo que da formação inicial resta somente o guitarrista Mick Box.

Os Uriah Heep nunca estiveram na minha lista de preferências, talvez por isso seja hoje a primeira vez que os recupero, de qualquer modo tenho de dizer que eram melhores que muitos outros que por qualquer motivo já recordei. Lembro-me bem do primeiro LP "...Very 'Eavy ...Very 'Umble" (1970) e do Single que dele saiu "Gypsy", assim como dos álbuns "Demons and Wizards" e "The Magician's Birthday", os dois de 1972, que alguns amigos meus tinham e que me permitiu conhecê-los melhor.

Lendo agora a crítica que se encontra no nº 8 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" ao 2º LP dos Uriah Heep, "Salisbury" publicado em 1971, constato que também não deviam estar nas escolhas de João Filipe que os descreve com "falta de originalidade" e uma "flagrante semelhança" com os Deep Purple  "não só na sonoridade como também na maneira de interpretar e na própria maneira de compor". Mesmo assim "Salisbury" "representa um passo dado em frente desde a publicação do anterior [...Very 'Eavy ...Very 'Umble]".

"Lady In Black" foi a canção editada em Single e que hoje se recorda. Alguém se lembra?



Uriah Heep - Lady In Black

Iron Butterfly - Easy Rider (Let the Wind Pay the Way)

 DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

Os Iron Butterfly foram um grupo de Rock de sucesso mediano. Constituídos na segunda metade dos anos 60 tiveram a sua melhor formação nos anos de 1967 a 1969 período em que tiveram os seus dois discos de maior sucesso respectivamente "In-A-Gadda-Da-Vida" e "Ball".

Terminaram em 1971, após turné com os Yes, antes tinham editado um último LP, "Metamorphosis" de nome. Deste LP foi extraído um Single com as canções "Easy Rider (Let the Wind Pay the Way)" e "Soldier in Our Town" por esta ordem nos Estados Unidos e ordem contrária em Portugal.

Era este Single objecto de crítica no nº 8 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" e que pelos vistos não convenceu Hélio Xavier que escreveu: "... tanto «Soldier In the Town» como «Easy Rider», reafirma-se, não conseguem convencer; nem como que num virar para intenções mais comerciais por parte do grupo, pois nem sequer o seu apelo comercial é por aí além."

Depois de já termos ouvido "Soldier in Our Town", aquela que eu recordava melhor, é agora a vez de "Easy Rider (Let the Wind Pay the Way)".



Iron Butterfly - Easy Rider (Let the Wind Pay the Way)

Booker T and the MG - Melting Pot

DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

Começo hoje a recordação de quatro álbuns cujas críticas vinham publicadas no nº 8 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" de 15 de Maio de 1971, na secção "Novos Discos", o primeiro dos quais era "Melting Pot" dos Booker T and the MG.

Booker T and the MG era um grupo norte-americano com influências de Rhythm'n'Blues e Funk com relevância nos anos anos 60 e 70 onde se destacava a figura de Booker T. Jones nos teclados ainda hoje em actividade. Tratava-se de um grupo instrumental, o que não era muito comum, cujos temas mais conhecidos foram "Green Onions" (1962), "Hang 'Em High" (1968), "Time Is Tight" (1969) e "Melting Pot" (1971). 

"Melting Pot" é um belíssimo tema saído do álbum com o mesmo nome, o último com a formação clássica do grupo. Booket T. Jones, Steve Cropper, Donald Dunn e Al Jackson, oito minutos bem passados.

"Fazer música a sério é o seu lema e nada é por eles deixado ao acaso."



Booker T and the MG - Melting Pot

Archie Shepp - Rufus (Swung, his face at last to the wind, then his neck snapped)

DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

Como usualmente, o nº 8 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" dedicava uma página ao Jazz, o que não é de menorizar face à pouca divulgação que aquele género era alvo.

Neste nº dois textos, o primeiro noticiava uma sessão de Jazz organizada pelo Clube Universitário de jazz de Lisboa num Domingo à tarde, o segundo intitulava-se "Alguns Aspectos da «New Thing»" e é  o que nos interessa para hoje.

Ornette Coleman, Don Cherry, Cecil Taylor são alguns dos nomes que ocorrem quando ainda nos finais dos anos 50 elevam o Jazz a novos níveis, menos convencionais, e que vão privilegiar o momento e as emoções ou seja dando largo espaço a novas formas de improvisação. Rompia-se com a tradição e a vanguarda tomava designações como Free Jazz, New Music e New Thing.

Das origens africanas e e da música de combate nos fala o artigo escolhido e onde se refere a propósito da luta da população negra nos Estados Unidos: "A luta directa que se vem travando, dia a dia, nas ruas americanas, não podia efectivamente deixar indiferentes aqueles que têm a seu cargo a incumbência de criar a revelar ao mundo a música que é afinal a expressão mais representativa do seu povo." e mais adiante "Para Archie Shepp o saxofone-tenor será a sua metralhadora: a propósito da composição da sua autoria «Rufus - Swung, His Face At Last To The Wind Then His Neck Snapped» que pretende falar-nos do linchamento de um negro, Shepp declarou: «Tentei usar a estrutura desta peça como uma espécie de projéctil lançado na sua própria substância emocional.»"

É com este tema de Archie Shepp, actualmente com 84 anos, que ficamos, pertence ao LP "Four For Train" de 1964, as outras quatro faixas do disco são como o nome indica de John Coltrane.



Archie Shepp - Rufus (Swung, his face at last to the wind, then his neck snapped)

T. Rex - Ride A White Swan

  DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

Em 1971 já não eram Tyrannosaurus Rex mas somente T. Rex, o Folk de cariz psicadélico ficava para trás e dava lugar ao Rock simples e directo que derivaria rapidamente no Glam-Rock.

Destas mudanças musicais e de nome nos dá conta o artigo, somente com o título "T. Rex", que vinha publicado neste nº 8 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" que continuo a recuperar. Foi nesta altura que o mundo deu conta dos T. Rex com o sucesso que foi "Hot Love" que bem se ouvia na nossa rádio. Mas já antes o prenuncio do sucesso se fazia antever com "Ride A White Swan" que por cá passou despercebida e que actualmente é tida como a primeira gravação do chamado Glam-Rock.

Marc Bolan (1947-1977) foi figura pioneira no que se designou por Glam-Rock e os T. Rex o grupo que serviu de veículo para as suas composições. "Ride A White Swan" era uma delas.



T. Rex - Ride A White Swan

Luís Romão - Cavalgando meu País

 DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

Depois de no nº 5 de 1 de Abril de 1971 o jornal "DISCO MÚSICA & MODA" ter revelado o nome de Luís Romão num artigo em que se dava conta da renovação da etiqueta "Alvorada" tendo em vista o lançamento de nomes novos na música portuguesa tão sedenta de renovação, eis que neste nº 8 a 15 de Maio, o jornal dedica artigo completo àquele artista com o título "Luís Romão - Lançado para a Música Nova".

Embora o artigo revelasse esperanças neste nova proposta da música portuguesa tendo em vista a "... recuperação de muitos anos de mediocridade consentida e alimentada" juntando "Ao renascer da palavra, poética e activa, nas letras das baladas..." "...a riqueza melódica e rítmica da música bem composta, e talvez melhor, orquestrada", não foi, digo eu, com este disco que a renovação se efectuou. Muito longe disso, na realidade "Cavalgando meu País" não passava de mais uma cançoneta bem comercial e destituída de interesse. A renovação, melhor dizendo, uma verdadeira revolução na nossa música popular iria ocorrer mas era preciso esperar pelo final do ano.



Luís Romão - Cavalgando meu País

Aretha Franklin - Respect

  DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

A notoriedade da música negra no início dos anos 70 era bem patente no nº 8 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" não só com uma página dedicada a Freda Payne como ainda num conjunto de notícias tipo "noticiário" que hoje recupero e que evidenciavam a relevância que, em particular a música Soul, representava no panorama musical internacional.

E eram várias as notícias que davam conta da actividade de alguns músicos da música negra, alguns bem conhecidos, assim ficava-se a saber, por exemplo, que Freda Payne, Eddie Floyd, Buddy Miles e B. B. King vinham actuar a Inglaterra. Ray Charles ia editar um álbum novo de nome "Volcanic Action of My Soul" e Aretha Franklin iria publicar o seu 3º LP ao vivo, "Aretha Live at Fillmore West". Os Jackson 5, após se terem tornado famosos, veem reeditados algumas canções parece que mau gosto como ""We Don't Have to Be Over 21 (To Fall in Love)", James Brown abandonou um espectáculo por falta de público e de ambiente. O duo Sam and Dave, depois de uma curta separação, iam voltara a juntar-se e ainda alguns novos discos de, entre outros, Stevie Wonder, Dionne Warwick, Little Richard, Wilson Pickett, Fifth Dimension, Booker T and the MG e Diana Ross.

Recorda-se agora "Respect", uma canção de Otis Redding, na voz de Aretha Franklin ao vivo no Fillmore West, era a abertura do espectáculo.



Aretha Franklin - Respect

Curved Air - Vivaldi

 DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

A evolução do Rock, primeiro Rock'n'Roll, rapidamente absorveu influências de outros géneros, foi do Jazz, do Folk e também da música Clássica que não ficou de fora. Diz-se que jovens músicos com formação clássica e com dificuldades de emprego, terão enveredado pela formação de grupos de Rock e que consequentemente a sua formação se fizesse sentir no contexto Rock, é o caso que hoje recordo.

Foram várias as experiências que se notabilizaram ainda nos anos 60 mas fundamentalmente na década de 70, uma delas é a constante no texto que retiro do nº 8 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA". "O Violino Eléctrico e o Resto dos Curved Air" era o artigo que dava a conhecer o grupo inglês Curved Air formado no ano anterior.

Os Curved Air seriam um dos primeiros grupos de Rock Progressivo formados na década de 70 mas que não lograram o sucesso de outros grupos congéneres da época. À semelhança de outros, quando se tinha a sorte de se ouvir alguma música deles, eram bem reconhecíveis, destacava-se o violino eléctrico, então tão invulgar, de Darryl Way e a bonita voz, de origem Folk, de Sonja Kristina.

Estavam ainda no 1º LP "Air Conditioning" e nele era notório o virtuosismo de Darryl Way aqui patente na composição, somente instrumental, por ele composta "Vivaldi".



Curved Air - Vivaldi

Freda Payne - Band of Gold

DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

Para hoje uma cantora pouco conhecida, diria mesmo muito pouco conhecida pelo menos por cá. Trata-se de Freda Payne cantora negra norte-americana actualmente com 79 anos que e ainda este ano lançou um novo álbum de duetos de Jazz tradicional, "Let There Be Love". E acreditem, muito bom.

Por vezes são boas as recordações que vou fazendo com a ajuda de artigos publicados em jornais antigos, como é o caso deste nº 8 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA", pois permite, pelo a menos a mim, descobrir ou redescobrir nomes que não mais teria oportunidade de o fazer. É, mais uma vez, o caso de hoje.

Começou a carreira com gravações de standards de Jazz, mas no final da década inflectia para o Pop, o Soul e o Rhythm'n'Blues tendo em 1970 o seu maior êxito com a canção e álbum com o mesmo nome "Band of Gold", alguém se lembra? Pois para mim estava completamente esquecida e foi mais uma agradável surpresa a sua audição. Bons tempos em que a tão refrescante música Pop negra dava cartas e concorria nas tabelas de êxitos.

"A descoberta mais valiosa e excitante de 1970, foi sem dúvida alguma Freda Payne", assim começa o artigo, poderá não ter sido a descoberta mais valiosa mas que vale a pena a sua audição isso sem dúvida. Para começar fica então "Band of Gold".



Freda Payne - Band of Gold

The Beatles - Get Back

DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

"Beatles: Individualização Estruturada ou Estruturação Individualizada?", eis a questão que era colocada em título nas páginas centrais do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" no seu nº 8 em Maio de 1971.

The Beatles tinham terminado no ano anterior e no ar andavam ainda os sons de "Let It Be" e a final "The Long and Winding Road" mas os caminho diferentes que cada um tomariam também se evidenciavam. De resto o artigo de António Brito e Cunha bem o indicia e lança várias questões. A individualização começou em 1967 com "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" (1967) e depois de terem deixado de tocar ao vivo? Coincidentemente a morte de Brian Epstein em 1967 foi um ponto de viragem na música dos The Beatles? As namoradas, principalmente Yoko Ono mas também Linda Eastman, tiveram influência no crescimento de John Lennon e Paul McCartney e consequentemente o desejo de percorrerem novos caminhos separados? E o misticismo de George Harrison e a influência que a música indiana nele teve não ajudaram no desbravar de novas sonoridades e a necessidade deste ter maior espaço na composição das canções genericamente assinadas Lennon/McCartney? E já agora, Ringo Starr, o menos activo apesar da apetência que começou a manifestar pelo cinema, liberto não manifestou também as suas potencialidades em gravações de sucesso no início dos anos 70?

Logo após o anúncio oficial da separação dos The Beatles era lançado o último álbum de originais do grupo, "Let It Be", sendo a última faixa do disco a canção "Get Back", anteriormente editada em Single em 1969, mas agora com uma mistura diferente sendo audíveis as vozes de John Lennon e Paul McCartney no início e fim da música. E agora como se estivéssemos em 1970...



The Beatles - Get Back

Tom Paxton - The Last Thing on My Mind

  DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

É sempre bom o dia em que lembro aqui alguém pela primeira vez, é o caso de hoje com o cantor e autor norte-americano Tom Paxton. Para o efeito serve de pretexto o longo artigo publicado no nº 8 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" intitulado "Tom Paxton - A Canção da Outra América" onde, com algum pormenor, se fica a conhecer o percurso de Tom Paxton então com 33 anos, era mais um cantor Folk, ao lado de Bob Dylan e Pete Seeger, a alinhar na canção de protesto que tão bem caracterizou a década de 60.

Tom Paxton, à data deste artigo, não era por cá dos cantores mais conhecidos e seria muito pouco divulgado, mesmo assim lembro-me da primeira canção que dele conheci, a extraordinária "I Had To Shoot That Rabbit" do álbum de 1971 "How Come The Sun".

Entretanto terei conhecido outras canções dele, muito provavelmente em primeira mão em versões doutros artistas como Joan Baez, Judy Collins, Sandy Denny, Peter, Paul and Mary e tantos outros que o interpretaram. A canção que escolhi para hoje é "The Last Thing on My Mind" e é um desses casos, pertencia ao primeiro álbum de estúdio e foi editado em 1964. Em 1965 Tom Paxton esteve dois meses em Londres onde actuou em clubes onde actuavam também os americanos Paul Simon e Jackson C. Frank. Terá sido então que Sandy Denny a terá conhecido e incluído no álbum "Sandy and Johnny" (de Sandy Denny And Johnny Silvo)  em 1967. Terá sido esta que primeiro conheci, mas hoje é de Tom Paxton que se trata, aqui vai.



Tom Paxton - The Last Thing on My Mind

The New Seekers - What Have They Done to My Song, Ma?

 DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

Não cheguei a conhecer The Seekers, conheci The New Seekers constituídos por Keith Potger em 1969 após o fim daqueles. Grupo Pop, vocal por excelência, deixaram umas tantas canções muito bem interpretadas e de sucesso rápido, a meio da década de 70 não mais ouvi falar deles.

Mais do que um conjunto de originais, primaram por versões de músicos e canções bem conhecidas, de por exemplo Joni Mitchell, Bob Dylan, Melanie e Randy Newman.

É da sua formação que o texto de Tito Lívio, editado no nº 8 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA", nos dá conta relevando o primeiro sucesso do grupo na versão de "What Have They Done to My Song, Ma?" da Melanie. 

Na verdade, como é dito no texto, a versão dos The New Seekers possui "... um estupendo e inteligente arranjo de vozes" mas perde "... em vigor e intencionalidade devido a um certo adocicamento e maior facilidade interpretativa musical". Como o original já consta neste blogue podem comparar e cada um  tirar as suas conclusões.



The New Seekers - What Have They Done to My Song, Ma?

Creedence Clearwater Revival - Sweet Hitch Hiker

DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

Em 1971 os Creedence Clearwater Revival "entraram em crise. Tinham cativado largas camadas de gostos diferenciados da música popular ao editar em apenas três anos (1968-1970) seis álbuns que puseram a juventude a cantar e a dançar o bom velho Rock tradicional com apontamentos do Blues e do Country. Eu diria que estavam esgotados.

Recorro a mais um pequeno texto que se encontrava no nº 8 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" sob a designação "Iniciativas Individuais de Creedence Clearwater Revival". Nele ficamos a saber que Tom Fogerty tinha saído do grupo, que se mantinha como trio, e se preparava para o primeiro disco a solo. "Entretanto, John, Stu e Dong estiveram ocupados nos últimos tempos com a produção de novos discos, precisamente um álbum em que surgem como trio e com projectos individuais", lia-se.

Esse álbum de nome "Mardi Gras"  viu a luz do dia em 1972 ficou a léguas de distância dos anteriores  e seria o ponto final do grupo que com a sua simplicidade, honestidade e muita energia nos deu tantas alegrias.

"Sweet Hitch Hiker" ainda procurava manter a chama de sucessos anteriores mas não o conseguiu e já poucos se devem lembrar dela.



Creedence Clearwater Revival - Sweet Hitch Hiker

The Johnstons - If I Could

  DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

O Pop, o Rock, o Rock Progressivo e o Hard Rock eram dominantes no início dos anos 70, mas também, embora não tão divulgado, as experiências do Folk em fusão com o Rock tiveram então um período de ouro, em particular o oriundo das ilhas britânicas.

Conseguia-se ouvir alguma da música então praticada no que se convencionou designar por Folk-Rock, mas era preciso estar muito atento e saber onde o ouvir. Lá consegui descobrir os Fairport Convention, talvez os mais divulgados, os Fotheringay, depois os Steeleye Span, os Magna Carta e poucos mais. Muitos ficaram por conhecer e só o meu gosto por este género é que me tem permito recuperar al longo dos anos aquilo que devia ter tido a devida divulgação a seu devido tempo. Espero um dia ter tempo para abrir um tema dedicado ao Folk-Rock oriundo da Grã-Bretanha, no entretanto aqui vou divulgando alguma dessa música perdida no tempo seja qual for o motivo, é o caso de hoje.

Um pequeno texto no nº 8 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" que passava quase despercebido intitulado simplesmente "Folk" dava conta de alguns novos álbuns ditos Folk onde aparecia Aly Bain, fundador dos The Boys of the Lough que tive o prazer de ver ao vivo em 1995 e também esse nome maior do Folk-Rock que foi Bert Jansch com o LP "Rosemary Lane". Mas este pequeno texto era dedicado aos The Johnstons grupo irlandês. que eu desconheci por muito tempo. formado no início dos anos 60 por Adrienne, Lucy e Michael Johnston tendo estes dois últimos sido depois substituídos por Paul Brady e Mick Maloney, tiveram algum reconhecimento nos estados Unidos onde actuaram em 1971 após a edição da versão de "Both Sides Now".

O texto refere o então mais recente álbum "Colours of the Dawn" onde vou buscar a canção "If I Could" que momentaneamente me fez lembrar os Magna Carta.



The Johnstons - If I Could

Mott The Hoople - No Wheels to Ride

 DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

A verdade é esta, só conheci a música dos ingleses Mott The Hoople por volta de 1972/1973 com a canção "All the Young Dudes" composta por David Bowie para o grupo e que lhes deu alguma popularidade.

Apesar de se terem constituído em 1969 e "All the Young Dudes", o álbum, ser já o quinto, não tinham ainda conhecido o sucesso e encontravam-se até à beira do fim.

Na realidade, o primeiro contacto que tive com este grupo conotado com o Glam-Rock terá sido com o texto "Mott The Hoople: Uma Sonoridade Agressiva" que vinha publicado no jornal "DISCO MÚSICA & MODA" na sua edição nº 8 estávamos em Maio de 1971. E nele se fica com uma ideia diferente, não parecia um grupo em declínio mas sim em ascensão: "Desde esse dia 8 de Julho [1969], os «Mott the Hoople» têm vindo a afirmar-se como um dos grupos de futuro mais promissor na Grã-Bretanha, e o seu sucesso é dos mais estáveis, precisamente por ser dos que vão sendo construídos à custa de muito e cuidado trabalho, de segurança adquirida através de bem sucedidas experiências e de correcção dos inevitáveis erros que sempre surgem, quando o objectivo é a procura de um caminho certo."

O único tema dos Mott The Hoople referido no texto é a canção "No Wheels to Ride", "...feita praticamente sem preparação prévia..." e "... que varia de um quase completo silêncio ao som mais pesado e completamente cheio."

Falta dizer "No Wheels to Ride" pertencia ao segundo LP, "Mad Shadows" de 1970.



Mott The Hoople - No Wheels to Ride

Cat Stevens - Miles From Nowhere

DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

Tinha 13, 14 anos quando fiquei rendido a Cat Stevens ao ouvir "Lady D'Arbanville", sem saber eu que era o mesmo de "Matthew & Son". Do percurso de Cat Stevens de 1967 a 1971 nos é dado conhecimento através do artigo de Arnaldo Jorge Silve publicado a 15 de Maio de 1971 no jornal "DISCO MÚSICA & MODA" e que reproduzo de seguida.

Em 1971, longe iam os tempos da promessa que tinha sido "Matthew & Son", estávamos na presença de um amadurecido Cat Stevens recuperado de longa doença pneumónica e revitalizado com o excelente "Mona Bona Jakon" (1970), tinha chegado a altura da sua consagração com uma música Pop recheada de Folk-Rock e tal começou a acontecer com o, rapidamente consagrado, "Tea For the Tillerman".

Poucos discos haverá onde praticamente todas as canções passaram na rádio e nos ficaram na memória. mesmo, como eu, só ter adquirido o disco em CD muitos anos mais tarde.

Aos 22 anos Cat Stevens escrevia um dos melhores discos da sua carreira e dele recordo mais uma canção, é a vez de "Miles From Nowhere".



Cat Stevens - Miles From Nowhere

Steppenwolf - Magic Carpet Ride

 DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

"Steppenwolf e a Violência - A Música e o Compromisso" eis o título do artigo que vinha publicado no jornal "DISCO MÚSICA & MODA" e que serve de base para o Regresso ao Passado de hoje.  Steppenwolf era o grupo em causa o qual "Entre nós o seu desconhecimento é quase total, quer por parte do público, quer da rádio", dizia Hélio Sousa Dias. Pudera, se não fosse a rádio como é que se podia conhecer a música deste grupo americano da longínqua Califórnia.

Mesmo assim, e apesar de não me recordar de ver os discos dos Steppenwolf à venda, não eram totalmente desconhecidos, pelo menos recordo-me de "Born To Be Wild", provavelmente pelo sucesso que teve no filme "Easy Rider".

À época considerados um grupo violento, pese as manifestações anti-droga de algumas das canções, eram um grupo de Rock Psicadélico bem conotados com o som da West Coast do final dos anos 60. Vendo bem, se os álbuns não eram muito conhecidos, algumas canções tinham com certeza divulgação por cá, pois lembro-me não só de "Born To Be Wild" como também de "Magic Carpet Ride" ou ainda de "For Ladies Only" já em 1971.

"Magic Carpet Ride" pertencia ao segundo LP, "The Second" (1968), e é mais uma oportunidade de lembrar a boa música que naqueles anos se praticava, mesmo a mais audível e comercial. Na senda de "Born To Be Wild", "Magic Carpet Ride" é "ainda a chamada à aventura, à viagem fantástica (antes de mota, agora de tapete voador), como que numa evasão ao mundo circundante, uma fuga cada vez mais penosa, pelo choque constante com uma realidade pouco convidativa", no dizer do artigo.



Steppenwolf - Magic Carpet Ride

Melanie - Birthday of the Sun

DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

Constato, por Regresso ao Passado anteriores, que Melanie era uma artista bem divulgada na imprensa nacional dedicada à divulgação musical. Hoje continuo com mais um artigo sobre a Melanie, desta vez publicado no nº 8 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA".

Não sei onde é que o jornal desencantou o artigo intitulado "Melanie Por Ela Própria" que consta, efectivamente de um texto escrito na primeira pessoa pelo que vala a pena ser lido, mas fazendo um desconto grande à qualidade da tradução, fosse nos tempos actuais e diria que foi feito com a ajuda do tradutor do Google.

1971 é o ano da edição de "Song Book" donde saiu a conhecida "Nickel Song", mas, para mim, "Song Book" já não tinha o encanto de álbuns anteriores, particularmente "Candles In The Wind", mesmo assim ainda continha canções com a magia de por exemplo "Birthday of the Sun" que Melanie tinha interpretado em Woodstock em 1969. Ei-la!



Melanie - Birthday of the Sun

Dawn - Knock Three Times

  DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

Para terminar as tabelas de vendas publicadas neste nº 8 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA", falta referir os 10 mais vendidos Single em Inglaterra. Uma lista relativamente pobre com uma boa dose de canções de características bem Pop, cantaroláveis e de fácil memorização. A minha preferência ia para "Walkin" dos CCS e, vá lá, para "Brown Sugar", "Hot Love" e "Love Story" todas elas já aqui anteriormente lembradas.

Assim sendo a escolha de hoje vai recair sobre a bem comercial "Knock Three Times" dos americanos Dawn.

Dawn, depois Tony Orlando and Dawn, tiveram grande sucesso comercial na primeira metade da década de 70 com canções como "Candida", "Tie a Yellow Ribbon Round the Ole Oak Tree", "He Don't Love You (Like I Love You)" e esta "Knock Three Times" provavelmente a mais conhecida.

Para uma ocasião bem festiva aqui vai "Knock Three Times".

Dawn - Knock Three Times

The Bells - Stay Awhile

 DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

Sigo com as tabelas de vendas que vinham publicadas no nº 8 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA", para hoje a tabela de Singles dos Estados Unidos com os 10 primeiros lugares. Nota-se que as tabelas de Singles normalmente correspondem a êxitos mais ou menos circunstanciais, alguns ouviram-se naquele ano e não mais se ouviram ou ficaram sequer na nossa memória. É o caso de hoje que já não me lembrava de todo.

Sete das dez canções já são possíveis de encontrar em Regresso ao Passado anteriores, vou, pois, para a primeira que ainda não divulguei, "Stay Awhile" pelo grupo The Bells.

The Bells, grupo Pop-Rock canadiano, anteriormente The Five Bells, tiveram o maior sucesso com a canção "Stay Awhile", 4 milhões de discos vendidos de acordo com a wikipédia, mas não lograram perdurar no tempo tendo terminado em 1974.

Sem deslumbrar aqui fica mais uma memória de outros tempos.

The Bells - Stay Awhile

Isaac Hayes - Walk On By

DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

"The Isaac Hayes Movement" (1970), "...To Be Continued" (1970) e "Shaft" (1971) foram os discos de Isaac Hayes que eu melhor conheci. E que me fizeram olhar, melhor ouvir, a música Soul com outros ouvidos. O Soul não era somente as canções de sucesso de três minutos de Aretha Franklin, Percy Sledge, Sam Cooke e The Temptations mas algo mais elaborado, sem limites de tempo, que tinha em Isaac Hayes um dos principais e melhores autores.

Isto vem a propósito da lista dos 10 álbuns mais vendidos em Portugal publicada no nº 8 do jornal "DISCO MÚSICA & MODA" onde encontro o álbum "Hot Buttered Soul" de Isaac Hayes com entrada directa para 8º lugar. É o primeiro da lista que eu ainda, de algum modo, ainda não tinha recordado e que motiva este Regresso ao Passado. Mas antes não posso de deixar de referir mais uma vez a qualidade dos 10 álbuns mais vendidos em Portugal, é na realidade surpreendente. Qualquer comparação com a realidade actual não deve ter, provavelmente, qualquer ponto de contacto.

A boa recepção dos 2 LP de 1970 devem ter levado as editoras a repescar "Hot Buttered Soul" de 1969 e a editá-lo em Portugal o que terá sido justificado com esta entrada directa. O álbum é composto por 4 únicas canções de longa duração feito em tempos em que havia tempo para as ouvir, começa com "Walk On By" uma música de Burt Bacharach e primeiramente editada na voz de Dionne Warwick em 1964. Isaac Hayes leva-a muito mais longe, arranjem 12 minutos que não os vão dar por perdidos.



Isaac Hayes - Walk On By

Iron Butterfly - Soldier In Our Town

 DISCO MÚSICA & MODA, nº 8 de 15 de Maio de 1971

Estamos em Maio de 1971, tinha eu então 14 anos e existiam pelo menos três publicações de divulgação musical que eu comprava e lia avidamente, o "mundo da canção", o "DISCO MÚSICA & MODA" e "a memória do elefante".

Era um verdadeiro boom na imprensa escrita dedicada à nova música que a juventude em rotura com o sistema político e social da época procurava e consumia ansiosamente em busca de novidades.

A 15 de Maio de 1971 saía para as ruas o nº 8 do jornal quinzenal "DISCO MÚSICA & MODA" que começo hoje a recordar. Começando pela capa que desta vez se dividia por fotos da Melanie. da Teresa Paula Brito, "Alguns Aspectos da New Thing" e The Beatles com chamada para o texto "Individualização Estruturada ou Estruturação individualizada?". As quatro referências eram desenvolvidas no interior, lá chegarei.

Na segunda página, o que interessava eram as várias listagens dos Top nacional, Estados Unidos e Inglaterra. É por elas que começo e em primeiro o Top 20 de Singles em Portugal. 

Nesta tabela constata-se que é um verdadeiro mix entre temas deveras interessantes e outros redundantemente comerciais, a começar pelo primeiro lugar a versão Pop do movimento mais conhecido da Sinfonia nº 40 de Mozart feita pelo compositor argentino Waldo de los Rios. Muitas das outras já podem encontrá-las noutros Regresso ao Passado, mas aquela que me chamou a a tenção foi a entrada directa dos Iron Butterfly com "Soldier In Our Town" para o 14º lugar.

Iron Butterfly não era um daqueles grupos super conhecidos e que frequentassem os lugares cimeiros das tabelas de vendas daí a minha surpresa, quanto a "Soldier In Our Town" já não a ouvia provavelmente deste 1971 quando foi editada em Single no mercado português. Aqui fica esta agradável recordação tanto mais que é um grupo que merecia maior divulgação e que é praticamente ignorada quando se referem aqueles anos do Rock.

Iron Butterfly - Soldier In Our Town

The Bunch – When I Will Be Loved

Raridades

Volto hoje aos The Bunch e ao álbum "Rock On". Ou melhor às sessões de gravação de "Rock On".

Estamos no final de 1971, os Fotheringay já tinham terminado e os Fairport Convention estavam desfalcados primeiro de Sandy Denny e depois de Richard Thompson. A ideia partiu de Trevor Lucas ao ver um concerto dos Fairport Convention a 27 de Novembro de 1971 no Rainbow Theater quando no encore do concerto Sandy e Richard se juntam aos Fairport Convention para um conjunto de canções de Rock'n'Roll. Em final de 1971 encontram-se todos nos estúdios Manor recém criados por Richard Bronson onde em alegre convivência se concretiza a ideia de Trevor Lucas: músicos Folk tocam temas de Rock'n'Roll. Assim nasceu The Bunch e o único álbum "Rock On".

Sandy Denny canta em 5 faixas: "That'll Be the Day", "Love's Made a Fool of You", "Willie and the Hand Jive", "When Will I Be Loved" e "Learning the Game". Em "When Will I Be Loved", canção dos The Everly Brothers de 1960, canta em dueto com Linda Peters (em 1972 Linda Thompson), para mim a melhor faixa do álbum.

Caixa compilação de 8 CD de 2020 com a ref: UMC 7768997

Em 2020 é publicada a caixa de 8 CD, "Hard Luck Stories (1972 - 1982)" com a discografia original e aumentada de Richard and Linda Thompson e é nela que consta a escolha de hoje, a demo original de "When Will I Be Loved".



The Bunch – When I Will Be Loved (Demo)

Robert Wyatt - Free Will And Testament

 Raridades

No espaço de poucos dias volto à compilação "eps" de Robert Wyatt de 1999, primeiro a pretexto do tema "Grandes Versões" e hoje para dar continuidade a estas "Raridades". Relembro que "eps" é uma caixa de 5 CD de curta duração, média de 20 minutos, composta por temas de várias fases (de 1974 a 1998) da carreira de Robert Wyatt contendo edições em Single, versões alternativas e remixes.

Hoje, o interesse vai para o 5º CD composto por 4 temas todos eles com origem no álbum "Shleep".

Edição Hannibal do Reino Unido. com ref: HNCD 1440 - 5º CD

"Shleep" é um extraordinário álbum de Robert Wyatt de 1977 que contou entre outros com os ex-Roxy Music Brian Eno e Phil Manzarena e o ex-Jam Paul Weller. Um disco a fazer jus ao renome que entretanto Robert Wyatt foi ganhando como uma das figuras mais respeitadas da música de vanguarda de origem em Canterbury (The Canterbury Sound).

São do próprio Robert Wyatt as seguintes palavras: "... although these four remixes were done even before I'd finished recording, it was only when 'Shleep' was mixed, mastered and manufactured that I could bring myself to listen to the remixes. I was afraid of feeling hopelessly challenged by my archaic inadequacy in the face of modern conputerised know-how; of being so demoralised that I woudn't be able to enjoy the adventure of my own evental mixes. Pathetic really, when you think about it."

Não sendo eu grande fã de remixes, muitas vezes repletos de electrónica, não aderi facilmente a estas versões as quais não ouço com frequência. De qualquer modo aqui fica este remixe de "Free Will And Testament".



Robert Wyatt - Free Will And Testament

Van Morrison - Vanlose Stairway

  Raridades

Se está no Youtube já não é uma raridade. Se for esta a lógica provavelmente tudo o que publiquei sobre o tema "Raridades" não o é. É também o caso de hoje com Van Morrison (Já agora veja-se no Youtube a versão recente (09/11/2021) de "Ballerina" com os seus 12 minutos ao vivo na Real World Studios em Bath, Inglaterra). 

Van Morrison é um resistente e é um sobrevivente dos anos 60, poucos chegaram a 2021 com a qualidade e interesse que a música de Van Morrison mantem. Eu sei, eu sei que o factor "novidade" já não existe, mas, mesmo assim, qualquer disco novo de Van Morrison é melhor que boa parte da música hoje produzida.

Não é o caso de hoje, pois vamos recuar no tempo para o ano de 1982 e para um disco que não consta na sua discografia oficial. 

Edição europeia em CD com a ref: GSCD 1105

"Live In Essen, 1982" é um registo ao vivo de um concerto de Van Morrison na cidade alemã de Essen a 4 de Abril de 1982 e adquiri-o já não sei quando nem aonde. Mais uma vez temos de fazer um desconto da qualidade sonora pelo que o disco só se recomenda para fãs incorrigíveis de Van Morrison.

1982 foi o ano da edição do LP " Beautiful Vision" onde constavam temas como "Celtic Ray", "Northern Muse", "Dweller on the Threshold", "She Gives Me Religion", "Cleaning Windows", "Vanlose Stairway" e "Scandinavia", todos eles tocados neste concerto.

Segue "Vanlose Stairway" uma das canções mais tocadas ao vivo por Van Morrison.



Van Morrison - Vanlose Stairway

Neil Young - Powderfinger

 Raridades

Com 76 anos Neil Young mantêm em 2021 uma actividade musical assinalável quer na publicação de novos álbuns quer na edição dos seus arquivos que parecem infindáveis. "Performence Series", "Official Bootleg Series", "Official Release Series", "Special Release Series" são algumas das divisões em que os arquivos de Neil Young estão organizados.

Tenho seguido com atenção estas edições, regra geral com uma qualidade sonora assinalável como Neil Young já nos habituou, e, para hoje, lembrei-me da "Special Release Series" onde constam, até agora, três CD "Homegrown", "Hitchhiker", 2 discos não editados a seu tempo, e a música do filme "Paradox".

"Hitchhiker" gravado em 1976 só viu a luz do dia em 2017 e sendo o Volume 05 da série foi o primeiro a ser publicado. Constituído por 10 canções a maior parte delas foram publicadas, mas com novas roupagens, em discos como "American Stars 'n Bars" (1977), "Comes a Time" (1978), "Rust Never Sleeps" (1979), "Hawks & Doves" (1980).

 Neil Young Archives Special Release Series – Disc 5 (Edição Europeia em CD de 8 de Setembro de 2017, Ref: 9362-49113-8)

"Pocahontas" é uma bem conhecida canção de Neil Young primeiramente publicada em "Rust Never Sleeps" no lado eléctrico e ao vivo do álbum com o acompanhamento dos Crazy Horses. Seria alvo de outras  edições quer em versão elétcrica, por exemplo nos álbuns ao vivo "Live Rust" (1979) e "Weld" (1991),

Conforme as fontes a primeira gravação de "Powderfinger" terá ocorrido em Setembro de 1975 ou Agosto de 1976 no Indigo Ranch Recording Studio, oficialmente a sua edição só teve lugar em 2017 no álbum acústico perdido "Hitchhiker".

"Powderfinger", uma das melhores canções de Neil Young, é só escolher a versão.



Neil Young - Powderfinger

Tim Hardin - Lenny's Tune

Raridades

Em 1967 Nico gravou e editou o primeiro álbum a solo "Chelsea Girl", um grande disco fora do seu tempo assim como tinha sido a sua participação no primeiro e seminal álbum dos The Velvet Underground. O álbum era composto por canções de Jackson Browne, de Lou Reed, John Cale, uma de Bob Dylan e terminava com "Eulogy To Lenny Bruce" de Tim Hardin.

Um disco sublime que eu tanto admirei e admiro e que procurei ao longo dos anos conhecer em versões dos seus autores tão perfeitas que pareciam ser na voz de Nico. Entre elas a referida "Eulogy To Lenny Bruce" que só muito tarde vim a conhecer.

Edição australiana em CD com a ref: RVCD-332

Primeiro não a encontrei em nenhum álbum de estúdio de Tim Hardin, depois acabei por a descobrir no 3º álbum "Live In Concert" (1968), que não me recordo de o ver à venda em Portugal,  sob o nome "Lenny's Tune". Na realidade acabei por a ouvir somente quando adquiri a edição em CD dos dois primeiros LP, "Tim Hardin 1 / Tim Hardim 2" e onde constava como "Bonus Track".

"Lenny's Tune" foi escrita em memória a Lenny Bruce (1925-1966) comediante norte-americano e amigo de Tim Hardin.



Tim Hardin - Lenny's Tune

Richard Thompson – Hey Joe

  Raridades

Para hoje um disco que não será dos mais fáceis de encontrar dado ser uma edição não oficial de um concerto, ou parte dele, de Richard Thompson decorria o ano de 1988.

É sabido que existe um conjunto de discos "bootleg" que passaram a "Official bootleg" e que estão disponíveis na página oficial do próprio Richard Thompson o que não é o caso de hoje. Trata-se de um CD intitulado "Live at Toad's Place New Haven, Ct, August 4, 1988" e que adquiri há já muitos anos numa feira de discos no Porto.

Mesmo não sendo sempre a qualidade do som a ideal, este álbum é justificado para os fãs de Richard Thompson preparados para ceder um pouco na exigência sonora mas beneficiarem de mais um concerto onde, por exemplo, se tem a oportunidade de ouvir "Hey Joe".

Edição italiana de 1994, sem editora ref: BLY 002

"Hey Joe" foi uma canção que conheceu o seu maior sucesso na interpretação de Jimi Hendrix em 1966 não sendo fácil dele desligá-la. Não a a conheço na discografia oficial de Richard Thompson pelo que aqui fica esta raridade: "Hey Joe" por Richard Thompson. A faixa consta como "Bonus Track" no referido CD mas gravada em The Palms, Davis, California, a 11 de Outubro de 1988.



Richard Thompson – Hey Joe