Com o passar dos tempos é comum ficar-se mais tolerante, tornando-se o filtro,
das memórias musicais mais remotas, mais largo. Ou seja, muitas músicas a que
não se deu, por vezes, a devida atenção, ou porque passaram mais ou menos
despercebidas, ou não passaram no filtro exigente da juventude, o simples
recordá-las provoca uma sensação de bem-estar de não fácil explicação (na
realidade nem sempre é assim, por vezes acontece também interrogarmo-nos de
como é que eu gostava desta ou aquela música. Adiante).
Tenho, por vezes, tentado a utilização de um filtro tipo banda larga na
esperança de encontrar registos que de alguma forma me tenham escapado.
Por exemplo, tentei-o com The Moody Blues alargando o filtro além 1972 e
não fui bem sucedido, o mesmo para os Pink Floyd pós 1973, o mesmo efeito. E
podia continuar com muitos outros exemplos.
A reedição de “RAM” de Paul McCartney em 2012 e os adjectivos elogiosos por
parte de alguma imprensa (por exemplo, o “Expresso” de 7 de Julho de 2012 dá 5
estrelas a “RAM” e considera-o “uma peça maior” ao nível de “Revolver” ou
“Rubber Soul” e em 1 de Setembro de 2012 volta à carga e refere-se à reedição
de “RAM” como “obra-prima”) fizeram-me aplicar o mesmo exercício a Paul McCartney, ou seja, vamos lá ouvir, como se fosse a primeira vez, o que ele
fez depois da separação dos The Beatles, na expectativa de, de alguma forma,
ficar agradavelmente surpreendido.
O primeiro registo de Paul McCartney pós The Beatles foi, ainda em 1970, “McCartney” e foi penoso recordá-lo, simplesmente para esquecer. O segundo foi
precisamente “RAM” já lá vão 48 anos e por muito que alargasse o filtro nunca
consegui passar das 3 estrelas. Excepção para “Uncle Albert/Admiral Halsey”
que provocou a tal sensação de bem-estar e que fica como a escolha para hoje.
Paul McCartney - Uncle Albert, Admiral Halsey
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