mundo da canção nº 7 de Junho de 1970
Já tive oportunidade de recordar de António Bernardino as canções "Cantiga Para os Que Partem" e "Canção com Lágrimas" as duas do LP "Flores para Coimbra" editado em 1970.
Hoje o retorno a este grande nome da Canção de Coimbra. O razão é a entrevista publicada no nº 7 da revista "mundo da canção" saída em Junho de 1970.
Numa entrevista em que ficamos a saber que António Bernardino dá mais importância ao poema do que à música chegando mesmo a criticar Hugo Maia de Loureiro, "Não se entende o que ele diz." , e onde considera que "Não há música que nos identifique...", dá-nos a conhecer a publicação próxima do seu primeiro LP "Flores de Coimbra".
"Trova do Vento Que Passa" é mais uma das canções desse LP e que hoje é motivo de recordação.
Já a lembrei na versão do Quarteto 1111, bem como no original interpretado por Adriano Correia de Oliveira em 1963. "Trova do Vento Que Passa" uma canção que bem identifica o Portugal dos anos 60, um verdadeiro hino à liberdade, o poema é do Manuel Alegre, a música de António Portugal que também participa neste álbum.
António Bernardino - Trova do Vento Que Passa
Um descobri ou redescobri este cantor de Coimbra. Tão bom ou melhor que muitos dos que são considerados actualmente os melhores e mais representativos. A musica de Coimbra é um património inestimável que devemos divulgar pelo seu lirismo e virtuosismo dos interpretes deste calibre incluindo os músicos, claro.Gostaria de saber mais detalhes da carreira e personalidade de AB
ResponderEliminarMuito obrigado pelo seu comentário. Na realidade é escassa a informação que se encontra sobre António Bernardino. Transcrevo-lhe a entrada na "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX":
ResponderEliminar"Cantor. Conhecido também por Berna no meio musical académico coimbrão. No início dos anos 60, começou a cantar em festas de liceu e em serenatas na zona de Aveiro, integrando também o Grupo de Fados de Aveiro, que incluía António Andias, António Castro, Carlos Lima e Mário Cruz. Entre 1963 e 1967, residiu em Coimbra, onde estudou Ciências Geográficas, tendo colaborado em vários organismos culturais da Associação Académica de Coimbra (CITAC, Coro Misto, Danças Regionais) e em eventos musicais da esfera académica (serenatas, saraus, festas em repúblicas), evidenciando-se enquanto cantor. Integrou vários agrupamentos ligados à canção de Coimbra, tendo sido acompanhado por António Portugal, Octávio Sérgio, Eduardo Melo e seu irmão Ernesto Melo, Rui Pato, Durval Moreirinhas, Jorge Rino, Jorge Moutinho, Nuno Guimarães. Em 1964 gravou o seu primeiro fonograma. Entre 1967 e 1974, residiu em Moçambique (apesar de algumas deslocações a Portugal), inicialmente mobilizado para a Guerra Colonial, mais tarde fixando residência nesse território.Desde a sua chegada a Coimbra e ao longo deste período, manteve-se próximo do grupo ligado à «trova» (A. Portugal, Manuel Alegre), tendo participado num dos fonogramas mais representativos deste «movimento» (LP Flores para Coimbra, 1970). Em 1975, regressou definitivamente a Portugal, passando a residir em Lisboa. Foi professor no ensino secundário e administrador dos Serviços Sociais da Universidade de Lisboa, de 1980 até ao seu falecimento. Paralelamente à sua ocupação profissional manteve uma intensa actividade musical, tendo sido acompanhado por António Brojo, Aurélio Reis, Carlos de Jesus, Humberto Matias, João Bagão, Jorge Tuna, Luís Filipe Roxo, Mário de Castro além dos acima mencionados. Actuou um pouco por todo o país, mas também em vários países da Europa, África, Ásia, América Central e do Norte. Uma boa parte dos fonogramas que gravou, de pequena tiragem e incluindo canções com textos e carácter político, tornaram-se edições raras. O seu estilo interpretativo é caracterizado pela clareza do fraseado e pela utilização do tempo rubato, suspensões e súbitas alterações de dinâmica. Por vezes é também evidente a utilização de portamento, sobretudo sobretudo em saltos melódicos de maior extensão. Foi condecorado com a Ordem do Infante D. Henrique (1995)."
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