Termino hoje esta passagem, já longa, pela música feita no nosso país no ano de 1975 e como vimos tão, tão marcada pelos acontecimentos políticos daquele ano. Por um lado compreensível pela libertação ocorrida no país através do golpe militar ocorrido no ano anterior a 25 de Abril, Portugal saía do sufoco de 48 anos de ditadura e a expressão mais popular fazia-se sentir, mas por outro, principalmente em termos das letras que então se cantaram, foram excessivamente panfletárias, por vezes donde menos se esperava. Foi o que foi e aqui deixei algumas dezenas de temas uns bem evidentes e facilmente reconhecidos por quem viveu aqueles tempos, outros nem por isso.
Para o fim deixei aquela que foi para mim a melhor proposta surgida naquele ano ou pelo menos a melhor promessa e que efectivamente se veio a concretizar ao longo de cerca de uma década, foi a Banda do Casaco.
Vejamos então o caso da Banda do Casaco, esse projecto único nascido em 1974. António Pinho e Luís Linhares vieram da Filarmónica Fraude, Nuno Rodrigues e Judi Brennan da Música Novarum. O pilar da Banda do Casaco foi a dupla António Pinho/Nuno Rodrigues com entrada e saída de inúmeros músicos. O primeiro álbum aparece em pleno PREC (1975) com o inspirado nome de “Dos Benefícios Dum Vendido No Reino Dos Bonifácios” e a confusão instalou-se. Mário Castrim numa crítica a um concerto da Banda do Casaco interrogava: “Quem são estes? Porque não se definem? São de direita ou de esquerda?”. De uma qualidade musical acima da média, explorando territórios musicais entre o Rock e a recolha da nossa música popular, as letras destilavam uma desconcertante ironia e forte crítica social. Alguns extractos:
Em “D’ Alma Aviada”
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Em “A Ladainha das
Comadres” : |
Em “A Cavalo Dado…”
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Em “Horas de Ponta e Mola”
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Sem mais delongas fiquemos com “A Ladainha das Comadres”, representativo do melhor disco de música portuguesa no ano de 1975.
Banda do Casaco - A Ladainha das Comadres
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