A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974
Rui Mingas é um cantor angolano que se revelou musicalmente nos finais dos anos 60 quando então vivia em Lisboa.
"Durante a década de 60, a par das digressões, instalou-se na metrópole uma significativa comunidade de músicos migrando a partir de Angola enquanto atletas, como Bonga e Rui Mingas...", em "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX".
Na contra-capa do LP "Africa Negra", de 1969, na edição francesa lê-se:
"Ruy Mingas est Africain, il est né en 1939 à Luanda (Angola). Son oncle, Vieira Dias, un des grands compositeurs angolais lui enseigne la guitare et l'initia à la musique traditionelle aficaine.
Ruy Mingas est aujourd'hui professeur d'Education Physique à Lisbonne. N'oublions pas qu'il est un des plus grands noms de l'athlétisme au Portugal, il fait partie de l'équipe du Benfique depuis 1958."
E voltando à "Enciclopédia..." acima referida ficamos a saber que musicalmente "... R. Mingas veio a aproximar-se do movimento de «renovação da música popular portuguesa» e da emergente canção de intervenção...." e mais adiante "Conotado com o movimento da «nova música popular portuguesa» ou «movimento das trovas e baladas», R. Mingas apresentou-se no programa televisivo Zip-Zip e gravou para a editora com o mesmo nome um repertório com poemas em quimbundo abordando as Agostinho Neto ou Mário Pinto de Andrade...".
Do álbum "Africa Negra" escolho o tema "Kolonial" de seu tio Carlos "Liceu" V. Dias e do qual se dizia na contra-capa do LP:
"«Kolonial» était le nom du grand bateau qui assurait la liaison Lisbonne-Luanda et qui apportait le courier."
Rui Mingas – Kolonial
Para uns recordações, para outros descobertas. São notas passadas, musicais e não só...
sábado, 30 de junho de 2018
sexta-feira, 29 de junho de 2018
Francisco Naia – Amigo João
A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974
"Intérprete, compositor e autor de letras. Descendente de uma família de músicos (filho e irmão de músicos amadores) e primo de Tonicha, desde cedo contactou com a música popular e a música tradicional.", assim começa a entrada para Francisco Naia na "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX", para logo de seguida ficarmos a saber que:
"Em 1956, estudou Solfejo, Piano e Canto em Aljustrel, onde residia. O contacto com os mineiros e a influência de José Afonso (seu professor de História, na mesma cidade) levaram-no a cantar fado e balada de Coimbra."
É em 1969 que tudo se vai alterar com a gravação de um primeiro disco e a passagem pelo inevitável "Zip-Zip" de que já dei anterior nota.
"Posteriormente , realizou espectáculos em escolas, universidades e colectividades, por vezes em conjunto com J. Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Francisco Fanhais, António Pedro Braga, José Fanha, entre outros.", segundo a mesma fonte.
Em 1970 novo EP com 4 canções: "Amigo João", "Não Faz Sentido", "Negra Paz" e "Caçador Furtivo".
"Amigo João" é o tema que se segue.
Francisco Naia – Amigo João
"Intérprete, compositor e autor de letras. Descendente de uma família de músicos (filho e irmão de músicos amadores) e primo de Tonicha, desde cedo contactou com a música popular e a música tradicional.", assim começa a entrada para Francisco Naia na "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX", para logo de seguida ficarmos a saber que:
"Em 1956, estudou Solfejo, Piano e Canto em Aljustrel, onde residia. O contacto com os mineiros e a influência de José Afonso (seu professor de História, na mesma cidade) levaram-no a cantar fado e balada de Coimbra."
É em 1969 que tudo se vai alterar com a gravação de um primeiro disco e a passagem pelo inevitável "Zip-Zip" de que já dei anterior nota.
"Posteriormente , realizou espectáculos em escolas, universidades e colectividades, por vezes em conjunto com J. Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Francisco Fanhais, António Pedro Braga, José Fanha, entre outros.", segundo a mesma fonte.
https://www.discogs.com/ |
Em 1970 novo EP com 4 canções: "Amigo João", "Não Faz Sentido", "Negra Paz" e "Caçador Furtivo".
"Amigo João" é o tema que se segue.
Francisco Naia – Amigo João
quinta-feira, 28 de junho de 2018
Manuel Freire – Lutaremos, meu amor
A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974
Manuel Freire.
Vivia em Ovar, a minha terra Natal, era amigo do meu pai e via-o com regularidade na rua e no café Progresso. A última vez que o vi foi em 2012 quando fez a apresentação do livro "Ovar - Coisas e Factos do Passado" com artigos seleccionados escritos pelo meu falecido pai para os jornais locais. Na foto Manuel Freire e a minha mãe, entretanto, também falecida.
Nutro pois pela música de Manuel Freire um carinho especial. Tinha eu 12 anos quando ele editou o primeiro EP "Manuel Freire Canta Manuel Freire" que se ouvia com frequência em casa. Depois foi acompanhar o seu percurso com destaque para a passagem, em 1969, pelo programa de TV "Zip-Zip" onde interpretou, e encantou, a "Pedra Filosofal".
Ainda em 1968 saiu um 2º EP "Trovas Trovas Trovas" que começava com "Lutaremos Meu Amor", um poema de Daniel Filipe por ele musicado, com Fernando Alvim na guitarra.
Manuel Freire – Lutaremos, meu amor
Manuel Freire.
Vivia em Ovar, a minha terra Natal, era amigo do meu pai e via-o com regularidade na rua e no café Progresso. A última vez que o vi foi em 2012 quando fez a apresentação do livro "Ovar - Coisas e Factos do Passado" com artigos seleccionados escritos pelo meu falecido pai para os jornais locais. Na foto Manuel Freire e a minha mãe, entretanto, também falecida.
Nutro pois pela música de Manuel Freire um carinho especial. Tinha eu 12 anos quando ele editou o primeiro EP "Manuel Freire Canta Manuel Freire" que se ouvia com frequência em casa. Depois foi acompanhar o seu percurso com destaque para a passagem, em 1969, pelo programa de TV "Zip-Zip" onde interpretou, e encantou, a "Pedra Filosofal".
http://caisdoolhar.blogspot.pt |
Ainda em 1968 saiu um 2º EP "Trovas Trovas Trovas" que começava com "Lutaremos Meu Amor", um poema de Daniel Filipe por ele musicado, com Fernando Alvim na guitarra.
Manuel Freire – Lutaremos, meu amor
quarta-feira, 27 de junho de 2018
José Jorge Letria - Canção das Mil Bofetadas
A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974
O primeiro Regresso ao Passado com José Jorge Letria foi a propósito da sua passagem pelo programa de televisão "Zip-Zip" em 1969. Foi onde tudo começou para alguns cantores que então se davam a conhecer, foi também o caso de José Jorge Letria.
Eis a descrição feita na "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX", depois de passagem pelo mundo os conjuntos Pop-Rock:
"Em 1969 gravou o seu primeiro disco, História de José-Sem-Esperança, a convite de José Cid e com orquestração deste, acompanhado pelo Quarteto 1111. Este primeiro fonograma integrava as canções Romance de Maria Formiga e História do José-Sem-Esperança, que constituíram a sua primeira tomada de posição sobre a guerra e o exílio. No mesmo ano, após actuar no programa televisivo Zip-Zip, participou na gravação de um álbum colectivo (com Pedro Barroso, António Macedo e Lídia Rita), intitulado Breve Sumário da História de Deus (1970, tendo sido apreendido devido à inclusão de Soltem os encarcerados, de Gil Vicente), canção que integrava o espectáculo no Teatro Experimental de Cascais, no qual participou também como actor. A edição destes fonogramas e a participação no programa Zip-Zip proporcionaram-lhe alguma visibilidade, tendo começado a desenvolver uma intensa actividade enquanto cantor, já não apenas no restrito meio universitário, mas em colectividades, associações recreativas e fábricas um pouco por todo o país, juntamente com outros cantores como Adriano Correia de Oliveira, José Afonso, Manuel Freire e Francisco Fanhais."
Do trabalho "Breve Sumário da História de Deus" segue "Canção das Mil Bofetadas", cuja descrição na contra-capa era a seguinte:
"CANÇÃO DAS MIL BOFETADAS: É a amargura de Cristo feito homem e mortal, que dolorosamente nos diz das dores do seu corpo. Para ele a morte será a Cruxificação com que termina o "Breve Sumário da História de Deus". Música e interpretação de José Jorge Letria.
José Jorge Letria - Canção das Mil Bofetadas
O primeiro Regresso ao Passado com José Jorge Letria foi a propósito da sua passagem pelo programa de televisão "Zip-Zip" em 1969. Foi onde tudo começou para alguns cantores que então se davam a conhecer, foi também o caso de José Jorge Letria.
https://www.discogs.com |
Eis a descrição feita na "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX", depois de passagem pelo mundo os conjuntos Pop-Rock:
"Em 1969 gravou o seu primeiro disco, História de José-Sem-Esperança, a convite de José Cid e com orquestração deste, acompanhado pelo Quarteto 1111. Este primeiro fonograma integrava as canções Romance de Maria Formiga e História do José-Sem-Esperança, que constituíram a sua primeira tomada de posição sobre a guerra e o exílio. No mesmo ano, após actuar no programa televisivo Zip-Zip, participou na gravação de um álbum colectivo (com Pedro Barroso, António Macedo e Lídia Rita), intitulado Breve Sumário da História de Deus (1970, tendo sido apreendido devido à inclusão de Soltem os encarcerados, de Gil Vicente), canção que integrava o espectáculo no Teatro Experimental de Cascais, no qual participou também como actor. A edição destes fonogramas e a participação no programa Zip-Zip proporcionaram-lhe alguma visibilidade, tendo começado a desenvolver uma intensa actividade enquanto cantor, já não apenas no restrito meio universitário, mas em colectividades, associações recreativas e fábricas um pouco por todo o país, juntamente com outros cantores como Adriano Correia de Oliveira, José Afonso, Manuel Freire e Francisco Fanhais."
Do trabalho "Breve Sumário da História de Deus" segue "Canção das Mil Bofetadas", cuja descrição na contra-capa era a seguinte:
"CANÇÃO DAS MIL BOFETADAS: É a amargura de Cristo feito homem e mortal, que dolorosamente nos diz das dores do seu corpo. Para ele a morte será a Cruxificação com que termina o "Breve Sumário da História de Deus". Música e interpretação de José Jorge Letria.
José Jorge Letria - Canção das Mil Bofetadas
terça-feira, 26 de junho de 2018
José Barata Moura - Vamos Brincar à Caridadezinha
A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974
José Barata Moura ficou mais conhecido pela sua produção discográfica infantil, sendo o "Fungagá da Bicharada" o seu maior sucesso. Mas também, logo em 1970, a canção "Olha a Bola, Manel" ficou no imaginário de quem naquele tempo era criança ou pouco mais e teve acesso àquela canção.
Outras músicas cantou também José Barata Moura, as de intervenção e de combate ao regime. Primeiro em francês, também em 1970, no EP "Bidonville" e ainda antes do 25 de Abril em português.
Estamos então em 1973 quando é editado "Caridadezinha", 12 canções compunham o LP, onde "Vamos Brincar à Caridadezinha" se revelava com uma crítica mordaz à caridadezinha...
Vamos brincar à caridadezinha
Festa, canasta e boa comidinha
Vamos brincar à caridadezinha
A senhora de não sei quem
Que é de todos e de mais alguém
Passa a tarde descansada
Mastigando a torrada
Com muita pena do pobre
Coitada ...
José Barata Moura - Vamos Brincar à Caridadezinha
José Barata Moura ficou mais conhecido pela sua produção discográfica infantil, sendo o "Fungagá da Bicharada" o seu maior sucesso. Mas também, logo em 1970, a canção "Olha a Bola, Manel" ficou no imaginário de quem naquele tempo era criança ou pouco mais e teve acesso àquela canção.
Outras músicas cantou também José Barata Moura, as de intervenção e de combate ao regime. Primeiro em francês, também em 1970, no EP "Bidonville" e ainda antes do 25 de Abril em português.
Estamos então em 1973 quando é editado "Caridadezinha", 12 canções compunham o LP, onde "Vamos Brincar à Caridadezinha" se revelava com uma crítica mordaz à caridadezinha...
Vamos brincar à caridadezinha
Festa, canasta e boa comidinha
Vamos brincar à caridadezinha
A senhora de não sei quem
Que é de todos e de mais alguém
Passa a tarde descansada
Mastigando a torrada
Com muita pena do pobre
Coitada ...
José Barata Moura - Vamos Brincar à Caridadezinha
segunda-feira, 25 de junho de 2018
Fausto – Ó Pastor que Choras
A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974
Fausto é um dos maiores cantautores da música popular portuguesa.
Longa carreira e um trabalho discográfico rigoroso fazem de Fausto um cantores mais importantes, a par de José Mário Branco e Sérgio Godinho, dos últimos 50 anos. O seu início musical ocorreu em Angola nos longínquos anos 60, foi na área do Pop no conjunto Rebeldes onde tocava viola e cantava.
Já em Lisboa, depois do 1º EP editado em 1969 que continha "Chora, amigo chora", seguiu-se no ano seguinte o 1º LP que eu me lembro de ouvir no programa de rádio "Página Um". Nele destacava-se a canção "Ó Pastor que Choras".
O poema "Ó Pastor que Choras" de José Gomes Ferreira já tinha sido musicado por Fernando Lopes Graça nas suas "Canções Eróicas", também o foi por José Almada no mesmo ano de 1970 e já aqui foi recordada. Finalmente "Ó Pastor que Choras" pelo Fausto.
Fausto – Ó Pastor que Choras
Fausto é um dos maiores cantautores da música popular portuguesa.
Longa carreira e um trabalho discográfico rigoroso fazem de Fausto um cantores mais importantes, a par de José Mário Branco e Sérgio Godinho, dos últimos 50 anos. O seu início musical ocorreu em Angola nos longínquos anos 60, foi na área do Pop no conjunto Rebeldes onde tocava viola e cantava.
http://guedelhudos.blogspot.pt |
O poema "Ó Pastor que Choras" de José Gomes Ferreira já tinha sido musicado por Fernando Lopes Graça nas suas "Canções Eróicas", também o foi por José Almada no mesmo ano de 1970 e já aqui foi recordada. Finalmente "Ó Pastor que Choras" pelo Fausto.
Fausto – Ó Pastor que Choras
domingo, 24 de junho de 2018
Deniz Cintra – Pobre Velho
A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974
Deniz Cintra (1951-1991) foi mais um cantor a dar a sua contribuição, curta mas significativa, à renovação da música popular portuguesa anterior ao 25 de Abril. Socorro-me mais uma vez do livro "Canto de Intervenção 1960-1974" de Eduardo M. Raposo que sobre ele diz:
"Intérprete, autor e compositor, Deniz Cintra participou no «Zip-Zip» e realizou diversos recitais, nomeadamente com Adriano Correia de Oliveira, José Jorge Letria e Francisco Fanhais, até se exilar em 1972 para Inglaterra devido à guerra colonial." (Descobri entretanto que era amigo de José Almada, com quem se encontrava em Lisboa, conforme testemunho deste no blog "No Bairro do Vinil").
Era o filho mais novo de Lindley Cintra, professor catedrático na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e oposicionista ao regime, e irmão do bem conhecido encenador e actor Luís Miguel Cintra.
Em termos de gravações, foram três discos, dois EP e um Single, que foram editados nos anos de 1970 e 1971.
Volto ao primeiro para desta vez escutarmos "Pobre Velho".
Deniz Cintra – Pobre Velho
Deniz Cintra (1951-1991) foi mais um cantor a dar a sua contribuição, curta mas significativa, à renovação da música popular portuguesa anterior ao 25 de Abril. Socorro-me mais uma vez do livro "Canto de Intervenção 1960-1974" de Eduardo M. Raposo que sobre ele diz:
"Intérprete, autor e compositor, Deniz Cintra participou no «Zip-Zip» e realizou diversos recitais, nomeadamente com Adriano Correia de Oliveira, José Jorge Letria e Francisco Fanhais, até se exilar em 1972 para Inglaterra devido à guerra colonial." (Descobri entretanto que era amigo de José Almada, com quem se encontrava em Lisboa, conforme testemunho deste no blog "No Bairro do Vinil").
Era o filho mais novo de Lindley Cintra, professor catedrático na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e oposicionista ao regime, e irmão do bem conhecido encenador e actor Luís Miguel Cintra.
Em termos de gravações, foram três discos, dois EP e um Single, que foram editados nos anos de 1970 e 1971.
Volto ao primeiro para desta vez escutarmos "Pobre Velho".
Deniz Cintra – Pobre Velho
sábado, 23 de junho de 2018
Vieira da Silva – Balada do Soldadinho
A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974
Volto a Vieira da Silva. Começo com texto extraído do livro "Canto de Intervenção 1960-1974" de Eduardo M. Raposo:
"Intérprete, autor e compositor, poeta, jornalista, Vieira da Silva, foi companheiro de José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire, Francisco Fanhais, Francisco Naia, entre outros, integrando o movimento dos cantores de intervenção.
Estudante em Coimbra, foi colaborador - desde 1971 - e posteriormente director da revista Mundo da Canção. Em 1969 participou no programa da RTP «Riso & Ritmo» e venceu o 1º Festival de Música Popular Portuguesa realizado no Casino da Figueira da Foz."
Em 1969 foi editado o primeiro EP "Canção para um povo triste" que chegou a ser apreendido pela PIDE. Dele já lembrei a canção título, recordo agora "Balada do Soldadinho", claro que só podia ter sido proibido...
Vieira da Silva – Balada do Soldadinho
Volto a Vieira da Silva. Começo com texto extraído do livro "Canto de Intervenção 1960-1974" de Eduardo M. Raposo:
"Intérprete, autor e compositor, poeta, jornalista, Vieira da Silva, foi companheiro de José Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire, Francisco Fanhais, Francisco Naia, entre outros, integrando o movimento dos cantores de intervenção.
Estudante em Coimbra, foi colaborador - desde 1971 - e posteriormente director da revista Mundo da Canção. Em 1969 participou no programa da RTP «Riso & Ritmo» e venceu o 1º Festival de Música Popular Portuguesa realizado no Casino da Figueira da Foz."
Em 1969 foi editado o primeiro EP "Canção para um povo triste" que chegou a ser apreendido pela PIDE. Dele já lembrei a canção título, recordo agora "Balada do Soldadinho", claro que só podia ter sido proibido...
Vieira da Silva – Balada do Soldadinho
sexta-feira, 22 de junho de 2018
António Braga – Soldadim Catrapim
A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974
"Podemos perfeitamente transportar para a canção o que diz o poeta. Tento fazer isso. A canção por si só nada é. Entendo-a como uma forma de comunicar com as outras pessoas.
Com as minhas canções pretendo chamar a atenção para os problemas que se me põem, fomentar a sua discussão, ter prazer em cantá-las e dar prazer aos que me ouvem, para que, em conjunto, possamos contribuir para a sua resolução; não me parece que o útil e o belo, o prazer e os problemas sejam incompatíveis.
É nesta ordem de ideias que se integra o meu trabalho, do qual estas quatro canções são resultado. Elas não estão localizadas no espaço embora o estejam no tempo, neste em que vivemos.", escrevia António Pedro Braga na contra-capa do seu primeiro EP editado em 1970.
Num período efervescente da música popular portuguesa, na época designada de música de intervenção, foram muitos os cantores que surgiram no final dos anos 60, início de 70. Muitos fizeram uma passagem curta pela música, como foi o caso de António Braga, que deixou somente dois discos pequenos gravados. Deste 1º EP, do qual já recordei a sua versão de "O Menino Negro Não Entrou na Roda", segue mais um tema, é a vez de "Soldadim Catrapim".
António Braga – Soldadim Catrapim
"Podemos perfeitamente transportar para a canção o que diz o poeta. Tento fazer isso. A canção por si só nada é. Entendo-a como uma forma de comunicar com as outras pessoas.
Com as minhas canções pretendo chamar a atenção para os problemas que se me põem, fomentar a sua discussão, ter prazer em cantá-las e dar prazer aos que me ouvem, para que, em conjunto, possamos contribuir para a sua resolução; não me parece que o útil e o belo, o prazer e os problemas sejam incompatíveis.
É nesta ordem de ideias que se integra o meu trabalho, do qual estas quatro canções são resultado. Elas não estão localizadas no espaço embora o estejam no tempo, neste em que vivemos.", escrevia António Pedro Braga na contra-capa do seu primeiro EP editado em 1970.
Num período efervescente da música popular portuguesa, na época designada de música de intervenção, foram muitos os cantores que surgiram no final dos anos 60, início de 70. Muitos fizeram uma passagem curta pela música, como foi o caso de António Braga, que deixou somente dois discos pequenos gravados. Deste 1º EP, do qual já recordei a sua versão de "O Menino Negro Não Entrou na Roda", segue mais um tema, é a vez de "Soldadim Catrapim".
António Braga – Soldadim Catrapim
quinta-feira, 21 de junho de 2018
António Macedo - O Casamento da Menina Manuela
A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974
Quanto eu gostava de ouvir "O Casamento da Menina Manuela"! Estávamos em 1972 e a música popular portuguesa brotava criatividade por todos os poros. Ouvia-a, enquanto estudava e antes do jantar, no programa da Rádio Renascença "Página Um" ao final da tarde, entre as 19h30m e as 20h30m.
Era o 2º disco de António Macedo, que era já conhecido do 1º EP de 1970 com a canção que fez história "Erguer a Voz e Cantar", ou como também ficou conhecida "Canta, Amigo, Canta", conforme letra.
António Macedo (1946-1999), deixou-nos uma pequena mas importante discografia, pena é que a sua produção discográfica se tivesse cingido a alguns discos de curta duração (EP e Singles).
Sob o título "António Macedo - canta verdades de maneira simples" a revista "R&T - Rádio e Televisão" em Janeiro de 1972 publicava entrevista a António Macedo onde ele afirma acerca da escolha de hoje:
"A Menina Manuela é uma «menina» estúpida, fútil, com massa e ideias curtas. Proveniente duma família nova-rica, que precisava de arranjar um casamento de prestígio... enfim... de acordo com a sua posição de bem instalados na vida. Então casa com um nobre. A minha canção é uma sátira a esse casamento."
Deliciemo-nos pois com este “O Casamento da Menina Manuela” que me ficou para sempre na memória e que só há bem pouco tempo consegui arranjar em formato digital.
António Macedo - O Casamento da Menina Manuela
Quanto eu gostava de ouvir "O Casamento da Menina Manuela"! Estávamos em 1972 e a música popular portuguesa brotava criatividade por todos os poros. Ouvia-a, enquanto estudava e antes do jantar, no programa da Rádio Renascença "Página Um" ao final da tarde, entre as 19h30m e as 20h30m.
Era o 2º disco de António Macedo, que era já conhecido do 1º EP de 1970 com a canção que fez história "Erguer a Voz e Cantar", ou como também ficou conhecida "Canta, Amigo, Canta", conforme letra.
António Macedo (1946-1999), deixou-nos uma pequena mas importante discografia, pena é que a sua produção discográfica se tivesse cingido a alguns discos de curta duração (EP e Singles).
Sob o título "António Macedo - canta verdades de maneira simples" a revista "R&T - Rádio e Televisão" em Janeiro de 1972 publicava entrevista a António Macedo onde ele afirma acerca da escolha de hoje:
"A Menina Manuela é uma «menina» estúpida, fútil, com massa e ideias curtas. Proveniente duma família nova-rica, que precisava de arranjar um casamento de prestígio... enfim... de acordo com a sua posição de bem instalados na vida. Então casa com um nobre. A minha canção é uma sátira a esse casamento."
Deliciemo-nos pois com este “O Casamento da Menina Manuela” que me ficou para sempre na memória e que só há bem pouco tempo consegui arranjar em formato digital.
António Macedo - O Casamento da Menina Manuela
quarta-feira, 20 de junho de 2018
António Bernardino – Canção com Lágrimas
A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974
António Bernardino (1941-1996) foi um cantor português. Fez parte do movimento de renovação do chamado fado de Coimbra.
De acordo com a "Enciclopédia da Música Em Portugal no Século XX", "Em 1964 gravou o seu primeiro fonograma.", sendo que "Uma boa parte dos fonogramas que gravou, de pequena tiragem e incluindo canções com textos de carácter político, tornaram-se edições raras."
O disco que possuo é o LP "Flores para Coimbra" de 1970 com António Bernardino - voz, António Portugal - guitarra portuguesa, Francisco Martins - guitarra portuguesa e Luís Filipe - viola.
Na contra-capa em texto assinado pelo professor Orlando de Carvalho lia-se:
"Quando se fizer a história dos anos 60 portugueses, há-de sentir-se a presença da juventude de Coimbra, lúcida e inconformista, a servir de aguilhão e uma rotina nacional, dividida e decrépita, mesmo nas zonas mais pretensamente inovadoras. Rebeldia inteligente e actuante, sem esquecer as raízes do passado, no que possuem de autêntico, e sem se perder nas águas de uma adolescência estranhamente senil, como é timbre de certa burguesia que, desconhecendo-se a si mesma, compra, a troco de uma violência gestual, a paz de espírito que não busca na acção. Também na música e na poesia a mensagem de Coimbra se repercute com força, como o provam as criações de José Afonso e as interpretações de Adriano e do último Luís Góis. No entanto, seria injusto não distinguir o papel pioneiro e, de certo modo, mais genuíno, da guitarra de António Portugal - essa dureza dúctil e fremente que ele impunha já ao Coimbra quintet, recriando as velhas melodias com um metal mais incisivo e mais rouco, e que hoje, já claramente ideológica (e entregue, finalmente à sua própria lição), não receia o fulgor e a eloquência do discurso. E a poesia de Manuel Alegre (Praça da Canção, O Canto e as Armas), epopeia da saudade e do exílio em que o fecundo nervo camoneano se timbra de um clarão de certeza e de força que ilumina de esperança as derradeiras gerações. É essa voz consciente e amarga que hoje se oferece neste FLORES PARA COIMBRA, sem esquecer o original contributo que, sobre o poema de Manuel Alegre, nos dá a música de Joaquim Fernandes (sinal de um eco não fortuito ou fictício que, para lá do círculo propriamente estudantil, suscitou toda uma crise de crescimento). E sem esquecer a limpidez das criações e interpretações de Francisco Martins - um troubadour inteligente e subtilmente lírico -, ou a viola desse arquitecto de sons (as ogivas sonoras de Duarte Costa) que se chama discretamente Luís Filipe. E em tudo o acento de António Bernardino, grave e profundo, carregando o peso desta criação colectiva com uma emoção que não exclui a consciência e um virtuosismo formal que não exclui a persuasão."
Noutro Regresso ao Passado recordei "Cantiga Para os Que Partem", desta vez fica para audição a belíssima "Canção com Lágrimas". Trata-se de uma canção com poema de Manuel Alegre musicada por Adriano Correia de Oliveira e também por este gravada em 1968.
António Bernardino – Canção com Lágrimas
António Bernardino (1941-1996) foi um cantor português. Fez parte do movimento de renovação do chamado fado de Coimbra.
De acordo com a "Enciclopédia da Música Em Portugal no Século XX", "Em 1964 gravou o seu primeiro fonograma.", sendo que "Uma boa parte dos fonogramas que gravou, de pequena tiragem e incluindo canções com textos de carácter político, tornaram-se edições raras."
O disco que possuo é o LP "Flores para Coimbra" de 1970 com António Bernardino - voz, António Portugal - guitarra portuguesa, Francisco Martins - guitarra portuguesa e Luís Filipe - viola.
Na contra-capa em texto assinado pelo professor Orlando de Carvalho lia-se:
"Quando se fizer a história dos anos 60 portugueses, há-de sentir-se a presença da juventude de Coimbra, lúcida e inconformista, a servir de aguilhão e uma rotina nacional, dividida e decrépita, mesmo nas zonas mais pretensamente inovadoras. Rebeldia inteligente e actuante, sem esquecer as raízes do passado, no que possuem de autêntico, e sem se perder nas águas de uma adolescência estranhamente senil, como é timbre de certa burguesia que, desconhecendo-se a si mesma, compra, a troco de uma violência gestual, a paz de espírito que não busca na acção. Também na música e na poesia a mensagem de Coimbra se repercute com força, como o provam as criações de José Afonso e as interpretações de Adriano e do último Luís Góis. No entanto, seria injusto não distinguir o papel pioneiro e, de certo modo, mais genuíno, da guitarra de António Portugal - essa dureza dúctil e fremente que ele impunha já ao Coimbra quintet, recriando as velhas melodias com um metal mais incisivo e mais rouco, e que hoje, já claramente ideológica (e entregue, finalmente à sua própria lição), não receia o fulgor e a eloquência do discurso. E a poesia de Manuel Alegre (Praça da Canção, O Canto e as Armas), epopeia da saudade e do exílio em que o fecundo nervo camoneano se timbra de um clarão de certeza e de força que ilumina de esperança as derradeiras gerações. É essa voz consciente e amarga que hoje se oferece neste FLORES PARA COIMBRA, sem esquecer o original contributo que, sobre o poema de Manuel Alegre, nos dá a música de Joaquim Fernandes (sinal de um eco não fortuito ou fictício que, para lá do círculo propriamente estudantil, suscitou toda uma crise de crescimento). E sem esquecer a limpidez das criações e interpretações de Francisco Martins - um troubadour inteligente e subtilmente lírico -, ou a viola desse arquitecto de sons (as ogivas sonoras de Duarte Costa) que se chama discretamente Luís Filipe. E em tudo o acento de António Bernardino, grave e profundo, carregando o peso desta criação colectiva com uma emoção que não exclui a consciência e um virtuosismo formal que não exclui a persuasão."
Noutro Regresso ao Passado recordei "Cantiga Para os Que Partem", desta vez fica para audição a belíssima "Canção com Lágrimas". Trata-se de uma canção com poema de Manuel Alegre musicada por Adriano Correia de Oliveira e também por este gravada em 1968.
António Bernardino – Canção com Lágrimas
terça-feira, 19 de junho de 2018
Luís Cília - Meu País
A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974
Luís Cília é um dos cantautores portugueses anteriores ao 25 de Abril de 1974 que me é particularmente querido. Gosto da obra dele, quer a anterior, quer a posterior à revolução.
Para hoje o interesse vai para o seu início.
Nasceu em Angola em 1943, no início dos anos 60 encontra-se já em Lisboa onde conhece o poeta Daniel Filipe (1925-1964), através dele trava conhecimento com a música de George Brassens e Leo Ferré. Caminho diferente, portanto, dos percorridos por José Afonso e Adriano Correia de Oliveira que tiveram como influência maior o fado de Coimbra.
Em 1964 radica-se em Paris.
"Para evitar a Guerra Colonial, fixou-se em Paris (1964), onde começou a actuar em bares, tendo travado conhecimento com a cantora Colette Magny, o que lhe proporcionou a integração no meio musical parisiense e a edição do seu primeiro fonograma na Le Chant du Monde (1964), editora francesa na época conotada politicamente com a esquerda.", em "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX". É portanto o primeiro cantor português a gravar no exílio.
Ainda em 1964 vê editado em França " Portugal-Angola Chants de Lutte" o qual terá reedição melhorada, em França em 1973 e em Portugal em 1974, com o nome de "Meu País". Alguns dos poetas musicados por Luís Cília neste disco são: Daniel Filipe, Manuel Alegre, José Gomes Ferreira e Rui Namorado.
Escolho "Meu País", com letra de Daniel Filipe. Não tendo conseguido o original de 1964, segue a versão de 1973.
Luís Cília - Meu País
Luís Cília é um dos cantautores portugueses anteriores ao 25 de Abril de 1974 que me é particularmente querido. Gosto da obra dele, quer a anterior, quer a posterior à revolução.
Para hoje o interesse vai para o seu início.
Nasceu em Angola em 1943, no início dos anos 60 encontra-se já em Lisboa onde conhece o poeta Daniel Filipe (1925-1964), através dele trava conhecimento com a música de George Brassens e Leo Ferré. Caminho diferente, portanto, dos percorridos por José Afonso e Adriano Correia de Oliveira que tiveram como influência maior o fado de Coimbra.
Em 1964 radica-se em Paris.
"Para evitar a Guerra Colonial, fixou-se em Paris (1964), onde começou a actuar em bares, tendo travado conhecimento com a cantora Colette Magny, o que lhe proporcionou a integração no meio musical parisiense e a edição do seu primeiro fonograma na Le Chant du Monde (1964), editora francesa na época conotada politicamente com a esquerda.", em "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX". É portanto o primeiro cantor português a gravar no exílio.
http://www.luiscilia.com |
Ainda em 1964 vê editado em França " Portugal-Angola Chants de Lutte" o qual terá reedição melhorada, em França em 1973 e em Portugal em 1974, com o nome de "Meu País". Alguns dos poetas musicados por Luís Cília neste disco são: Daniel Filipe, Manuel Alegre, José Gomes Ferreira e Rui Namorado.
Escolho "Meu País", com letra de Daniel Filipe. Não tendo conseguido o original de 1964, segue a versão de 1973.
Luís Cília - Meu País
segunda-feira, 18 de junho de 2018
Adriano Correia de Oliveira – Fado da Mentira
A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974
A par com José Afonso, Adriano Correia de Oliveira foi uma figura determinante na criação das novas sonoridades que a música popular portuguesa tomou na década de 60.
Tal como José Afonso, é em Coimbra que se inicia nas lides musicais.
"Adriano sofre as influências musicais decisivas de Coimbra de então: por um lado, de Fernando Bettencourt e Artur Paredes; e por outro, de José Afonso, que desde 1958 vinha a empreender um percurso, direccionado para a «balada» ao tentar libertar-se da guitarra de acompanhamento.", pode-se ler em "Canto de Intervenção 1960-1974" de Eduardo M. Raposo.
Em 1960 gravou o seu primeiro EP com as composições "Fado da Mentira", "Balada dos Sinos", Canta Coração" e "Chula", nas guitarras portuguesas é acompanhado por António Portugal e Eduardo de Melo e nas violas por Durval Moreirinhas e Jorge Coutinho.
Na contra-capa do EP lê-se:
"O que nos diz o fado de Coimbra não está apenas no romantismo da maioria dos seus temas, daquilo que em grande parte é a evasão de uma realidade. Ele traz também uma esperança na idade do amor e da amizade; no tempo em que os jovens poderão ser jovens e o homem se humanizará.
Penso que o fado de Coimbra prossegue uma evolução, não só formal, mas substancial, mas ele continuará a canção lírica dos estudantes que nas suas vozes e nas suas guitarras trazem a certeza do futuro que constroem; onde a beleza do seu cantar não será apenas uma procura romântica de um mundo belo, mas será também na voz da juventude a beleza do mundo que existe. De tudo o que vive e os fará cantar e tocar alegremente. Do que há-de fazer da tradição a história e não a vida.", assina A. J. Marinha de Campos.
Deste primeiro trabalho de Adriano Correia de Oliveira ouçamos "Fado da Mentira".
Adriano Correia de Oliveira – Fado da Mentira
A par com José Afonso, Adriano Correia de Oliveira foi uma figura determinante na criação das novas sonoridades que a música popular portuguesa tomou na década de 60.
Tal como José Afonso, é em Coimbra que se inicia nas lides musicais.
"Adriano sofre as influências musicais decisivas de Coimbra de então: por um lado, de Fernando Bettencourt e Artur Paredes; e por outro, de José Afonso, que desde 1958 vinha a empreender um percurso, direccionado para a «balada» ao tentar libertar-se da guitarra de acompanhamento.", pode-se ler em "Canto de Intervenção 1960-1974" de Eduardo M. Raposo.
http://guitarradecoimbra4.blogspot.pt/ |
Em 1960 gravou o seu primeiro EP com as composições "Fado da Mentira", "Balada dos Sinos", Canta Coração" e "Chula", nas guitarras portuguesas é acompanhado por António Portugal e Eduardo de Melo e nas violas por Durval Moreirinhas e Jorge Coutinho.
Na contra-capa do EP lê-se:
"O que nos diz o fado de Coimbra não está apenas no romantismo da maioria dos seus temas, daquilo que em grande parte é a evasão de uma realidade. Ele traz também uma esperança na idade do amor e da amizade; no tempo em que os jovens poderão ser jovens e o homem se humanizará.
Penso que o fado de Coimbra prossegue uma evolução, não só formal, mas substancial, mas ele continuará a canção lírica dos estudantes que nas suas vozes e nas suas guitarras trazem a certeza do futuro que constroem; onde a beleza do seu cantar não será apenas uma procura romântica de um mundo belo, mas será também na voz da juventude a beleza do mundo que existe. De tudo o que vive e os fará cantar e tocar alegremente. Do que há-de fazer da tradição a história e não a vida.", assina A. J. Marinha de Campos.
Deste primeiro trabalho de Adriano Correia de Oliveira ouçamos "Fado da Mentira".
Adriano Correia de Oliveira – Fado da Mentira
domingo, 17 de junho de 2018
José Afonso - Os Vampiros
A Música Popular Portuguesa anterior ao
25 de Abril de 1974
Sob este tema vão passar alguns Regresso ao Passado. De uma forma mais ou menos aleatória e sem preocupação de ser exaustivo, lembrarei alguns cantores e canções que de alguma forma romperam com os padrões musicais então instituídos e com os quais tive algum contacto. As mais antigas conhecias a posteriori, as do final da década de 60 em diante no momento em que foram editadas.
Tendo em consideração o regime então vigente em Portugal, muitos dessas canções eram, de forma mais ou menos camuflada, de indignação e contestação à situação política repressiva que então se vivia, a falta de liberdade, o atraso social e uma guerra colonial num beco sem saída. Tomaram diversas designações, canções de protesto, canções de intervenção, baladas, nova canção portuguesa, tudo nomes para realidades similares ou que se cruzavam de forma, por vezes, pouco distinta. Aqui simplesmente sob a denominação genérica de Música Popular Portuguesa.
Muitos foram os seus intérpretes, alguns ficaram praticamente esquecidos, outros ficaram para sempre como expoentes maiores de novas formas de expressão da canção popular, casos de, entre outros, José Afonso e Adriano Correia de Oliveira.
Começo com José Afonso.
Mais uma passagem por aquele que foi o maior responsável, no final dos anos 50 início dos de 60, pelo surgimento da chamada balada em ruptura com o tradicional fado de Coimbra. Na "Enciclopédia da Música Em Portugal no Século XX" lê-se:
"Em Coimbra, J. Afonso, estudante de Ciências Histórico-Filosóficas, gravava, em 1960, a sua primeira obra, intitulada Balada do Outono, com poema e música da sua autoria. Esta obra baptizada por António Menamo, marcou a diferença na tradição do fado de Coimbra, na qual de algum modo se inseria, dando início a uma nova corrente da canção portuguesa, que se viria a transformar no «movimento da balada». (ouvir "Balada do Outono" aqui).
Depois de se ter iniciado nas gravações na década de 50, com 2 Single (1953) ainda a 78 rpm, é na década seguinte que a grande mudança se vai verificar. Logo em 1960 é editado o tal EP que continha a "Balada do Outono", é o início da demarcação do fado de Coimbra. Disse José Afonso, citado em "Canto de Intervenção 1960-1974" de Eduardo M. Raposo:
"Designei as minhas primeiras canções por baladas, não porque soubesse exactamente o significado deste termo, mas para as distinguir do fado de Coimbra, que comecei por cantar e que, quanto a mim, atingira uma fase de saturação..."
Em 1962 é editado o 2º EP "Baladas de Coimbra" que continha a conhecida "Menino de Oiro" e no ano seguinte novo EP igualmente designado "Baladas de Coimbra".
"É este disco que inclui os tema que marcam de uma forma mais clara a fase de intervenção da obra do Zeca Afonso:«Menino do Bairro Negro» e sobretudo «Os Vampiros».", em "Canto de Intervenção 1960-1974"
"Os Vampiros" é a canção escolhida para o início desta passagem por "A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974".
José Afonso - Os Vampiros
Depois de se ter iniciado nas gravações na década de 50, com 2 Single (1953) ainda a 78 rpm, é na década seguinte que a grande mudança se vai verificar. Logo em 1960 é editado o tal EP que continha a "Balada do Outono", é o início da demarcação do fado de Coimbra. Disse José Afonso, citado em "Canto de Intervenção 1960-1974" de Eduardo M. Raposo:
"Designei as minhas primeiras canções por baladas, não porque soubesse exactamente o significado deste termo, mas para as distinguir do fado de Coimbra, que comecei por cantar e que, quanto a mim, atingira uma fase de saturação..."
Em 1962 é editado o 2º EP "Baladas de Coimbra" que continha a conhecida "Menino de Oiro" e no ano seguinte novo EP igualmente designado "Baladas de Coimbra".
"É este disco que inclui os tema que marcam de uma forma mais clara a fase de intervenção da obra do Zeca Afonso:«Menino do Bairro Negro» e sobretudo «Os Vampiros».", em "Canto de Intervenção 1960-1974"
http://www.aja.pt |
"Os Vampiros" é a canção escolhida para o início desta passagem por "A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974".
José Afonso - Os Vampiros
sábado, 16 de junho de 2018
Neil Young - Almost Always
O jornal ”DISCO MÚSICA & MODA” no seu número 1 de Fevereiro de 1971 afirmava acerca das promessas musicais que então emergiam:
“Começou a esboçar-se em 1970, um novo movimento dentro da música pop, com vista à descoberta de um super-homem. Os principais candidatos são Van Morrison e Neil Young, no Novo Continente, Cat Stevens e Elton John na capital da música europeia. Inegável é, no entanto, o facto de, dentre estes homens, se realçar, não só pela força que as suas composições imprimem aos poemas de Bernie Taupin, como também pelas suas magníficas interpretações, um jovem britânico de vinte e três anos chamado Reginald Kenneth Dwight e que todos conhecem como ELTON JOHN.”
Para começar uma incorrecção, Van Morrison não era (é) do Novo Continente mas sim do Velho. Quanto às quatro promessas, onde parece que a preferência ia para Elton John, vejamos:
Elton John foi o primeiro a desiludir e a abandonar a alta qualidade evidenciada nos primeiros registos, precisamente após o ainda excelente “Madman Across The Water” de 1971. Longa discografia, ainda no activo, mas sem qualquer comparação com as gravações de 1970 “Elton John”, de 1971 “Tumbleweed Connection” e do referido “Madman Across The Water” (sem esquecer o inicial “Empty Sky” de 1969 e, no entretanto, a banda sonora do filme “Friends” de 1971, mais o álbum ao vivo “11-17-70”). Ponto Final.
Cat Stevens aguentou-se melhor, e depois do promissor “Matthew and Son” de 1967, teria a primeira metade da década de 70 de ouro com um conjunto de álbuns de antologia a não esquecer: “Mona Bone Jackson” e “Tea For The Tillerman” de 1970, “Teaser And The Firecat” de 1971, “Catch Bull at Four” de 1972, “Foreigner” de 1973 e ainda, porque não?, “Buddha And The Chocolate Box” de 1974. Em 1977 converte-se ao Islamismo com o nome Yusuf Islam. Com aparições ocasionais na promoção da paz entre os povos procura o regresso sem êxito em 2006 com o álbum “An Other Cup”. De realçar o retorno em 2017 com "The Laughing Apple".
Sobram Van Morrison e Neil Young. Aqui as histórias são outras.
Van Morrison com várias dezenas de álbuns gravados manteve uma regularidade assinalável na qualidade da sua produção. Músico multifacetado com diversas abordagens musicais, desde o Rock ao Soul e Blues e da música Celta ao Jazz. No entanto, a sua carreira tem sofrido algumas oscilações: Assinalável êxito nos anos 60 quer no grupo Them quer a solo com o distinto “Astral Weeks” no Top 10 de qualquer antologia da música popular dos últimos 60 anos. Menos conseguida é a 2ª metade dos anos 70, ressurgindo no final desta com o interessante “Into The Music”. A década de 80 é, estranhamente no contexto musical de então, de considerável qualidade até 1987 com “Poetic Champions Compose”. De então para cá tem mantido alguma irregularidade e, nunca fazendo um mau disco, está longe dos tempos de “Moondance”. De 2016 para cá surge revigorado e super produtivo parecendo assentar arraiais no Blues e no Jazz.
Finalmente, Neil Young. Uma lenda viva do Rock americano. Com uma produção que vai desde os Buffalo Springfield, nos anos 60, aos Crosby, Stills, Nash & Young e ainda a solo, acompanhado pelos Crazy Horse ou outras formações, criou uma sonoridade própria e inconfundível variando de estilo do Hard Rock, ao Folk e ao Country. Década menos interessante só a de 80. Já no novo milénio grava excelentes discos: “Silver & Gold”, “Greendale”, “Prairie Wind”, “Living With War”, “Crome Dreams II”, "Psychedelic Pill", "The Monsanto Years" não ficam atrás das suas gravações de 60 e 70 que o tornaram famoso.
O último disco de originais é o irregular "Visitor" de 2017, segue "Almost Always", uma das minhas preferidas.
Neil Young - Almost Always
“Começou a esboçar-se em 1970, um novo movimento dentro da música pop, com vista à descoberta de um super-homem. Os principais candidatos são Van Morrison e Neil Young, no Novo Continente, Cat Stevens e Elton John na capital da música europeia. Inegável é, no entanto, o facto de, dentre estes homens, se realçar, não só pela força que as suas composições imprimem aos poemas de Bernie Taupin, como também pelas suas magníficas interpretações, um jovem britânico de vinte e três anos chamado Reginald Kenneth Dwight e que todos conhecem como ELTON JOHN.”
Para começar uma incorrecção, Van Morrison não era (é) do Novo Continente mas sim do Velho. Quanto às quatro promessas, onde parece que a preferência ia para Elton John, vejamos:
Elton John foi o primeiro a desiludir e a abandonar a alta qualidade evidenciada nos primeiros registos, precisamente após o ainda excelente “Madman Across The Water” de 1971. Longa discografia, ainda no activo, mas sem qualquer comparação com as gravações de 1970 “Elton John”, de 1971 “Tumbleweed Connection” e do referido “Madman Across The Water” (sem esquecer o inicial “Empty Sky” de 1969 e, no entretanto, a banda sonora do filme “Friends” de 1971, mais o álbum ao vivo “11-17-70”). Ponto Final.
Cat Stevens aguentou-se melhor, e depois do promissor “Matthew and Son” de 1967, teria a primeira metade da década de 70 de ouro com um conjunto de álbuns de antologia a não esquecer: “Mona Bone Jackson” e “Tea For The Tillerman” de 1970, “Teaser And The Firecat” de 1971, “Catch Bull at Four” de 1972, “Foreigner” de 1973 e ainda, porque não?, “Buddha And The Chocolate Box” de 1974. Em 1977 converte-se ao Islamismo com o nome Yusuf Islam. Com aparições ocasionais na promoção da paz entre os povos procura o regresso sem êxito em 2006 com o álbum “An Other Cup”. De realçar o retorno em 2017 com "The Laughing Apple".
Sobram Van Morrison e Neil Young. Aqui as histórias são outras.
Van Morrison com várias dezenas de álbuns gravados manteve uma regularidade assinalável na qualidade da sua produção. Músico multifacetado com diversas abordagens musicais, desde o Rock ao Soul e Blues e da música Celta ao Jazz. No entanto, a sua carreira tem sofrido algumas oscilações: Assinalável êxito nos anos 60 quer no grupo Them quer a solo com o distinto “Astral Weeks” no Top 10 de qualquer antologia da música popular dos últimos 60 anos. Menos conseguida é a 2ª metade dos anos 70, ressurgindo no final desta com o interessante “Into The Music”. A década de 80 é, estranhamente no contexto musical de então, de considerável qualidade até 1987 com “Poetic Champions Compose”. De então para cá tem mantido alguma irregularidade e, nunca fazendo um mau disco, está longe dos tempos de “Moondance”. De 2016 para cá surge revigorado e super produtivo parecendo assentar arraiais no Blues e no Jazz.
Finalmente, Neil Young. Uma lenda viva do Rock americano. Com uma produção que vai desde os Buffalo Springfield, nos anos 60, aos Crosby, Stills, Nash & Young e ainda a solo, acompanhado pelos Crazy Horse ou outras formações, criou uma sonoridade própria e inconfundível variando de estilo do Hard Rock, ao Folk e ao Country. Década menos interessante só a de 80. Já no novo milénio grava excelentes discos: “Silver & Gold”, “Greendale”, “Prairie Wind”, “Living With War”, “Crome Dreams II”, "Psychedelic Pill", "The Monsanto Years" não ficam atrás das suas gravações de 60 e 70 que o tornaram famoso.
Edição europeia em CD de 1 de Dezembro de 2017, Ref: 9362-49088-6 |
O último disco de originais é o irregular "Visitor" de 2017, segue "Almost Always", uma das minhas preferidas.
Neil Young - Almost Always
sexta-feira, 15 de junho de 2018
Joni Mitchell - Amelia
Ao rever, melhor, ao reouvir, a obra de Joni Mitchell, tinha, no final, dado conta de 4 períodos distintos na sua longa carreira:
1 – Inocência, é o período de 1968 a 1974, é a época de ouro da Joni Mitchell, voz, viola, piano, o folk simples (?) e empolgante de “Both Sides, Now”, “Blue”, “Carey”, “You Turn Me On I’m a Radio”, “Free Man In Paris”, “Big Yellow Taxi” e “Help Me”.
2 – Experimental, vai de 1975 a 1980, o Folk no seu limite, o Jazz! Os destaques vão para temas longos como “Coyote”, “Amelia”, “Hejira”, “Paprika Plains” (16 minutos!) e ainda, no álbum de 1979 de tributo a Charles Mingus, falecido nesse ano, “God Must Be a Boogie Man” ou “Goodbye Pork Pie Hat” do próprio Mingus.
3 – Desilusão, a década de 80. Famigerada década! Desinspirada, aproximação pouco interessante ao Pop e à Música Electrónica. Três álbuns, os menos interessantes da sua carreira.
4 – Maturidade, de 1991 a 2007. Joni Mitchel no seu melhor. “Adult Alternative”, como são classificados alguns dos álbuns deste período. Destaque para “Both Sides, Now” (2000), viagem pela música do século XX, e “Travelogue” (2002), nova viagem, em duplo álbum, onde revê temas seus de 4 décadas, agora com arranjos orquestrais.
“Amelia” (Amelia, é a aviadora Amelia Earhart), tema longo do período “experimental”, aqui na fase da “maturidade” do álbum “Travelogue”, o génio de Joni Mitchell.
Joni Mitchell - Amelia
1 – Inocência, é o período de 1968 a 1974, é a época de ouro da Joni Mitchell, voz, viola, piano, o folk simples (?) e empolgante de “Both Sides, Now”, “Blue”, “Carey”, “You Turn Me On I’m a Radio”, “Free Man In Paris”, “Big Yellow Taxi” e “Help Me”.
2 – Experimental, vai de 1975 a 1980, o Folk no seu limite, o Jazz! Os destaques vão para temas longos como “Coyote”, “Amelia”, “Hejira”, “Paprika Plains” (16 minutos!) e ainda, no álbum de 1979 de tributo a Charles Mingus, falecido nesse ano, “God Must Be a Boogie Man” ou “Goodbye Pork Pie Hat” do próprio Mingus.
3 – Desilusão, a década de 80. Famigerada década! Desinspirada, aproximação pouco interessante ao Pop e à Música Electrónica. Três álbuns, os menos interessantes da sua carreira.
4 – Maturidade, de 1991 a 2007. Joni Mitchel no seu melhor. “Adult Alternative”, como são classificados alguns dos álbuns deste período. Destaque para “Both Sides, Now” (2000), viagem pela música do século XX, e “Travelogue” (2002), nova viagem, em duplo álbum, onde revê temas seus de 4 décadas, agora com arranjos orquestrais.
Duplo CD, edição alemã da Nonesuch, referências 79817-2; 7559-79817-2 |
“Amelia” (Amelia, é a aviadora Amelia Earhart), tema longo do período “experimental”, aqui na fase da “maturidade” do álbum “Travelogue”, o génio de Joni Mitchell.
Joni Mitchell - Amelia
quinta-feira, 14 de junho de 2018
June Tabor – Lassie Lie Near Me
Este blog tem estado centrado sobretudo na música dos anos 60 e 70. Por vezes tenho que fazer um intervalo e saltar algumas décadas para não deixar passar outras músicas que independentemente da data fazem parte do meu imaginário. Tenho pois que ir abrindo excepções para não deixar passar discos que merecem uma absoluta referência. O salto hoje vai para o ano de 2013.
Neste ano não posso deixar de destacar um dos melhores discos que nesse ano me foi dado ouvir: “Quercus” de June Tabor/Iain Ballamy/Huw Warren, respectivamente voz, saxofones e piano.
É um disco da editora alemã ECM, especialista em música Jazz, e é a abertura do catálogo da editora a músicas oriundas de outras paragens. Entre originais e temas tradicionais assim se desenvolvem mais de 50 minutos de uma beleza rara. June Tabor, tinha então 67 anos, e é para mim a cantora Folk inglesa viva mais importante da actualidade. Com incursões pontuais por outras sonoridades, que não a música tradicional, como o Rock ou o Jazz, realiza, com os músicos de Jazz Iain Ballamy e Huw Warren, “Quercos”.
Diz a “amazon”: “’Quercos’ significa 'carvalho' em latim e as raízes desta árvore cavam fundo na música popular britânica, enquanto folhas e galhos alcançam níveis superiores para abraçar um jazz inspirado de improvisação lírica.” É verdade!
O crítico João Lisboa no balanço dos melhores discos de 2013 coloca “Quercos” entre os dez melhores e afirma “…June Tabor integrada nos Quercos abriu mais uma janela por onde a tradição, coabitando com o jazz contemporâneo respira ar fresco…”.
A música é calma, mas simultaneamente enérgica e profundamente comovente, para ouvir em silêncio absoluto, sem a respiração se ouvir.
“Quercos” foi dos álbuns que mais ouvi em 2013, segue o tradicional “Lassie Lie Near Me”, o tema de abertura do disco.
June Tabor – Lassie Lie Near Me
Neste ano não posso deixar de destacar um dos melhores discos que nesse ano me foi dado ouvir: “Quercus” de June Tabor/Iain Ballamy/Huw Warren, respectivamente voz, saxofones e piano.
Edição alemã da ECM, em CD, com referências: ECM 2276; 372 4555 |
É um disco da editora alemã ECM, especialista em música Jazz, e é a abertura do catálogo da editora a músicas oriundas de outras paragens. Entre originais e temas tradicionais assim se desenvolvem mais de 50 minutos de uma beleza rara. June Tabor, tinha então 67 anos, e é para mim a cantora Folk inglesa viva mais importante da actualidade. Com incursões pontuais por outras sonoridades, que não a música tradicional, como o Rock ou o Jazz, realiza, com os músicos de Jazz Iain Ballamy e Huw Warren, “Quercos”.
Diz a “amazon”: “’Quercos’ significa 'carvalho' em latim e as raízes desta árvore cavam fundo na música popular britânica, enquanto folhas e galhos alcançam níveis superiores para abraçar um jazz inspirado de improvisação lírica.” É verdade!
O crítico João Lisboa no balanço dos melhores discos de 2013 coloca “Quercos” entre os dez melhores e afirma “…June Tabor integrada nos Quercos abriu mais uma janela por onde a tradição, coabitando com o jazz contemporâneo respira ar fresco…”.
A música é calma, mas simultaneamente enérgica e profundamente comovente, para ouvir em silêncio absoluto, sem a respiração se ouvir.
“Quercos” foi dos álbuns que mais ouvi em 2013, segue o tradicional “Lassie Lie Near Me”, o tema de abertura do disco.
June Tabor – Lassie Lie Near Me
quarta-feira, 13 de junho de 2018
Richard Thompson - Friday on my mind
Em 1966 o grupo australiano Easybeats conheceu o estrelato com a canção “Friday on my mind”. Música muito simples, fácil de acompanhar e com um ritmo contagiante está naquele lote de canções a que vale a pena voltar de vez em quando.
Com uma versão intrigante de David Bowie nos anos 70, outra “rockeira” de Gary Moore nos anos 80, é nos anos 2000 que ela conhece a sua melhor versão.
Falo mais uma vez de Richard Thompson, a fazer a melhor música popular há mais de 50 anos. Versão acústica notável e interpretação superior conferem a “Friday on my mind” o estatuto de uma canção maior. Da adolescência à idade adulta, dos Easybeats (1966) a Richard Thompson (2006).
Para quem tem problemas com os dias da semana o melhor é, ouvir Richard Thompson e, cantá-la todos os dias:
"Monday morning feels so bad, …
Coming Tuesday I feel better, …
Wednesday just don't go, …
Thursday goes too slow,
I've got Friday on my mind”
Richard Thompson - Friday on my mind
PS: Já agora, Richard Thomson do DVD “1000 Years of Popular Music”. Simplesmente excelente!
Com uma versão intrigante de David Bowie nos anos 70, outra “rockeira” de Gary Moore nos anos 80, é nos anos 2000 que ela conhece a sua melhor versão.
Falo mais uma vez de Richard Thompson, a fazer a melhor música popular há mais de 50 anos. Versão acústica notável e interpretação superior conferem a “Friday on my mind” o estatuto de uma canção maior. Da adolescência à idade adulta, dos Easybeats (1966) a Richard Thompson (2006).
Com a assinatura de Richard Thompson, em Cropredy 2017 |
Para quem tem problemas com os dias da semana o melhor é, ouvir Richard Thompson e, cantá-la todos os dias:
"Monday morning feels so bad, …
Coming Tuesday I feel better, …
Wednesday just don't go, …
Thursday goes too slow,
I've got Friday on my mind”
Richard Thompson - Friday on my mind
PS: Já agora, Richard Thomson do DVD “1000 Years of Popular Music”. Simplesmente excelente!
terça-feira, 12 de junho de 2018
The Beach Boys - That's Why God Made The Radio
Estávamos em 2012 quando escrevi este pequeno texto em jeito de escolhas do ano.
O ano de 2012 não trouxe, que eu tivesse conhecimento - a não ser a confirmação do renascer do folk britânico - nenhum novo movimento musical daqueles que regularmente ocorrem em busca de um refrescamento das sonoridades pop mais modernas. Poderei mesmo dizer que o ano de 2012 foi muito marcado pelos anos 60, ou melhor, os anos 60 continuaram, e bem, a destacar-se na produção do ano. Se não vejamos alguns exemplos:
Leonard Cohen regressou com “Old Ideas”. Continua bem e recomenda-se, se nunca fez um álbum menor, porque é que o havia de fazer agora?
Van Morrison ancorou definitivamente no Blues que tanto o influenciaram no início da sua carreira, já lá vão quase 50 anos. “Born To Sing: No Plan B” foi bem recebido pela crítica e por mim que fui sempre fã.
Neil Young continua hiper produtivo, quer na recuperação dos seus arquivos quer em originais, e no ano de 2012 brinda-nos com mais 2 álbuns: “Americana”, temas tradicionais com sonoridade rock, a dividir opiniões, e “Psychedelic Pill”, duplo CD com apenas 9 temas! “Psychedelic Pill” (35º álbum de estúdio!) é o regresso de Neil Young e dos seus velhos amigos dos Crazy Horse ao bom velho Rock. Neil Young, actualmente com 67 anos, dizia no ano passado que começava a ficar cansado depois de um concerto, pudera! Ouça-se “Driftin' Back” 27m e 36s e percebe-se porquê.
Richard Thompson não pára, desta vez num conjunto de canções dedicadas ao extraordinário baixista Danny Thompson que o tem acompanhado regularmente ao longo de muitos anos. “Cabaret of Souls” assim se chama o novo álbum de Richard Thompson.
Bob Dylan, definitivamente rejuvenescido neste milénio apresenta-nos, aos 71 anos, mais um óptimo trabalho: “Tempest”, sem dúvida um dos melhores álbuns do ano. Bem melhor do que no último quartel do século passado.
John Cale, aos 70 anos continua a reinventar o Pop-Rock, agora numa vertente mais electrónica, “Shifty Adventures in Nookie Wood” aí está a prová-lo.
Finalmente, Brian Wilson, também com 70 anos. Ressurgido neste milénio com o mítico “Smile” (álbum inacabado dos anos 60), recupera, em 2012, os seus The Beach Boys e aí está um álbum para comemorar os 50 anos dos ditos.
O álbum dá pelo nome de “That's Why God Made the Radio” e, não sendo propriamente uma obra-prima, não deixa de causar inveja a muitas jovens bandas incapazes de produzir sonoridades tão refrescantes.
Agora é pôr a imaginação a funcionar: Verão, praia, surf, toalha, rádio transístor e ouvir “That's Why God Made the Radio”, são The Beach Boys de 2012.
The Beach Boys - That's Why God Made The Radio
PS: E claro o vídeo.
O ano de 2012 não trouxe, que eu tivesse conhecimento - a não ser a confirmação do renascer do folk britânico - nenhum novo movimento musical daqueles que regularmente ocorrem em busca de um refrescamento das sonoridades pop mais modernas. Poderei mesmo dizer que o ano de 2012 foi muito marcado pelos anos 60, ou melhor, os anos 60 continuaram, e bem, a destacar-se na produção do ano. Se não vejamos alguns exemplos:
Leonard Cohen regressou com “Old Ideas”. Continua bem e recomenda-se, se nunca fez um álbum menor, porque é que o havia de fazer agora?
Van Morrison ancorou definitivamente no Blues que tanto o influenciaram no início da sua carreira, já lá vão quase 50 anos. “Born To Sing: No Plan B” foi bem recebido pela crítica e por mim que fui sempre fã.
Neil Young continua hiper produtivo, quer na recuperação dos seus arquivos quer em originais, e no ano de 2012 brinda-nos com mais 2 álbuns: “Americana”, temas tradicionais com sonoridade rock, a dividir opiniões, e “Psychedelic Pill”, duplo CD com apenas 9 temas! “Psychedelic Pill” (35º álbum de estúdio!) é o regresso de Neil Young e dos seus velhos amigos dos Crazy Horse ao bom velho Rock. Neil Young, actualmente com 67 anos, dizia no ano passado que começava a ficar cansado depois de um concerto, pudera! Ouça-se “Driftin' Back” 27m e 36s e percebe-se porquê.
Richard Thompson não pára, desta vez num conjunto de canções dedicadas ao extraordinário baixista Danny Thompson que o tem acompanhado regularmente ao longo de muitos anos. “Cabaret of Souls” assim se chama o novo álbum de Richard Thompson.
Bob Dylan, definitivamente rejuvenescido neste milénio apresenta-nos, aos 71 anos, mais um óptimo trabalho: “Tempest”, sem dúvida um dos melhores álbuns do ano. Bem melhor do que no último quartel do século passado.
John Cale, aos 70 anos continua a reinventar o Pop-Rock, agora numa vertente mais electrónica, “Shifty Adventures in Nookie Wood” aí está a prová-lo.
Finalmente, Brian Wilson, também com 70 anos. Ressurgido neste milénio com o mítico “Smile” (álbum inacabado dos anos 60), recupera, em 2012, os seus The Beach Boys e aí está um álbum para comemorar os 50 anos dos ditos.
https://www.npr.org/ |
O álbum dá pelo nome de “That's Why God Made the Radio” e, não sendo propriamente uma obra-prima, não deixa de causar inveja a muitas jovens bandas incapazes de produzir sonoridades tão refrescantes.
Agora é pôr a imaginação a funcionar: Verão, praia, surf, toalha, rádio transístor e ouvir “That's Why God Made the Radio”, são The Beach Boys de 2012.
The Beach Boys - That's Why God Made The Radio
PS: E claro o vídeo.
segunda-feira, 11 de junho de 2018
The Morning Benders - Excuses
Mais um Regresso ao Passado mais recente. É deste século e é uma canção lindíssima.
2010, viu sair, um álbum, com destaque para uma grande canção, de um grupo praticamente desconhecido e peculiarmente interessante. Esperei, todo o ano, que o grupo e a dita canção passassem na nossa rádio, que tivessem o devido reconhecimento e respectiva popularidade. Tal, claro, não aconteceu. O grupo dava pelo nome The Morning Benders e a canção chama-se “Excuses” e é da melhor música Pop feita em 2010 (e não só).
Como não fosse suficiente o vídeo é excelente, simplesmente irresistível.
Com laivos do pop/rock dos anos 60, Beach Boys e The Beatles aqui, algum folk/psicadélico acolá, The Morning Benders eram a chamada “lufada de ar fresco” na cena musical Pop. Não vieram revolucionar nada, mas mostravam que a música Pop tinha, com as referências apropriadas e as doses de frescura que a juventude de o grupo introduziu, muito para dar.
Como é possível esta canção ter passado quase despercebida? Ah, pois é, já não estamos nos anos 60 … e, agora, as rádios têm “Play List” e as Lady Gaga ocupam (ocupavam) os lugares cimeiros dos Top …
Atenção pois a estes The Morning Benders e ao vocalista Chris Chu que parece acabado de sair do liceu a cantarolar: “Dum da-dum da-dum da-dum da-da-dum …, da-da-da-da-da… We are so smooth now…”.
The Morning Benders - Excuses
PS: The Morning Benders chamam-se agora POP ETC, mas, infelizmente, não convencem.
2010, viu sair, um álbum, com destaque para uma grande canção, de um grupo praticamente desconhecido e peculiarmente interessante. Esperei, todo o ano, que o grupo e a dita canção passassem na nossa rádio, que tivessem o devido reconhecimento e respectiva popularidade. Tal, claro, não aconteceu. O grupo dava pelo nome The Morning Benders e a canção chama-se “Excuses” e é da melhor música Pop feita em 2010 (e não só).
Como não fosse suficiente o vídeo é excelente, simplesmente irresistível.
Com laivos do pop/rock dos anos 60, Beach Boys e The Beatles aqui, algum folk/psicadélico acolá, The Morning Benders eram a chamada “lufada de ar fresco” na cena musical Pop. Não vieram revolucionar nada, mas mostravam que a música Pop tinha, com as referências apropriadas e as doses de frescura que a juventude de o grupo introduziu, muito para dar.
Como é possível esta canção ter passado quase despercebida? Ah, pois é, já não estamos nos anos 60 … e, agora, as rádios têm “Play List” e as Lady Gaga ocupam (ocupavam) os lugares cimeiros dos Top …
Atenção pois a estes The Morning Benders e ao vocalista Chris Chu que parece acabado de sair do liceu a cantarolar: “Dum da-dum da-dum da-dum da-da-dum …, da-da-da-da-da… We are so smooth now…”.
The Morning Benders - Excuses
PS: The Morning Benders chamam-se agora POP ETC, mas, infelizmente, não convencem.
domingo, 10 de junho de 2018
Tindersticks - A night in
Em 2010 os Tindersticks passaram por cá duas vezes, o texto é desse ano, mais concretamente de 28 de Outubro.
Depois de mais um concerto dos Tindersticks (já é o segundo este ano, o primeiro foi em Estarreja), desta vez no Coliseu do Porto, aqui fica mais um Regresso ao Passado a eles dedicado.
Somente para dizer que os Tindersticks continuam, depois de quase 20 anos de existência e oito álbuns de originais (sem considerar as bandas sonoras), mesmo com as alterações ocorridas na sua formação, a ser a melhor banda da actualidade (afirmação que em 2018 se mantém verdadeira).
Stuart Staples mantém as qualidades vocais que se lhe conheciam fechando a trilogia das melhores vozes que o Rock produziu (os 2 primeiros foram Jim Morrison e Brian Ferry). Pese estar a escrever com os sons do concerto de ontem ainda na cabeça, registo que na cena da música popular não é fácil uma banda manter-se no meu top por um período tão grande.
Lembro-me da desilusão, a prenunciar o pior, de "Seventh Sojourn" dos The Moody Blues em 1972 e sempre que sai uma nova gravação dos Tindersticks o receio de sensação idêntica acontece. Mas Stuart Staples e restantes Tindersticks continuam a surpreender e a procurar novos caminhos (agora mais "jazzy" do que no início). Assim continuem por muitos anos e mantenham a sua presença regular em Portugal.
Gravada em Londres este ano (trata-se do álbum "Live in London 2010") e sem distribuição comercial segue "A night in".
Tinderstick - A night in
Depois de mais um concerto dos Tindersticks (já é o segundo este ano, o primeiro foi em Estarreja), desta vez no Coliseu do Porto, aqui fica mais um Regresso ao Passado a eles dedicado.
Coliseu do Porto 27 Outubro de 2010 |
Coliseu do Porto 27 Outubro de 2010 |
Somente para dizer que os Tindersticks continuam, depois de quase 20 anos de existência e oito álbuns de originais (sem considerar as bandas sonoras), mesmo com as alterações ocorridas na sua formação, a ser a melhor banda da actualidade (afirmação que em 2018 se mantém verdadeira).
Stuart Staples mantém as qualidades vocais que se lhe conheciam fechando a trilogia das melhores vozes que o Rock produziu (os 2 primeiros foram Jim Morrison e Brian Ferry). Pese estar a escrever com os sons do concerto de ontem ainda na cabeça, registo que na cena da música popular não é fácil uma banda manter-se no meu top por um período tão grande.
Lembro-me da desilusão, a prenunciar o pior, de "Seventh Sojourn" dos The Moody Blues em 1972 e sempre que sai uma nova gravação dos Tindersticks o receio de sensação idêntica acontece. Mas Stuart Staples e restantes Tindersticks continuam a surpreender e a procurar novos caminhos (agora mais "jazzy" do que no início). Assim continuem por muitos anos e mantenham a sua presença regular em Portugal.
Duplo CD, gravado ao vivo, referência Lucky Dog 09 |
Gravada em Londres este ano (trata-se do álbum "Live in London 2010") e sem distribuição comercial segue "A night in".
Tinderstick - A night in
sábado, 9 de junho de 2018
The White Stripes - Seven Nation Army
Já vai na sétima década.
As 3 primeiras décadas (50,60,70) foram as mais produtivas. Deixou muitos descendentes de variadas matizes. Já atingiu a maturidade. Já não tem a energia de outros tempos. Já anunciaram a sua morte várias vezes mas, outras tantas, renasceu. É o Rock.
Por vezes surge um novo grupo que surpreende e a crítica especializada afirma: “O Rock acaba aqui”. Foi assim nos anos 80 com os Jesus and Mary Chain.
Outras vezes quando se pensa que o Rock está moribundo, sem energias, prestes a falecer surge alguém que o faz renascer das cinzas. Foi assim no início deste Milénio com, por exemplo, The White Stripes.
The White Stripes foram um duo formado por Jack e Meg White. Normalmente só uma bateria (Meg) e uma guitarra (Jack). Praticavam um Rock minimalista, rude, mas cheio de nervo.
De 2003, do álbum “Elephant” saiu “Seven Nation Army”. As listas “indie” enalteceram o álbum e a canção. Seria adoptada como hino no Euro 2008, e posteriormente um pouco por todos os estádios de futebol.
White Stripes - Seven Nation Army
As 3 primeiras décadas (50,60,70) foram as mais produtivas. Deixou muitos descendentes de variadas matizes. Já atingiu a maturidade. Já não tem a energia de outros tempos. Já anunciaram a sua morte várias vezes mas, outras tantas, renasceu. É o Rock.
Por vezes surge um novo grupo que surpreende e a crítica especializada afirma: “O Rock acaba aqui”. Foi assim nos anos 80 com os Jesus and Mary Chain.
Outras vezes quando se pensa que o Rock está moribundo, sem energias, prestes a falecer surge alguém que o faz renascer das cinzas. Foi assim no início deste Milénio com, por exemplo, The White Stripes.
https://www.spin.com |
The White Stripes foram um duo formado por Jack e Meg White. Normalmente só uma bateria (Meg) e uma guitarra (Jack). Praticavam um Rock minimalista, rude, mas cheio de nervo.
De 2003, do álbum “Elephant” saiu “Seven Nation Army”. As listas “indie” enalteceram o álbum e a canção. Seria adoptada como hino no Euro 2008, e posteriormente um pouco por todos os estádios de futebol.
White Stripes - Seven Nation Army
sexta-feira, 8 de junho de 2018
Antony and the Johnsons - na Casa da Música e no Coliseu do Porto
Para além de ter visto Antony em Coimbra, no Jardim da Sereia, em 2003 quando tocava com o Lou Reed, tive a oportunidade de assistir a dois concertos inesquecíveis de Antony and the Johnsons, respectivamente na Casa da Música a 29 de Maio de 2005 e no Coliseu do Porto a 18 de Maio de 2009. Eis os bilhetes.
Acrescento ainda artigo editado no semanário Expresso de 14 de Março de 2009.
Acrescento ainda artigo editado no semanário Expresso de 14 de Março de 2009.
Antony and the Johnsons - One Dove
A propósito da passagem de Antony and the Johnsons pelo Coliseu do Porto em 18 de Maio de 2009.
Antony esteve em Portugal pela terceira vez.
Em 2003, esta figura andrógina de voz angelical, era referência secundária e acompanhava Lou Reed no concerto que este deu em Coimbra, no Jardim da Sereia.
Passou o concerto relativamente despercebido, respondia a uma ou outra provocação desafiando quem o fazia a subir ao palco. Mas acaba por espantar meio mundo quando no encore canta a solo “Candy Says” de Lou Reed do longínquo tempo dos The Velvet Underground.
A 29 de Maio de 2005 regresso, agora como figura principal, com os seus Johnsons e na Casa da Música encanta outro meio mundo. Algo inibido pede desculpa ao público pelas suas músicas serem tão tristes.
18 de Maio de 2009 regressa de novo, agora para o Coliseu e para a apoteose que se adivinhava. Com lotação esgotada há muito tempo e um público predisposto à rendição total, Antony, completamente desinibido, trava frequentes diálogos com o público.
“Please don’t say the names of my songs. You are getting me uncomfortable”
"MARRY ME!"
"You don't wanna marry me, i'm an useless cook."
“Thousands kisses for you”
Quanto à música (Antony ao piano acompanhado por violoncelo, 2 violinos, oboé, baixo e bateria) essa foi sublime e é com certeza o concerto do ano. Com uma voz frágil e um ligeiro tremolo, que provoca arrepios na espinha, repetidas vezes levou o Coliseu a níveis emotivos pouco comuns.
(“You are my sister” no Coliseu do Porto a 18 de Maio de 2009)
Antony and the Johnsons - One Dove
Antony esteve em Portugal pela terceira vez.
Em 2003, esta figura andrógina de voz angelical, era referência secundária e acompanhava Lou Reed no concerto que este deu em Coimbra, no Jardim da Sereia.
Passou o concerto relativamente despercebido, respondia a uma ou outra provocação desafiando quem o fazia a subir ao palco. Mas acaba por espantar meio mundo quando no encore canta a solo “Candy Says” de Lou Reed do longínquo tempo dos The Velvet Underground.
A 29 de Maio de 2005 regresso, agora como figura principal, com os seus Johnsons e na Casa da Música encanta outro meio mundo. Algo inibido pede desculpa ao público pelas suas músicas serem tão tristes.
18 de Maio de 2009 regressa de novo, agora para o Coliseu e para a apoteose que se adivinhava. Com lotação esgotada há muito tempo e um público predisposto à rendição total, Antony, completamente desinibido, trava frequentes diálogos com o público.
“Please don’t say the names of my songs. You are getting me uncomfortable”
"MARRY ME!"
"You don't wanna marry me, i'm an useless cook."
“Thousands kisses for you”
Quanto à música (Antony ao piano acompanhado por violoncelo, 2 violinos, oboé, baixo e bateria) essa foi sublime e é com certeza o concerto do ano. Com uma voz frágil e um ligeiro tremolo, que provoca arrepios na espinha, repetidas vezes levou o Coliseu a níveis emotivos pouco comuns.
(“You are my sister” no Coliseu do Porto a 18 de Maio de 2009)
CD de 2009, referência RTRADCD443 da Rough Trade |
Para pura audição segue, porque o futuro da música popular passa por aqui, “One Dove” do 3ºálbum de Antony.
Antony and the Johnsons - One Dove
quinta-feira, 7 de junho de 2018
Wayne Shorter Quartet - Concerto de 2009 na Casa da Música
Eis alguma memorabilia da passagem de Wayne Shorter em quarteto pela Casa da Música em 11 de Março de 2009.
Primeiro o bilhete do concerto.
Depois o folheto distribuído no concerto com resumo bibliográfico dos músicos que compunham o quarteto, a saber:
Wayne Shorter, saxofones
Danilo Perez, piano
John Patitucci, baixo
Brian Blade, bateria
Finalmente recorte do "Jornal de Notícias" do dia seguinte, que sob o título "Um corte com o passado" fazia a crítica do concerto.
Wayne Shorter Quartet - On Wings of Song
Este e mais alguns próximos Regresso ao Passado são com canções já deste milénio. Os textos não são de agora pelo que tive que fazer algumas pequenas alterações.
Começo em 2009, o pretexto era o bicentenário do nascimento de Felix Mendelssohn.
Mendelssohn eminente compositor romântico, por entre Sinfonias e Concertos escreveu dezenas de canções. Uma das canções de Mendelssohn que maior popularidade granjeou foi “On Wings of Song”.
No dia 11 de Março de 2009 o Quarteto de Wayne Shorter actuou na Casa da Música.
O quarteto era composto por, Wayne Shorter saxofones, Danilo Perez piano, John Patitucci baixo, Brian Blade bateria, uma formação de luxo, portanto.
Para espanto de todos e desconforto de alguns Wayne Shorter tocou durante 75 minutos ininterruptamente o seu último álbum. Sem cortar de todo com o seu passado projecta-se numa sonoridade sem barreiras. O nome do álbum é “Beyond the Sound Barrier”, tinha sido editado em 2005 e um dos temas nele incluído é nada mais nada menos que “On Wings of Song”.
No folheto distribuído no concerto pode-se ler:
"Wayne Shorter considera o seu disco mais recente, Beyond the Sound Barrier, como parte de um contínuo criativo. "A missão é a mesma... lutar por uma boa causa." diz, "É uma declaração sobre o que é a vida, na realidade. E é com ela que vou acabar este caminho". "Muitos músicos preocupam-se em proteger o que eu chamo os seus alicerces musicais. Querem estar no seu melhor em palco, entrar com o pé direito, tocas as melhores frases, tentar impressionar o público. Mas eu estou numa altura em que digo apenas: para o diabo com as regras. É a minha forma de fazer música agora. Com esta idade, não tenho nada a perder. Lanço-me ao desconhecido." (À data do concerto tinha ele 75 anos).
Para desfrutar, sem pressas, segue "On Wings of Song".
Wayne Shorter Quartet - On Wings of Song
Começo em 2009, o pretexto era o bicentenário do nascimento de Felix Mendelssohn.
Mendelssohn eminente compositor romântico, por entre Sinfonias e Concertos escreveu dezenas de canções. Uma das canções de Mendelssohn que maior popularidade granjeou foi “On Wings of Song”.
No dia 11 de Março de 2009 o Quarteto de Wayne Shorter actuou na Casa da Música.
O quarteto era composto por, Wayne Shorter saxofones, Danilo Perez piano, John Patitucci baixo, Brian Blade bateria, uma formação de luxo, portanto.
Para espanto de todos e desconforto de alguns Wayne Shorter tocou durante 75 minutos ininterruptamente o seu último álbum. Sem cortar de todo com o seu passado projecta-se numa sonoridade sem barreiras. O nome do álbum é “Beyond the Sound Barrier”, tinha sido editado em 2005 e um dos temas nele incluído é nada mais nada menos que “On Wings of Song”.
No folheto distribuído no concerto pode-se ler:
"Wayne Shorter considera o seu disco mais recente, Beyond the Sound Barrier, como parte de um contínuo criativo. "A missão é a mesma... lutar por uma boa causa." diz, "É uma declaração sobre o que é a vida, na realidade. E é com ela que vou acabar este caminho". "Muitos músicos preocupam-se em proteger o que eu chamo os seus alicerces musicais. Querem estar no seu melhor em palco, entrar com o pé direito, tocas as melhores frases, tentar impressionar o público. Mas eu estou numa altura em que digo apenas: para o diabo com as regras. É a minha forma de fazer música agora. Com esta idade, não tenho nada a perder. Lanço-me ao desconhecido." (À data do concerto tinha ele 75 anos).
Para desfrutar, sem pressas, segue "On Wings of Song".
Wayne Shorter Quartet - On Wings of Song
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