Para uns recordações, para outros descobertas. São notas passadas, musicais e não só...
domingo, 14 de agosto de 2016
José Afonso - Era de Noite e Levaram
O ano de 1969!
O ano da lua, também o fim do sonho dos anos 60.
O regime fascista Franquista instaura a monarquia, Georges Pompidou, Olof Palme e Willy Brandt são os principais dirigentes europeus, em Inglaterra The Beatles fazem a última aparição pública com o concerto no telhado da sede da editora Apple. Do outro lado do Atlântico o conservador Richard Nixon sobe ao poder, o movimento hippie atinge o seu auge com a celebração de Woodstock, crescem os protestos contra a guerra do Vietname.
Em Portugal vivemos a primavera Marcelista, mas os fundamentos do regime Salazarista mantêm-se, as lutas estudantis recrudescem, a polícia política muda de nome de PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado) passa a DGS (Direcção Geral de Segurança), a repressão e a censura mantêm-se. No final do ano é editado o primeiro número da revista "mundo da canção", de Maio a Dezembro tivemos uma lufada de ar fresco com o programa de TV "Zip-Zip" por onde passaram o Adriano Correia de Oliveira, o Manuel Freire, o Intróito, os Efe 5, o Padre Fanhais, o José Barata Moura, entre outros.
Musicalmente o ano, em Portugal, será bastante rico, com José Afonso a libertar-se do simplismo da balada e a publicar o promissor "Contos Velhos, Rumos Novos", Adriano Correia de Oliveira edita "O Canto das Armas" e alguns nomes novos surgem: Fausto, Vieira da Silva, José Jorge Letria, Padre Fanhais são os principais exemplos. E não esqueçamos, no famigerado Festival da Canção Simone canta a "Desfolhada" do Ary dos Santos e escandaliza meio mundo com os versos "quem faz um filho/falo por gosto".
Lembremos então algumas canções da música popular portuguesa deste ano de 1969.
E, só podíamos começar com José Afonso essa figura incontornável da música popular portuguesa, "Contos Velhos Rumos Novos" é um marco importante na discografia de José Afonso, é um disco mais trabalhado que os anteriores com a introdução, para além da viola, de novos instrumentos como o cavaquinho, as marimbas, a harmónica e a trompa, faz-se acompanhar de uma voz feminina, a de Teresa Paula Brito.
Escolhemos "Era de Noite e Levaram" com música de José Afonso e a letra, com referências claras à perseguição da polícia política, de Luís Andrade. Ora ouçam.
José Afonso - Era de Noite e Levaram
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