quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Pamela Murphy - Lullaby

A Propósito do Programa televisivo Zip-Zip - 1969


Pamela Murphy conheceu Luís Pinto de Freitas (1946-2015), ex-viola-solo de Os Claves, no Algarve, no Verão de 1967.

"Conheci um guitarrista com quem tinha uma total e completa união e compreensão musical. Comecei a cantar com ele em 1967, quando nos conhecemos." afirmou Pamela Murphy.

Mais tarde contraíram matrimónio e ficaram para sempre ligados, musicalmente e não só.
No ano de 1969 dá-se a conhecer no programa televisivo "Zip-Zip" acompanhada por Luís Pinto de Freitas e por Luís de Freitas Branco (também ex-Claves), nesse mesmo ano grava um EP para a Polydor que será editado no ano seguinte.

O EP, registo único de Pamela Murphy, constituído por 4 faixas, continha 2 originais compostos pelo duo, "Please Come Back" e "Why", e duas versões,"Lullaby" e "Glad Bluebird of Happiness".




A escolha vai para "Lullaby", versão do tema do filme "Rosemary's Baby", de 1968, de Roman Polansky.



Pamela Murphy - Lullaby

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Música Novarum - Temporal no Monte

A Propósito do Programa televisivo Zip-Zip - 1969


Mais um grupo predominantemente vocal que se estreou no programa da TV "Zip-Zip", foram os Música Novarum.

Formados no ano de 1969, os Música Novarum eram constituídos por Nuno Rodrigues, Daphne Stock, António Lobão e Judi Brennan. Musicalmente, manifestavam um som Folk com aproximação à música renascentista, arranjos vocais, uma viola e uma flauta protagonizavam o som dos Música Novarum.

Na passagem pelo "Zip-Zip" interpretaram a canção "Temporal No Monte" que viria a ser editada no disco "O Último Zip" com data provável de 1971. Na contra-capa do LP, Raul Solnado, Fialho Gouveia e Carlos Cruz assinavam o seguinte texto:
"Foram 7 meses de amanhecer difícil. Por não poder fazer mais... por não saber fazer melhor. Mas ficou a semente. Dar uma mãozinha. Gostar de gente. O Zip foi a esperança no entendimento. Hoje é apenas a maior saudade. Pelo menos de nós três".

Do blog Ié-Ié


O quarteto teria curta duração, em 1974 Nuno Rodrigues estaria na génese de um dos grupos mais interessantes da música popular portuguesa, a Banda do Casaco.
Em 2016 Nuno Rodrigues edita o primeiro CD  a solo de nome "Pérolas d'Alma" com poesia de Florbela Espanca.



Música Novarum - Temporal no Monte

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Intróito - Steady

A Propósito do Programa televisivo Zip-Zip - 1969


Pertenciam ao coro do Orfeão Académico de Lisboa e constituíram-se no final da década de 60 como quarteto vocal. Tomaram a designação de Intróito quando em 1969 tiveram a oportunidade de participar no programa televisivo "Zip-Zip".
Interpretavam música Folk e espirituais negros, mas também abordaram a música ligeira, ao participar nos Festivais da Canção em 1970 e 1971, e a música de intervenção antes (nomeadamente no espectáculo de 29 de Março de 1974 no Coliseu de Lisboa) e depois do 25 de Abril de 1974.





A discografia dos Intróito anterior ao 25 de Abril foi constituída por 3 Singles e 1 EP gravados entre 1970 e 1972.
No 1º disco da editora "Zip-Zip", um LP colectânea de 1969 com participantes no programa da TV, consta interpretado pelos Intróito o tema tradicional norte-americano "Steady".



Intróito - Steady

domingo, 28 de agosto de 2016

EFE 5 - I'll Not Marry At All

A Propósito do Programa televisivo Zip-Zip - 1969


Nem só de cantores de intervenção se fazia o espaço musical do programa de TV "Zip-Zip" no ido ano de 1969.
Outras passagens, outras sonoridades se fizeram sentir, longe da música ligeira de mau gosto que estava então generalizada nos meios de radiodifusão. Assim, foi possível assistir à divulgação de grupos musicais de raiz popular como os EFE 5, o Intróito, a Música Novarum e ainda grupos emergentes do Pop-Rock como os Pop Five Music Incorporated, o Sindicato e a Filarmónica Fraude.

O 1º EP do grupo editado pelo "Zip-Zip" em 1970 e eram apresentados assim na contra-capa:
"Cantam porque gostam de cantar.
Começou há dois anos o EFE 5. Começaram a cantar música folclórica norte-americana e actuavam em convívios estudantis e espectáculos académicos. Mais tarde marcaram presença na TV, integrados em dois programas Zip-Zip.
O conjunto EFE 5, que é constituído por Fátima, Maria João, Carlos, João e Agostinho, apresenta hoje um repertório novo - canções populares alentejanas interpretadas em estilo diferente, muito pessoal. Vamos ouvi-los?" 





Aquando da passagem pelo "Zip-Zip" ficou a gravação, que apareceu na colectânea "Zip-Zip", já aqui referida como o primeiro LP da nova editora, de uma canção tradicional norte-americana de nome "I'll Not Marry At All" e é a proposta para hoje.



EFE 5 - I'll Not Marry At All

sábado, 27 de agosto de 2016

Manuel Freire - Pedra Filosofal

A Propósito do Programa televisivo Zip-Zip - 1969


Manuel Freire não era um desconhecido quando em 1969 faz a sua passagem pelo programa televisivo "Zip-Zip". Já sectores variados da sociedade portuguesa conheciam a música de Manuel Freire através de 2 EP gravados em 1968, em particular o primeiro com "Dedicatória", "Livre", "Eles" e "Pedro o Soldado".
Foi o cantor de intervenção a obter maior sucesso com a participação no "Zip-Zip", aqui deu a conhecer aquela que é uma das canções mais bonitas da música popular portuguesa, a bem conhecida "Pedra Filosofal". O belo poema de António Gedeão musicado e cantado por Manuel Freire vai ser o seu maior êxito e um verdadeiro hino da canção de intervenção. Uma canção que marcou uma geração na luta contra um regime que não sabia "...que o sonho é uma constante da vida...".

"Este belo poema tornou-se de tal modo popular e o seu êxito foi tão imediato que o Manuel acabou por voltar, poucas semanas depois, para fechar o ciclo do programa, e quando a gravação acaba, que era feito ao vivo, com assistência, no Teatro Villaret, como nos conta, uma agradável surpresa era-lhes reservada: já na rua, uma banda sobe a Avenida Fontes Pereira de Melo a tocar a «Pedra Filosofal», cantada em coro por todos - cantor, organizadores, público, etc.." em "Canto de Intervenção 1960-1074" de Eduardo Raposo.




O meu pai era amigo e colega de trabalho de Manuel Freire pelo que sabíamos antecipadamente da sua participação no programa "Zip-Zip", tínhamos pois razões acrescidas para nessas noites de Segunda-feira assistirmos com maior ansiedade ao "Zip-Zip".

No ano seguinte "Pedra Filosofal" seria editada em Single da editora, entretanto criada, "Zip-Zip".



Manuel Freire - Pedra Filosofal

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

José Froes Leitão - Farrapo

A Propósito do Programa televisivo Zip-Zip - 1969


Em 1969, pelo programa "Zip-Zip" passaram muitas propostas musicais, boa parte delas bem desconhecidas do grande público. Se alguns já tinham alguma divulgação e já eram nomes importantes na música popular, por exemplo, Adriano Correia de Oliveira e Manuel Freire, outros foram aqui descobertos e fizeram, posteriormente, o seu percurso musical, seja o José Jorge Letria, o Pedro Barroso, o José Barata Moura, outros ainda tiveram uma passagem fugaz pelo programa e, não fosse este, não teria ficado qualquer testemunho musical gravado, é o caso de José Froes Leitão.


Em "Canta, Amigo Canta" de João Carlos Callixto pode-se ler:
"José Froes Leitão foi um dos nomes divulgados pelo "Zip-Zip", em 1969. No entanto, e ao contrário de grande parte dos nomes que passaram pelo programa, não lograria gravar qualquer disco a solo. A sua discografia resume-se assim à participação no LP de estreia da editora "Zip-Zip", onde surge com o tema "Farrapo", de sua autoria".





Neste LP já aqui, por diversas vezes referido consta precisamente a canção "Farrapo" que José Froes Leitão interpretou no programa. "Farrapo" a evidenciar potencialidades que infelizmente não se concretizaram.



José Froes Leitão - Farrapo

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

José Jorge Letria - Arte Poética

A Propósito do Programa televisivo Zip-Zip - 1969  


José Jorge Letria, hoje mais conhecido escritor de literatura infanto-juvenil e jornalista, foi nos anos 70 um cantautor da nova música portuguesa que florescia no início da década, destacando-se no seu posicionamento anti regime e na procura de sonoridades mais elaboradas que as tradicionais baladas.

Estreia-se no programa televisivo "Zip-Zip" e a primeira edição discográfica data de 1970 com o EP "História do José-sem-Esperança".

Em 18 de Julho de 1969 a revista "Flama" em artigo de análise sobre o "Zip-Zip" publica um depoimento de José Jorge Letria:
"José Jorge Letria, tem 18 anos e é segundanista da Faculdade de Direito de Lisboa. cantor e compositor de baladas, antigo colaborador do «Diário de Lisboa Juvenil», tinha muita coisa a dizer. Eis o que disse e como disse:
«Zip-Zip» é incontestavelmente um fenómeno, porém um fenómeno tardio e como todos os fenómenos tardios já em larga medida contaminado por certos vícios e concepções que são o resultado flagrante de uma espera excessivamente prolongada.
«Zip-Zip» é o quotidiano aprisionado em cada tarde de Sábado, um quotidiano feito programa de televisão, programa esse que nasce quando a semana morre para depois morrer quando a semana nasce. E isto porque «Zip-Villaret» e «Zip-Lumiar» são duas realidades bem distintas, por vezes bem extremamente difíceis de justapor ou identificar entre si. Entre «Zip-Lumiar» e «Zip-Villaret» há dois dias de fermentação, dois dias de adaptação, dois dias de meditação para quem viu o «Zip-Villaret»".
(como se sabe a transmissão do "Zip-Zip" não era em directo, era gravado no Sábado no Teatro Villaret e transmitido na Segunda-feira nos estúdios do Lumiar, pelo meio tínhamos a censura)




Ainda no dizer de José Jorge Letria, em "Canto de Intervenção 1960-1974" de Eduardo Raposo: "O programa veio, em certa medida, consagrar a importância que a canção de intervenção começava a ter na vida cultural do país e no trabalho da resistência".

Com edição "Zip-Zip" sai, em 1971, o Single "Pare, Escute e Olhe", no lado B constava "Arte Poética", texto de Hélia Correia e música de José Jorge Letria.



José Jorge Letria - Arte Poética

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Rui Mingas - Ixi Ame (Minha Terra)

A Propósito do Programa televisivo Zip-Zip - 1969

O "Zip-Zip" é considerado, e bem, um dos melhores programas de sempre da RTP. Foi, no ano de 1969, um fenómeno de popularidade tendo como apresentadores o Carlos Cruz, o Fialho Gouveia e o Raul Solnado. Terá sido o primeiro Talk-Show da nossa televisão.

Adelino Gomes, ao recordar o programa em texto no jornal "Público" de 20 de Outubro de 2002, lembra a recepção da crítica logo manifestada ao primeiro programa que foi para o ar a 26 de Maio de 1969:
"A crítica nos jornais de terça-feira, 27, o dia seguinte à emissão, não esconde a surpresa e abre-se em elogios. "As câmaras de TV, finalmente, aproximaram-se do povo", avisa, ainda algo incrédulo, Miguel Serrano no "República". "De súbito prova-se que era possível o humor; que era possível refrescar as variedades; que era possível a convivência da inteligência e do riso", aplaude Castrim no "Lisboa". "Nunca tinha acontecido: o espectáculo convivente, a escolha inteligente de cada passo, a graça e a alegria no tom exacto (...) tudo num só programa de televisão", corrobora Correia da Fonseca em "A Capital"."

A divulgação de novos cantores era uma das marcas do programa, e deles estamos, agora, a dar nota, um deles foi Rui Mingas.




Rui Mingas é um cantor angolano, nos anos 60 vivia em Lisboa onde estudava e praticava atletismo. Em 1969 é dado a conhecer ao público português no programa "Zip-Zip". Lá interpretou "Ixi Ame (Minha Terra)" que vai sair, nesse ano, integrada na colectânea "Zip-Zip" com alguns dos convidados do programa. Faz parte também do primeiro álbum editado no ano seguinte de nome "Angola Canções", em França tomou o nome de"África Negra".


Rui Mingas - Ixi Ame (Minha Terra)

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Nuno Filipe - Roteiro de Lisboa

A Propósito do Programa televisivo Zip-Zip - 1969


Nuno Filipe (1947-2002) é um nome que ficou, infelizmente, relativamente pouco conhecido. Cunhado da poetisa Maria Teresa Horta com ela fez parceria no período em que efectuou gravações, ou seja entre 1967 e 1970. Deixou-nos uma discografia curta (3 EP e 1 Single) mas deveras singular.



Em
musicaapretoebranco.blogspot.pt
Em 1969 passa pelo programa "Zip-Zip" e edita o 3º EP "Nossas Canções/1". Neste disco assina 4 temas em parceria Maria Teresa Horta e é acompanhado pelo conjunto Álamos.
Em "Canta, Amigo, Canta" de João Carlos Callixto pode-se ler:
"Partindo do universo musical do pop rock - e os dois primeiros discos de Nuno Filipe são notáveis trabalhos na área do rock psicadélico -, quer a própria natureza dos textos de Maria Teresa Horta quer depois a mudança de editora da Philips para a Movieplay acentuariam a vertente de inquietação social patente na obra do músico."

"Roteiro de Lisboa" é uma bela canção e faz parte do 3º EP já referido.



Nuno Filipe - Roteiro de Lisboa

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Hugo Maia de Loureiro - Fonte de Água Vermelha

A Propósito do Programa Televisivo Zip-Zip - 1969


Hugo Maia de Loureiro teve o seu ponto mais alto e foi onde ganhou maior popularidade, ao interpretar em 1970, no VII Festival RTP da Canção, a extraordinária canção "Canção de Madrugar" de Ary dos Santos e Nuno Nazareth Fernandes. Fica em 2º lugar, sendo vencedor Sérgio Borges com "Aonde Vais Rio que Eu Canto".
Dotado de particular capacidade interpretativa, Hugo Maia de Loureiro dá-se primeiramente a conhecer em 1969 no programa da RTP "Zip-Zip" onde interpretou o tema, para hoje escolhido, "Fonte de Água Vermelha".
Não integrando a onda dos Cantores de Intervenção é, no entanto, um renovador da chamada canção ligeira.




"Fonte de Água Vermelha", numa toada baladeira, iria fazer parte do LP colectânea "Zip-Zip", ainda de 1969, e que iria dar início à editora com o mesmo nome, também faria parte do primeiro EP gravado por Hugo Maia de Loureiro e editado em 1970.



Hugo Maia de Loureiro - Fonte de Água Vermelha

domingo, 21 de agosto de 2016

José Barata Moura - Frère Souviens-Toi

A Propósito do Programa televisivo Zip-Zip - 1969

José Barata Moura ficou conhecido pelo grande público pelas suas canções destinadas às crianças: "Olha a Bola Manel", "Joana Come a Papa". "Fungágá da Bicharada", etc., etc.. No seu início fez também parte do grupo dos cantores de intervenção que no final da década de 60 despontaram fulgurantemente contra o regime fascista de então.

"No período de estudante universitário participou nas lutas estudantis que culminaram na crise académica de 1969. No mesmo ano, a sua participação no programa televisivo Zip-Zip foi decisiva, permitindo-lhe gravar no ano seguinte o EP Balade de Bidonville e, em 1971, o EP infantil Olha a Bola, Manel, ambos para a editora Zip, além de ter participado no álbum colectivo Zip-Zip (1969)." pode-se ler na "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX".

Em "Canto de Intervenção 1960-1974" a propósito do José Barata Moura, depois de se indicar que começou a cantar em público a partir de 1963, refere-se:
"O grande ponto de viragem foi a sua participação no «Zip-Zip»,..."  e mais adiante, conforme entrevista:
"Refere as proibições e a participação em espectáculos com o José Afonso, o Adriano, o Manuel Freire, o Fanhais, o José Jorge Letria, e a importância que o «Zip-Zip» teve para a difusão da nova geração de cantores de intervenção, com um circuito não apenas restrito ao meio universitário - como acontecera inicialmente com o Zeca e o Adriano - mas as consequências de incentivar a actividade de sessões culturais nas colectividades e nos grupos um pouco por todo o país, embora tendo em conta todo o trabalho político de intervenção cultural."





Ainda em 1969 é gravado o LP "Zip-Zip", uma colectânea que incluía alguns dos convidados do programa e dava início a uma editora com a mesma designação. Desse LP recuperamos do José Barata Moura, "Frère Souviens-Toi".



José Barata Moura - Frère Souviens-Toi

sábado, 20 de agosto de 2016

Deniz Cintra - Balada dos Homens e Mulheres Sentados

A Propósito do Programa televisivo Zip-Zip - 1969


O programa de televisão "Zip-Zip" ocorrido em 1969 foi de tal maneira importante, no que diz respeito à divulgação da chamada música de intervenção que os cantores que por lá passaram ficaram mesmo conhecidos por "cantores Zip".

Em "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX" lê-se:
"A importância do Zip-Zip para a música em Portugal no séc. xx reside no facto de este programa ter sido um dos principais veículos de divulgação de muitos cantores de intervenção (além de ter contribuído para o estabelecimento de uma rede de contactos entre eles), que de outro modo não dispunham de canais de divulgação do seu trabalho perante audiências mais alargadas."

Um desses cantores foi Deniz Cintra (1951-1990), participa em Julho no "Zip-Zip" e em Agosto grava o primeiro EP que só será editado no ano seguinte.




Pelo interesse, reproduzimos o texto da contra-capa escrito por Nuno Portas  (adaptação de um depoimento publicado em "A Mosca", em 13 de Setembro de 1969):
"“A balada, prenúncio de uma nova geração, não tem tido as mesmas condições de expressão de outras espécies de música dita ligeira mais ou menos comercial quer pelo desconforto temático que introduz, quer pela perturbação que poderia introduzir, quando atingida dimensão popular, nos interesses organizados da indústria e no clima passivo dos espectáculos musicais. Por este motivo interessa discuti-la – não na base das duas intenções mas antes nas potencialidades de comunicação-participação, ou de outro modo, na força que contenha ou possa desenvolver para a criação de um espaço cultural de gente nova acordada - em ritmo-comum. Daí a dívida que temos pelo arranque dado por um José Afonso ou um Adriano Correia de Oliveira.
O impacto sobre a sociedade ou sobre a cultura virá dela ser expressão não já de ideias mas de formas de vida que estão sendo, ou querem ser, vividas e por isso mesmo podem ser gritadas como alternativas aos modelos da sociedade estabelecida. Algo que está muito para além da maior ou menor coragem das "letras" (perspectiva ainda do literato) para assumir a inovação rítmica, a forma de cantar, as regras dos meios de comunicação de massa e, até, o seu consumo voraz. 
Dylan, Baez, Gil ou deste lado os Beatles, são chefes de fila, ou melhor, interpretes privilegiados de movimentos culturais avassaladores que estão abalando relações sociais e valores tradicionais e encontram numa poesia-outra, uma música-outra, uma arma de solidariedade de que já ousa viver outros valores mas tem de o dizer (cantar) para que possa continuar junta e a criar outras formas de viver. Na nova canção (balada será termo demasiado particular de um género demasiado revivalista) o intérprete é a chave do elemento significante ao mesmo nível das palavras e do tema musical. A sua forma de cantar é já em si mesma parte decisiva da mensagem: a que nos permite perceber a autenticidade, o inconfundível. Por isso senti na força irresistível vocal do Deniz Cintra, quando o ouvi ao vivo, potencialidades para romper com a relativa passividade, talvez de ilustradores de poema, que me parece dominar na actual fase desta forma de comunicação, a que atribui uma importância cultural própria para além de uma intenção de alargamento do consumo da poesia-escrita que me parece bem secundária e mesmo esteticamente equívoca. O suporte poético usado (cantado) na nova canção não pode senão sofrer nela uma metamorfose, não pode senão ser traído, em nome de outra vontade e de outra forma e de outro tempo de comunicar. É a incessante re-descoberta da comunicação colectiva, feliz, que a todos importa.” 

De Deniz Cintra, que chegou a actuar com Adriano Correia de Oliveira, José Jorge Letria, Francisco Fanhais, José Almada, este último não tendo chegado a participar no "Zip-Zip" (pois entretanto o programa acabou), recuperamos "Balada dos Homens e Mulheres Sentados".



Deniz Cintra - Balada dos Homens e Mulheres Sentados

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX

Quarto e último volume "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX" vai da letra P a Z, termina assim uma obra fundamental de consulta obrigatória para qualquer curioso sobre a música feita em Portugal no século passado.
Mesmo assim não encontramos algumas entradas que julgo fariam sentido como por exemplo:
Álamos, Filarmónica Fraude, Conjunto Sousa Pinto, Thilo’s Combo, Tártaros, Os Vodkas, Jaime Nascimento, Conjunto Mário Simões, Intróito, entre outros.






Esta obra termina com um interessante estudo intitulado "Do século XX ao século XXI: processos, práticas musicais e músicos emergentes".

Francisco Naia - Barco Novo

A Propósito do Programa televisivo Zip-Zip - 1969

Em a "Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX" começa assim a entrada "Zip-Zip":
"Programa televisivo emitido de Mai. a Dez. de 1969. Gravado aos sábados à tarde, no Teatro Villaret, e transmitido às segundas-feiras à noite, era concebido e realizado por uma equipa constituída por Carlos Cruz, Raul Solnado e Fialho Gouveia. Tratava-se de um Talk-Show semanal composto por entrevistas, música e sketches de humor, incidindo em temáticas da actualidade e divulgando novas formas musicais, o que incentivou o surgimento de novos valores."

Na lista dos novos valores que surgiram no "Zip-Zip" está, entre outros, o de Francisco Naia.

Francisco Naia, nome surgido nos finais da década de 60 vai revelar-se ao país no final da década de 60 através da participação no programa "Zip-Zip" e é um daqueles cantores esquecidos da música popular de intervenção.

Primo da popular cantora Tonicha, foi aluno de José Afonso quando este dava aulas em Aljustrel, e, por influência do pai maestro e compositor, cedo mostrou vocação para  a música.




Em 1969 grava o primeiro EP "Barco Novo", logo proibido pela censura, e participa no programa "Zip-Zip".  Em "Canto de Intervenção 1960-1974"  Eduardo Raposo recorda a passagem pelo programa citando o próprio:
"No 'Zip-Zip', nunca mais me esqueço, fui aplaudido de pé. Fui extremamente censurado. Dos vinte temas apresentados escolheram quatro. ... mas fui muito bem recebido no Teatro Villaret e isso deu-me muita força para continuar a fazer aquele género de música, para continuar a cantar."

Recordamos a canção "Barco Novo", ou o regresso dos barcos vindos da guerra do ultramar:



Francisco Naia - Barco Novo

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Padre Fanhais - Cantilena

A Propósito do Programa televisivo Zip-Zip - 1969


"As ruas ficavam vazias. As casas de espectáculos sem público. Pela primeira vez, um programa de televisão marcava a agenda das conversas dos portugueses. Aconteceu durante o segundo semestre de 1969. Em plena "primavera marcelista". Nunca antes a televisão entusiasmara assim os portugueses. Nunca mais a televisão foi capaz de se aproximar dos píncaros a que se alcandorou e onde permaneceu durante trinta e duas semanas. Zip-Zip, o programa que Raul Solnado, Carlos Cruz e Fialho Gouveia mantiveram "no ar" entre Maio e Dezembro de 1969, na RTP, fez então e continua a fazer ainda hoje a unanimidade entre os críticos e entre os espectadores de televisão."
assim começava o artigo publicado, no jornal "Público", a 20 de Outubro de 2002, de Adelino Gomes sobre o programa "Zip-Zip".

Efectivamente, lembro-me de, em casa dos meus pais, se ver o programa "Zip-Zip" com uma curiosidade e atenção não habituais, sempre na expectativa de, de alguma forma, se fazerem notar manifestações de uma abertura política tão desejada. Ora nas entrevistas, ora nas rábulas do Raul Solnado, ora nos cantores de intervenção que por lá passavam.

Alguns deles ainda desconhecidos, sem qualquer aparição pública ou disco gravado.

Francisco Fanhais, ou melhor à época Padre Fanhais, foi um deles. Francisco Fanhais chegou ao grande público através do programa televisivo "Zip-Zip". Já o recordámos na canção "À Saída do Correio" então interpretada no programa, a vez agora para uma canção do EP que gravou ainda em 1969, "Cantilena".




"Cantilena", que, julgo eu, também interpretou no "Zip-Zip", é mais uma das muitas canções que ajudaram a que cinco anos mais tarde fosse conquistada a liberdade.



Padre Fanhais - Cantilena

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Pedro Barroso - Trova-dor

A Propósito do Programa televisivo Zip-Zip - 1969

Com um certo abrandamento da censura do regime ocorrido na chamada primavera marcelista (1968-1970) é proposto à RTP a realização de um programa de entretenimento que se designaria por "Zip-Zip". Os programas eram gravados ao Sábado, ao vivo, no Teatro Villaret e transmitidos na Segunda-feira seguinte, sendo aguardados e vistos por uma população ávida de novidades. Raul Solnado, Fialho Gouveia e Carlos Cruz eram os seus autores, a selecção musical estava a cargo do então jovem estudante universitário José Nuno Martins.

Nos curtos nove meses de duração que o programa teve o chamado Canto de Intervenção conheceu aqui um grande impulso na sua divulgação. Por lá passaram alguns nomes pela primeira vez mesmo sem ter qualquer disco gravado, foi o caso, por exemplo, do Pedro Barroso.

É a 22 de Dezembro que o então jovem (nasceu a 1950) Pedro Barroso se deu a conhecer na televisão portuguesa onde interpreta algumas das canções que iriam ser editadas no ano seguinte precisamente pela editora "Zip-Zip" entretanto criada.





No EP "Trova-dor", na contra-capa, um pequeno texto do Pedro Barroso:
"Na interiorização que faço do mundo visível está a resposta a porque canto e componho, entre várias outras ocupações; por necessidade hedonística de uma função vital entre várias outras funções vitais: a de, no som, trazer os outros a mim, e levar-me a eles também.
No movimento - a pessoa; na pessoa - a opção; na opção - o certo e o errado; o meu certo - o possivelmente errado; eu próprio - um caminho a discutir em função de um querer DAR, sem justificação maior que a de DAR simplesmente."

Com arranjos e direcção de Pedro Osório e coros pelo conjunto Intróito, o tema título "Trova-dor" é a proposta de audição.



Pedro Barroso - Trova-dor

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Adriano Correia de Oliveira - E a Carne se Fez Verbo

A Propósito do Programa televisivo Zip-Zip - 1969

Dois nomes houve na década de 60 que foram cruciais no desenvolvimento de novas sonoridades na música portuguesa de expressão popular e que a afastaram definitivamente do bafiento fado e também do então designado nacional-cançonetismo, foram eles José Afonso e Adriano Correia de Oliveira.
Para um e para outro foi o fado de Coimbra que constituiu a principal escola de canto, foram cúmplices na sua renovação e dele se afastaram. O encontro da música com a poesia de alguns autores, nomeadamente Manuel Alegre, levaram à constituição do movimento das baladas , ou também como ficou conhecido ao Canto de Intervenção face à clara oposição ao regime ditatorial vigente na época.

A divulgação deste tipo de música através de discos, encontros musicais e alguma passagem tímida na rádio vai sofrer um nítido incremento no final da década com o surgimento da revista "mundo da canção" e com o programa televisivo "Zip-Zip".

Por este programa, que durou de Maio a Dezembro de 1969, passaram nomes como Adriano Correia de Oliveira, Francisco Naia, Manuel Freire, José Jorge Letria, Padre Fanhais, Pedro Barroso, Denis Cintra, José Barata Moura e muitos mais, que vão dar a conhecer a uma população mais vasta o que se ouvia em círculos mais pequenos e fechados. A José Afonso foi proibida a participação no programa.





O primeiro programa do "Zip-Zip" a 26 de Maio de 1969 teve a participação de Adriano Correia de Oliveira, ano em que ainda iria ser editado o seu 3º LP de nome "O Canto e as Armas".
Deste significativo disco ficamos com "E a Carne se Fez Verbo", letra de Manuel Alegre e música de Adriano Correia de Oliveira.



Adriano Correia de Oliveira - E a Carne se Fez Verbo

domingo, 14 de agosto de 2016

José Afonso - Era de Noite e Levaram



O ano de 1969!
O ano da lua, também o fim do sonho dos anos 60.
O regime fascista Franquista instaura a monarquia, Georges Pompidou, Olof Palme e Willy Brandt são os principais dirigentes europeus, em Inglaterra The Beatles fazem a última aparição pública com o concerto no telhado da sede da editora Apple. Do outro lado do Atlântico o conservador Richard Nixon sobe ao poder, o movimento hippie atinge o seu auge com a celebração de Woodstock, crescem os protestos contra a guerra do Vietname.

Em Portugal vivemos a primavera Marcelista, mas os fundamentos do regime Salazarista mantêm-se, as lutas estudantis recrudescem, a polícia política muda de nome de PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado) passa a DGS (Direcção Geral de Segurança), a repressão e a censura mantêm-se. No final do ano é editado o primeiro número da revista "mundo da canção", de Maio a Dezembro tivemos uma lufada de ar fresco com o programa de TV "Zip-Zip" por onde passaram o Adriano Correia de Oliveira, o Manuel Freire, o Intróito, os Efe 5, o Padre Fanhais, o José Barata Moura, entre outros.
Musicalmente o ano, em Portugal, será bastante rico, com José Afonso a libertar-se do simplismo da balada e a publicar o promissor "Contos Velhos, Rumos Novos", Adriano Correia de Oliveira edita "O Canto das Armas" e alguns nomes novos surgem: Fausto, Vieira da Silva, José Jorge Letria, Padre Fanhais são os principais exemplos. E não esqueçamos, no famigerado Festival da Canção Simone canta a "Desfolhada" do Ary dos Santos e escandaliza meio mundo com os versos "quem faz um filho/falo por gosto".




Lembremos então algumas canções da música popular portuguesa deste ano de 1969.
E, só podíamos começar com José Afonso essa figura incontornável da música popular portuguesa, "Contos Velhos Rumos Novos" é um marco importante na discografia de José Afonso, é um disco mais trabalhado que os anteriores com a introdução, para além da viola, de novos instrumentos como o cavaquinho, as marimbas, a harmónica e a trompa, faz-se acompanhar de uma voz feminina, a de Teresa Paula Brito.

Escolhemos "Era de Noite e Levaram" com música de José Afonso e a letra, com referências claras à perseguição da polícia política, de Luís Andrade. Ora ouçam.



José Afonso - Era de Noite e Levaram

sábado, 6 de agosto de 2016

Frank Sinatra - In The Wee Small Hours Of The Morning

Soundbreaking

O oitavo e último episódio da série “Soundbreaking” dá pelo nome de “Eu Sou A Minha Música” e centra-se na forma como ouvimos música.

A grafonola de dar à manivela e os discos de 78 rpm de goma-laca, os LP de vinil de 33 1/3 rpm e os Singles de 45 rpm que vieram democratizar a música com os respectivos gira-discos, a popularização da cassete de áudio na década de 60 e a sua portabilidade com o surgimento, nos anos 70, do Walkman da Sony.
O CD na década de 80, os leitores de MP3 no final da década de 90 vieram alterar profundamente a forma de ouvir música.

“Com a evolução da tecnologia cada geração teve o seu formato”.

Toda esta evolução, em que cada novo formato nos disponibiliza mais tempo e nos liberta dos condicionalismos do lugar de audição, é-nos ilustrada com diferentes histórias:
Frank Sinatra inventa o álbum concepcional com “In The Wee Small Hours”, os tempos de gravação dos LP vão permitir maior liberdade criativa, o que é ilustrado com “Kind of Blue” de Miles Davis e “What’s Going On” de Marvin Gaye e também com a canção “Like a Rolling Stone” de Bob Dylan a durar 6 minutos e a ser possível inclui-la num Single. E ainda a ascensão das gravações de cassetes piratas dos concertos dos Grateful Dead.




Tom Petty afirma: “Todas as pessoas pensam que a música do seu tempo era melhor. Mas a minha foi mesmo”. Contrariando-o ficamos, no formato de hoje, com “In The Wee Small Hours Of The Morning” de Frank Sinatra, decorria o ano de 1955.



Frank Sinatra - In The Wee Small Hours Of The Morning

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

David Bowie - Sound And Vision

Soundbreaking


O sétimo episódio de “Soundbreaking” intitula-se “Som e Visão” e tem como tema central a importância da imagem na música popular.

A década de 80 é por excelência a década em que o vídeo atingiu maior importância na divulgação da música Pop-Rock. Em 1980 “Video Killed the Radio Stars” dos Bungles abriu as hostilidades e em 1981 nasce a MTV que vai transformar o modo de se “ouvir” música. Não é que a imagem não tivesse anteriormente importância, pelo contrário, primeiro tivemos os filmes musicais, depois programas de televisão de divulgação musical.
Na década de 60, The Beatles, por exemplo, eram extremamente visuais sendo as suas músicas normalmente acompanhadas de um clip.
E na década de 70 os Roxy Music, David Bowie ou os Queen vieram, definitivamente, introduzir o visual na música popular.
“David Bowie foi o antecessor de muitos artistas da MTV” afirma-se a certa altura deste episódio de “Soundbreaking”. A MTV será o culminar de anos e anos de imagens. Por este episódio passam os Eurythmics, Michael Jackson (que quebra a barreira racial da MTV inicial com o video “Thriller”), Madonna (a verdadeira artista do vídeo), os Devo que monopolizavam a MTV e também Rod Stewart (no início a MTV só tinha 160 vídeos, 35 dos quais de Rod Stewart).


 


A MTV saturou e tomou outras direcções para além da divulgação dos vídeos. Os concertos da MTV Unplugged foi a melhor, recordando-se Eric Clapton e os Nirvana.
Termina com o Youtube e a Internet e a criação da estrela Beyoncé.

Não foi utilizado por “Soundbreaking”, mas não estaria mal, “Sound and Vision” de David Bowie. Para ouvir e …imaginar .

“Don't you wonder sometimes
About sound and vision

Blue, blue, electric blue
That's the colour of my room 
Where I will live Blue, blue…”



David Bowie - Sound And Vision

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

The Sugarhill Gang - Rappers Delight

Soundbreaking


Sob o título “A Arte do Sample” o episódio 6 de "Soundbreaking" aborda um período mais recente da música popular, quando se tornou evidente a utilização de músicas conhecidas para se fazer novas músicas.

Começa na década de 70 com o surgimento do Hip-Hop (Rap music) oriundo de Bronx, em Nova Iorque, tendo a utilização do Sampling como base de criação. Como é definido no programa o Sampling é a habilidade de pegar num pedaço de música e fazê-la repetir vezes sem conta até criar uma nova música. Aquilo que, para alguns é roubar, para outros é criação de novos estilos de novas formas de música.

"Soundbreaking" mostra a música de Run DMC, Public Enemy, Beastie Boys, Puffy, Wa-Tang como alguns dos mais significativos na utilização do Sampling.  Depois de já se ter posto em causa os Led Zeppelin pela apropriação que fizeram do Blues ou The Beatles por copiarem Roy Orbison, alguém a certa altura no programa questionava “Se a ideia é uma canção original, onde fica a linha que divide o que é original?”.



 A canção “Rapper’s Delight” dos The Sugarhill Gang, surgida em 1979, é apresentada como a primeira canção Rap, a qual foi buscar a linha de baixo à canção Disco “Good Times” dos Chic. Aqui fica.



The Sugarhill Gang - Rappers Delight

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Santana - Evil Ways

Soundbreaking


“O Ritmo da Pista” é o nome do 5º episódio da série “Soundbreaking” e, como o nome sugere, dá-nos, ainda que breve, uma resenha da evolução do ritmo na música popular nas últimas décadas.

Uma viagem pela importância do ritmo dos meados do século XX aos nossos dias. Do Gospel às caixas de ritmo dos nossos dias; da transposição do ritmo do Gospel para o Rock de Little Richard, ao ritmo monolítico do House e do Hip Hop.
Passamos pelos anos 60 e pelas nuances introduzidas pela Tamla-Motown no Rock’n’Roll, uma secção rítmica mais forte, onde a bateria e o baixo eram a base da sonoridade, para chegarmos a James Brown e ao seu “Papa's Got a Brand New Bag”, um tema seminal no surgimento do Funk. A década de 60 não terminaria sem o surgimento de uma das expressões rítmicas mais interessantes e inovadoras: Carlos Santana.
Carlos Santana fez a fusão do Blues eléctrico com os ritmos latinos, a instrumentação Rock com variadas percussões, bateria, congas, bongas e timbales iam fazer a diferença. Ouça-se “Evil Ways”.

Depois é o Disco de Donna Summer e quejandos, Bee Gees incluídos, com o seu “Saturday Night Fever”. O remix dos anos 80 e 90 alonga as versões originais de modo a serem servidas nas pistas de dança. Finalmente é o House, o Hip-Hop e o EDM (Electronic Dance Music) com os DJ a ocuparem o lugar central das pistas de dança, mas também dos concertos.




Nós ficamos por Carlos Santana e o seu “Evil Ways”, uma mistura irresistível do Rock e dos ritmos latinos.
O episódio termina com a frase: “Bom ritmo, boa vida”.



Santana - Evil Ways

terça-feira, 2 de agosto de 2016

The Who - Baba O'Riley

Soundbreaking


O 4º episódio de “Soundbreaking” dá pelo nome de “Electrificados”.

Faz uma viagem pela música popular desde a introdução da electricidade e respectiva amplificação. Com a electrificação passou a ouvir-se a música mais alto mas também de uma forma diferente, a electricidade passou a ser um meio de transformação e permitiu a expansão da criação musical.

Começa com Charlie Christian e a sua guitarra eléctrica (final dos anos 30), deixando esta de ser um instrumento de fundo, de suporte aos saxofones e trompetes, para ter um lugar de destaque, passa pelo Blues electrificado de Chicago tendo Muddy Waters como um dos seus mais importantes protagonistas, até chegar à introdução do Blues em Inglaterra, primeiro The Rolling Stones, depois os Cream e Jimi Hendrix – o maior tocador de guitarra eléctrica de todos os tempos.

Os sintetizadores no final da década de 60 vieram permitir criar sons a partir do “nada” e expandir as possibilidades sonoras de uma forma incrível. Primeiro de uma forma mais vanguardista, The Who por exemplo, depois de uma forma mais acessível, Stevie Wonder, por exemplo, e depois diversificada, de Donna Summer e a música sintetizada de “I Fell Love”, à provocação de “Satisfaction” pelos Devo, mas também na música ambiente de Brian Eno. Finalmente a chegada do Laptop, “o instrumento popular do nosso tempo”.




 Uma boa amostra da electricidade na música popular vem do grupo The Who que amplificaram o som ao ponto de serem, em 1976, considerados “a banda mais ruidosa do mundo”, tendo Roger Daltrey (vocalista) afirmado: “passei grande parte dos anos 60 sem ouvir o que cantava”.

Em 1971, gravam e editam um dos álbuns de maior êxito “Who’s Next” que tinha como faixa de abertura “Baba O’Riley”. Um excelente exemplo dos efeitos da electricidade, quer na amplificação (uma música que se deve ouvir alto) quer na utilização dos sintetizadores bem vincada no início e fim da música.



The Who - Baba O'Riley

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Tom Waits - Blue Valentines

Soundbreaking


O episódio nº 3 da série “Soundbreaking” intitulado “O Instrumento Humano” foi dedicado, à busca da perfeição na gravação da voz perfeita , seja lá isso o que for.

Como tratar a voz, o mais puro dos instrumentos, eis a questão. Da gravação acústica, através da utilização de cones para a sua amplificação, passando pela introdução do microfone e consequente gravação eléctrica da voz, até às tecnologias mais recentes como a utilização do Software AutoTune, a permitir a manipulação da voz, quer na correcção de impurezas, quer na sua manipulação e descaracterização, por exemplo, robotizando-a.
São muitos os depoimentos, assim como os exemplos que são introduzidos, eis alguns: Ben harper, Fred Mercury, Graham Nash, Janis Joplin, Al Green, Bonnie Riatt, Bessie Smith, Bing Crosby, Frank Sinatra, Emy Winehouse, Neil Young, Tom Waits, Aretha Franklin, Ray Charles, Suzanne Vega, Marvin Gaye, Image Heap, Roger Troutman, Kayne West, Christina Aguilera.

Claro que era impossível no tempo de um episódio referirem todos os que acho que faltaram, mas mesmo assim senti a falta de Jim Morrison, Sandy Denny, Eva Cassidy ou Joni Mitchell.




Enquanto se ouve Tom Waits é dito que quanto às qualidades vocais “não é ser só bom, é ser único. Tem que haver uma singularidade.” E quase no fim “Não é a tecnologia que faz boa música. É o que temos no coração.”

Oportunidade de fazer a primeira passagem por Tom Waits.



Tom Waits – Blue Valentines