quarta-feira, 31 de agosto de 2022

José Afonso - Cantiga do Monte

 mundo da canção nº 16 de Março de 1971


Tinha José Afonso 40 anos quando gravou o álbum "Traz Outro Amigo Também" nos estúdios da Pye em Londres. Sucedia a "Contos Velhos, Rumos Novos", de 1969, e era mais um passo enorme na renovação da música popular portuguesa. Um disco notável muitos furos acima do que era habitual naqueles tempos na música de expressão mais popular, um disco cheio de emoções e onde a voz límpida de José Afonso atinge níveis assinaláveis. Ouça-se, por exemplo, "Traz Outro Amigo Também" ou "Maria Faia", uma original e outra tradicional.





A revista "mundo da canção" nº 16 de Março de 1971 continuava a divulgar este trabalho, desta vez com a publicação da letra de "Cantiga do Monte", a canção que encerrava o álbum e uma das menos conhecidas deste álbum que foi recentemente reeditado.



José Afonso - Cantiga do Monte

terça-feira, 30 de agosto de 2022

António Macedo - Sei de uma Menina

mundo da canção nº 16 de Março de 1971


Para hoje, do nº 16 da revista "mundo da canção", a página com os melhores e os piores do ano de 1970 da música portuguesa. As escolhas deveram-se a três colaboradores da revista a saber: Arnaldo Jorge Silva, Fernando Cordeiro e Tito Lívio.

Conforme ontem disse naqueles tempos a crítica musical era bastante exigente e assertiva (O que me fez lembrar o programa de rádio "Em Órbita" ao considerar em 1966 "Strangers in the Night" de Frank Sinatra a pior canção do ano). O filtro de definição da qualidade era bastante fino em pelo menos certos sectores da crítica. Neste caso os autores vêm-se na necessidade de justificar "... que o critério utilizado nestas atribuições não obedecia a coordenadas de selecção rígidas e exaustivas, isto é, que apenas se pretendia destacar o que além de ostentar uma ausência de qualidade não-aberrante (e só assim se justifica a não-premiação de Toni de Matos ou José Cheta, por exemplo) conheceu outros factores dignos de consideração: intensa promoção publicitária, êxito comercial, etc.".




Eram assim justificadas as escolhas para os piores do ano, o que não nos deixa, na mesma, de espantar. Ora veja-se os piores do ano de 1970:

Piores Canções:

Pedra Filosofal - Manuel Freire
Sei de uma Menina - António Macedo
Toada de Vida - Pedro Barroso
Guardanapo do Sr. Silva - Denis Cintra

Piores Discos:

"Carlos Portugal" - Carlos Portugal
"Ar Livre" - Rui Silva
"Canções da Cidade Nova" - Francisco Fanhais

Piores Cantores:

António Macedo
Pedro Barroso

Quanto aos melhores nada a salientar, parecem ser escolhas equilibradas. Mas fico-me pela lista das piores canções, que tal "Sei de uma Menina" do António Macedo?



António Macedo - Sei de uma Menina

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Paulo de Carvalho - Flor Sem Tempo

   mundo da canção nº 16 de Março de 1971


Em 7 de Outubro de 2021 estava eu a recordar o nº 14 da revista "mundo da canção" e nesse dia postei o suplemento publicado a propósito do VIII Grande Prémio da Canção onde entre os diversos textos se encontrava a apreciação que Maria Tereza Horta fazia do referido certame (ver aqui). Nesse artigo Maria Tereza Horta saía em defesa daquela edição do Festival, "o melhor de todos" até então realizados e do poeta Ary dos Santos que terá sido vaiado quando subiu ao palco (era dele a letra de "Menina", canção vencedora).

Pois Tito Lívio, que considerava que "... a música portuguesa enferma agora de uma substituição de mitos, de um confusionismo no limiar da criação de um novo nacional-cançonetismo", achou por bem contestar algumas das afirmações de Maria Tereza Horta e responder-lhe em artigo intitulado "O poeta na sua torre de marfim - réplica sem rancor a Maria Tereza Horta" e que reproduzo de seguida.




Tempos de grande acuidade crítica num país ainda amorfo e que começava a despertar para outras realidades.




Vire-se a folha e encontramos a pauta de "Flor Sem Tempo", canção que Paulo de Carvalho tinha defendido no Festival da Canção. Algo estava a mudar também na música ligeira nacional. E mais à frente.




Mais uma vez ouça-se "Flor Sem Tempo".




Paulo de Carvalho - Flor Sem Tempo

domingo, 28 de agosto de 2022

Hugo Maia de Loureiro - Semi-dito

  mundo da canção nº 16 de Março de 1971


Valham estas páginas da revista "mundo da canção" para poder recordar nomes que de outra maneira a probabilidade de o fazer seria bem menor. Neste caso é o de Hugo Maia de Loureiro, bem conhecido pelas passagens que efectuou pelo Festival da Canção da RTP em 1970 e 1971. Depois disso praticamente desapareceu da vida artística e por isso a sua obra gravada é diminuta.

Do Festival de 1971 ficou a canção "Crónica de Um Dia" que foi publicada em Single e que Tito Lívio analisava em artigo intitulado ""Semi-dito" ou a outra face de Hugo Maia de Loureiro". Uma bonita canção de que me lembro bem pois na altura foi consensual que não era para a voz de Hugo Maia de Loureiro. "Que, ao interpretá-la, se vê obrigado a subir a voz - a puxar por ela para além das suas possibilidades donde resulta um estrangulamento, um morreu da voz na garganta, uma deficiente interpretação." dizia Tito Lívio.




Já relativamente ao lado B "«Semi-dito» adapta-se melhor à sua voz grave, cheia, um pouco dura de Hugo Maia de Loureiro que assim consegue resgatar o disco (sob o ponto de vista interpretativo)".

Motivo para recordar "Semi-dito".





Hugo Maia de Loureiro - Semi-dito

sábado, 27 de agosto de 2022

Simone de Oliveira - Deixa Lá

 mundo da canção nº 16 de Março de 1971


Como habitualmente a primeira passagem por mais este nº da histórica revista "mundo da canção" vai para a música portuguesa. Vamos então recordar o que é o nº 16 de Março de 1971 trazia de letras e textos escritos sobre a nossa produção musical.

O primeiro texto que encontro está na rubrica "Casos" assinada por Arnaldo Jorge Silva. Trata-se de uma crítica à Simone de Oliveira e à sua passagem pelo último programa "Curto-Circuito" onde se terá queixado "... que hoje dia em Portugal já se não canta o «amor»". E o autor do texto aproveitou para lembrar da nova poesia cantada pelos novos artistas como Fernando Tordo e Nuno Filipe.





De qualquer modo Simone foi uma das poucas senão a única que soube transitar da velha canção lamuriante e enfadonha que ficou designada como nacional cançonetismo e evoluir numa carreira ímpar até aos nossos dias (despediu-se dos palcos em Março deste ano de 2022).

"Deixa Lá" é uma canção de 1964 gravada pela Simone de Oliveira referida no texto como de "alienante amor". Fica para ouvir.



Simone de Oliveira - Deixa Lá

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Jethro Tull - Alive and Well and Living In

mundo da canção nº 16 de Março de 1971


Ora aqui vamos para mais um nº da revista "mundo da canção". Estamos em 1971, mês de Março é editado o nº 16 e o preço era de 6$50 ou seja 3,25 cêntimos (o nº 1 de Dezembro de 1969 tinha custado 3$50). Caso histórico na divulgação da música popular nacional e estrangeira que mantinha ainda a chama da novidade e inovação.

A capa ia para os Jethro Tull então em crescente reconhecimento, 1971 é o ano de "Aqualung" mas os mais atentos já os conheciam bem dos três primeiros álbuns. Por vezes não se percebia bem a lógica da escolha da capa pois, como neste caso, nenhum destaque era dado ao grupo no interior.




E "a propósito" o editorial.




Quanto aos Jethro Tull sugiro mais uma faixa de "Benefit" (1970), o álbum que me fez render à sonoridade do grupo. "Alive and Well and Living In" era uma das faixas.



Jethro Tull -  Alive and Well and Living In

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Fausto - Atrás dos Tempos Outros Tempos Vêm

 

Nestas minhas passagens pela música popular portuguesa de tempos idos abandono o Pop-Rock dos anos 60 e vou para a década de 70, para o nosso melhor Folk com influências Pop. Estávamos já em 1977 e Fausto publicava o seu 4º álbum de originais, "Madrugada dos Trapeiros".

Consagrava-se aquele que viria a ser um dos melhores autores/intérpretes da nossa canção. Apesar de ainda se denotar em algumas letras o processo revolucionário do pós 25 de Abril de 1974, é dele o agora clássico "Se Tu Fores Ver O Mar (Rosalinda)", mas também " Uns Vão Bem e Outros Mal" ou "Mariana das Sete Saias", canções de real valor a figurarem entre o melhor que aqueles tempos nos deixaram.




E começava muito bem, começava com "Atrás dos Tempos Outros Tempos Vêm". A prova de que o que é bom ouve-se sempre. Ora vamos lá ouvir e relembrar este grande autor tão pouco divulgado.

"Atrás dos tempos vêm tempos/ E outros tempos hão-de vir..."





Fausto - Atrás dos Tempos Outros Tempos Vêm

domingo, 21 de agosto de 2022

Gino Garrido & Os Psicodélicos - Baby Please Love Me

 

Nos últimos Regresso ao Passado tenho privilegiado versões feitas por alguns grupos Pop-Rock portugueses que eram na realidade o que uma boa parte dos grupos daquela época faziam. Pegava-se em sucessos relativamente recentes, aproveitava-se a onda e aí vai um Single ou um EP que as capacidades e o mercado não davam para mais.  E quando se lembravam de gravar algum título original, o desastre era quase certo. Letras, músicas e interpretações e qualidade de gravação sofríveis eis o panorama geral do insipiente mercado discográfico nacional nos idos anos 60 no que toca à música dita Pop-Rock. Felizmente o cenário foi progressivamente melhorando.

Mas os exemplos da fraca qualidade eram dominantes. A escolha de hoje é mais uma com Gino Garrido.





Depois de em 1967 ter gravado um EP com Os Plutónicos, do qual já dei anteriormente nota, Gino Garrido encontra-se em 1969 em Angola e é lá que vai gravar um Single acompanhado por Os Psicodélicos com duas canções originais, "Loucura" e "Baby Please Love Me".

Ao vosso juízo este "Baby Please Love Me", cá por mim muito fraco, a começar pela capa...



Gino Garrido & Os Psicodélicos - Baby Please Love Me

sábado, 20 de agosto de 2022

Conjunto Renato Silva - Take Five

 

Não só de Pop-Rock (dominante) se fez os anos 60, também o Jazz atingiu níveis de popularidade bem elevados, em parte devidos a nomes como John Coltrane, Miles DavisThelonious Monk. Muitas foram as peças de Jazz que nos ficaram no ouvido e que, muito bem, perduram no tempo.

Quem não conhece "Take Five"? Pode-se não a conhecer de nome, mas logo aos primeiros acordes se torna facilmente reconhecida. "Take Five" tornou-se um standard do Jazz. O tema é de Paul Desmond (Sax alto) e pertencia ao álbum "Time Out" do Dave Brubeck Quartet de 1959.

Agora, o Dave Brubeck Quarteto ao vivo. É ocasião para se dizer: uma pequena maravilha!



O Conjunto Renato Silva remonta aos anos 50 tendo-se prolongado até aos anos 70 com muitas alterações na sua formação, o seu elemento central era Renato Silva no piano e órgão.

Já neste século surgiram 2 CD de gravações em fita magnética (1968-9) não editadas até então onde constavam alguns temas a merecerem a nossa atenção pois são testemunho dos temas então tocados por este conjunto em terras de Moçambique. Entre eles consta esta versão de "Take Five" neste caso pouco inspirada, em meu entender.



Conjunto Renato Silva - Take Five

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Os Impacto - Time is Tight

Foram por cá muito pouco divulgadas os grupos de Pop-Rock que nasceram nos anos 60 nas nossas então colónias ou como eram designadas Províncias Ultramarinas.

Talvez pela proximidade com a África do Sul, em Moçambique existiram alguns desses grupos os quais, já neste século, foram divulgados em colectâneas que entretanto foram editadas. Os Inflexos, que ontem mais uma vez recordei, foi um deles.

Os Inflexos chegaram a gravar um EP, o que contêm "Ob-La-Di Ob-La-Da (Verdes Anos)" e "Uma Velha Foi à Feira", e rapidamente se separaram, tendo uma parte do grupo tomado a designação de Os Impacto.

Também deles sobreviveram algumas gravações ao vivo que circularam pela internet. Entre elas encontra-se uma versão do tema instrumental "Time is Tight" dos Booker T. & The MG's, ei-los ao vivo em 1970 com um dos seus maiores êxitos. 


 

Lembram-se? Pois agora vai a versão dos referidos Os Impacto.





Os Impacto - Time is Tight

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Os Inflexos - Out of Time

 

Em maré de versões, mais uma para hoje.

A música Pop-Rock oriunda da Grã-Bretanha e dos EUA revolucionaram o panorama musical à escala mundial e muitos países, em particular a juventude, aderiram em massa às novas sonoridades que rapidamente se tornaram dominantes. Em Portugal, apesar da situação política pouco propícia, não foi excepção, inclusivé nas então colónias portuguesas.

No caso de hoje é de Moçambique que se trata. Eram de Lourenço Marques, actual Maputo, o grupo Os Inflexos que em tempos já recordei no seu EP único gravado na África do Sul. Encontrei na Internet um conjunto de gravações ao vivo que sobreviveram ao tempo onde constam uma série de versões a mostrar que a influência do Pop-Rock também se fez sentir em terras de África.

Nesta colecção de versões surge por exemplo a canção "Out of Time" dos The Rolling Stones editada no álbum "Aftermath" de 1966.



E Os Inflexos, em 1969, interpretavam-na assim:





Os Inflexos - Out of Time

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Pop Five Music Incorporated - To Love Somebody

 

Sintomático. Ainda ontem falava. a propósito da versão que o Conjunto Académico João Paulo fez da canção "Massachusetts". da popularidade que por cá os Bee Gees tiveram e hoje a eles volto com nova versão.

Se a versão de ontem se colava aos original desta feita a distanciamento é bastante significativo. Comecemos pelo original. Trata-se da canção "To Love Somebody", os Bee Gees em 1967.



A versão portuguesa é do grupo de Rock Pop Five Music Incorporated que no seu tempo se destacou da mediania geral com propostas musicais mais arrojadas do que o habitual. É no álbum histórico "A Peça" de 1969 totalmente composto de versões que se encontra, entre composições que vão de Marvin Gaye a The Beatles, a "Massachusetts" que agora proponho para mais este Regresso ao Passado.



Pop Five Music Incorporated - To Love Somebody

terça-feira, 16 de agosto de 2022

Conjunto Académico João Paulo - Massachusetts

 

Em 1967 os Bee Gees editam "Bee Gees' 1st" que era o primeiro álbum europeu dos irmãos Gibb, na realidade era já o terceiro publicado. Um grande disco repleto de grandes canções como "Turn of the Century", "New York Mining Disaster 1941" e "To Love Somebody".

Num tempo em que as edições discográficas se sucediam a um ritmo alucinante, talvez a forma de não deixar cair os artistas em esquecimento, pouco depois da edição "Bee Gees' 1st" surge no mercado o Single que incluía o tema "Massachusetts", enorme sucesso internacional e onde Portugal esteve em sintonia.



Muito se ouvia na nossa rádio e os Bee Gees tornaram-se um dos grupos mais populares do grande público. E não tardou que o Conjunto Académico João Paulo fizesse a sua versão de "Massachusetts" a qual seria editada no EP de 1968 conjuntamente com "A Shadow Rounds The Tomorrow Sounds", um original do grupo, e "Maman", do francês Christophe.

Não tem a magia vocal do original, mas enfim ouve-se...





Conjunto Académico João Paulo - Massachusetts

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Thilo's Combo - Supercalifragilisticespiralidoso

 

Em maré de diversão, afinal estamos no lazer do mês de Agosto, recordo um tema que foi interpretado pela Julie Andrews no filme Mary Poppins no ano de 1964. Portanto uma canção da minha meninice, que, quem o era naquele ano, se recorda de certeza. Trata-se de "Supercalifragilisticexpialidocious". Segundo a Wikipédia a palavra inventada significaria o seguinte: super- "above", cali- "beauty", fragilistic- "delicate", expiali- "to atone", and -docious "educable" ou seja "Atoning for being educable through delicate beauty", no filme o significado seria "dizer qualquer coisa quando não se tem nada para dizer".



Objecto de muitas versões, por cá também tivemos a nossa efectuada pelo Thilo's Combo sob o nome "Supercalifragilisticespiralidoso".

Thilo Krassman, o músico alemão radicado em Portugal desde os anos 50, liderava os Thilo's Combo de constituição variável e que predominantemente adaptava músicas de sucesso internacional. Dos muitos discos de formato pequeno que gravou "Supercalifragilisticespiralidoso" consta num EP de 1966 onde também aparecem "Les Cornichon" do francês Nino Ferrer, "Ele e Ela" da Madalena Iglésias, representante de Portugal no Festival da Eurovisão desse ano e ainda "A Minha Estrada".

Vamos lá continuar com a diversão, toca a ouvir e dar a conhecer a quem não a conhece.



Thilo's Combo - Supercalifragilisticespiralidoso

sábado, 13 de agosto de 2022

Quinteto Académico - Let Kiss

 

Já me referi várias vezes à canção "Let Kiss", canção com origem na dança finlandesa Yenka dos anos 60 do século passado. Neste blogue encontram-se as versões portuguesa de Os Cinco Bambinos e de Os Diamantes, mas existem mais, pelo menos mais duas, uma denominada "Chegou a Yenka" pela Terezita Galarza e uma outra pelo grupo Quinteto Académico.

O Quinteto Académico foi um grupo português bem interessante dos anos 60, eclético na sua composição o que se reflectiu nas composições que gravaram entre 1966 e 1968.

O primeiro EP data de 1966 e era composto por 4 temas a saber: "Watcha" (Kwela), "Let Kiss", "Abdulah" e "Michael".




Quanto a "Let Kiss" lê-se na contra-capa do disco que é "uma interpretação parodiada, de inspiração clássica, de um ritmo actual". Sendo assim, gozemos então com mais esta versão, a do Quinteto Académico. Divirtam-se!



Quinteto Académico - Let Kiss

Daniel Bacelar - A Escola Acabou

 

Antes de nos anos 80 o Rock feito em Portugal se ter consagrado, houve quem duas décadas antes desbrava-se, muitas vezes de forma insípida, o caminho do Pop-Rock nacional.

Daniel Bacelar (1943-2017) foi, a par do duo Os Conchas, um dos iniciadores daquele género musical nos longínquos anos 60. Tinha como preferência maior Ricky Nelson do qual gravou alguns temas mas também adaptou outros artistas, bem conhecidos da época, como por exemplo Cliff Richard.



Até 1967 gravou 7 EP e é no sexto de 1966 que aparece a canção "A Escola Acabou", nada mais que "Take Special Care" da dupla Bruce Welch e Hank Marvin dos The Shadows que acompanhavam Cliff Richard o qual a gravou em 1965. Não me canso de dizer: Outros tempos, outras músicas. Diria muito rudimentar este arranjo de "A Escola Acabou", mas também é verdade, para quem viveu aqueles tempos, sabe bem voltar a ouvir...



Daniel Bacelar - A Escola Acabou

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Os Conchas - O Fantoche do Amor

Já há muito tempo que não recordo a música Pop-Rock por cá feita nos idos anos 60, 70. Na realidade em relação aos anos 60 penso que já existe uma significativa amostra das sonoridades então praticadas, resultantes da adaptação do que lá fora, em particular nos EUA se fazia.

Verdade se diga a qualidade era em geral reduzida e pecava por falta de originalidade, são todavia experiências, testemunhos de uma época, as origens de um Pop-Rock mais elaborado que entretanto ia surgindo aqui e ali.

Recuo a 1960 ao duo Os Conchas, ou seja aos primórdios do Pop-Rock, se lhe pode chamar assim, nacional.

O tema de hoje é "Cathy's Clown" um original dos Everly Brothers uma das principais referências do duo.



Na tradução ficou "O Fantoche do Amor" e pertencia ao 2º EP. O 1º, lembre-se, também de 1960, foi gravado a meias com o Daniel Bacelar. Nitidamente outros tempos...



Os Conchas - O Fantoche do Amor

terça-feira, 9 de agosto de 2022

Deep Purple - Bird Has Flown

a memória do elefante


Jorge Lima Barreto assina o artigo da contra-capa do nº 3 do jornal "a memória do elefante" que viu a luz do dia no mês de Julho de 1971 e intitula-se somente "Deep Purple". É claro sobre o grupo inglês de Rock Deep Purple que naquela altura tinha publicado cinco álbuns de estúdio e um ao vivo.

Discos que variavam do Rock Progressivo, Psicadélico e Hard e ainda com fusão com o Clássico que deixaram as marcas mais significativas do grupo antes de se arrastarem por zonas próximas do Heavy Metal pouco imaginativo.






Para Jorge Lima Barreto os Deep Purple iam de "superficiais" no 1º álbum ("Shades of Deep Purple"), a "reduzida técnica dos músicos" no 2º ("The Book of Taliesyn"), a uma "obra" "completa e perfeita" no 3º trabalho ("Deep Purple") e ainda "uma obra "sui generis"" no álbum seguinte ("Deep Purple in Rock"). Quanto a "Deep Purple in Concert" era uma experiência "totalmente anacrónica", já sabíamos da sua aversão a esta experiência de fusão do Rock e do Clássico.

Vou pois a "Deep Purple" recuperar mais um tema, depois de "Lalena" e "April" é a vez de "Bird Has Flown".



Deep Purple - Bird Has Flown

Nota: os Deep Purple ainda andam por aí, já sem John Lord (1941-2012) e Ritchie Blackmore, mas ainda com os históricos Ian Paice, Roger Glover e Ian Gillan deverão estar em concerto único no Campo Pequeno em Lisboa a 6 de Novembro próximo, para os fãs e saudosistas.

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

The Doors - L'America

  a memória do elefante


O último dos quatro álbuns analisados pelo jornal "a memória do elefante" no seu nº 3 de Julho de 1971 era o LP "L.A. Woman" do grupo norte-americano The Doors.

"L.A. Woman" era o último álbum publicado pelos The Doors com o seu líder Jim Morrison (faleceria precisamente a 3 de Julho de 1971, em Paris). 




É verdade que "L.A. Woman" não é o melhor álbum de The Doors, menos inspirado e a voz de Jim Morrison a denotar alguma falta de frescura, é natural, sabem-se as causas, mas também não era caso para se afirmar que "A procura dum «som» novo é a principal responsável pelo quase descalabro de um dos poucos agrupamentos da pop que tem efectivamente um «som» próprio" e "... em constante desequilíbrio entre o muito bom e o mau".

Não sei se muito bom ou mau, a escolha de hoje vai para "L'America". A cada um o seu juízo.



The Doors - L'America

domingo, 7 de agosto de 2022

Ian Matthews - Hearts

 a memória do elefante


Ian Matthews ficará para sempre ligado a algumas das minhas mais antigas e melhores memórias musicais. 

Primeiro com os Fairport Convention (1967-1969) onde fez parceria vocal primeiro com Judy Dyble e depois com Sandy Denny. Depois a solo e nas diferentes formações que liderou (Matthews Southern Comfort e Plainsong). Cronologicamente primeiro foi o álbum a solo "Matthews' Southern Comfort" (1970) e ainda no mesmo ano "Second Spring" e "Later That Same Year" já sob o nome Matthews Southern Comfort. Logo de seguida o segundo álbum a solo "If You Saw Thr' My Eyes" o qual é alvo de crítica neste nº 3 do jornal "a memória do elefante" que tenho vindo a recordar.




Uma apreciação que em meu entender fica aquém do merecido, fica-se por afirmar que Ian Matthews é "... sincero nas suas palavras e na sua música. Não procura efeitos espectaculares, demagogias baratas ou simples comercialismos." o que parece pouco para um disco tão bom, bem acima da média e que infelizmente é tão pouco recordado (não só este disco como a restante obra de Ian Matthews).

Recordo "Hearts" uma bela balada que conta com a participação da Sandy Denny ao piano.





Ian Matthews - Hearts

sábado, 6 de agosto de 2022

Graham Nash - Simple Man

a memória do elefante


Graham Nash tem actualmente 80 anos e anda nestas lides da música, segundo a wikipédia, desde 1958. A sua história é bem conhecida, nasceu em Inglaterra, no início dos anos 60 fez parte dos The Hollies, ainda nos anos 60 já nos Estados Unidos da América abandona o grupo para abraçar um novo projecto com David Crosby e Stephen Stills, os Crosby, Stills and Nash (CSN) mais tarde Crosby, Stills, Nash and Young (CSNY). O sucesso de qualquer das formações foi reconhecido, mas só em 1971 é que Graham Nash se aventura a solo.

"Songs for Beginners" capitalizava do sucesso de "Déjá Vu" o álbum que tornaria o quarteto de músicos em verdadeiros ícones da música popular norte-americana ( ver o tema "David Crosby. Stephen Stills. Graham Nash. Neil Young de 1969 a 1974").  




É precisamente "Songs for Beginners" que é analisado no nº 3 do jornal "a memória do elefante" e que se lhe refere de forma genericamente elogiosa. Um excelente álbum, o melhor que Graham Nash gravou até hoje.

Um disco repleto de canções simples mas muito bem interpretadas, como a escolha de hoje, "Simple Man".



Graham Nash - Simple Man

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Gravy Train - The New One

   a memória do elefante


Estamos em Julho de 1971, tinha saído o nº 3 do jornal "a memória do elefante" que tenho vindo a recordar. Nele constava a revista de quatro álbuns, era ainda o tempo em que os novos álbuns se sucediam em quantidade, qualidade, inovação e por vezes em popularidade também.
Três dos álbuns eram já de 1971 e o quarto do passado ano de 1970. Começo por este último, o primeiro e homónimo álbum dos Gravy Train. Praticantes de um Rock Progressivo com semelhanças aos Jethro Tull, não tiveram a longevidade nem a fortuna destes, gravaram quatro LP e terminaram em 1975.
Quanto a "Gravy Train" o articulista considera "...que não se lhes nota qualquer preocupação de «imitar» antes pelo contrário, pois o seu som é totalmente «suis generis» independente, livre de quaisquer influências, doutrem."




Confesso que passados todos estes anos voltar a ouvir os Gravy Train não me entusiasmou particularmente, uma miscelânia de sons a tender para o Hard-Rock, de que nunca fui fã, que ganhava então terreno.
Começava com "The New One", para quem gosta(va) do género.



Gravy Train - The New One

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Fernando Tordo - Canto no Deserto

  a memória do elefante


Continuo com o nº 3 do jornal "a memória do elefante" publicado em Julho de 1971, portanto há mais de 51 anos e ocorreu-me começar este Regresso ao Passado com a publicidade que nele constava.

Diferente da que se encontrava em qualquer outro jornal, que me lembre, eis alguns exemplos onde a publicidade contribuía para fazer de "a memória do elefante" um jornal diferente.





No mínimo interessante, não?

Bem, e agora a página que é o pretexto para a recordação de hoje.




Dava pelo título de "palavras que se cantam" e reflectia em conversa entre o Luís e o Zé, suponho que os autores do texto, Luís de Melo e José Sottomayor, onde se abordava a música ligeira da época, a sua qualidade artística e a eterna relação entre música e letra.

Um artigo sobre música que não citou nenhum autor e ou intérprete, interessante. Mas para mim vieram logo à memória os nomes que no âmbito da música ligeira melhor casavam a música e as letras, ou seja Fernando Tordo e Ary dos Santos.

Assim do ano de 1971 recorda-se "Canto no Deserto" com música do primeiro e letra do segundo..



Fernando Tordo - Canto no Deserto

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

Grateful Dead - Box of Rain

 a memória do elefante


A imaginação do jornal "a memória do elefante" era grande e neste nº 3 de Julho de 1971 espelhava-se nas páginas centrais com "Viva King Kong" .

Começava assim: "A «Memória do Elefante» apresenta em exclusivo mundial o texto completo de uma nova ópera rock «Viva King Kong», que chegou até nós graças à amabilidade de Jerry Garcia dos Grateful Dead." e terminava: "Inteligentemente distribuídas em várias cenas de «Viva King Kong» encontram-se quatro mensagens, que importa descobrir, pois são da mais capital importância. No fim da ópera serão distribuídos impressos onde os espectadores mais atentos poderão indicar o local onde pressentiram as mensagens e o ter de cada uma." Para quem acerta-se a "...possibilidade de gravar um disco..."  e ainda oferta de "...electrodomésticos, televisores e uma viagem a Barcelona para assistirem às corridas de touros."






Quanto a música, oportunidade de recordar os Grateful Dead (1965-1995) de Jerry Garcia (1942-1995) que à época tinham já editado seis álbuns. O mais recente era "American Beauty" publicado em 1970  era (é) um dos meus preferidos a par de "Workingman's Dead" também de 1970.

Começava com "Box of Rain", os Grateful Dead na faceta Folk-Rock que eu tanto apreciava.



Grateful Dead - Box of Rain

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

Herbie Hancock - Maiden Voyage

  a memória do elefante


"tetagrama dos pianistas de jazz" é um artigo de Jorge Lima Barreto que foi publicado em duas partes respectivamente nos nº 2 e 3 do jornal "a memória do elefante" decorria o já longínquo ano de 1971. O artigo era dedicado aos pianistas de Jazz os quais eram agrupados em quatro categorias a saber: Os Insulares, os Free-Jazz, os Evolucionistas e a Nova Geração.

Nesta 2ª parte acrescentava aos Evolucionistas nomes pouco conhecidos como Siegfried Kessler, Guido Manusardi, Wolfgang Danner, etc.. Já no Free-Jazz apontava nomes como Cecil Taylor, Don Pullen, Dave Burrell e outros. E terminava com a Nova Geração com Herbie Hancock, McCoy Tyner, Alice Coltrane, Keith Jarrett e Chick Corea, os mais conhecidos.





Sobre Herbie Hancock:

"Surgiu ao lado de Miles Davis e rapidamente enveredou por uma solução modal - o conteúdo do som, numa espécie de ressonância, o timbre claro, a frase melodicamente rica numa noção nova de tempo-espaço... De espírito altamente melancólico as suas composições-improvisações ficam na história do jazz como obras-primas."

De 1965 a obra-prima "Maiden Voyage", fica-se com o tema título.





Herbie Hancock - Maiden Voyage