Originários do Canadá The Guess Who foi uma banda, entre muitas que
proliferaram nos anos 60, a tocar um Rock com influências Pop e também do
Blues.
De sucesso mediano destacou-se a canção mais conhecida do grupo "American
Woman" que eu bem apreciava. Mas, por cá, pouco mais chegou de relevante e a
meio da década de 70 The Guess Who já não existiam.
"American Woman" deu nome ao álbum editado em 1970 e foi o último com o seu
líder Randy Bachman que em 1973 formaria os bem sucedidos Bachman-Turner
Overdrive. Nele constava também a canção "No Sugar Tonight" que é a recordação
de hoje.
A revista "mundo da canção" publicava a letra de "No Sugar Tonight" no seu nº
14 de Janeiro de 1971 e é uma daquelas canções de que não tenho memória. Na edição em
álbum ela funciona em "medley" com "New Mother Nature" sendo esta a versão que
aqui fica para audição.
The Guess Who - No Sugar Tonight/New Mother Nature
Já passei algumas das canções mais emblemáticas de Melanie que se centraram em
relativamente poucos anos, diria de 1969 a 1972, outras espera ainda um dia
vir a recordar. Para já mantenho-me em 1970 e no álbum "Candles In The Rain"
recheado de canções de sucesso.
Pena é que as suas excelentes capacidades interpretativas não tivessem, a
partir daí, pautado por um reportório mais cuidado e uma produção mais
categorizada e com certeza que teríamos memórias mais alargadas desta Melanie,
também conhecida por Melanie Safka. Assim apesar de continuar no activo a sua
carreira foi perdendo intensidade e, pessoalmente, não mais a ouvi. Resta
continuar a ouvir os álbuns dos anos de ouro e "Candles In The Rain" é um
deles.
Aqui estão as letras de "What Have They Done to My Song Ma" e "Caroline in My
Mind", as duas do álbum de 1970, e que eram publicadas na revista "mundo da canção" nº 14. Altura para voltar a ouvir "Caroline in My Mind", um original
de James Taylor já por ele editado no seu álbum inicial de 1968.
Em 1968 foi publicado o 2º LP dos Blood, Sweat and Tears provavelmente o
melhor álbum do grupo. Denominava-se somente "Blood, Sweat and Tears" e
seguiu-se ao não menos bom, pelo menos para mim, álbum inicial "Child Is
Father to the Man" também daquele ano ainda com Al Kooper. Era a estreia de
David Clayton-Thomas como vocalista principal e que iria ficar como uma marca
bem marcante na sonoridade dos Blood, Sweat and Tears. O Jazz-Rock era o som
predominante e foram um dos melhores neste género musical que dava então os
primeiros passos.
"Blood, Sweat and Tears" era um disco feito sobretudo de versões e nele
destacavam-se canções como "Smiling Phases" (Traffic), "And When I
Die" (Laura Nyro), "You've Made Me So Very Happy" (Brenda Holloway), mas
também sobressaía o original de David Clayton-Thomas "Spinnin' Wheel"
que abria o lado B do disco.
Publicava a revista "mundo da canção" nº 14 do início de 1971 duas letras de
canções atrás referidas, "And When I Die" e "Spinnin' Wheel". Recordo mais uma
vez esta última, grande interpretação e arranjo também, outros tempos, outras
músicas...
Canais há no Youtube que mostram as primeiras reacções, na maioria de jovens,
que dizem desconhecer a música, boa parte delas feitas nos passados anos 60 e 70, à qual vão reagir. Por vezes fico em dúvida da genuinidade das apreciações
e se não existe algo de pré-fabricado nestes canais, tanto mais que muitas das
canções que são apreciadas são comuns aos diversos canais. Seja como for, a maior parte
é feita por jovens que, conhecessem ou não as canções, ainda não tinham nascido quando
elas surgiram.
Um dos temas mais recorrentes é "Bridge Over Troubled Water" de Simon and Garfunkel, para mim ainda a melhor gravação de 1970. E é ver as respostas,
algumas delas efectivamente impressionantes, a esta canção chegando em alguns
casos a virem as lágrimas aos olhos. E eu pergunto-me que canções existem
actualmente ou mesmo nos anos mais recentes que provoquem reacções
semelhantes? Na realidade não existem.
E fico contente ao constatar que pertenci a uma geração que tão boa música
produziu ao ponto de ainda seduzir a juventude de hoje.
Sempre considerei "Bridge Over Troubled Water" uma canção fora de série e
ainda hoje me emociono ao ouvi-la, sem dúvidas uma canção a perdurar através
dos tempos.
Era a pauta musical de "Bridge Over Troubled Water" que vinha publicada no nº
14 da revista "mundo da canção", uma pequena maravilha da música popular.
The Beatles eram presença continuada na revista "mundo da canção", neste nº 14
mais uma vez eram publicadas letras de canções do grupo de Liverpool que
encantou a minha meninice e que ameaça prolongar-se por muitas gerações.
É por isso com todo o prazer que a eles volto para a recordação de mais uma
canção.
Eram então publicadas duas letras, repectivamente "Michelle" e "Girl",
as duas pertencentes a esse excelente álbum que alterou o rumo da música
popular, "Rubber Soul" de 1965. Considerado um disco seminal na evolução do
Pop-Rock para sonoridades mais complexas que, por exemplo, o movimento
psicadélico iria rapidamente introduzir.
Se eu prefiro "Girl" foi no entanto "Michelle" que sobressaiu e que se tornou
em mais um grande êxito do grupo. Ainda só a tinha recordado na versão dos
portugueses The Sheiks no ano de 1966, ouça-se agora o original.
John Sebastian foi um nome importante na música norte-americana principalmente
nos anos 60 do século passado. Particularmente conhecida ficou o grupo The
Lovin' Spoonful de que foi o principal mentor. Alguns dos sucessos do grupo
como ""Summer In The City", "Six O'Clock" e "Daydream" já podem encontrar
nestes meus Regresso ao Passado. São decisivos os anos de 1966 e 1967 onde
está concentrada a maior parte da discografia dos The Lovin' Spoonful sendo John Sebastian para além de multi-instrumentista e vocalista, o principal
compositor do grupo.
Um relato sucinto da actividade deste músico nos anos 60 vinha publicada no nº
14 da revista "mundo da canção" numa altura em que John Sebastian vivia
"ora em New York ora na Califórnia rodeado de jovens e veteranos
músicos."
Embora gravado em 1968, o primeiro LP a solo, "John B. Sebastian", surge em
1970 e nele constava este "I Had a Dream" que agora sugiro para audição.
Não pensei ter que voltar aos Mungo Jerry, sempre os considerei no nível mais
baixo da música popular, canções de Pop fácil para consumo rápido num qualquer
Verão da adolescência, assim eram as canções deste grupo britânico. Do Reino
Unido vinha o melhor mas também o pior e estes Mungo Jerry encontravam-se
entre os mais desqualificados na explosão musical que então se conheceu.
Lembro-me muito bem do sucesso único que tiveram com "In The Summertime" e da
tentativa de réplica que se lhe seguiu com "Maggie" mas que passou
despercebida em maior parte dos Top de vendas.
O n 14 da revista "mundo da canção" publicava a letra de "Maggie" que,
confesso, já não me recordava de todo. Passados estes anos todos Ray Dorset,
vocalista e guitarrista do grupo, é o único que se mantem da formação inicial.
Em 1970 o tempo de Elvis Presley já tinha passado. A oferta era tanta e tão
boa que, para quem tinha 14 anos como eu, Elvis Presley não passava de uma
figura de quando eu tinha nascido e que tinha estado na génese do Rock'n'Roll.
Daí que a música de Elvis Presley nunca estivesse no centro das minhas
atenções, fui conhecendo, despreocupadamente, à medida que o tempo passada, na
rádio ouvia raramente uma canção dele ou então na televisão nalgum dos filmes
que ele protagonizou.
"I've Lost You", editada em 1970 para o LP "That's the Way It Is", é mais uma
canção que não me recordo de ter ouvido à data da sua publicação, a mostrar os
dotes vocais de Elvis Presley numa interpretação gravada ao vivo. Já, no
mesmo ano, "I've Lost You" tinha sido publicada por Ian Matthews no seu
primeiro LP após a saída dos Fairport Convention, no álbum "Matthews' Southern
Comfort" e é sem dúvida a minha preferida.
A letra de "I've Lost You" vinha publicada na revista "mundo da canção" no seu
nº 14 e referia-se à versão de Elvis Presley e é com ela que ficamos.
E aconteceu mais uma vez. Por vezes tropeço numa canção da minha juventude que
não conhecia de todo, é o caso de hoje.
The Rattles, fico agora a saber, eram (e são) uma banda alemã formada em 1960
e pelo que pude constatar o seu sucesso circunscreveu-se à Alemanha com
excepção da canção "The Witch" que andou nos Top do Reino Unido e Estados
Unidos da América.
De alguma forma a canção cá chegou, provavelmente terá sido editada, pois a
revista "mundo da canção" publicava no seu nº 14 a respectiva letra, note-se a sonoridade bem
condizente com os sons Hard-Rock que começavam então a proliferar.
Ringo Starr tem actualmente 81 anos e ao que consta com um aspecto e
preparação física invejáveis. Talvez a continuação nas lides musicais ajudem,
como provam as regulares gravações que vem efectuando (é de 2021 o mais
recente trabalho o EP "Zoom In" que conta com a colaboração do velho amigo
Paul McCartney e também outras figuras do mundo Pop como Eric Burdon, Lenny Kravitz e Sheryl Crow entre outros). Na realidade os
seus trabalhos a solo nunca me fizeram perder muito tempo muito menos
adquiri-los nem os recentes nem os mais antigos.
Os mais antigos datam de 1970, ano em que, terminada a era The Beatles,
publicou os dois primeiros álbuns respectivamente "Sentimental Journey" e
"Beaucoups of Blues". É neste último que consta a canção com o mesmo nome e
cuja letra vinha publicada no nº 13 da revista "mundo da canção" que tenho
vindo a recordar.
Numa toada Country, que parecia ajustar-se bem às limitações evidentes, aqui fica novamente "Beaucoups of Blues", é Ringo Starr.
Se há artista dos idos anos 60 que ainda ouço com regularidade, esse é Neil Young. Quem diria que em 2021 ele ainda se manteria em grande actividade, não
só a recuperar os seus arquivos, este ano já publicou três álbuns, como em
novas gravações, foi agora anunciado para Dezembro "Barn" com os eternos e
fiéis Crazy Horse.
Mas o que me traz hoje aqui é um disco de 1970, o 3º a solo, de nome "After
the Gold Rush" e a canção que lhe dá o título. A letra vinha publicada no nº
14 da revista "mundo da canção" do início de 1971.
É um álbum pelo qual nutro uma particular simpatia, não fosse ter sido o
primeiro que dele adquiri e que ainda hoje possuo em excelente estado de
conservação, trata-se de uma edição portuguesa de 1970 com a ref: REP
44088 e custou-me na altura, actualizando o preço para Euros, 1,75 €.
De toda a produção discográfica de Neil Young "After the
Gold Rush" continua a ser um dos meus discos preferidos, talvez por não haver
amor como o primeiro...
Segue o tema título. sem duvidas uma grande canção.
Continuo a folhear o nº 14 da revista "mundo da canção" e chego a uma página
com a publicação e uma miscelânea de letras de canções ora vejam, Neil Young,
The Rattles, Ringo Starr e The Fifth Dimension. Para hoje a recordação destes
últimos.
The Fifth Dimension foi um quinteto vocal norte-americano, entre o Pop e o
Rhythm'n'Blues, existente de 1966 a 1975. Depois o grupo foi conhecendo
sucessivas alterações, mantem-se até aos dias hoje com Florence LaRue como
único elemento da formação original.
Tiveram sucesso com temas como " Up, Up and Away" e "Aquarius/Let the
Sunshine In" que já
aqui
recordei ou ainda versões de canções de Laura Nyro que tão bem popularizaram
como "Wedding Bell Blues", "Stoned Soul Picnic", e "Save the Country".
Não me recordava deste "One Less Bell to Answer" que The Fifth Dimension
publicaram em 1970 extraído do LP "Portrait". Para quem gostar do género...
Os espanhóis Aguaviva tiveram em Portugal, por parte de sectores mais
esclarecidos política e musicalmente, uma calorosa recepção. O texto de Tito
Lívio no nº 14 da revista "mundo da canção" assim o atesta.
"Poetas andaluces de ahora" foi o álbum (e a canção) que melhor foi conhecido
e que os projectaram por cá. Tanto quanto consegui apurar actuaram no Teatro
Villaret a 14 do Outubro de 1970 (já passaram mais de 41 anos!) e segundo Tito
Lívio
"AGUAVIVA foi um dos mais extraordinários espectáculos de music-hall que
viramos por cá". Também passaram pela nossa RTP no programa "Curto-Circuito" (tentativa de
continuação do sucesso alcançado pelo programa "Zip-Zip" em 1969 e por onde
passaram para além dos Aguaviva nomes como Gal Costa, Barbara, Patxi Andión e
Paco Ibanez).
"...a simbiose perfeita entre a palavra e a música..." era neste texto
enaltecida considerando que
"O grande mérito de AGUAVIVA está na superação dos velhos esquemas
espartanos e severos (estafados e pobres) de um Paco Ibanez (em Espanha) ou
de um Adriano Correia de Oliveira (entre nós) em que à poesia era atribuído
um papel primordial, relegando a música para um segundo plano..."
Do álbum inicial "Cada Vez Más Cerca" (1970) recordo "Mía Es La Voz", texto de
León Filipe e música de Manolo Diaz.
Um dos discos que mais ouvi na minha juventude foi o disco homónimo do grupo
americano Chicago, que também ficou conhecido por "Chicago II" pela razão
óbvia de se tratar do 2º registo deste grupo pioneiro na fusão do Rock com o
Jazz. Era à semelhança do primeiro, e do terceiro, um disco duplo que nem por
isso deixou de ser um sucesso enorme de vendas, foi um dos primeiros discos
que adquiri.
Foi o sucesso deste disco que levou muitos a descobrir o primeiro "Chicago
Transit Authority" e que levou o grupo a extrair dele "Does Anybody Really
Know What Time Is It?" e a publicá-la em Single em finais de 1970.
Talvez por isso a revista "mundo da canção" tenha publicado no primeiro nº de
1971 a letra da canção escrita e interpretada por Robert Lamm, um dos
fundadores do grupo e ainda na constituição actual dos Chicago. Mais uma
oportunidade para reouvir estas sonoridades já tão distantes, mas sempre tão
cativantes do Jazz-Rock do final dos anos 60.
Chicago - Does Anybody Really Know What Time Is It?
Há um conjunto de canções que são bem definidoras da criatividade que pairava
no ar nos anos 60 e 70 do século passado. Diria mesmo que são canções das
quais nos sentimos orgulhosos, como se nos pertencessem, de terem surgido na
nossa juventude. Canções que perduram no tempo e que verifico, veja-se os
canais que proliferam do Youtube de jovens a descobrir as canções daquelas
décadas, não existir actualmente paralelo.
Uma dessas canções é "Black Magic Woman", um original de Peter Green (
1946-2020) primeiramente gravada pelos Fleetwood Mac em 1968 e sucesso maior
em 1970 na versão ímpar dos Santana.
A letra vinha publicada no nº 14 da revista "mundo da canção" e assim
justifica mais uma passagem por esta canção, nunca é demais.
Deste nº 14 da revista "mundo da canção" esta é a última passagem pela música
portuguesa e mais uma passagem por Fernando Tordo. O motivo é o último texto
da revista a "mc Ficha" no seu nº 12 desta vez dedicado precisamente a
Fernando Tordo.
Nela se passa em revista a ainda curta mas já recheada carreira de Fernando Tordo, desde 1966 onde "estreou-se como vocalista dos DELTONS" à então
mais recente participação no
"VIII Grande Prémio TV da Canção" com «Cavalo à Solta»".
Não me recordo bem mas, pelos vistos, "Tordo, um dos nossos melhores músicos,
não está
«dentro das simpatias» de grande grande parte do público, pelas suas
habituais declarações desassombradas".
Recordo-me muito bem da canção de hoje "The Windmills of Your Mind" na voz
de Dusty Springfield de 1969, no mesmo ano Fernando Tordo gravava a sua
versão naquele que foi o segundo disco da sua carreira a solo.
Vieira da Silva foi um nome importante da nossa música popular de índole
trovadoresca sobretudo antes do 25 de Abril de 1974 onde podemos encontrar
três discos EP cujas canções eram de sua autoria. Com influência evidente do
fado de Coimbra onde estudou teve participação activa, seguindo as pisadas de
Adriano Correia de Oliveira e José Afonso, na renovação do panorama musical do
final doa anos 60 início da década de 70.
Já depois do 25 de Abril é director da revista de divulgação musical "mundo da canção" e é precisamente nesta revista no seu nº 14 de 1971 que encontramos
publicada a letra da recordação de hoje "Canção do Dia Imaginado".
Pertencia ao seu 3º EP onde também se encontravam "Do Menino Que Foi Jovem",
"Canto da Hora Chegada" e "Canção do Amor Difícil".
Mais música portuguesa na revista "mundo da canção" de Janeiro de 1971.
Primeiro um texto sobre os EFE 5 e o seu último trabalho, pela descrição
acredito que se trate do Single com as canções "Baleizão" e "Lira" e que não
consegui arranjar, a ser considerado "Um dos melhores discos do ano".
Seguia-se a página designada "recortes" que correspondia a um texto
publicado no "Diário de Lisboa" na secção "Poplarucho" sobre a produção
discográfica nacional de 1970.
"...a gravação mais séria do ano..." era a consideração que o
articulista fazia ao disco "Oito Canções das Barcas Novas" de Fernando Lopes Graça, destaques maiores iam para José Afonso com "Traz Outro Amigo Também" e
para a gravação do Padre Fanhais "Canções da Cidade Nova".
Oportunidade para volta a Fernando Lopes Graça e ouvir "Barcas Novas" um dos
oito temas que compunham este disco. A letra é da escritora Fiama Hasse Pais
Brandão, no piano Olga Prats e na voz Celeste Lino.
Continuo a folhear a revista "mundo da canção" no seu nº 14 onde encontro um
artigo intitulado "Olhai Senhores... Esta Televisão de Outras Eras..." onde se
traça o panorama dos programas televisivos de variedades. Do "Zip-Zip" e
"Curto-Circuito" que eram a excepção e por onde passou alguma da nova música
ligeira nacional aos bafientos "Tele-Ritmo" e "TV-Clube" adversos
"...a tudo quanto de novo e de positivo se experimenta entre nós". Interessante pensar no que é o panorama musical dos múltiplos canais
hoje existentes, será a situação muito melhor?
Mais à frente outra página dedicada à música por cá feita, um EP da Irmã Maria
Humberta, música de intervenção de característica religiosa, um Single de
Duarte & Círíaco, a 3ª proposta deste duo de índole Folk, e ainda um EP do
retrógrado Valério Silva, "nova música, a mesma face" mesmo que com a
colaboração de José Cid.
De qualidade menor o Regresso ao Passado de hoje, mesmo assim fico com o
Duarte & Ciríaco e a canção "Este Parte, Aquele Parte", canção que
no mesmo ano foi também gravada por Adriano Correia de Oliveira sob o nome
"Cantar de Emigração", bem melhor conseguida e mais conhecida.
De qualquer modo eis "Este Parte, Aquele Parte" no que seria a última gravação
do duo Duarte & Círiaco.
Carlos Alberto Moniz deu-se a conhecer nos écrans ao publico português em 1969
no programa televisivo "Zip-Zip", em 1970, depois de ser o responsável pelos
arranjos de três canções do álbum "Cantaremos" de Adriano Correia de Oliveira,
realiza o seu primeiro disco em nome próprio.
"Açores" é o nome do EP editado em finais de 1970 e que continha quatro temas
do cancioneiro açoriano, a saber: "São Macaio", "O Caracol", "Ponha Aqui o Seu
Pezinho" e "O Sol".
É este disco que o nº 14 da revista "mundo da canção" dá a conhecer em texto
assinado por Arnaldo Jorge Silva considerando que
"... Carlos Alberto Moniz é um caso de intuição e gosto musical" mas
que o disco é
"... inoperante, mas coerente, com canções simples de linhas melódicas
acessíveis, mas sem instrumentais que lhes deem um cunho de
actualização...".
"Ponha Aqui o Seu Pezinho" é bem revelador de uma pobreza instrumental
conforme revelava o texto, aqui vai.
1970 foi um ano em crescendo na nossa música popular. Tal facto vinha já a
acontecer nos últimos anos da década de 60 e iria culminar no ano de 1971, o
ano de viragem e um marco na nova canção portuguesa.
"Traz Outro Amigo Também", gravado em Londres, representa, não só na obra de
José Afonso, mas genericamente em todo o panorama da música popular nacional,
o que de mais evoluído se tinha produzido até então abrindo caminho para a
colaboração seguinte com José Mário Branco e a realização da obra prima que
viria ser "Cantigas do Maio" (1971).
Era ainda o álbum "Traz Outro Amigo Também" que a revista "mundo da canção"
divulgava no seu nº 14 em Janeiro/Fevereiro de 1971. Primeiro num texto de
Tito Lívio que embora o considere inferior a trabalhos anteriores é "O melhor
LP do ano..." destacando a voz de José Afonso"...dramática, vibrante, arrebatada, trágica, indignada, profética."
Publicava ainda a letra de uma das suas canções, "Verdes São os Campos" - e
não "Verdes São os Anos" - uma canção
"...com características balada-folk".
Continuo na música popular portuguesa, para a qual a revista "mundo da canção"
deu o seu contributo ao divulgá-la não só com textos críticos sobre o estado
da mesma, assim com a publicação de letras de canções mais ou menos
conhecidas.
Adriano Correia de Oliveira, sem ser dos cantores mais conhecidos de então
era, no entanto um dos mais importantes, diria que, a par de José Afonso, grande responsável pela modernização do fado de Coimbra bem
como, é inevitável não fugir à designação, da dita música de intervenção.
Eram do seu último álbum "Cantaremos", de 1970, as duas letras que então
vinham publicadas, respectivamente "Saudade Pedra Espada" e "Lágrima de
Preta". Esta última tratava-se de uma música do próprio com base em poema de
António Gedeão, quanto a "Saudade Pedra Espada" tratava-se de um poema de
Manuel Alegre com música de Roberto Machado.
"Lágrima de Preta" já aqui pode ser ouvida pelo que proponho "Saudade Pedra
Espada", uma das menos conhecidas deste álbum.
Adriano Correia de Oliveira - Saudade Pedra Espada
Quer se queira, quer não, seja correcto ou não, a imagem e a música de Amália Rodrigues, o fado, ficaram ligadas ao antigo regime derrubado em Abril de
1974, enquanto a figura e a música de José Afonso, tradicional e de
intervenção, ficaram associadas à luta contra o fascismo anterior ao 25 de
Abril.
Hoje em dia é redutor tal associação tão simplista de duas figuras tão
importantes, quer se goste, quer não, da história recente da nossa música
popular. Mas a visão que se tinha deste dois cantores foi durante muito tempo
aquela que descrevi. Leia-se o texto seguinte de Arnaldo Jorge Silva e que
vinha publicado no nº 14 da revista "mundo da canção" intitulado "D. Amália
canta Zeca Afonso".
O pretexto é a edição de um disco, penso que era um Single, onde Amália
cantava duas canções de José Afonso, "Natal dos Simples" e "Balada do Sino". E
o texto não abonava nada a favor da Amália Rodrigues, bem pelo contrário:
"Nada mais oportuno do que cantar Zeca Afonso. E aí é que é mesmo misturar
alhos com bugalhos...",
"...vocalmente o disco está mal servido. Amália canta o «Natal dos Simples»
com uma frieza, uma pseudo-distinção que é de confranger.", "Disco que incondicionalmente bem pode ser o pior do ano...", etc.,
etc.. O melhor é mesmo lê-lo.
Bem, em comparações, tenho que confessar, as versões da Amália Rodrigues ficam
muito longe das de José Afonso.
Ouçam este "Natal dos Simples" da Amália Rodrigues, bem insonsa na realidade,
e o "Natal dos Simples" de José Afonsoaqui
já disponibilizado.
Conforme referi ontem, este nº da revista "mundo da canção", trazia um
suplemento "com apontamentos críticos por parte da equipa MC" ao
Festival RTP da Canção que ia em 1971 na sua 8ª edição.
As opiniões são genericamente muito críticas, em particular em relação à
canção vencedora, "Menina" interpretada pela Tonicha, considerada estar
"ao nível do nacional-cançonetismo", mas, mesmo assim divergentes
quanto à qualidade global do Festival. Desde
"Pior ainda que o VII Grande Prémio. Pior quando parecia impossível
sê-lo"
na opinião de Tito Lívio à da Maria Tereza Horta ao dizer
"Mais um Festival da Canção... por sinal até o melhor de todos."
Vale a pena a leitura das páginas seguintes que constituíam o suplemento indicado.
Consensual parecia ter sido a opinião de qual a melhor canção, "Cavalo à Solta
" de Fernando Tordo e da melhor interpretação, Paulo de Carvalho com "Flor sem
Tempo", respectivamente classificadas em 3º e 2º lugar.
A minha preferência ia e vai para "Cavalo à Solta" de Fernando Tordo que volto
a recordar.
Começo hoje a recordação de mais um nº da revista "mundo da canção" com
data de edição de 20/01/1971, mas que na realidade só terá visto a luz do
dia em meados de Fevereiro, passo a explicar.
A capa é dedicada ao "VIII Grande Prémio TV da Canção" com fotografia para
os EFE 5, um grupo vocal participante no dito certame.
O editorial alusivo ao Festival é explícito ao identificar as linhas
escritas como anteriores ao referido Festival, apresentando-o com de
"Juventude+Esperança" mas afirmando, desde logo,
"que este será melhor que o transacto... pois as parelhas «consagrados e
veteranos» autores não estarão presentes." Juventude, portanto, num concurso em que era dominante o
"...bafiento ambiente da canção portuguesa."
O mesmo editorial acrescenta que esta edição tinha um suplemento totalmente
dedicado ao "Festival da Canção Portuguesa". Ora o Festival só se realizou a
11 de Fevereiro pelo que este nº do "mundo da canção" só poderia ter vindo
para a rua depois daquela data.
Relembro os participantes e respectiva classificação:
1º - Tonicha - "Menina" 2º - Paulo de Carvalho - "Flor sem Tempo" 3º - Fernando Tordo - "Cavalo à Solta" 4º - Hugo Maia de Loureiro - "Crónica de um Dia" 5º - Intróito - "Palavras Abertas" 6º - EFE 5 - "Rosa, Roseira" 7º - Daphne - "Verde Pino" 8º - Duarte Mendes - "Adolescente"
Nesta primeira passagem por canções com o mês de Outubro no título termino com
alguém que foi mais longe do que qualquer outra e que de uma assentada só
publicuo um álbum onde todas as canções se referiam a um mês do ano o qual constava no respectivo nome, refiro-me a Julie London.
Julie London tem sido, por isso, passagem assídua sempre que abordo canções
com um mês na sua designação, recorro-me ao álbum "Calendar Girl" editado
no ano em que nasci, 1956.
https://www.dailymotion.com/
A canção dá pelo nome "This October" e foi escrita propositadamente para este
LP pelo actor e futuro marido Bobby Troup.
Neste dia de Outubro ficamos com a simpática Julie London e "This October".
"I'm in the mood for this October I found an Indian Summer man And that's why I'm in the mood for this October
Judy Dyble (1949-2020) foi uma cantora inglesa que ficou mais conhecida por
ter feito parte da formação inicial dos Fairport Convention e com eles ter
gravado o 1º LP do grupo. seguiu-se um duo com Jackie McAuley (ex-Them)
de nome Trade Horne com gravação única de 1970, uma pérola de nome "Morning
Way", esquecida e recuperada em 2008. Pelo meio ainda nota para a
formação Giles, Giles and Fripp, percursores dos King Crimson, de que fez
parte.
Depois foi um longo interregno até voltar, já neste milénio, às lides musicais
com regularidade de que resultaram felizmente um conjunto de gravações, entre
2004 e 2020, algumas das quais bem reveladores das qualidades vocais e também
de composição de uma Judy Dyble entre o Folk e o Prog-Rock a lembrar os King Crimson.
A canção de hoje, "Grey October Day", pertence ao álbum "Talking With
Strangers", talvez o seu melhor trabalho, de 2009, que contou com a
colaboração de nomes como Ian McDonald, Robert Fripp e Pat Mastelotto (King Crimson), Simon Nicol (Fairport Convention), Jacqui McShee (Pentangle) e Celia
Humphris (Trees)
Edição, em CD, norueguesa com a ref:TERMOCD006
Tive a felicidade de a ver em 2017 em Cropredy no 50º aniversário dos Fairport Convention tendo ela participado quer no concerto final juntamente com os
Fairport Convention mas também em nome próprio acompanhada pela Band of
Perfect Strangers. Ainda uma simpática conversa quando me autografou alguns
gravações com os Fairport Convention.
Neste mês de Outubro recordar "Grey October Grey" na voz linda da saudosa Judy Dyble.
E, passados alguns dias, cá volto novamente a James Taylor. O pretexto é o
mesmo, ou seja, "Os Meses do Ano em Canção", há dias era o mês de Setembro,
agora é o mês de Outubro. O álbum é o mesmo, "October Road", que abria com
"September Grass" e continuava com a escolha para hoje a faixa que dava nome
ao álbum, precisamente "October Road".
https://www.discogs.com/
Um álbum com um conjunto de canções que não desmereciam estar em qualquer dos
grandes trabalhos dos anos 70, por exemplo, vão ao álbum de 1970 "Sweet Baby
James" e substituam "Country Road" por esta "October Road" e o resultado
funcionaria perfeitamente bem.
A ajustar-se aos dias outonais destes
primeiros dias de Outubro, relaxem-se e ouçam "October Road".
Les Cousins era um clube londrino, situado no Soho, que ficou famoso nos anos
60 e por onde passaram e se cruzaram muitos dos melhores intérpretes do Folk
então em pleno (re)florescimento. Tanto britânicos com norte-americanos por lá
tocaram músicos britânicos como Bert Jansch, John Renbourn, Davy Graham, Al Stewart, Ralph McTell (que tive a oportunidade de ver ao vivo em 2017), Roy Harper, Sandy Denny, para citar somente alguns e também americanos como Paul Simon, Jackson C. Frank e Tom Paxton.
Grande época onde se desenvolveu o Folk-Rock, um dos géneros musicais que eu
ainda hoje mais admiro.
https://www.discogs.com/
Roy Harper estreou-se lá em 1965 e no ano seguinte editava o primeiro LP,
"Sophisticated Beggar". Actualmente com 80 anos é reconhecido e venerado por
uma pequena legião de fãs entre os quais se encontram músicos bem conhecidos
como Jimmy Page, Robert Plant, Pete Townshend, Kate Bush, Ian Anderson
mas também por outros mais recentes como os Fleet Foxes e Joanna Newsom.
É no álbum "Sophisticated Beggar", ainda muito longe do Roy Harper dos anos 70
que nos deixou trabalhos tão importantes como "Stormcock" (1971) e
"Bullinamingvase" (1977) e onde se notam influências que sugerem os Incredible String Band e também Donovan, que vou encontrar a canção de hoje "October The
Twelfth".
E assim continuo neste mês de Outubro com esta introspectiva "October The
Twelfth".
Provavelmente irei contra a opinião de muitos seguidores dos U2, em particular
os seus fãs incondicionais, mas, para mim, os U2 esgotaram-se rapidamente e no
final dos anos 80 já não tinha gozo em os ouvir. Ou seja gostei enquanto eles
surgiram como renovadores do Rock pós Punk e desliguei quando o som que os
caracterizava se estandardizou e ou abordaram sonoridades baseadas na
electrónica pouco inspiradas e interessantes, ouça-se "POP".
Dito isto, reservo-me então aos primeiros LP do grupo e para hoje, dado o
tema, retorno a "October" do álbum homónimo de 1981.
Edição portuguesa de 1981 com a ref: 5204 185, preço: 1€
Bono disse de "October":
"'October'...it's an image. We've been through the 60s, a time when things
were in full bloom. We had fridges and cars, we sent people to the moon and
everyone thought how great mankind was. And now, as we go through the 70s
and 80s, it's a colder time of the year. It's after the harvest. Trees are
stripped bare...", dá para reflectir. E em que mês nos encontraremos agora?
Para o primeiro dia de Outubro de 2021, eis "October", foi há 40 anos e eram
os U2.