sexta-feira, 9 de agosto de 2019

Fotheringay - Wild Mountain Thyme

Fotheringay é o nome de um grupo de Folk-Rock e também do único álbum por eles editado no curto espaço de tempo que duraram. Estávamos em 1970. O álbum conseguia-se ouvir na rádio, se bem me lembro em programas como a “Página Um” e no “Em Órbita”. Os Fotheringay foram formado pela Sandy Denny a minha cantora preferida de ontem, hoje e de sempre. Sobre ela muito haverá a dizer a começar pelo facto de nunca ter tido o devido reconhecimento, nem mesmo depois da sua morte em 1978. Mas fiquemo-nos pelos Fotheringay constituídos após a saída da Sandy Denny dos Fairport Convention.
Já agora, "Fotheringay" é também o nome de uma deliciosa canção de Sandy Denny que abre o 2º álbum dos Fairport Convention “What We Did On Our Holidays” de 1968.

Eram formados por: Sandy Denny na voz, piano e guitarra, Trevor Lucas, seu marido, na voz e guitarra, Jerry Donahue, guitarra e voz, Gerry Conway, bateria e voz e Pat Donaldson baixo e voz. O álbum é todo ele uma pequena pérola da música popular. As composições de Sandy Denny são do melhor que ela escreveu. Vejam-se as canções iniciais “Nothing More” e “The Sea” e ainda “Winter Winds” e “ The Pond and the Stream”. A espantosa versão da canção de Gordon Lightfoot “The Way I Feel” que abre o 2º lado, repare-se nos arranjos vocais, Sandy e Trevor, na guitarra e bateria, espantoso! A finalizar um arranjo tradicional de “Banks of the Nile” com uma interpretação inigualável de Sandy Denny (atenção à subtileza da guitarra, baixo e bateria). Pelo meio 2 temas de cariz mais folk, “The Ballad of Ned Kelly“ de Lucas e uma versão de “Too Much of Nothing” de Bob Dylan.


Edição de 1970 do Reino Unido, ref: ILPS 9125



A capa de fundo preto, com os elementos do grupo desenhados de forma estilizada e com cores fortes predominando os vermelhos, verdes e amarelos, rivalizava com as melhores capas de álbum que então se produziam. Recordo-me agora de uma referência ao grupo num jornal da época que ainda tenho. Procuro e encontro, está no jornal “DISCO MÚSICA & MODA” no nº 9 de 1 de Junho de 1971, num artigo intitulado “ A Folk Inglesa” e, nem de propósito, diz o seguinte:
“ O único e maravilhoso álbum dos “Fotheringay” é talvez o mais belo disco inglês de todo o ano de 1970. É uma pequena obra de arte, desde o desenho da capa, até à captação do som, passando pela incrível suavidade das guitarras de Trevor Lucas e Jerry Donahue, o diálogo eléctrico-acústico, a voz de sonho de Sandy Denny, que se excedeu tanto nas suas próprias composições (“Nothing More”, “The Sea”) como na velha balada escocesa ( a fabulosa “Banks of the Nile”). E, para culminar, o baterista Gerry Conway tinha encontrado um som de inegável subtileza. “Fotheringay” era de facto, um grande grupo. Era, pois eles acabam de separar-se; esperemos agora até ouvir de novo falar de Sandy Denny como solista”.

 O disco claro passou quase despercebido e não se encontrava à venda na generalidade das lojas de discos. Quis a sorte que um dia numa loja, na Rua Passos Manuel à esquerda quem sobe, tivesse no 1º andar um pequeno canto com discos à venda e aí encontrei para meu espanto o disco "Fotheringay".  Ainda hoje o tenho devidamente preservado, tendo no entanto já adquirido a versão em CD que encontrei num dos Festivais Intercéltico. Também este em CD não é fácil de encontrar em discotecas, mas não resiste a uma pesquisa pela Internet. O CD trás 2 faixas extras:”Two Weeks Last Summer” de Dave Cousins, numa versão melhorada em relação ao original do álbum "Sandy Denny and The Strawbs" e “Gypsy Davey” um arranjo tradicional de Denny/Lucas que me pareceram um pouco desenquadradas do resto do álbum.

2008 viu editado "Fotheringay 2" com composições que estariam na origem de um segundo álbum que não chegou em tempo a ser publicado, em 1971 os Fotheringay já não existiam.


Edição em CD de 2008, ref: FLED 3066


Explica o texto incluído em "Fotheringay 2":
"Destroyed by a misunderstanding, Fotheringay remain one of the great might-have-been of British music. They lasted less than a year, and released just one album, but their disappearance robbed the early-'70s scene of a group of musicians capable of taking folk-rock to new heights of subtlety and musicianship. Now, the nine songs on that album, assumed for almost four decades to be their sole testament, are joined by the 11 that would have constituted a follow-up. After languishing as buried casualties of a sudden and pain-filled split, they have been salvaged and restored by the band's survivors in a way that can do nothing but reinforce the admiration with which the this particular group of musicians are remembered, while demonstrating to listeners of later generations the richness and continuing value of their work."


"Wild Mountain Thyme", um tradicional com arranjos dos Fotheringay, é a canção de hoje.




Fotheringay - Wild Mountain Thyme

PS:
Em 2015 é publicado "Nothing More: The Collected Fotheringay" com 3 CD e um DVD com tudo o conhecido dos Fotheringay e que em devido tempo já dei a conhecer.

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