quinta-feira, 29 de julho de 2021

Luís Cília – D. Sancho

 Para o fim desta minha passagem pela música popular portuguesa do ano de 1974 deixei ficar 4 obras que considero serem as mais importantes daquele ano tão emblemático e ainda, felizmente, tão presente na nossa sociedade. São elas as gravações publicadas por José Afonso, Sérgio Godinho, Fausto e Luís Cília. A saber:

- Sérgio Godinho – À Queima Roupa
- Fausto – P’ró Que Der E Vier
- Luís Cília – O Guerrilheiro (regravado em 1982 como “O Cancioneiro”)
- José Afonso – Coro Dos Tribunais

Comecemos pelo que ficou menos conhecido, Luís Cília e “O Guerrilheiro”.

Luís Cília foi sempre um caso aparte na música popular portuguesa. Depois do inicial "Portugal-Angola: Chants de Lutte", dos 3 discos "La Poésie Portugaise de nos jours et de toujours" e do excelente “Contra a Ideia da Violência a Violência da Ideia” de 1973, Luís Cília surpreende com “O Guerrilheiro”. 


https://www.discogs.com/


“O Guerrilheiro” é um disco com profundas raízes no cancioneiro tradicional e dir-se-ia contra a corrente no ano em que foi gravado. No sítio www.luiscilia.com, no dizer do próprio:

“Cheguei a 29 de Abril e, perante o sectarismo que se começou a criar, dei uma entrevista em que dizia que considerava o Alfredo Marceneiro um cantor revolucionário. É uma coisa que mantenho, mas que na altura até disse como uma forma de provocação contra aqueles tipos que achavam que o fado era fascista. De resto, um povo que durante 48 anos não tinha tido acesso a um determinado tipo de música e que a seguir ao 25 de Abril apanhou com doses industriais de uma reles música a que chamavam revolucionária onde 'pão' rimava com 'patrão'... Depois havia uma inflação de 'revolucionários'. Este disco foi então a minha reacção, como também o foi ter dado a mim mesmo como meta, durante um ano, não cantar em Lisboa. Porque era em Lisboa que se dava o folclore todo. Daí eu ter arranjado, desde essa altura, alguns inimigos. Resolvi fazer este disco, que era em tudo contrário à corrente. Decidi fazer um disco cultural, embora também tivesse a sua intervenção”.

É precisamente do tema “O Guerrilheiro” que a CGTP iria adaptar o seu hino. Ficamos, no entanto, com um tema mais pequeno (“O Guerrilheiro” dura 10 m) e que sabe tão bem recordar, “D. Sancho”.



Luís Cília – D. Sancho

Sem comentários:

Enviar um comentário