Continuemos mais alguns dias no ano de 1967, mas agora viremo-nos para a música popular portuguesa e ver (ouvir) o que de mais interessante por cá se fazia.
Por cá ou por lá, pois alguma da melhor música que então se produzia era feita por quem cá não podia viver e lá fora cantava o protesto que cá não podia fazer.
Estou a lembrar Luís Cília cantor dito de intervenção que então estava exilado em França.
Do pouco lembrado Luís Cília já aqui fiz eco com "Cântico de um mundo novo" e "D. Sancho", mas nunca é de mais voltar a Luís Cília, do melhor e mais ignorado que tivemos desde os anos 60. A discografia desta década é por cá praticamente desconhecida pois os discos originais só foram editados em França e Espanha. Recuamos então a 1967 ano da gravação do primeiro da trilogia: " La Poésie Portugaise de Nos Jours et de Toujours". Neste álbum Luís Cília canta José Saramago, Orlando Costa, José Gomes Ferreira, João Apolinário, Almeida Garrett, Filinto Elísio e Camões.
Deste disco resgato primeiro o tema “Epigrama” interpretado num encontro com emigrantes portugueses em França em 1966.
A revista “Vida Mundial” (Excelente à época!) noticiava, a 23 de Maio de 1969, num pequeno texto, a edição deste disco e dizia: “A Luís Cília chamaram a voz da verdade. Assim é! Luís Cília é também o autor da música de «O Salto». Nada tem a ver com os «calvários» e as «madalenas».”
Ora bem! Assim é que é. E tinha 4 estrelas, o máximo atribuído, ou seja, muito bom.
Para ouvir segue “Dia não”, o poema é de José Saramago, quanto mais se ouve mais se gosta.
Luís Cília - Dia não
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