segunda-feira, 10 de maio de 2021

Carlos do Carmo - Gaivota

    mundo da canção nº 13 de Dezembro de 1970


Relativamente à reprodução de letras de canções nacionais este nº 13 da revista "mundo da canção" resumiu-se a três poemas de temas do Padre Fanhais e outra do Fausto, foi portanto parca esta edição no que diz respeito à produção portuguesa. No entanto alguns textos, que hoje aproveito para reproduzir, indiciavam o estado da arte da canção que por cá se ia ouvindo.

Começo com um texto, assinado por Arnaldo Jorge Silva, onde são intervenientes, durante um almoço, Nuno Filipe, Teresa Paula Brito e um tal Verónica. Vale a pena ler para se constatar o espirito da época, "Até Quando???" se intitula este testemunho.




Seguem-se dois textos onde é abordado o Festival da Canção da RTP, o grande acontecimento musical que reunia as famílias em frente da televisão para assistir à selecção da canção que representaria Portugal do certame internacional dito da Eurovisão.

Primeiro o texto "Festival Festival - iremos bem, iremos mal?" assinado por Tito Lívio, onde se questiona o critério de escolha das canções concorrentes, assim como o sistema de votação.




O segundo texto "O Norte do País está este ano representado no Grande Prémio TV da Canção", onde se apresenta José Sottomayor e José Calvário, dois jovens do Porto que compuseram a canção "Flor Sem Tempo" tendo o intérprete escolhido sido Paulo de Carvalho.



Finalmente, outro texto assinado por Tito Lívio relativo aos Prémios Pozal Domingues do ano de 1970. Os Prémios Pozal Domingues foram instituídos pela Valentim de Carvalho em memória a um seu destacado colaborador, tendo sido, em anos anteriores, premiados Amália Rodrigues, a Simone de Oliveira e Adriano Correia de Oliveira. Em 1970 era premiado Manuel Freire pela melhor canção do ano, "Pedra Filosofal", uma das melhores canções de sempre, e que para Tito Lívio não passava de uma "... balada monótona e monocórdica que nada de novo trás à música portuguesa, poema para muitos sem possibilidades válidas de ser musicado. Quanto a nós a pior canção do ano em face das suas pretensões".

O prémio de melhor disco ia para o LP de Carlos do Carmo, com o qual Tito Lívio também não estava de acordo ao manifestar  "... o nosso espanto e surpresa perante o galardão de melhor disco atribuído ao LP de Carlos do Carmo, cançonetista (?) extremamente oportunista e desigual".





Não resisto a contrariar Tito Lívio e a recuperar Carlos do Carmo com a conhecida "Gaivota" com que abria o álbum atrás referido. Talvez não fosse o melhor álbum do ano daí à desqualificação que faz de Carlos do Carmo vai o abismo.



Carlos do Carmo - Gaivota

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