As palavras valem o significado que num determinado tempo se lhes dá. É cada
vez mais comum assistirmos à adulteração de determinadas palavras, muitas das
vezes com a cumplicidade dos media, vulgarizando o significado que tinham. Dou
como exemplo as palavras "icónico" e "épico" tão mal tratadas hoje em dia,
tudo é icónico, tudo é épico. Evito a utilização de tais palavras.
Noutras o aviltamento não será tão evidente ou não chegará mesmo a acontecer,
depende.
Por exemplo "raridade" que serve para este novo tema que hoje introduzo.
Raridade ou raridades é um termo que tem vindo a ganhar terreno e a ser
utilizado com maior frequência nos meios musicais e que muitas vezes me deixam
na dúvida se estão a ser bem utilizadas ou não. Julgo que muitas vezes, mais
marketing que outra coisa, é anunciada, nomeadamente na republicação de obra
mais antiga de artistas consagrados da música Pop-Rock, a edição de novos
discos com raridades quer nas imagens, quer no áudio. Serão mesmo raridades?
O senso comum dizia-me que raridade é algo que é raro ou seja que existe muito
pouco e que é muito difícil de encontrar. Tinha uma noção muito restritiva da
palavra e 'raramente' a usava.
Vejamos o que diz o Dicionário da Língua Portuguesa de Cândido de Figueiredo,
Livraria Bertrand, Lisboa 1949:
Raro, Que não é denso ou que é pouco denso. Pouco espesso:
arvoredo raro. Que acontece poucas vezes; que não é corrente:
as libras hoje são raras.
Extraordinário.
ou num dicionário mais recente, o Dicionário da Língua Portuguesa
Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa de 2001:
raro. O m. que ralo
ralo.
1. Que tem pouca espessura, pouca densidade. = RARO
2. Que se apresenta com espaços entre si. = ESPAÇADO, INTERVALADO
3. Que existe em pequena quantidade, em pequeno número; que é pouco frequente.
= RARO
Sem contrariar o que eu pensava da palavra, fiquei, no entanto, mais
confortável com a sua utilização, podendo haver alguma subjectividade, o que é
pequena quantidade?, ou pequeno número? ou ainda pouco frequente?
Assim sendo início hoje o tema "Raridades" que ficará em aberto para futuras
passagens.
Começo com Richard Thompson, figura ímpar e pouco conhecida da música
Folk-Rock. para uma melhor contextualização sugiro passagem primeira pelas
outras entradas referentes a Richard Thompson, por mim anteriormente utilizadas.
Caixa editada pela Free Reed, Ref: FRQCD-55 |
Em 2006 é editada uma caixa de 5 CD denominada "RT The life and music of
Richard Thompson", e não preciso de chegar ao último CD denominado "Something
Here Worth More Than Gold - Real Rarities" para encontrar um tema que
considere que merece constar nestas "Raridades". Muitos dos 85 temas que
compõem esta caixa são
"...previously unreleased and extremely hard to find..." pelo que
encaixariam bem neste meu propósito de escolher uma raridade. Fico no CD 4
"Songs pour down like silver - Covers and Sessions" e escolho "The Who Medley:
My Generation/Can't Explain/Substitute", nem mais, Richard Thompson a
interpretar The Who.
No livro de 167 páginas que acompanha esta caixa pode-se ler,
"Thanks to Richard for allowing the inclusion of this very impromptu
performance. ("I don't think I know the words to all those songs: ah, I
cleraly didn't"), Second encore at this memorable concert, wherein Richard
surprises and delights by improvising a medley of My Generation, I Can´t
Explain and a rather different version of Substitute"
(gravado em Iron House, Massachusetts, 1990)
Para quem não estiver familiarizado com a música de Richard Thompson esta
caixa não será a melhor opção para o fazer, algumas faixas deixam mesmo a
desejar em termos de qualidade de gravação, trata-se portanto de uma caixa
para os fãs deste histórico músico inglês. Uma boa entrada será a colectânea
de 3 CD "Watching The Dark" publicada em 1993.
Richard Thompson - The Who Medley: My Generation/Can't Explain/Substitute
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