Com os desejos de um Feliz Natal e um Excelente Ano Novo de 2024
para todos os que passam por aqui, fiquem com Simon and Garfunkel e este "7
O'Clock News/Silent Night". Tal como em 1966 o protesto contra todas as
guerras que se mantem tão actual.
Com o aproximar do Natal e Ano Novo, prevejo maior dificuldade em manter os
meus Regresso ao Passado diariamente. Provavelmente retomarei somente em
Janeiro com a revisão do ano de 2023 e assim sendo só depois é que darei
continuidade à passagem pelo nº 7 do jornal "a memória do elefante", que
entretanto comecei, com as escolhas que o jornal fez dos melhores temas e
álbuns do ano de 1971. Ficarão os 10 melhores por recuperar, sendo que hoje
ficamos com o 11º melhor tema.
Ele vai para "Long Ago and Far Away" de James Taylor.
Pena que, em termos europeus, a projeção de James Taylor se tenha confinado
principalmente aos anos 70, década em que na realidade realizou os seus
melhores trabalhos, pois já neste século ele publicou álbuns tão válidos como
"Before This World" ou "October Road". Mas encontramo-nos a rever o ano de
1971 no que diz respeito às escolhas do jornal "a memória do elefante" e como
não podia deixar de ser lá se encontrava James Taylor com o muito bom álbum
"Mud Slide Slim and the Blue Horizon", no 18º lugar, donde saíram canções
ímpares, lembro-me de "You've Got a Friend", "You Can Close Your Eyes" e
esta "Long Ago and Far Away".
Edição portuguesa de 1971 com a ref: WAR 46085
E é com esta "Long Ago and Far Away", onde se encontra Carole King no piano
e Joni Mitchell no apoio vocal, que para já vos deixo.
Em tempos idos apreciei imenso o grupo inglês Procol Harum, referência
obrigatória do melhor Rock Progressivo realizado no final dos anos 60, início
da década de 70. Em particular a sua discografia até ao ano de 1972 quando
editaram "Procol Harum Live: In Concert with the Edmonton Symphony Orchestra".
Verifico agora, com estranheza, que os seus álbuns, quer no Reino Unido, quer
nos EUA, não atingiram lugares significativos. O único primeiro lugar foi para
o single "A Whiter Shade of Pale" (o primeiro de 1967). o que parece que
depois disso o trabalho dos Procol Harum poderia ser pouco relevante. Puro
engano, o melhor estaria mesmo para vir, mas talvez a sua música não fosse,
afinal, tão acessível para andar nos lugares cimeiros de vendas.
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Em 1971 publicam o 5º álbum "Broken Barricades" e foi o último (de estúdio) a
merecer o meu agrado. Não manifestava o esplendor dos anteriores mas ainda nos
seduzia com temas como o que dava título ao álbum "Broken Barricades".
Continuando na contagem decrescente dos melhores temas de 1971 que o jornal "a memória do elefante" publicava no seu nº 7 de Janeiro/Fevereiro de 1972
encontramos o tema título colocado em 12º lugar enquanto que o respectivo
lugar ficava já por um modesto 27º.
No tema "David Crosby. Stephen Stills. Graham Nash. Neil Young de 1969 a 1974"
dei a conhecer uma amostra das gravações que estes 4 músicos efectuaram naquele período
verdadeiramente histórico. Em 1971 só Neil Young é que não editou álbum novo,
os outros três sim, cada um fez o seu álbum a solo, e todos tiveram direito a
constar nas listas elaboradas pelo jornal "a memória do elefante" quer em
temas isolados quer nos respectivos álbuns.
Já recordei Graham Nash, hoje é a vez de Stephen Stills. Stephen Stills
estreou-se a solo em 1970 com o excelente álbum homónimo e seguiu-se "Stephen
Stills 2" em 1971, no entanto é o primeiro que "a memória do elefante"
considera nas suas listas relativas a 1971.
O álbum, "Stephen Stills", esse ficou em 9º lugar e mereceu o seguinte texto
escrito:
"Stephen Stills situa-se ao nível dos músicos mais importantes do sistema
em que se inclui.
O seu primeiro álbum é o exemplo duma obra acabada em que se deixa ver um
notável sentido dos limites da utilização conjunta dos meios disponíveis, ao
contrário do que muita gente afirmou. A colaboração de inúmeros meios não se
tornou de modo nenhum exagerada e até pelo contrário, as transferências do
simples para o complexo são efectuadas sempre duma maneira esclarecida,
deixando-nos uma impressão de fluxo contínuo e de movimento natural. Ao
contrário do que muita gente pretendeu, no primeiro álbum de Stephen Stills
há um equilíbrio rítmico e instrumental levado às últimas consequências. Há
um importante factor interpretativo de violência variável com o ambiente
musical e lírico, de título para título ou no seio do mesmo segmento. Este
trabalho é uma obra de bom gosto que lamentavelmente não teve continuidade
no número dois, onde Stephen Stills agora sim, se perdeu num emaranhado de
meios instrumentais que, utilizados exageradamente e em simultâneo, acabaram
por fazer desaparecer a simplicidade de base que sempre caracterizou as
produções de Stephen Stills.
Também o modo poético do primeiro álbum se fez por um ritmo mais natural e
mais honesto que o do segundo. A afirmação dum amor novo de forma sincera e despretensiosa, toma aqui um sentido importante tanto mais que se ajusta ao
esquema melódico sem que para isso sejam necessários os arrebiques vocais de
que Stephen Stills se serviu frequentemente a despropósito no segundo
álbum.
Resultado duma imaginação que ainda não se prostituíra, o primeiro trabalho
de Stephen Stills é uma obra das melhores do ano 71."
Quanto ao tema escolhido, ele recaiu sobre "Church (Part of Someone)", uma
belíssima canção, à qual foi atribuído o 13º lugar.
Continuo, de forma ascendente, a percorrer a lista de melhores temas de 1971
selecionados pelo jornal "a memória do elefante". Para hoje uma canção de um
grupo que à época se ouvia bastante e que era muito do meu agrado, eram os
Blood, Sweat and Tears.
Os Blood, Sweat and Tears faziam parte daqueles que extravasaram as fronteiras
do Rock e que se aventuraram e bem na aproximação ao Jazz o que não era coisa
fácil, poucos o conseguiram e bem.
Pena que se tenham esgotado tão rapidamente, apesar de ainda existirem as
gravações terminaram em 1980 ao 11º álbum de estúdio, mas somente os 4
primeiros é que são verdadeiramente dignos de audição e que merecem ser
devidamente recuperados.
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Em 1971 era precisamente o 4º trabalho que era publicado, e apesar de já ser
inferior aos outros 3, ainda se encontravam motivos deliciosos como a escolha
de hoje, "Cowboys and Indians".
É esta canção que o jornal "a memória do elefante" considera em 14º lugar na
lista de melhor temas, enquanto o álbum merecia o 11º lugar.
A família Wainwight é uma família de talentos. O primeiro que conheci foi
precisamente Loudon Wainwright III que se revelou musicalmente em 1970 com o
então álbum homónimo eminentemente Folk. Ainda na década de 70 conheci as
qualidades de Kate McGarrigle, esposa de Loudon Wainwright III e a irmã
Anna McGarrigle que em duo se revelaram em 1976 com o magnífico também álbum
homónimo "Kate & Anna McGarrigle". Bem, mais tarde foi a vez dos filhos do
casal respectivamente Rufus Wainwright, no final do século passado, e Martha Wainwright já neste século mostrarem as suas inquestionáveis qualidades
musicais.
Mas para hoje é de Loudon Wainwight III que se trata e o propósito é o seu 2º
LP, "Album II" de 1971. Foi aqui que tive o primeiro contacto com a sua
música, em concreto com o tema que hoje novamente recupero "Motel Blues".
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Mais uma bela canção escolhido pelo jornal "a memória do elefante" que considera "Motel Blues" o 15º melhor tema do ano, enquanto "Album II" ocupava o 14º lugar na lista dos melhores álbuns.
Muita qualidade nestas listas e ainda não chegámos aos 10 melhores do ano!
Há cantores aos quais faço de imediato uma determinada associação, Richie Havens é um deles.
Quando ouço, ou me recordo por qualquer razão, Richie Havens logo o associo a
Woodstock, sim o histórico Festival de Woodstock ocorrido em 1969. Muito
provavelmente terá sido a partir deste Festival que o conheci. Logo me ocorre
a canção "Freedom" que ele então interpretou e que foi incluída no primeiro
triplo álbum do Festival logo em 1970.
Richie Havens (1941-2013) tinha já dado início à sua carreira musical em 1965
e contava com vários álbuns editados mas foi a partir do Festival de Woodstock
que o seu nome ganhou outra dimensão. Em particular, em 1971 com a edição do
álbum "Alarm Clock" bem recebido pela crítica e pelo público, sendo talvez o
seu trabalho mais conhecido (quem se lembra da notável versão de "Here
Comes the Sun" dos The Beatles que abria este álbum?).
Pois o jornal "a memória do elefante" apesar de não integrar "Alarm Clock"
entre os 27 melhores álbuns de 1971, é a este trabalho que vai buscar a canção
"End of the Seasons" para a incluir na lista dos melhores temas de 1971,
concretamente em 16º lugar.
Spencer Davis foi um nome bem conhecido do Pop-Rock na distante década de 60.
Deu inclusive nome a um grupo, The Spencer Davis Group, que granjeou enorme
sucesso com canções como "Keep On Running" (1965), "Gimme Some Lovin'" (1966) e "I'm a Man" (1967), embora, em boa parte, devida à voz de Steve Winwood.
A primeira encarnação do grupo decorreu de 1963 a 1969, embora Steve Winwood tenha abandonado o grupo em 1967 para formar essa banda extraordinária
que foi Traffic. Quanto a Spencer Davis, natural do País de Gales, parte para
os EUA onde edita em 1971, conjuntamente com Peter Jameson, o álbum "It's Been So
Long".
Este álbum passou praticamente despercebido, eu também não me recordo de todo,
mas não para o jornal "a memória do elefante" que na escolha dos melhores
álbuns do ano de 1971 o inclui em 13º lugar.
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Dele seleciona a canção "Brother Can You Make Up Your Mind" que a considera a
17ª melhor do mesmo ano. Ouvindo-a agora fez-me lembrar The Kinks o que não é
nada mau.
Spencer Davis and Peter Jameson - Brother Can You Make Up Your Mind
Os dois primeiros álbuns dos Led Zeppelin foram marcados por forte influência
do Blues, o terceiro pelo Folk, o quarto foi de Rock puro e duro.
O quarto álbum foi publicado em 1971 e não tinha designação, ficou conhecido
como "Led Zeppelin IV" para muitos o melhor álbum do grupo e um dos melhores
álbuns de Rock de sempre. Pessoalmente as minhas preferências vão para "Led
Zeppelin III" de 1970 mas não é, na realidade, tão consensual como o quarto.
O Rock mais pesado constou em temas como "Black Dog", "Rock and Roll", "Misty Mountain Hop" mas o melhor encontrava-se em faixas mais elaboradas,
algumas verdadeiros clássicos nos tempos actuais como a obra-prima que é
"Stairway to Heaven", "The Battle of Evermore", tema de influências
Folk com Robert Plant em dueto com a Sandy Denny e ainda a faixa "When the
Levee Breaks" com mais de 7 minutos e onde o Blues marca presença.
Para o jornal "a memória do elefante" o tema "When the Levee Breaks" é o
18º melhor do ano de 1971 e o álbum "Led Zeppelin IV" o 19º melhor. Outros
tempos em que tanta qualidade relegava os Led Zeppelin para uma
classificação que diria modesta.
Uma boa parte destes meus Regresso ao Passado serão bem conhecidos pelo menos
para aqueles que, como eu, viveram e acompanharam intensamente o
desenvolvimento musical ocorrido nos anos 60 e 70 do século passado. Por vezes
poderão estar bem lá no fundo da memória mas acabam por ser reconhecidos após
a respectiva audição. Menos frequente será não nos lembrarmos, eu incluído, de
todo da música e/ou artista em causa. É o caso de hoje: a canção é "God Out
West" interpretada por Link Wray.
Não fora o jornal "a memória do elefante" no seu nº 7 de Janeiro/Fevereiro de
1972 ter considerado "God Out West" no 19º da classificação dos melhores temas
do ano anterior e o respectivo LP, "Link Wray", em 23º lugar e com certeza que
não me ocorreria um Regresso ao Passado dedicado a Link Wray.
Fica-se a saber que Link Wray (1929-2005) foi um considerado cantor,
compositor e guitarrista norte-americano que se notabilizou com o tema
instrumental "Rumble" no ido ano de 1958 e que influenciou um grande número de
famosos cantores e guitarrista. Portanto, uma falha desconhecer este músico.
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Para colmatar esta falha e procurar despertar curiosidade neste nome tão pouco
conhecida aqui ficamos com "God Out West" que diga-se não me parece ser do
mais representativo de Link Wray.
Já o devo ter dito, mas repito: os Gentle Giant estavam nos longínquos anos da
minha adolescência no topo das minhas preferências no que diz respeito a
grupos do chamado Rock Progressivo, género musical a viver então o seu auge.
Outros havia, claro, que eu bem apreciava, como por exemplo os Jethro Tull, os
Yes ou os inevitáveis King Crimson, mas os Gentle Giant encontravam-se num
cantinho bem especial talvez por serem de todos os que apresentavam uma música
menos comercial e mais original. Em particular nos primeiros quatro álbuns,
editados de 1970 a 1972, que foram os mais inventivos. os mais genuínos de
todos os publicados ao longo da década até ao fim do grupo em 1980.
"Acquiring the Taste" de 1971 foi o 2º trabalho dos Gentle Giant, e foi aquele
onde levaram mais longe as pretensões experimentais que evidenciavam. Eles
tinham noção disso e escreviam na capa do LP:
"It is our goal to expand the frontiers of contemporary popular music at
the risk of being very unpopular. We have recorded each composition with the
one thought – that it should be unique, adventurous and fascinating. It has
taken every shred of our combined musical and technical knowledge to achieve
this. From the outset we have abandoned all preconceived thoughts of blatant
commercialism. Instead we hope to give you something far more substantial
and fulfilling. All you need to do is sit back, and acquire the taste."
Edição Vertigo em vinil com a ref: 6360041
"Acquiring the Taste", álbum por cá pouco divulgado como aliás a generalidade
do discografia dos Gentle Giant, não passou despercebido ao jornal "a memória do elefante" que no seu nº 7 de Janeiro/Fevereiro de 1972 o elege para o 12º
álbum do ano anterior selecionando a canção "Wreck" para o 20º melhor tema do
ano.
Nos anos de 1970 e 1971 ouvi muito o grupo norte-americano oriundo da cidade
que lhe deu nome: Chicago. E havia motivos de sobra para os ouvir dado que nos
anos de 1969 a 1971 publicaram três duplos álbuns naquilo que foi das melhores
aproximações que o Rock fez ao Jazz. Não era Rock, não era Jazz, era Jazz-Rock
ou mesmo mais que isso pois temas havia onde se notavam influências da música
Clássica, das Baladas ou mesmo do Folk-Rock. Uma profusão de sons que
constituíam uma novidade e que eram interpretados por sete excelentes músicos.
Em 1971 é editado "Chicago III" e o jornal "a memória do elefante" vai
considerá-lo o 25º melhor álbum do ano e "Lowdown" o 21º melhor tema daquele
ano.
"Chicago III" ainda um grande álbum onde sobressaíam, para além de "Lowdown",
canções como "Free" (ou melhor toda a "Travel Suite"), "What Else Can I
Say" ou ainda a suite "Elegy".
Edição, em CD, da etiqueta alemã CNR com a
referência 2002620
Boas recordações de um grupo que ainda se arrasta, sem a originalidade de
outrora, com três elementos da formação original.
Foi através do jornal "a memória do elefante" que tive o primeiro contacto com
o grupo Comus e o álbum "First Uttterance". Foi no final de 1971 na
edição nº 6 e através da análise daquele álbum que nos trazia uma sonoridade
completamente nova no contexto da música Folk, diria um Folk muito
progressista e que ainda hoje me surpreende sempre que o ouço.
Pois no nº seguinte de Janeiro/Fevereiro de 1972 "a memória do elefante
publicava os seus temas e álbuns preferidos relativamente ao ano anterior e
"First Utterance" e os Comus não ficaram esquecidos. O álbum ocupou o 21º
lugar e a canção "The Herald" o 22º lugar.
Os Comus, de curta duração mas reconstituídos em 2008, publicaram ao todo três
álbuns respectivamente em 1971, 1974 e 2012, mas é o primeiro que passa com
distinção no crivo do tempo. passou praticamente desconhecido mas continua tão
fresco e inovador tanto em 1971 como agora. Sem disco um disco recomendado
para que gosta do Folk e Folk-Rock na sua expressão mais vanguardista.
Edição em CD de 1995 com a ref: BGOCD275
E agora, nova oportunidade para recordar "The Herald" e os seus longos 12
minutos.
"Baba O'Riley" é um dos temas mais rapidamente reconhecíveis do histórico
grupo de Rock inglês The Who. O período de ouro deste grupo situou-se no final
dos anos 60, início da década de 70 onde se situam trabalhos tão relevantes
como "Tommy" (1969) e "Quadrophenia" (1973), dois duplos álbuns
correspondentes a obras de maior fôlego do grupo, trabalhos então designados
por Ópera-Rock o que fazia elevar o Rock a outro nível.
No meio (1971) esteve talvez o mais popular trabalho do grupo de nome "Who's
Next" e que o jornal "a memória do elefante", nº 7 de Janeiro/Fevereiro de
1972, o classificou como o 20º melhor álbum do ano. Enfim, tempos de
abundância do melhor Rock até hoje praticado.
Nele sobressaíram temas como "Won't Get Fooled Again", "Baba
O'Riley" e "Behind Blue Eyes", hoje em dia verdadeiros clássicos do Rock.
Edição britânica de 1971 da editora Track referência 2408
102
O jornal "a memória do elefante" coloca "Baba O'Riley" no 23º lugar dos
melhores temas de 1971 e é ainda hoje um tema obrigatório nos concertos dos
ainda sobreviventes dos The Who, Roger Daltrey e Pete Townshend.
Nele proliferavam os sintetizadores e ainda o emblemático violino tocado
por Dave Arbus dos East of Eden.
Em 1971 Cat Stevens estava no apogeu da sua carreira. Carreira já bem
consolidada desde que em 1967 se deu a conhecer com "Mattew and Son", nos
surpreendeu com "Lady D'Arbanville" (1970) e ainda neste mesmo ano com todo o
álbum "Tea for the Tillerman" (quem não conheceu "Father and Son", "Wild World" ou "Where Do the Children Play?"?).
Nesta avalanche de criatividade publica em 1971 o seu 5º álbum de estúdio
"Teaser and the Firecat", mais um grande disco com grandes canções que
perduram no tempo, de "The Wind" a "Peace Train".
Edição francesa em CD com as ref: IMCD 104; 842350-2
Para o jornal "a memória do elefante" este era o 16º melhor álbum e "Morning
Has Broken" a 24º melhor canção de 1971.
"Morning Has Broken" é uma belíssima canção cujo original remonta à década de
30 do século passado e que Cat Stevens a tornou mundialmente conhecida através
de uma não menos bela interpretação.
Lembro-me de no início dos anos 70 ter ouvido
Lee Michaels, mas tenho de confessar não me recordo que músicas então ouvi. Muito
provavelmente tratava-se do álbum "5th" de 1971, aquele que conseguiu maior
divulgação, mas o que me ficou na memória foi somente a voz marcante de
Lee Michaels
e ainda a sonoridade dos teclados por ele tocados e não uma canção em
concreto.
Recordo-o agora pois o jornal "a memória do elefante", no seu nº 7, incluía uma canção dele entre as 27 selecionadas pelo jornal
como as melhores do ano de 1971. Trata-se da canção "Didn't Have to Happen"
que pertencia ao álbum acima referido e que não constava na lista de melhores
do ano.
Mais uma vez, à semelhança de ontem com
Graham Nash, a escolha não foi a mais óbvia pois tanto quanto consegui apurar "Didn't
Have to Happen" nem sequer foi editada em Single, sendo "Do You Know What I
Mean" o tema de maior sucesso do disco.
De qualquer forma aqui fica a escolhida, eis "Didn't Have to Happen" composta
e interpretada por
Lee Michaels.
Foram 27 os temas escolhidos pelo jornal "a memória do elefante", publicados
no nº 7 de Janeiro/Fevereiro de 1972, referentes a 1971.
A 26ª canção vai para Graham Nash, a canção é "Man in the Mirror" e pertencia
ao álbum "Songs for Beginners" sendo este considerado o 15º melhor do ano de
1971.
Interessante que não sendo "Man in the Mirror" das canções mais difundidas do
álbum, dele recorda-se mais depressa "Military Madness", " I Used to Be a
King", "Simple Man" ou "Chicago" ou ainda "Sleep Song", fosse esta a eleita
para figurar na lista de melhores do ano.
Era o 1º LP a solo de Graham Nash (que este ano de 2023 editou o 7º álbum a
solo de nome "Now") após o estrondoso sucesso de "Déjà Vu" dos Crosby, Stills, Nash and Young, foi até hoje o seu melhor trabalho e mostrava as suas
qualidades impares a solo. Nesta canção com p contributo de Neil Young no
piano e Jerry Garcia na Steel Guitar.
De volta aos meus velhos jornais. Desta vez para "a memória do elefante",
jornal underground editado no Porto que eu avidamente consumia na minha
adolescência, do qual infelizmente me faltam alguns nºs (0,1,4,5), lembre-se
que eu vivia em Ovar, só havia um sítio (Casa Reis) onde o jornal chegava e em
pouca quantidade.
Retomo então com o nº 7 de Janeiro/Fevereiro de 1972 e que incluía as listas
de melhores temas e álbuns de 1971. O programa de rádio "Em Órbita" tinha
acabado neste ano e consequentemente as famosas classificações que anualmente
efectuava. Tinha em "a memória do elefante" a sua continuação.
27 eram os temas e 27 eram os álbuns escolhidos cuja lista era publicada na
última folha.
Vamos ver se consigo passar por eles todos. Começo pelo 27º lugar na lista dos
temas o qual era ocupado pelos Gravy Train com a canção "The New One".
Recordo, Gravy Train foi um grupo inglês existente entre 1969 e 1975
praticantes de uma sonoridade classificada de Rock Progressivo identificados
como tendo influências dos Jethro Tull e Comus, boas fontes, portanto. A
canção "The New One" foi o primeiro Single do grupo e para "a memória do
elefante" a 27ª melhor do ano de 1971 (a canção é de 1970). O álbum "Gravy
Train" não constou entre os melhores.
Por agora, penso que vou ficar por aqui nesta passagem pelo ano de 1960 onde
recordei alguns temas que fizeram sucesso naquele ano. Deem um salto de uma
década, ou nem tanto basta chegar a meio da década de 60, para se dar conta do
abismo de sonoridades então praticadas. É uma das razões que esta década tanto
me atrai, é a diversidade evolução que ocorreu.
E para terminar, nada melhor que ficar com aquele que terá sido o mais
determinante na evolução então iniciada ainda na década de 50, Elvis Presley.
Elvis Presley (1935-1977), é hoje consensual na importância que teve no
desenvolvimento do Rock'n'Roll (The King of Rock'n'Roll) embora, como é
sabido, não se tenha cingido exclusivamente àquele género, abordando o Pop, o
Country e mesmo o Blues.
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Datam de 1954 as suas primeiras gravações e em 1960 era já mais do que um
artista consagrado com uma lista impressionante de sucessos. "It´s Now or
Never" foi um dos seus maiores sucessos de internacionais e ainda hoje é uma
canção que se recorda com todo o gosto.
E ainda mais um tema exclusivamente instrumental também do ano de 1960. Tempos
também em que as bandas sonoras dos filmes constituíam grandes sucessos e
ocupavam lugares cimeiros das tabelas de vendas. É o exemplo de hoje.
"A Summer Place" é um filme norte-americano de 1959 do género drama que ficou
para a história pela sua banda sonora em particular a composição "Theme from
"Summer Place"" um instrumental com predominância da guitarra tocada
por Hugo Winterhalter.
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Embora também existam versões cantadas de "Theme from "Summer Place"", The
Lettermen, Andy Williams, Cliff Richard, por exemplo, nenhuma atinge, no meu
entender, a beleza que a versão orquestral de Percy Faith revela.
Percy Faith (1908-1976) nasceu no Canadá, foi arranjador e director de
orquestra bastante popular nos Estados Unidos da América nas décadas de 50 e
60. A sua versão de "Theme from "Summer Place"" foi a mais bem conseguida e
foi 1º lugar nas tabelas americanas.
Em tempos passados temas somente instrumentais eram comuns. Pena que tal
realidade esteja, hoje em dia, praticamente abandonada. Recordo ainda o ano de
1960 por onde já passei dois temas puramente instrumentais: "Man of Mystery"
pelos The Shadows e "Last Date" por Floyd Cramer. Para hoje uma terceira
escolha, trata-se de "Walk Don't Run" do conjunto The Ventures.
The Ventures foram, melhor são pois ainda existem embora sem nenhum membro
original, um conjunto norte-americano formado em 1958 e onde tinham nas
guitarras (no início uma bateria e três guitarras) o destaque maior num som a
fazer lembrar The Shadows do lado de cá do Atlântico.
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O maior sucesso que conheceram corresponde à canção "Walk, Don't Run" era o
segundo Single editado e corria o ano de 1960. "Walk, Don't Run" é uma
composição de 1954 gravada neste ano pelo guitarrista de Jazz Johnny Smith e
também por Chet Atkins em 1956.
Grande sucesso nos dois lados do Atlântico foi esta canção de 1960, "Poetry in
Motion" de Johnny Tillotson.
Johnny Tillotson (1938-) é um cantor norte-americano centrado num estilo
Country-Pop e que teve o seu período de maior sucesso no início dos anos 60.
As primeiras gravações datam de 1958 sendo que é 1960 que via conhecer o seu
maior êxito. precisamente com "Poetry In Motion".
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"Poetry In Motion" constituiu um sucesso em muitos países, inclusive em
Portugal onde Os Conchas fizeram a sua versão, era "Poesia em Movimento" que
em tempos já recordei. Agora fiquemos com o original, e que tal um pé de
dança?
Ainda algumas canções do ano de 1960 com particular sucesso no Reino Unido.
Lonnie Donegan (1931-2002), que já tive ocasião para recordar, foi um músico e
cantor escocês que com a sua mistura de estilos, música tradicional, Blues e
Jazz utilizando muitas vezes instrumentos rudimentares, impulsionou fortemente
a música popular na década de 50 no Reino Unido.
O seu género era designado de Skiffle e tinha proveniências na música negra
norte-americana do início do século XX. O revivalismo do Skiffle no Reino
Unidao foi tão importante que acabou por ficar conhecido como "King of
Skiffle". Muitos importantes músicos tiveram nas suas origens influência do
Skiffle sendo provavelmente o mais importante e conhecido Van Morrison que em
memória a tempos passados editou em 2000 "The Skiffle Sessions - Live in
Belfast 1998" e que contou com a colaboração nada mais que a do próprio Lonnie Donegan e ainda de Chris Barber (1930-2021)
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Lonnie Donegan contou, em 1960, com 3 canções no Top 10 das quais escolho "I
Wanna Go Home" que rapidamente se dá conta que se trata da mesma canção,
tradicional do início do século, que The Beach Boys iriam tornar num enorme
êxito em 1966 designando-a "Sloop John B.".
Em 1960 The Shadows constituíram um êxito ímpar na música popular, em
particular no Reino Unido mas também internacionalmente. Em parte por mérito
próprio por outro como conjunto que acompanhava o ídolo da juventude de então,
Cliff Richard.
Foi praticamente com Cliff Richard (1940-) que o Rock'n'roll nasceu no Reino
Unido (ouça-se "Move It" de 1958) e que abriu caminho para a explosão deste
novo género musical no início dos anos 60 com o surgimento dos The Beatles e
The Rolling Stones.
Conta até à data com 47 álbuns de estúdio, mas a época dourada foi mesmo no
seu início com permanência frequente nos Top 10. Só em 1960, perfazendo um
total de 48 semanas) teve 6 Singles no Top 10.
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É deste ano a canção "I Love You", canção Pop com pouco mais de 2 minutos, que
os mais velhos gostarão de recordar.
As canções de 1960 que tenho estado a recordar tiveram particular popularidade
nos Estados Unidos da América, tempo, agora, para recuperar o que maior êxito
fazia no Reino Unido.
Começo por aqueles que, naquele ano, maior nº de canções tiveram no Top 10. E
esses foram sem dúvida
The Shadows.
The Shadows, com ou sem
Cliff Richard, eram, sem dúvida, o conjunto preferido da população do Reino Unido,
premiando a qualidade e carácter inovador que a sua música apresentava, com
destaque para a guitarra de Hank Marvin.
Primeiro como The Drifters, no final da década de 50, e depois como
The Shadows, eles constituíram o grupo mais importante anterior ao aparecimentos dos
The Beatles. E a sua influência em Portugal foi tremenda, reveja-se alguns dos Regresso
ao Passado que em tempos publiquei de grupos nacionais como
Os Dardos,
Thilo's Combo,
Conjunto Académico Orfeu,
Os Titãs,
Os Tártaros
que os copiaram sem reservas.
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Em nome próprio, julgo que é a primeira vez que recordo
The Shadows
e começo com o tema "Man of Mystery" um dos grandes sucessos de 1960 (o outro
foi o incontornável "Apache"). Aproveitar e lembrar os bailes da nossa
meninice.
Nem todas as recordações que tenho feito deste ano de 1960 teriam, por cá, a
devida divulgação e o respectivo sucesso. Recordo a aversão do regime fascista
por cá vigente a tudo o que fosse modernidade e agitasse a juventude. Mas
alguns nomes quase de certeza que, apesar de tudo e de alguma forma, foram por
cá conhecidos. Para hoje a recordação de um desses nomes, Neil Sedaka.
Mais não fosse pela influência nos primeiros rockers portugueses que o
interpretavam, recordo Os Conchas e a versão de "Oh! Carol" o maior sucesso de
Neil Sedaka.
Neil Sedaka (1939-), actualmente com 84 ano e ainda com concertos agendados,
teve os seus maiores sucessos no final dos anos 50, início da década de 60,
perdendo progressivamente lugar de relevo com a avalanche musical que o Rock
trouxe nos anos 60 e 70.
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Se bem que "Oh! Carol" andasse no ano de 1960 nos Top ele foi na realidade
gravada e editada no ano anterior, pelo que a minha escolha recai sobre
"Stairway to Heaven" (não a dos Led Zeppelin, claro, que essa só surgiu em
1971) que é bem menos conhecida.
Não foi só por que nos anos 60 se assistiu à proliferação de conjuntos ditos
Pop e que passaram praticamente despercebidos ou registaram alguns poucos
disco de formato pequeno sem os quais não mais seriam recordados. Nos Estados
Unidos da América e Inglaterra foram os países onde tal fenómeno mais se
manifestou. Para hoje um exemplo oriundo da América do início dos anos 60, The
Safaris.
Contam-se pelos dedos da mão os Single que The Safaris editaram nos primeiros
anos da década de 60 sendo "Image of a Girl" aquele que logrou alcançar o Top
10 de vendas nos Estados Unidos.
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Uma balada Pop a trazer muitas saudades daqueles tempos tão inocentes
(comparados com os actuais).
Uma canção clássica muito pouco conhecida, eis "Image of a Girl" pelos The
Safaris.
Porque não só de canções com música e letra se fez a música popular em 1960,
escolho para hoje um tema sem letra e que teve algum sucesso naquele ano.
Trata-se de um instrumental escrito e interpretado por Floyd Cramer.
Floyd Cramer (1933-1997) foi um pianista norte-americano que apesar de ter uma
discografia significativa em nome próprio não teve grande notoriedade como
tal. Teve, no entanto, como músico de estúdio colaborações com nomes tão
importantes como Elvis Presley, Brenda Lee, Roy Orbison e The Everly Brothers.
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Os temas de maior sucesso foram "On The Rebound" (1961) e "Last Date" (1960),
manifestando um estilo muito peculiar na forma de tocar piano (diz-se "slip
note" ao estilo utilizado).
Num tempo em que a música negra se tornava popular e aceite por camadas de
público branco progressivamente maiores, Sam Cooke é um dos nomes a destacar.
No livro "Os Grandes Criadores de Jazz" no capítulo dedicado à Soul Music é
dito:
"Dos corais de gospel de Chicago são provenientes muitas das mais
importantes figuras desta soul nortista, ao mesmo tempo inspirada e
diabólica. O grande pioneiro histórico do género, Sam Cooke (1931-1964), é o
primeiro a franquear docemente a porta secreta que separa o templo das
tabelas de vendas. O seu fraseado burlesco, o seu carisma e o seu swing
infalível terão um impacto extraordinário, muito depois do seu assassinato
misterioso."
Sam Cooke insere-se neste movimento de integração da música negra na música
genericamente designado por "popular" tendo os seu discos, em particular os
Single, presença significativa nas tabelas de vendas.
Somente cerca de 7 anos de gravações foram suficientes para a história lhe
reservar um lugar especial sendo um dos nomes fundadores do museu Rock and
Roll Hall of Fame.
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Dos vários Single que editou em 1960 aquele que mais se destacou nas tabelas
de vendas foi "Chain Gang", ei-lo para audição.
Para hoje um dos duos mais importantes da história da música Pop,
referenciados e reverenciados ao longo dos anos por um sem número de artistas
que mantêm assim viva a sua música, refiro-me aos The Everly Brothers.
Sucesso maior nos anos 50 e princípio da década de 60, são deles canções
como "Bye Bye Love", "Wake Up Little Susie", "All I Have to Do
Is Dream", "Cathy's Clown" e "When Will I Be Loved", só para referir as mais conhecidas.
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Entre o Rock'n'Roll e o Country se situam muitas das canções que tornaram The Everly Brothers famosos, a canção de hoje, "Cathy's Clown", é um tema bem Pop
gravada e editada no ano de 1960 e que sabe tão bem agora recordar.