sábado, 16 de junho de 2018

Neil Young - Almost Always

O jornal ”DISCO MÚSICA & MODA” no seu número 1 de Fevereiro de 1971 afirmava acerca das promessas musicais que então emergiam:
“Começou a esboçar-se em 1970, um novo movimento dentro da música pop, com vista à descoberta de um super-homem. Os principais candidatos são Van Morrison e Neil Young, no Novo Continente, Cat Stevens e Elton John na capital da música europeia. Inegável é, no entanto, o facto de, dentre estes homens, se realçar, não só pela força que as suas composições imprimem aos poemas de Bernie Taupin, como também pelas suas magníficas interpretações, um jovem britânico de vinte e três anos chamado Reginald Kenneth Dwight e que todos conhecem como ELTON JOHN.”

Para começar uma incorrecção, Van Morrison não era (é) do Novo Continente mas sim do Velho. Quanto às quatro promessas, onde parece que a preferência ia para Elton John, vejamos:

Elton John foi o primeiro a desiludir e a abandonar a alta qualidade evidenciada nos primeiros registos, precisamente após o ainda excelente “Madman Across The Water” de 1971. Longa discografia, ainda no activo, mas sem qualquer comparação com as gravações de 1970 “Elton John”, de 1971 “Tumbleweed Connection” e do referido “Madman Across The Water” (sem esquecer o inicial “Empty Sky” de 1969 e, no entretanto, a banda sonora do filme “Friends” de 1971, mais o álbum ao vivo “11-17-70”). Ponto Final.

Cat Stevens aguentou-se melhor, e depois do promissor “Matthew and Son” de 1967, teria a primeira metade da década de 70 de ouro com um conjunto de álbuns de antologia a não esquecer: “Mona Bone Jackson” e “Tea For The Tillerman” de 1970, “Teaser And The Firecat” de 1971, “Catch Bull at Four” de 1972, “Foreigner” de 1973 e ainda, porque não?, “Buddha And The Chocolate Box” de 1974. Em 1977 converte-se ao Islamismo com o nome Yusuf Islam. Com aparições ocasionais na promoção da paz entre os povos procura o regresso sem êxito em 2006 com o álbum “An Other Cup”. De realçar o retorno em 2017 com "The Laughing Apple".

Sobram Van Morrison e Neil Young. Aqui as histórias são outras.

Van Morrison com várias dezenas de álbuns gravados manteve uma regularidade assinalável na qualidade da sua produção. Músico multifacetado com diversas abordagens musicais, desde o Rock ao Soul e Blues e da música Celta ao Jazz. No entanto, a sua carreira tem sofrido algumas oscilações: Assinalável êxito nos anos 60 quer no grupo Them quer a solo com o distinto “Astral Weeks” no Top 10 de qualquer antologia da música popular dos últimos 60 anos. Menos conseguida é a 2ª metade dos anos 70, ressurgindo no final desta com o interessante “Into The Music”. A década de 80 é, estranhamente no contexto musical de então, de considerável qualidade até 1987 com “Poetic Champions Compose”. De então para cá tem mantido alguma irregularidade e, nunca fazendo um mau disco, está longe dos tempos de “Moondance”. De 2016 para cá surge revigorado e super produtivo parecendo assentar arraiais no Blues e no Jazz.

Finalmente, Neil Young. Uma lenda viva do Rock americano. Com uma produção que vai desde os Buffalo Springfield, nos anos 60, aos Crosby, Stills, Nash & Young e ainda a solo, acompanhado pelos Crazy Horse ou outras formações, criou uma sonoridade própria e inconfundível variando de estilo do Hard Rock, ao Folk e ao Country. Década menos interessante só a de 80. Já no novo milénio grava excelentes discos: “Silver & Gold”, “Greendale”, “Prairie Wind”, “Living With War”, “Crome Dreams II”, "Psychedelic Pill", "The Monsanto Years" não ficam atrás das suas gravações de 60 e 70 que o tornaram famoso.



Edição europeia em CD de 1 de Dezembro de 2017, Ref: 9362-49088-6

O último disco de originais é o irregular "Visitor" de 2017, segue "Almost Always", uma das minhas preferidas.




Neil Young - Almost Always

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