domingo, 17 de junho de 2018

José Afonso - Os Vampiros

A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974

Sob este tema vão passar alguns Regresso ao Passado. De uma forma mais ou menos aleatória e sem preocupação de ser exaustivo, lembrarei alguns cantores e canções que de alguma forma romperam com os padrões musicais então instituídos e com os quais tive algum contacto. As mais antigas conhecias a posteriori, as do final da década de 60 em diante no momento em que foram editadas.

Tendo em consideração o regime então vigente em Portugal, muitos dessas canções eram, de forma mais ou menos camuflada, de indignação e contestação à situação política repressiva que então se vivia, a falta de liberdade, o atraso social e uma guerra colonial num beco sem saída. Tomaram diversas designações, canções de protesto, canções de intervenção, baladas, nova canção portuguesa, tudo nomes para realidades similares ou que se cruzavam de forma, por vezes, pouco distinta. Aqui simplesmente sob a denominação genérica de Música Popular Portuguesa.


Muitos foram os seus intérpretes, alguns ficaram praticamente esquecidos, outros ficaram para sempre como expoentes maiores de novas formas de expressão da canção popular, casos de, entre outros, José Afonso e Adriano Correia de Oliveira

Começo com José Afonso.
Mais uma passagem por aquele que foi o maior responsável, no final dos anos 50 início dos de 60, pelo surgimento da chamada balada em ruptura com o tradicional fado de Coimbra. Na "Enciclopédia da Música Em Portugal no Século XX" lê-se:
"Em Coimbra, J. Afonso, estudante de Ciências Histórico-Filosóficas, gravava, em 1960, a sua primeira obra, intitulada Balada do Outono, com poema e música da sua autoria. Esta obra baptizada por António Menamo, marcou a diferença na tradição do fado de Coimbra, na qual de algum modo se inseria, dando início a uma nova corrente da canção portuguesa, que se viria a transformar no «movimento da balada». (ouvir "Balada do Outono" aqui).

Depois de se ter iniciado nas gravações na década de 50, com 2 Single (1953) ainda a 78 rpm, é na década seguinte que a grande mudança se vai verificar. Logo em 1960 é editado o tal EP que continha a "Balada do Outono", é o início da demarcação do fado de Coimbra. Disse José Afonso, citado em "Canto de Intervenção 1960-1974" de Eduardo M. Raposo:
"Designei as minhas primeiras canções por baladas, não porque soubesse exactamente o significado deste termo, mas para as distinguir do fado de Coimbra, que comecei por cantar e que, quanto a mim, atingira uma fase de saturação..."

Em 1962 é editado o 2º EP "Baladas de Coimbra" que continha a conhecida "Menino de Oiro" e no ano seguinte novo EP igualmente designado "Baladas de Coimbra".
"É este disco que inclui os tema que marcam de uma forma mais clara a fase de intervenção da obra do Zeca Afonso:«Menino do Bairro Negro» e sobretudo «Os Vampiros».", em "Canto de Intervenção 1960-1974"


http://www.aja.pt


"Os Vampiros" é a canção escolhida para o início desta passagem por "A Música Popular Portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974".




José Afonso - Os Vampiros

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