quinta-feira, 31 de maio de 2018

Focus - House of the King

A Flauta no Rock

Dão pelo nome de Focus e constituíram-se, sob o comando de Thijs van Leer, no final da década de 60, na Holanda. Conjuntamente com o guitarrista Jan Akkerman, no tempo em que permaneceram juntos no grupo, deixaram alguns álbuns que se destacaram no Rock Progressivo que já ultrapassava as fronteiras do Reino Unido.
Também por cá chegaram os sons deste agrupamento que se tornou conhecido principalmente com os álbuns "Focus II" (ou "Moving Waves") e "Focus III" donde saíram, respectivamente, os conhecidos temas "Hocus Pocus " e "Sylvia".

Nesta primeira passagem pelos Focus, recuo ao primeiro LP "In and Out of Focus" de 1970, é nele que se encontra o também conhecido "House of the King" que depois de ouvido nunca mais se esquece.


Focus em 1970 (http://en.muziekencyclopedie.nl)


Entre os instrumentos que Thijs van Leer tocava encontrava-se a flauta que claramente contribuiu para a definição do som praticado pelos Focus. Era mesmo, em alguns temas, o instrumento principal a fazer lembrar os Jethro Tull. Senão reparem no instrumental que é "House of the King".




Focus - House of the King

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Van Morrison - Moondance

A Flauta no Rock

Van Morrison, uma das figuras mais importantes da história do Rock, absorveu as influências mais diversas, Rock, Jazz, Blues, Folk, Pop, para citar só as principais, e ao mesmo tempo criou uma sonoridade identitária e única. Também sob o ponto de vista de suporte musical ele é feito normalmente por um conjunto alargado de músicos, alguns multi-instrumentistas, das mais diversas origens.

A flauta não é um instrumento estranho ao universo musical de Van Morrison. É possível encontrar o instrumento em muitos discos deste cantautor da Irlanda do Norte. Na maior parte da discografia até finais dos anos 80 a flauta aparece regularmente, de forma mais discreta ou evidenciada como em "Irish Heartbeat" não fosse a presença dos The Chieftains.
Eis uma lista com alguns dos álbuns onde se pode escutar a flauta:

- Astral Weeks
- Moondance
- Tupelo Honey
- Saint Dominic's Preview
- Hard Nose the Highway
- Veedon Fleece
- Common One
- Beautiful Vision
- Inarticulated Speech of the Heart
- Live at the Grand Opera House Belfast
- Poetic Champions Compose
- Irish Heartbeat
- Enlightenment
- Hymns to the Silence
- The Philosopher's Stone
- Down the Road
- What's Wrong with This Picture


Para hoje socorro-me do álbum "Moondance" (1970) e da canção título.


Edição alemã, provavelmente de 1979, referências K 46 040, WS 1835




"Moondance" é das canções mais conhecidas e interpretada com frequência ao vivo ao longo de muitas décadas. Uma bela canção, próxima do Jazz, que ainda hoje, como aliás toda a sua música, se ouve com a maior satisfação.
A não perder a próxima vinda de Van Morrison a Portugal, é no dia 28 de Julho no EDPCOOLJAZZ no Parque dos Poetas em Oeiras.




Van Morrison - Moondance

terça-feira, 29 de maio de 2018

David Bowie - Moonage Daydream

A Flauta no Rock


Uma canção de David Bowie com flauta?
Sim, é verdade. Não uma mas várias são as canções onde se pode ouvir o som da flauta.
É verdade que a primeira reacção é de duvidar que alguma canção de David Bowie tenha flauta, dir-se-ia que não é o instrumento que mais se espera ouvir na sua música. No entanto, lembrando um pouco, basta ir ao último disco que David Bowie nos deixou para reparar que a flauta estava presente na imbricada orquestração de "Sue (Or in a Season of Crime)" e ainda subtilmente na vanguardista "★" (blackstar).

E recuando no tempo, ela é também audível em "Space Oddity" logo em 1969.
Avanço uns anos e no inexcedível "The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars" procuro pela flauta e acabo por a encontrar, por breves momentos, em "Moonage Daydream".


Edição portuguesa de 1972, referência PL-14702

Etiqueta com o preço 370$00, aprox. 1,85 €

"Moonage Daydream" é um clássico do Rock e integra um dos melhores, senão o melhor, álbum da década de 70. Antes do solo final de guitarra de Mick Ronson note-se o dueto entre o saxofone e a flauta. Bonito, não?




David Bowie - Moonage Daydream

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Gong - Mystic Sister, Magick Brother

A Flauta no Rock


Daevid Allen (1938-2015) foi um dos elementos fundadores dos Soft Machine em 1966. No ano seguinte, após tournée pela Europa, Daevid Allen, de origem australiana, vê-se impedido de entrar no Reino Unido por problemas no visto. É em Paris que vai formar o seu novo grupo de nome Gong, dos quais ouvi falar no início da década de 70.

A sonoridade dos Gong era afim à dos Soft Machine ou seja navegava em ondas do Rock Progressivo. O grupo, de formação muito irregular, teve em Didier Malherbe o elemento mais constante no que diz respeito aos saxofones e à flauta. Manteve-se no grupo de 1969 a 1976 quando o grupo sofreu a primeira dissolução. Voltou ainda nos anos 90 até nova separação já no novo milénio.




Data de 1970 o primeiro LP dos Gong intitulado "Magick Brother" enquadra-se no som psicadélico da época, a lembrar por vezes os Soft Machine mas também os Pink Floyd de Syd Barrett. Logo na faixa inicial "Mystic Sister, Magick Brother" está bem presente a flauta, instrumento que, como temos vindo a recordar, se evidenciava, naqueles tempos, em muitos grupos de Pop-Rock, hoje praticamente abandonado.




Gong - Mystic Sister, Magick Brother

domingo, 27 de maio de 2018

Canned Heat – Going Up The Country

A Flauta no Rock

Continuo, do outro lado do Atlântico, ainda com o som da flauta. Para o efeito, volto aos Canned Heat, agrupamento de Blues-Rock no topo das minhas preferências. Uma verdadeira instituição do Blues-Rock, pelos Canned Heat, ainda no activo, passaram mais de 40 músicos.

Em 1968 editam o 2º álbum "Boogie with Canned Heat" e o 3º também, o arrojado "Living With the Blues". É neste último, um álbum duplo que surge o tema de hoje. Não, não vou para "Refried Boogie" com mais de 40 minutos, nem para "Parthenogenesis" com os seus quase 20 minutos, fico em "Going Up the Country" onde aparece a flauta tocada pelo músico de estúdio Jim Horn.





"Going Up the Country", a par com "On the Road Again", é das composições mais conhecidas dos Canned Heat, não a tivessem tocado no Festival de Woodstock em 1969, onde ficou eternizada.
Menos de 3 minutos são pois suficientes para atestar da competência deste histórico grupo, infelizmente relativamente pouco conhecido entre nós.




Canned Heat – Going Up The Country

sábado, 26 de maio de 2018

Chicago - Once Upon a Time...

A Flauta no Rock


Os Chicago foram uma das mais interessantes propostas de fusão do Rock e o Jazz oriundas do outro lado do Atlântico. Do Rock com o Jazz e não só, diria com uma panóplia de géneros que lhes conferiu uma originalidade que ficou consagrada numa vasta discografia, mas da qual eu distinguiria os primeiros 3 duplos álbuns editados em 1969, 1970 e 1971.


Edição, em CD, da etiqueta alemã CNR com a referência 2002620

No seu período de ouro (1967-1974) os Chicago foram um septeto onde os metais tinham um papel de relevo. Entre eles estava Walter Parazaider, ainda hoje no grupo, de acordo com a página da internet da banda, mas, julgo, a já não participar em tournées. Era a Walter Parazaider que estavam entregues os saxofones e também a flauta que teve presença destacada na sonoridade do grupo.

Em qualquer um dos três primeiros álbuns se podem encontrar temas onde é um prazer a audição da flauta, acabo em "Chicago III" com a faixa "Once Upon a Time..." que integra a suite "Elegy" que ocupava toda a face 4 da edição original em vinil. Ora ouçam.




Chicago - Once Upon a Time...

sexta-feira, 25 de maio de 2018

The Guess Who - Undun

A Flauta no Rock

Continuo com mais alguns grupos que utilizaram a flauta na sua discografia. Alguns fizeram-no de forma intensa e regular outros de forma esporádica. Estão neste último caso, por exemplo os canadianos The Guess Who que já aqui tiveram passagem com a sua bem conhecida "American Woman".

Centrados num Soft-Rock agradável de se ouvir, é no período do final dos anos 60, início dos de 70, que se encontram os álbuns e canções que lhes deram a fama pela qual são ainda hoje recordados.

Quanto à flauta, ela está presente, tanto quanto consegui apurar, em 2 LP do grupo, "Wheatfield Soul" de 1968 e "Canned Wheat" de 1969. Sendo Burton Cummings vocalista principal, guitarrista e pianista é a ele que se deve o aparecimento da flauta em algumas composições.


Da esquerda para a direita,Randy Bachman, Burton Cummings,
Gary Peterson e Jimmy Kale

"Undun" é uma canção do álbum "Canned Wheat" escrita por Randy Bachman que em 1970 abandona o grupo formando mais tarde os Bachman-Turner Overdrive (quem se lembra?), onde a flauta é utilizada, ficando a impressão que poderiam ter tirado melhor partido deste instrumento em muitas outras situações.




The Guess Who - Undun

quinta-feira, 24 de maio de 2018

John Mayall - Room to Move

A Flauta no Rock

Já vimos que apesar da forte presença da flauta em alguns dos mais importantes grupos de Rock Progressivo, ela não foi exclusiva deste género. Já a ouvimos com Donovan e The Beatles, continuo hoje com John Mayall um músico centrado no Blues-Rock, actualmente ainda em actividade, com mais de 60 anos de carreira.

Figura central do chamado British Blues que se desenvolveu na década de 60 teve nos seus Bluesbreakers a expressão maior daquele género. Por lá passaram músicos de renome como Eric Clapton, Peter Green e John McVie, para citar somente alguns dos mais conhecidos.
Em 1969 os Bluesbreakers terminaram e John Mayall mudou de rumo. Procurou um som menos pesado e menos eléctrico prescindindo mesmo da bateria. Com uma nova formação acabada de se reunir parte para os Estados Unidos e actua a 12 de Julho no famoso Fillmore East.
Deste concerto é editado ainda naquele ano o duplo LP o apropriadamente chamado "The Turning Point" e é dele que vai sair a recordação de hoje.


Edição em vinil de 2008 pela Vinyl Lovers, referência 990402



"They’re sensational! The new Mayall ‘blues without bashing’ band have suddenly developed into the most original, refreshing and exciting group in Britain, nay the world. Minus a drummer and minus the usual battery of amplifiers, the band, as a result of John’s inspirational change of formula, are creating some of the most subtle and rewarding music I have had the pleasure of hearing in many moons.
... 
 John is playing harmonicas and electric guitar plugged into his PA system, having dropped organ, piano. Multi-instrumentalist and looner-extraordinary Johnny Almond is on flute, tenor and alto.", das notas originais constantes na capa, segundo crítica do jornal "Melody Maker" de 21 de Junho de 1969, ou seja anterior ao concerto que deu origem ao álbum.

Deste excelente álbum, diria à época em contra-ciclo, acústico e ausência de bateria, aquele tema que me recordava melhor era o agora clássico "Room to Move" onde se ouve a flauta tocada por Johnny Almond.




John Mayall - Room to Move

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Gravy Train - Think of Life

A Flauta no Rock


Sem dúvida, a flauta teve um papel importante nos grupos do chamado Rock Progressivo, uma parte importante deles não prescindiu do som bucólico da flauta. Talvez pelo contraste que a flauta permitia face a uma agressividade crescente que se assistia neste género musical nascente na segunda metade dos anos 60. Sobretudo em Inglaterra onde nasceram os principais grupos que viriam a constituir escola e a fazer história, já a eles me referi em "O Rock Progressivo nos anos 60".

O final da década assiste ao nascimento de novos grupos, como os Gravy Train que só teriam edição discográfica já na nova década. Os Gravy Train faziam assim parte de quase uma segunda geração de grupos de Rock Progressivo, manifestando no primeiro LP "Gravy Train" significativas semelhanças aos Jethro Tull na utilização da flauta.





A apreciação de Dave Thompson, em allmusic.com, em relação a este disco é paradigmática, começa ele:
"Jethro Tull and Comus had a baby, and they named it Gravy Train." (Comus também formados em 1969 com primeiro registo discográfico em 1971).

É a este LP, "Gravy Train" de 1970, que vou extrair a faixa "Think of Life"  com a prestação de J.D. Hughes a tocar flauta.




Gravy Train - Think of Life

terça-feira, 22 de maio de 2018

Van der Graff Generator - House with No Door

A Flauta no Rock


Mais um grupo do Rock Progressivo, mais um que integrou a flauta na sua sonoridade, são os Van der Graaf Generator.

Formados no final da década de 60, tiveram (têm) em Peter Hammil a sua figura principal. A formação, digamos clássica, do grupo é a iniciada em 1970 e consta de:

Peter Hammill – voz, guitarra e teclados
Hugh Banton – baixo e orgão
Guy Evans – bateria
David Jackson – saxofone e flauta.

Até meados dos anos 70, 3, 4, 5 era nº de composições usuais nos álbuns dos Van der Graaf Generator, ou seja temas longos, por vezes divididos em partes menores, que faziam a delícia da minha adolescência. Só tomei conhecimento deste grupo em 1971, tinha eu portanto 14/15 anos, com a publicação de uma das obras maiores do grupo e uma das maiores surpresas do ano, o álbum "Pawn Hearts" e, confesso, só muito mais tarde tomei conhecimento da discografia anterior do grupo.


Da esquerda para a direita: Peter Hammil, David Jackson,
Nic Potter, Guy Evans, Hugh Banton

Para hoje, vou ao 3º LP, "H to He, Who Am the Only On", corria o ano de 1970, e portanto já com a formação acima referida acrescida de Nic Potter no baixo (Robert Fripp colabora na faixa "The Emperor In His War Room"). Um disco que não empolga, ao contrário do seguinte, o já citado "Pawn Hearts", por vezes até um pouco aborrecido, ou será de nos tempos actuais já quase não se praticar este género musical?

De qualquer forma, segue a faixa "House With No Door" com o devido realce para a flauta de David Jackson.



Van der Graff Generator - House with No Door

segunda-feira, 21 de maio de 2018

King Crimson - I Talk to the Wind

A Flauta no Rock


Sem dúvida que no Rock Progressivo a flauta teve uma expressão muito significativa. Já a identifiquei nos Genesis, nos The Moody Blues, nos Soft Machine, nos Traffic, hoje é a vez dos King Crimson.

Como se sabe a formação dos King Crimson foi tudo menos constante. Basicamente os King Crimson são uma ideia de Robert Fripp seu líder incontestado através dos tempos, ainda hoje o é. Assim a presença da flauta foi mudando de tocador consoante o momento. De 1968 a 1974 registo três, Ian McDonald (1968-1969), Mell Collins (1970-1972) e David Cross (1972-1974).

Pese a qualidade generalizada da produção discográfica dos King Crimson, é neste período que se centram os discos mais conhecidos. 7 álbuns de originais do melhor que então se fazia na área do chamado Rock Progressivo.


Edição do Reino Unido de 1989, em vinil, com a referência EGLP1




E para este Regresso ao Passado mais uma passagem pelo já anteriormente evidenciado 1º álbum "In the Court of Crimson King", para, desta vez, ir para a calma e serenidade que "I Talk to the Wind" transmite. O destaque vai para a voz de Greg Lake e para a flauta, em evidência ao longo de quase toda a canção, de Ian McDonald. Simplesmente excelente.




King Crimson - I Talk to the Wind

domingo, 20 de maio de 2018

Genesis - The Knife

A Flauta no Rock


Genesis,o grupo mais imaginativo do Rock progressivo.
Para quem só conheceu os Genesis de "Duke" (1980) em diante, ou seja quando aderiram  sob o comando de Phil Collins ao Pop-Rock, aconselho vivamente a descoberta do grupo Genesis anterior, em particular no período de 1971 a 1974 quando escreveram, em 4 álbuns, algumas das páginas mais brilhantes do Rock Progressivo. A música era, então, outra e para ela contribuía de forma significativa a presença de Peter Gabriel. Pena que na separação nenhuma das partes ficasse a ganhar...

Também os Genesis utilizaram, de uma forma comedida, a flauta, o pretexto com que tenho vindo a fazer estes últimos Regresso ao Passado. Pequenos apontamentos de flauta surtiam o devido efeito nas partes mais tranquilas das músicas, em particular nos temas mais longos onde a música evoluía de momentos de extrema força a outros de maior acalmia.

Para os mais interessados sugere-se a audição atenta da discografia do período anteriormente referido, ou seja de "Nursery Crime" a "The Lamb Lies Down on Brodway" e apreciar a generalidade da música e as intervenções da flauta em particular. Para já recuo ao período ainda anterior ou seja ainda sem Phil Collins e Steve Hackett, fundamentais, em particular este último, na definição sonora do grupo.

Da esquerda para a direita: Anthony Phillips, Peter Gabriel, Mike Rutherford,
 Tony Banks e John Mayhew

"Trespass" é o segundo álbum dos Genesis e nele aparece o tema de hoje que já evidenciava os traços principais da sonoridade que os iriam catapultar de seguida para o sucesso. Esse tema é "The Knife" e perto dos 4 minutos pode-se ouvir uma pequena intervenção da flauta tocada por Peter Gabriel.




Genesis - The Knife

sábado, 19 de maio de 2018

Soft Machine - Out of Tunes

A Flauta no Rock

Já evoquei os Soft Machine, entre outros motivos, na escolha de "Alguns temas da música underground dos anos 60" e nos grupos que marcaram "O Rock Progressivo nos anos 60". Hoje, mais um "A Flauta no Rock".

Os Soft Machine constituíram uma das propostas musicais mais arrojadas na cena Rock dos anos 60. Conectados com o som de Canterbury, donde eram originários, os Soft Machine procuraram a diferenciação, procurando novos caminhos na música Rock, tendo o atrevimento de prescindirem durante muitos anos de um guitarrista. A instrumentação assentava em bateria, teclados, saxofones e flauta.


Robert Wyatt, Hugh Hooper e Mike Ratledge, formação dos Soft Machine
para "Volume 2"


"There is music for the body and there is music for the mind. Music for the body picks you off the floor and hurls you into physical activity of whatever type you may prefer at the moment. Music for the mind floats you gently downstream, through pleasurable twists and turns, ups and downs, rapids and calm waters. 
The Soft Machine plays music for the mind. In its strictest sense, it may impose some cerebral responsibility on the listener, because you can't really hum along or have the tune pass through your head as you walk in the streets. But the ultimate good feeling that the Machine generates will always remain with you , and the final emotional benefit is well worth the thinking toll." pode-se ler na capa do segundo disco dos Soft Machine.

Mike Ratledge, nos Soft Machine de 1966 a 1976, era o responsável pelos teclados e foi ele que primeiramente assegurou a presença da flauta. Tal aconteceu, precisamente neste disco formado por 2 temas, um em cada lado do disco de vinil, e subdivididos em pequenas peças. No lado A o tema era "Rivmic Melodies" e a última peça, a décima, era "Out of Tunes" onde Mike Ratledge acrescenta, a esta "música para a mente", a referida flauta.




Soft Machine - Out of Tunes

sexta-feira, 18 de maio de 2018

Fairport's Cropredy Convention 2017 e 2018

Acabado de chegar às minhas mãos o duplo ao vivo dos Fairport Convention com o título "What We Did on Our Saturday". Trata-se da gravação do concerto, dos 50 anos dos Fairport Convention que tive o prazer de assistir em Cropredy no ano passado precisamente no sábado, 12 de Agosto.



Capa e nome a lembrar o histórico 2º LP, 1º com a Sandy Denny, "What We Did on Our Holidays" de 1969.


No sentido dos ponteiros do relógio: Simon Nicol, Richard Thompson,
Ashley Hutchings, Ian Matthews, Judy Dyble, Chris Leslie e Dave Mattacks
(ao centro)

No sentido dos ponteiros do relógio: Ric Sanders, Dave Pegg, PJ Wright,
Maartin Allcock, Sally Baker, Ralph McTell, Gerry Conway e Chris White
(ao centro)
E ainda o programa do Fairport's Cropredy Convention para 2018.



Traffic - Forty Thousand Headmen

A Flauta no Rock

Os Traffic foram um dos mais interessantes grupos de Rock de sempre. Primaram desde o seu início pela qualidade e originalidade, tendo por base o Rock abraçaram diferentes géneros musicais, o Folk e o Jazz sem perda de identidade.
A formação principal foi constituída por 4 elementos  de grande qualidade, a saber:

Steve Winwood - Voz, guitarra e teclados,
Jim Capaldi - Voz, bateria
Chris Wood - Saxofone e flauta
Dave Mason - Voz, guitarra e baixo


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E lá estava a flauta a fazer parte da sonoridade que, se bem que muito diversificada, era muito bem identificável como sendo dos Traffic. Presente em diversos álbuns do grupo é ao 2º álbum, "Traffic", de 1968 que vou buscar a canção para hoje com a flauta em lugar de destaque.
"Forty Thousand Headmen", composta por Jim Capaldi e Steve Winwood, talvez a faixa mais ambiciosa do 2º LP dos britânicos Traffic.
Num tema de contornos folk-jazzísticos, a pastoril flauta de Chris Wood empresta uma suavidade muito agradável. Apreciem!



Traffic - Forty Thousand Headmen

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Donovan - There Is a Mountain

A Flauta no Rock

A flauta no contexto do Rock é um instrumento que no início dos anos 60 lhe era estranho, mas que aos poucos foi ganhando o seu terreno. É disso que procuro dar conta nestes Regresso ao Passado. Em áreas afins ao Rock, em particular no Folk-Rock já a introdução da flauta não revela a mesma estranheza, bem pelo contrário é um género onde a sonoridade da flauta se enquadra com maior naturalidade.

Nesta área do Folk-Rock regresso a Donovan, essa figura ímpar do Folk britânico e que cedo trilhou percursos mais elaborados misturando o Jazz e o Folk-Rock de características psicadélicas, não estivéssemos nos criativos e peculiares anos 60.


Donovan com o guru Maharishi Mahesh Yogi

Foi pois fácil encontrar a presença da flauta nas suas canções. Logo em 1965 surge em "Sunny Goodge Street" do álbum "Fairytale", em 1967 em duas canções do álbum "Mellow Yellow", e ainda, pelo menos, nos álbuns "A Gift From a Flower to a Garden" (1967), "Hurdy Gurdy Man" (1968) e "Barabajal" (1969). Em algumas canções somente editadas em Single também se encontra a flauta, como nas lindíssimas "There Is a Mountain" e "Lalena" de 1967 e 1968 respectivamente.

Não resisto a "There Is a Mountain", os créditos da flauta vão, não só nesta canção como nos álbuns alteriormente referidos, para o músico jamaicano Harold McNair (1931-1971).




Donovan - There Is a Mountain

quarta-feira, 16 de maio de 2018

The Moody Blues - I've Got A Dream

A Flauta no Rock

Ray Thomas (1941-2018) foi um dos elementos fundadores do grupo The Moody Blues e nele esteve de 1964 a 2002.

Não sendo o elemento mais proeminente do grupo, não passava de forma alguma despercebido nas suas intervenções como compositor, vocalista, tocador de harmónica e flauta. Só para lembrar, é ouvir algumas das canções, do melhor período (1967-1972) dos The Moody Blues onde Ray Thomas, teve forte presença, na composição e/ou a tocar flauta, eis algumas:

"Night In White Satin" (1967)
"Twilight Time" (1967)
"Dr. Livingstone, I Presume" (1968)
"Legend of a Mind" (1968)
"Visions of Paradise" (1968)
"Dear Diary" (1969)
"Lazy Day" (1969)
"Are You Sitting Comfortably?" (1969)
"Floating" (1969)
"Eternity Road" (1969)
"Watching and Waiting" (1969)
"And the Tide Rushes In" (1970)
"For My Lady" (1972)





Mas para hoje vou aos primórdios e esses vão para a formação pré-clássica dos The Moody Blues onde os lugares de Justin Hayward e John Lodge eram ocupados por Denny Laine e Clint Warwick. Vou para o seu 1º LP "The Magnificient Moodies", estávamos ainda no ano de 1965 e o grupo praticava ainda basicamente o Rhythm'n'Blues. A flauta de Ray Thomas surge em três composições sendo a escolhida "I've Got A Dream".




The Moody Blues - I've Got A Dream

terça-feira, 15 de maio de 2018

The Beatles - You've Got to Hide Your Love Away

A Flauta no Rock

Presença regular neste Regresso ao Passado, The Beatles quase sempre apresentam um pretexto para a sua passagem. "A flauta no Rock" também se enquadra na aventura musical que foi a produção dos The Beatles na década de 60.

Foram várias as canções onde se podia ouvir a flauta, recordo-me de momento de "The Fool On The Hill", "Strawberry Fields Forever" e também de "You've Got to Hide Your Love Away". Esta última julgo que terá sido a primeira em que aquele instrumento se fazia ouvir na então ainda curta carreira do grupo.


Edição portuguesa em CD  de 2018 com a referência 00600753817278.
Distribuída com o Correio da Manhã e a revista Sábado




Foi em 1965 no álbum "Help!" em que a primeira metade do LP constituía a banda sonora do filme com o mesmo nome e a outra metade originais onde aparecia o clássico que seria "Yesterday".

Quanto a "You've Got to Hide Your Love Away", a terceira faixa, era aquela que introduzia a novidade da flauta, a qual era tocada por John Scott, músico e compositor de música clássica. Aparece na parte final da canção.




The Beatles - You've Got to Hide Your Love Away

segunda-feira, 14 de maio de 2018

Manfred Mann - Without You

A Flauta no Rock

Mais um conjunto de Regresso ao Passado dedicados a um instrumento. Já passei pelo violino no Rock, é a vez da flauta no Rock.
Mais uma vez tenho de recuar aos anos 60 e 70 para mostrar as mais significativas utilizações daquele instrumento no contexto da música Rock entendida na sua forma mais lata.
Por vezes utilizada de forma ocasional, outras, no extremo oposto, como parte integrante e definidor da sonoridade de um grupo, tendo como exemplo máximo os Jethro Tull, são muitas as circunstâncias em que podemos encontrar a flauta num género inicialmente cingido a guitarras e bateria.

A escolha, pela qual começo estas passagens, vai para os Manfred Mann.
Foram duas grandes canções, que já aqui recordei, "Pretty Flamingo" (Lyn Dobson circunstancialmente na flauta) e "Mighty Queen" (com Klaus Voormann na flauta), onde o som da flauta se destacou de forma singular.
Não que a flauta fosse uma evidência na generalidade da música dos Manfred Mann, embora na sua origem Mike Vickers, no grupo de 1962 a 1965, já toca-se flauta para além de guitarra e saxofone.


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Recuo pois ao primeiro álbum, "The Five Faces Of Manfred Mann" de 1964, onde se encontra a faixa "Without You"  e onde a presença da flauta de Mike Vickers se faz notar, agora a lembrar o que seria anos mais tarde o som de Ian Anderson.




Manfred Mann - Without You

domingo, 13 de maio de 2018

Serge Gainsbourg - Ballade de Melody Nelson-Valse de Melody

O tempo de duração de um disco de música tem vindo a aumentar de acordo com a evolução tecnológica.

No tempo do vinil a duração média de um álbum situava-se nos 45 minutos. Quando tinha menos tempo achava-se que tinha sido mal aproveitado e poucos eram os que ultrapassavam os tais 45 minutos.
Com o digital e o advento do CD esse tempo aumentou significativamente. É raro um álbum com menos de 60 minutos e alguns chegam mesmo perto dos 80 minutos (o limite permitido pelo CD). Dir-se-ia que a criatividade aumentou proporcionalmente ao espaço de gravação, mas não é verdade. Por vezes tem-se mesmo a sensação que alguma contenção na duração dos álbuns resultaria em obras mais equilibradas (veja-se por exemplo a reedição de obras em CD por vezes com extras desnecessários). Por outro lado dispor-se de 80 minutos dedicados exclusivamente à audição de um CD é cada vez menos frequente, a menos que se coloque como música de fundo enquanto se anda pela casa e não se lhe presta a devida atenção.
Já não falo nos dispositivos de leitura de MP3, ou outros formatos comprimidos, com tempos de gravação infindáveis e qualidade duvidosa. Não percebo mesmo como a venda do formato MP3 pode ser um negócio em si.
Adiante, pois, se virmos bem, a questão não está propriamente na duração dos suportes de gravação mas sim na qualidade intrínseca da obra.
Num tempo em que não havia tecnologia de gravação Richard Wagner compôs “O Anel de Nibelungo” que dura cerca de 15 horas (14 CD na actualidade). No tempo do vinil Nick Drake gravou “Pink Moon” que dura somente 28m34s e Serge Gainsbourg “Histoire de Melody Nelson” com apenas 28m08s. Ficamos então na pequena jóia que é “Histoire de Melody Nelson”, ou seja a história do amor trágico de um homem pela jovem menor Melody (Jane Birkin).


Edição norte-americana em CD da editora light in the attic,
 referência LITA 040 de 2009



Gainsbourg e Birkin no seu melhor, estávamos em 1971.
Seguem os temas “Ballade de Melody Nelson” e “Valse de Melody”.




Serge Gainsbourg - Ballade de Melody Nelson-Valse de Melody

sábado, 12 de maio de 2018

Elton John - Indian Sunset

Há canções que mereciam ter tido uma maior popularidade. Vá-se lá saber o porquê de aquando da sua edição não terem tido a devida divulgação e respectivo reconhecimento, “Indian Sunset” está entre elas.





“Indian Sunset” é uma canção escrita pela dupla Elton John/Bernie Taupin (música e letra respectivamente), foi gravada a 14 de Agosto de 1971, 6 dias após a passagem de Elton John por Vilar dos Mouros e abria o lado B daquele que seria o seu último grande disco, “Madman Across the Water”.

Edição portuguesa da DJM com a referência  DJLPH 420, de 1971



“Indian Sunset” narra a história de um guerreiro índio da América, a derrota frente ao homem branco e a ficcionada morte de Gerónimo (filled him full of lead).
Os arranjos soberbos estão a cargo de Paul Buckmaster (responsável também pelos arranjos dos primeiros álbuns de Leonard Cohen) e a interpretação de Elton John está entre as suas melhores.




Elton John - Indian Sunset

sexta-feira, 11 de maio de 2018

James Taylor - You've Got A Friend

Ainda na linha “Canção com duas interpretações diferentes no mesmo ano de edição não é coisa muito vulgar” (no seguimento de "Fire and Rain") aqui vai mais uma: “You’ve Got a Friend”.

Novamente a presença de James Taylor, agora não no original, mas sim na versão. O original é de Carole King do aclamadíssimo álbum “Tapestry” de 1971. Num ano, em que um Rock mais progressivo começa a dominar a cena musical (os Yes com “The Yes Album”, ou os Jethro Tull com “Aqualung” ou ainda Emerson, Lake and Palmer com “Tarkus”) e o lirismo e pacifismo dos anos 60 a serem definitivamente ultrapassados, “You’ve Got a Friend” destaca-se (e eterniza-se) pela simplicidade e pela lindíssima letra a evocar a mais sincera amizade:

“When your down and troubled
And you need a helping hand
And nothing, nothing is going right.
Close your eyes and think of me
And soon I will be there
To brighten up even your darkest nights.
You just call out my name,
And you know whereever
I am I'll come running, oh yeah baby
To see you again. …” 


Edição portuguesa da Warner Bros. referência WAR 46085 de 1971




No álbum “Mud Slide Slim and the Blue Horizon” do mesmo ano James Taylor inclui a sua versão de “You’ve Got a Friend” que viria a ser um tremendo sucesso. Muito doce e cheia de sentimento esta versão acompanhar-me-ia durante muitos anos e ainda hoje a ouço com todo o agrado.
Para recuperar no sossego da noite, “You’ve Got a Friend” no role das melhores gravações de 1971.




James Taylor - You've Got A Friend

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Pink Floyd - Fearless

Roger Waters ou David Gilmour? A resposta seria… Syd Barrett, membro fundador e elemento crucial na definição do som inicial dos Pink Floyd e falecido em 2006. Rick Wright faleceu em 2008. Nick Mason, baterista, não foi o mais determinante na sonoridade Pink Floyd. Restam então Roger Waters e David Gilmour.

Após um período tri-partido (Waters/Gilmour/Wright, 1968-meados dos anos 70), Roger Waters assume progressivamente a liderança do grupo passando  a ser a principal referência dos Pink Floyd, o que culminou com o duplo álbum “The Wall”. O tão aclamado “The Wall”, para mim, menos interessante que a generalidade da produção anterior a 1973 mas, talvez, o melhor pós 1973, ficando “Dark Side of the Moon”  a cair para o lado que cada um preferir.

Com a saída de Roger Waters em 1985 é David Gilmour a tomar em mãos um projecto já esgotado.

E voltamos à pergunta, Roger Waters ou David Gilmour?
Vejamos o percurso a solo. Por um lado Roger Waters parece ser “The Wall” dependente, “Ça-Ira” uma ópera que não deu certo e o recente  "Is This the Life We Really Want?" a não convencer (“The Pros and Cons of Hitchiking” de 1984 a mostrar os melhores caminhos que poderia ter tomado).

Quanto a David Gilmour grava em 2006 um excelente “On An Island”, mas "Rattle That Lock" de 2015 a ficar aquém das expectativas. Presenteia-nos com magníficos concertos gravados em DVD.

Edição portuguesa da Stateside com as referências 11C 080 04917 e 8E 062-04 917.
Preço 530$00, aprox. 2,65 €.




E a resposta seria sem dúvidas… umas vezes um, outras vezes o outro. Para já recuamos 47 anos, vamos a 1971, para ouvir “Fearless” de Waters/Gilmour (e os famosos coros dos fãs do Liverpool), aqui ambos no seu melhor e assim acabamos em bem.




Pink Floyd - Fearless

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Tim Hardin - Reason to Believe

Referi-o ontem como um cantor injustamente pouco conhecido e é verdade. E é mais do que tempo para quem não, ou mal o conheceu procurar a sua obra e resgatá-lo do esquecimento. Refiro-me a Tim Hardin.

Tim Hardin (1941-1980) foi um cantautor Folk norte-americano que ficou mais conhecido por canções popularizadas por outros cantores, por exemplo: "If I Were a Carpenter" por Bobby Darin entre outros, "Reason to Believe" por Rod Stewart e ontem recordada, "Hang On To A Dream" pelos The Nice, também já aqui em tempos recuperada. Com uma discografia centrada na segunda metade da década de 60, primeiros anos da de 70, faleceria em 1980 de overdose de heroína.




"Tim Hardin 1 / Tim Hardin 2" é uma edição australiana de 2010 em CD dos 2 primeiros LP, onde se pode ler:
"In the years since TIM HARDIN issuede his final studio album in 1974, it's become clear that this legend is based largely around Tim Hardin 1 and Tim Hardin 2.
Released on Verve Forecast, in 1966 and 1967 respectively, between them probably took less than a day for him to record but of course a lifetime to first create and later ruminate about."

"Tim Hardin 1" data pois de 1966, é um disco altamente recomendável num período em que o Folk-Rock norte-americano se consagrava. É dele o já citado "Reason to Believe", dois maravilhosos minutos que voltamos a ouvir, agora no original.




Tim Hardin - Reason to Believe

terça-feira, 8 de maio de 2018

Rod Stewart - Reason to Believe

Depois de 2 promissores LP em 1970, é no ano seguinte que Rod Stewart obtém o reconhecimento geral com o sucesso que foi o álbum “Every Picture Tells a Story”.


Edição do Reino Unido, da editora Mercury,
 com a referência 6338 063, do ano de 1971



Através de uma mistura simples, inovadora e cheia de energia de Rock, Folk e Soul, Rod Stewart interpreta um conjunto de canções de muito bom gosto. Algumas originais como “Every Picture Tells a Story” e “Maggie May”, outras covers superiormente desenvolvidas “That's All Right/Amazing Grace” ou a agora eleita “Reason to Believe”. “

"Reason to Believe” é uma canção do pouco (injustamente) conhecido Tim Hardin, cantor folk dos anos 60/70 falecido de overdose em 1980 e a necessitar de urgente (re)descoberta.

Rod Stewart fecha o álbum da melhor maneira, precisamente com “Reason to Believe”, aqui metamorfoseada com órgão, piano, violino e a bonita voz rouca que possuía.
Alguém acredita que é o mesmo que por aí se arrasta a fazer versões de gosto duvidoso do cancioneiro americano pré-rock?

É ouvir "Reason to Believe" e que cada um tire as suas conclusões.




Rod Stewart - Reason to Believe

segunda-feira, 7 de maio de 2018

Fairport Convention - She Moves Through the Fair

Estamos em 1968, os Fairport Convention já tinham gravado o primeiro álbum tendo Judy Dyble como vocalista. A saída desta do grupo levou à audição de uma série de cantoras para a substituir, entre elas estava Sandy Denny.
Sandy encantou os membros dos Fairport Convention e Richard Thompson, então com 18 anos, referiu-se assim às audições:
“Nós é que fizemos uma audição para ela, para ver se ela queria juntar-se a nós”
1968/69 foram anos decisivos na carreira dos Fairport Convention, de Sandy Denny e na história do Folk-Rock. Esta intrigante mistura do Folk com o então hegemónico Rock atingiu, neste período, todo o seu esplendor ficando registado em 3 álbuns históricos e indispensáveis em qualquer discoteca elementar, a saber:
- “What We Did On Our Holidays”
- “Unhalfbricking”
- “Liege and Lief”


Edição de 1991 da editora Hannibal com a referência HNCD 4430 

Retomo "What We Did On Our Holidays”, onde o line-up do grupo era:

Sandy Denny, voz.
Ian Matthews, voz.
Martin Lamble, bateria.
Simon Nicol, guitarra (único a pertencer à actual formação dos Fairport Convention).
Ashley Hutchings, baixo.
Richard Thompson, guitarra, voz.

Uma formação de luxo, duas vozes de qualidade ímpar (Sandy Denny e Ian Matthews) e Richard Thompson a despontar como compositor de eleição e a ficar para a história como o “pai” do Folk-Rock. É dele o pequeno grande tema “Meet On The Ledge” do álbum “What We Did On Our Holidays” que ficaria como uma espécie de hino dos Fairport Convention. Ei-lo na despedida do concerto a que assisti no ano passado aquando 50º aniversário do grupo em Cropredy.






“What We Did On Our Holidays” continha dois temas tradicionais, "Nottamun Town" e "She Moves Through the Fair" com arranjos do grupo. Neste último sobressaia a voz de Sandy Denny e é uma pequena preciosidade que agora fica para nossa fruição.




Fairport Convention - She Moves Through the Fair

domingo, 6 de maio de 2018

Simon and Garfunkel - Old Friends/Bookends

Ligar a rádio em casa é um acto cada vez mais raro, ligar a rádio para ouvir um determinado programa talvez ainda mais raro.

Remonta aos anos 80 as últimas vezes que me recordo de o fazer de uma forma regular. Entre 1982 e 1988, aos Domingos das 21H à Meia-noite, era sintonizar a Rádio Comercial e, com apresentação de António Santos, ouvir “As Noites Longas do FM Estéreo”, a que se podia acrescentar como sub-título “Histórias com disco ao meio”.

A publicidade era sóbria e exclusiva do patrocinador do programa, o “Cristal Atlantis”. Os textos eram pequenos contos lidos pelo António Santos com autoria de Eduarda Ferreira, João Viegas e dele próprio; as músicas correspondiam a uma selecção cuidadosa que criavam um ambiente de tranquilidade absoluta, eis alguns músicos que por lá passaram: Bruce Springsteen, Peter Gabriel, Ry Cooder, Jon and Vangelis, Mike & The Mechanics, Paul Simon, The Moody Blues, Leonard Cohen, Van Morrison, Lou Reed, The Doors, Dire Straits, James Taylor, Tom Waits, Suzanne Vega, Joni Mitchell e também Sérgio Godinho, José Afonso, Milton Nascimento, João Gilberto; os textos, músicas e publicidade eram interligados por temas instrumentais, as músicas não eram anunciadas.


António Santos, o apresentador de "As Noites Longas do FM Estéreo"

A última edição ocorreu em Fevereiro de 1988 e não podia ter terminado melhor, a terceira hora acabava com Tom Waits seguido de Simon and Garfunkel e as faixas “Overs”, “Old Friends” e “Bookends” do inultrapassável álbum “Bookends” de 1968.

Ficamos com “Old Friends”/“Bookends”. E agora, "Então boa noite e bom soninho, se for caso disso", como se despedia o António Santos.




Simon and Garfunkel - Old Friends/Bookends


PS: Seguia-se outro excelente programa: “Morrison Hotel” apresentado por Rui Morrison que já não dava para ouvir todo, no dia seguinte era dia de trabalho.

sábado, 5 de maio de 2018

Blood, Sweat & Tears - Fire and Rain

Canção com duas interpretações diferentes no mesmo ano de edição não é coisa muito vulgar. Se juntarmos qualidade e reconhecimento menos vulgar será. Mas que as há, há! Estou a pensar, por exemplo, em “Fire and Rain” de James Taylor gravada em 1970 e na versão dos Blood, Sweat & Tears do mesmo ano.

Gravado no consagrado álbum “Sweet Baby James”, “Fire and Rain” seria reconhecidamente uma das melhores canções do ano. O programa de rádio “Em Órbita” considera-a mesmo a 2ª melhor canção do ano (atrás de “Bridge Over Troubled Waters” de Simon & Garfunkel) com a leitura, recordo, do seguinte texto:
 ““Fire and Rain” é um dos mais encontrados temas dos últimos anos. Proposto num esquema de extrema simplicidade, é contudo uma gravação repleta de pormenores de interesse, donde se liberta a frescura do gesto espontâneo.” 


Edição dos Estados Unidos em CD, etiqueta Columbia, referência  CK 30090,
da série "Collector's Choice"

No, não menos reconhecido, “Blood, Sweat & Tears 3” do mesmo ano aparece, então, a versão de “Fire and Rain”, perfeitamente interpretada pelo grande (literalmente também) David Clayton-Thomas a marcar a melhor fase do grupo.
“Fire and Rain” no role das melhores gravações de 1970, segue a versão dos B, S & T.




Blood, Sweat & Tears - Fire and Rain