quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Bee Gees - Don't Forget to Remember

mundo da canção nº 2


Tirando o LP "Bee Gees' 1st", gravado em Inglaterra em 1967, confessamos que os Bee Gees nunca fizeram parte das nossas preferências. Pior ainda quando na década de 70 aderiram ao disco-sound.

Muitos foram os êxitos que na segunda metade dos anos 60, início de 70, preencheram muitas horas da nossa rádio, onde tinham passagem obrigatória. Lembremo-nos de "New York Mining Disaster 1941", "To Love Somebody", "Massachusetts", "Words", "I've Gotta Get a Message to You", "I Started a Joke", "First of May", "Don't Forget to Remember", "Lonely Days", "Melody Fair", "How Can You Mend a Broken Heart", tudo canções que ficaram no ouvido e foram cantaroladas por todo o mundo.



Em Janeiro de 1970, a revista "mundo da canção" no seu nº 2 transcrevia a letra de "Don't Forget to Remember", canção editada no ano anterior. Uma balada de derreter corações, eram os Bee Gees no ano de 1969.




Bee Gees - Don't Forget to Remember

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Creedence Clearwater Revival - Green River

mundo da canção nº 2

Quando foi editado o nº 2 da revista de divulgação musical "mundo da canção", em Janeiro de 1970, os Creedence Clearwater Revival, ou simplificadamente CCR, eram um dos grupos Pop-Rock mais populares, tanto lá fora como por cá.

Tinham já 4 álbuns editados, e todos eles tinham constituído êxito assinalável, havendo canções que ficaram para sempre na história da música popular. Recorde-se "Susie Q", "Proud Mary", "Bad Moon Rising" ou "Down on the Corner" para se ter uma ideia de quão marcante foi a música deste grupo norte-americano.




A letra publicada pelo "mundo da canção" era "Green River" do álbum homónimo, o terceiro da carreira e o segundo do ano de 1969 (ainda seria editado antes do final do ano mais um LP, "Willy and the Poor Boys").
"Green River" é um grande álbum, não no tempo que não chega aos 30 minutos, mas na força que as 9 composições (8 das quais de John Fogerty) transmitiam. Está entre o melhor que os CCR produziram.
"Green River" foi também um dos primeiros discos que adquiri e pelo qual mantenho, passados 47 anos, um carinho especial.




Creedence Clearwater Revival - Green River

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

The Tremeloes - (Call Me) Number One

mundo da canção nº 2

Entre 1967 e 1971 foi o período de ouro para o grupo inglês The Tremeloes. Depois do êxito que foi "Silence is Golden", de que aqui já demos nota, o tema que nos recordávamos melhor era "Me and My Life", no ano de 1970. Pelo meio uma mão cheia de canções que frequentaram os Top e que reflectiam uma música descontraída e bem animada, entre elas estava a proposta para hoje: "(Call Me) Number One", estávamos no ano de 1969.





Era mais uma canção de êxito fácil que a revista "mundo da canção", no seu nº 2 de Janeiro de 1970, dava a conhecer.
"(Call Me) Number One" a fazer-nos recuar ao início da nossa adolescência, aos tempos do liceu e das músicas de consumo rápido.




The Tremeloes - (Call Me) Number One

domingo, 27 de novembro de 2016

Barry Ryan - Eloise

mundo da canção nº 2

Com particular destaque para a música portuguesa, brasileira, espanhola e francesa se fazia a revista "mundo da canção" que temos vindo a recordar. No entanto a música de expressão anglo-saxónica, então, já praticamente dominante, também ocupava as páginas da revista. Não só o que de melhor se fazia mas também alguma de gosto mais fácil e de êxito efémero que ocupava as listas de mais vendidas.

Temos de chegar à página 12 da revista "mundo da canção" nº 2 de Janeiro de 1970, para encontrar uma letra em inglês. Tratava-se de uma canção, que teve um êxito enorme, de um cantor que praticamente desapareceu depois desse sucesso, era Barry Ryan e a canção a famosa "Eloise". One-Hit Wonder como se diria nos tempos actuais.




Com uma duração, mais de 5 minutos, pouco comum nas tabelas das canções mais vendidas de então, "Eloise" gozava de uma orquestração muito intensa e uma vocalização cheia de sentimento que lhe valeu a larga aceitação que teve.

Eis "Eloise".



Barry Ryan - Eloise

sábado, 26 de novembro de 2016

Georges Moustaki - Le Métèque

mundo da canção nº 2

Jacques Brel era belga, Serge Reggiani italiano, Dalida egípcia, Georges Moustaki egípcio, Jane Birkin inglesa, Salvatore Adamo italiano, Silvie Vartan bulgara. Em comum: Foram todos grandes intérpretes da canção francesa.
Alguns já por este Regresso ao Passado foram recordados, outros, a seu tempo, o serão. Hoje é a vez de Georges Moustaki.

É ainda adolescente que Georges Moustaki (1934-2013) se muda para Paris, trava conhecimento com Georges Brassens (de quem lhe adopta o nome) e Édith Piaf (para quem escreve o êxito "Milord"). Escreve também para Serge Reggiani e Barbara. É no final da década com a gravação do álbum "Le Métèque" que Georges Moustaki vai ter o seu maior sucesso e o reconhecimento internacional.




Atenta à melhor produção francesa, a revista "mundo da canção" nº 2 de Janeiro de 1970, trazia a letra da canção "Le Métèque" que por cá também se ouvia.

Com saudades de Georges Moustaki e de uma época de ouro da canção francesa, aqui ficamos com "Le Métèque".



Georges Moustaki - Le Métèque

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Jacques Brel - Memorabilia

No bar "Goupil le Fol", em Bruxelas, pode-se ouvir boa música francesa, Jacques Brel marca aí presença.
Em 2014, de visita à Bélgica, no referido bar, fotografia de desenho numa parede de Jacques Brel e Édith Piaf.



Na fundação Jacques Brel tempo ainda para comprar 2 CD: "J'arrive" (1968) e "Ne Me Quitte Pas" (1972).





Boas memórias!


Jacques Brel - Les Bourgeois

mundo da canção nº 2

Não é francês, mas sim belga, mas a língua e o seu género musical foi a chamada Chanson Française, foi o grande Jacques Brel (1929-1978). Esta, a primeira passagem por este intérprete ímpar da canção francesa.

As décadas de 50 e 60 vão ser as mais importantes na sua carreira, sendo deste período quase toda a sua discografia. Foi dos nomes da francofonia que mais interpretações teve no universo da música anglo-saxónica, de David Bowie a Scott Walker.
Nasceu em Bruxelas, mas nos anos 50 muda-se para Paris e no final da década é um nome consagrado da canção francesa, são deste período temas como "Ne me Quitte Pas" e "La Valse à Mille Temps". Em 1967 retira-se dos palcos, que não das gravações, o último registo será, já doente, o álbum "Les Marquise" decorria o ano de 1977.




É a letra da canção "Les Bourgeois" que a revista "mundo da canção" publica no seu nº 2 de Janeiro de 1970. "les Bourgeois" pertence ao álbum com o mesmo nome editado em 1962.



Jacques Brel - Les Bourgeois

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Jane Birkin - Serge Gainsbourg - Je t'Aime... Moi Non Plus

mundo da canção nº 2

Já recordámos "Je t'Aime... Moi Non Plus" na versão de Serge Gainbourg com a Brigitte Bardot a qual só foi conhecida nos anos 80. O sucesso foi mesmo para a versão de Serge Gainsboug com a sua esposa Jane Birkin. Decorria o ano de 1969 e pese todas as proibições, com o Vaticano a considerar a canção obscena,  "Je t'Aime... Moi Non Plus" foi um enorme êxito.

A revista "mundo da canção", em Janeiro de 1970, no seu nº 2 diz que "A composição "Je t'aime ... moi non plus" esteve no cume do "top" do Porto", ou seja era o disco mais vendido. Foi exactamente no Natal de 1969 que o meu pai comprou no Porto o Single que agora recordamos.



A letra de "Je t'aime... moi non plus" foi igualmente transcrita neste nº do "mundo da canção".



Jane Birkin - Serge Gainsbourg - Je t'Aime... Moi Non Plus

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Serge Reggiani - Les Loups Sont Entrés Dans Paris

mundo da canção nº 2


De origem italiana é em França que Serge Reggiani vai efectuar a sua carreira, primeiro como actor depois como cantor, sendo mesmo considerado um dos maiores da canção francesa.

Serge Reggiani (1922-2004) começará a sua vida artística como cantor somente na década de 60, tendo o seu primeiro registo em disco, "Serge Reggiani chante Boris Vian" (onde se podia ouvir "Le Déserteur", quem se lembra?), sido editado em 1965. Foi ainda a tempo de ser reconhecido como um dos maiores interpretes da língua francesa. Deixou-nos mais de 2 dezenas de LP com gravações de estúdio e vários registos ao vivo.

Hoje, vamos para o 2º longa duração "Album no.2" de 1967. São deste disco canções tão belas e intemporais como "Maxim's", "Ma Solitude", "Le Petit Garçon", "Ma Liberté" e a escolhida de hoje "Les Loups Sont Entrés Dans Paris", um hino à Resistência francesa.




É precisamente a letra de "Les Loups Sont Entrés Dans Paris" que a revista "mundo da canção" publica, no seu segundo número em Janeiro de 1970 e que agora vamos ouvir.



Serge Reggiani - Les Loups Sont Entrés Dans Paris

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Zélia Barbosa - Carcará

mundo da canção nº 2

Zélia Barbosa é um nome muito pouco conhecido da música popular brasileira.

Deixou, ao que se conseguiu apurar, um único registo, julgamos que do ano de 1968, intitulado "Brésil: Sertão & Favelas", tendo em reedições posteriores tomado o nome de “Brazil: Songs of Protest / Zelia Barbosa Sings of the Sertão & Favela”.
O LP foi originalmente produzido em França, editado pela prestigiada etiqueta "Le Chant du Monde" e pretendia dar início à série de discos intitulada "Le Nouveau Chansonner - la chanson rebelle". Ao que parece foi editado em vários países, incluindo Portugal, mas não o foi no Brasil.
É considerado um disco raro e um manifesto da situação social do Brasil na década de 60.
Em www.toque-musicall.com/ lê-se segundo texto da própria Zélia Barbosa:
"A música naquele momento não era só música. Era um movimento, era uma maneira de se fazer política, era protestadora, levantava a multidão e mexia com a Censura. Era a verdadeira Música Popular Brasileira”"
Já nos anos 70, em vários concertos, é acompanhada pelo excelente Quinteto Violado.



Em Janeiro de 1970, o nº 2 da revista "mundo da canção" fazia eco deste disco ao publicar a letra de "Carcará", a canção de abertura do álbum.



Zélia Barbosa - Carcará

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Chico Buarque - Funeral de um Lavrador

mundo da canção nº 2

Neste nº 2 da revista "mundo da canção" que temos vindo a recordar, lugar também para a música brasileira, onde se dá lugar a Chico Buarque e Zélia Barbosa.

Hoje, Chico Buarque, amanhã, Zélia Barbosa.

De Chico Buarque já se disse tudo, é simplesmente um dos maiores autores vivos da música popular brasileira.
Em Janeiro de 1970, quando foi publicado o nº 2 do "mundo da canção", Chico Buarque era já um nome grande e conhecido do público português. Canções como "A Banda", "Pedro Pedreiro", "Noite dos Mascarados", "Morena dos Olhos d'Água" eram já bem conhecidas.




"Chico Buarque de Hollanda - Volume 3", de 1968, continha a canção cuja letra o "mundo da canção" publicava, era "Funeral de um Lavrador". Nesta canção Chico Buarque canta as preocupações sociais, neste caso a reforma agrária, de um povo sofrido e oprimido.



Chico Buarque - Funeral de um Lavrador

domingo, 20 de novembro de 2016

Joan Manuel Serrat - La Paloma

mundo da canção nº 2

Mais uma passagem pela música popular espanhola do final da década de 60 a pretexto das letras publicadas pela revista de divulgação musical "mundo da canção". Estamos no nº 2 da revista editado em Janeiro de 1970 e a última letra de expressão espanhola publicada ia para Joan Manuel Serrat.

Atenta à melhor música espanhola então produzida, a revista "mundo da canção", para além de dar direito de capa a Joan Manuel Serrat, publica mais um poema de uma canção deste importante cantor catalão.

Entre 1967 e 1969 publica 6 discos de longa duração, o último dos quais continha "La Paloma", a canção cuja letra era publicada, e pela qual o LP ficou conhecido.




Este é um dos melhores trabalhos de Joan Manuel Serrat, lá se encontravam canções como "Poema de Amor", "Mis Gaviotas", El Titiritero" e "Manuel". Agora, ocasião para "La Paloma".



Joan Manuel Serrat - La Paloma

sábado, 19 de novembro de 2016

Patxi Andión - Nana a una Vieja Viuda del Mar

mundo da canção nº 2

Patxi Andión é um cantor espanhol, particularmente bem querido em Portugal, cuja carreira discográfica se iniciou no final da década de 60. É de 1969 o primeiro LP de nome "Retratos", que, à semelhança de muitos outros discos da época, teve as devidas dificuldades com a censura do regime fascista espanhol.

Por cá a Pide terá expulsado Patxi Andión por 2 vezes ao tentar vir actuar (de acordo com a wikipédia) já depois de ter passado pelo programa "Zip-Zip", em 1969. Em 1972 a nossa cantora Tonicha editou um EP, "4 canções de Patxi Andión", com, precisamente, canções do cantor espanhol, sendo os poemas versões, em português, de Ary dos Santos.  Na contra capa desse EP podia-se ler o seguinte texto de Ary dos Santos:
“Pax Andion (?) é – e já muitos o têm dito – um “caso” musical. Mas, quanto a mim, a grandeza maior desse “caso” reside no impacto de uma força profundamente humana que quase se sente e se aprende fisicamente em todas as suas canções. Ao ouvi-las é impossível dissociarmo-nos da imagem do homem novo ibérico que, com os pés assentes na terra e os olhos virados à esperança, canta, sem dó nem piedade, o seu próprio destino."
Era passagem corrente em alguns programas de rádio e depois do 25 de Abril teve por cá o devido sucesso.





A revista "mundo da canção" no seu nº 2, em Janeiro de 1970, faz a sua 2ª passagem por Patxi Andión. Depois de "Manuela" no 1º número é agora a vez de "Nana a una Vieja Viuda del Mar", um tema do álbum "Retratos" de 1969.



Patxi Andion - Nana a una Vieja Viuda del Mar

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Paco Ibáñez - Don Dinero

mundo da canção nº 2


Mais um nome incontornável da música popular espanhola era destacado no nº 2 da revista "mundo da canção", era Paco Ibáñez.

Paco Ibáñez, actualmente com 81 anos e ainda em actividade, é um conhecido cantor de protesto que viu as suas músicas serem proibidas pelo franquismo, chegando a estar proibida a sua actuação em território espanhol. Musicou  os principais poetas de língua espanhola, entre os quais Antonio Machado, Federico García Lorca, Luis de Góngora, Rafael Alberti e Francisco de Quevedo.




Editado, em 1967, pela primeira vez no 2º LP, "La Poesia Española De Ahora Y De Siempre", e em Single em 1968, "Don Dinero" é das composições mais conhecidas de Paco Ibáñez e era a letra publicada na revista "mundo da canção" em Janeiro de 1970. É também a canção que, com nostalgia, agora recordamos.



Paco Ibáñez - Don Dinero

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Manolo Diaz - La Juventud Tiene Razón

mundo da canção nº 2


Continuava a revista "mundo da canção", neste nº 2 de Janeiro de 1970, na divulgação dos melhores cantores espanhóis.
Depois de, no nº 1, publicar letras de cantores como Patxi Andión, Joaquín Diaz e Juan Manuel Serrat, no nº 2, para além de voltar a Patxi Andión e a Juan Manuel Serrat, trás-nos também Manolo Diaz e Paco Ibáñez.

Comecemos por Manolo Diaz.
Manolo Diaz foi um cantor de protesto espanhol do final dos anos 60 e que nos anos 70 ficou particularmente conhecido como compositor e produtor dos excelentes Aguaviva. Por cá também se deu a conhecer ao compor os temas "Walk on the Grass" e "Waiting for the Bus" para o Single "Canções de Manolo Diaz" de Paulo de Carvalho, em 1970.

De discografia, a solo, curta, Manolo Diaz deixou-nos 2 LP e alguns Singles, sendo o tema, hoje em destaque, editado em 1969.





O "mundo da canção" fazia eco desse tema, "La Juventud Tiene Razón", uma canção proibida pelo regime franquista, uma canção onde se afirmava:
"La juventud tiene razón
hay que seguir luchando
por un mundo mejor donde se grite la verdad,
gritad la verdad, gritad la verdad, gritad la verdad."



Manolo Diaz - La Juventud Tiene Razón

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Pop Five Music Incorporated - Fire

mundo da canção nº 2


Entre as formações Pop-Rock portuguesas mais bem conseguidas, do final dos anos 60, início de 70, encontravam-se os Pop Five Music Incorporated, dos quais já aqui fizemos algumas passagens.

O nº 2 da revista "mundo da canção" de Janeiro de 1970, deles fazia eco numa curta e pouco interessante entrevista. A evidenciarem um ego e vaidade enormes, considerando-se "nas correntes mais adiantadas da música pop mundial", e Miguel Graça Moura a afirmar que "merecemos, efectivamente, o Certificado de Grande Conjunto". Auto elogios à parte os Pop Five Music Incorporated destacaram-se, realmente, na pobre cena do então incipiente Rock português, o LP "A Peça" a fazer jus. "A Peça" foi mesmo um dos raros LP gravados na década de 60 por um grupo português e o primeiro de um grupo da cidade do Porto.




Ainda do álbum "A Peça", um disco só de versões, a maior parte delas, à época, relativamente pouco conhecidas, vamos buscar "Fire" um tema de Jimi Hendrix.



Pop Five Music Incorporated - Fire

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Filarmónica Fraude - Digo-Dai

mundo da canção nº 2

Obra maior na história da música popular portuguesa, "Epopeia" é o único disco de longa duração gravado pela saudosa Filarmónica Fraude. Discografia curta de que fazem parte ainda 2 EP, tudo gravado no ano de 1969.

Em "E Tudo Acabou em 69" pode-se ler:
"Enquanto boa parte da produção nacional procurava imitar a pop importada o mais fielmente possível, a Filarmónica procurava nas nossas raízes as marcas de distinção que reconhecia nos trabalhos que escutando de gente como Bob Dylan, os Byrds, ou até os Jethro Tull.
Essa ambição foi cumprida com Epopeia, o único álbum que a Filarmónica Fraude editou, tendo chegado às lojas no ano de 1969, e sendo assim um dos poucos registos de longa duração da cena pop nacional nessa década."

Uma página do nº 2 da revista "mundo da canção", de Janeiro de 1970, era ocupada com 2 letras do LP "Epopeia" da Filarmónica Fraude. Precisamente "Epopeia" e "Digo-Dai".




"Epopeia" já foi objecto de recordação neste Regresso ao Passado, agora é a vez de "Digo-Dai".
Ainda em "E Tudo Acabou em 69" sobre esta canção:
"Mas eis que em «Digo-Dai» as cores psicadélicas da época surgem em força, num arco-íris de texturas onde a secção de cordas e um teclado eléctrico dividem espaço."

É sempre com saudade que voltamos aos sons de "Epopeia", o primeiro álbum conceptual gravado por um grupo português.



Filarmónica Fraude - Digo-Dai

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

José Afonso - A Cidade

mundo da canção nº 2

Como referido no Regresso ao Passado de ontem, a revista "mundo da canção" no seu nº 2 de Janeiro de 1970 trazia um artigo onde simultâneamente abordava a edição, no final do ano anterior, dos LP "O Canto e as Armas" de Adriano Correia de Oliveira e "Cantos Novos - Rumos Velhos" de José Afonso. Duas figuras ímpares na renovação da música popular portuguesa nas décadas de 60 e 70 do século passado.

Se em relação a "O Canto e as Armas" a apreciação levantava algumas reservas, "...tudo o que se fez foi bem feito, desde a capa à vocalização. Não foi, porém, suficiente.", relativamente a  "Cantos Novos - Rumos Velhos" desfazia-se em elogios, "Tudo isto põe "Cantos Novos - Rumos Velhos" acima da crítica". Um dos aspectos realçados era "A orquestração revolucionária, com violas, trompa, percussões, etc.".
O próprio José Afonso viria a referir:
"Gravei um disco com bombo, cavaquinho, gaita-de-beiços, marimba, reco-reco e lampião chinês. A coisa é nova para matar definitivamente a choradeira das baladas".





Este número da revista trazia ainda publicado a letra de "A Cidade", o único poema, julgo eu, de Ary dos Santos musicado por José Afonso.





Entre temas ligados à resistência e o cancioneiro tradicional, ficamos, para recordação, precisamente com "A Cidade", a canção que fechava o disco.


José Afonso - A Cidade

domingo, 13 de novembro de 2016

Adriano Correia de Oliveira - Canção da Fronteira

mundo da canção nº 2

Só no final da década de 60 é que a gravação de LP tomou a primazia em relação aos EP e Singles. Eram poucos os discos de longa duração que por cá eram gravados.

Adriano Correia de Oliveira (1942-1982), depois de, entre 1961 e 1968, editar 10 EP, edita em 1969 o seu primeiro LP de originais, "O Canto e as Armas".

Do fado de Coimbra, à balada e desta à nova canção portuguesa, assim atravessou Adriano a década de 60, "O Canto e as Armas" é, apesar dos arranjos se ficarem pela simplicidade do acompanhamento à viola de Rui Pato, a melhor confirmação da evolução que iria conduzir no ano de 1971 a música popular portuguesa a novos patamares.
Em "O Canto e as Armas" afirmava Adriano Correia de Oliveira:
"Diremos, assim, que a forma de expressão de que se socorre, impropriamente designada por “balada”, é antes o resultado da fusão numa forma simples de dois tipos de linguagem – a da música e a das palavras. Assim, a expressão musical e a literária, se harmonizam e se fundem num todo, em que cada uma, para se atingir perfeita realização, terá igual papel e deverão servir-se mutuamente. Não se trata efectivamente de poesia musicada ou de música que utilize as palavras como mero suporte."

terminando,
"Convirá ainda lembrar,que em toda a “viragem” à realidade, aos problemas concretos da nossa vida colectiva, que consideramos conteúdo e razão de ser deste movimento que cresce em múltiplas formas (com a consequente recusa de quaisquer tendências alienatórias, de tipo musical ou literário), tem importância fundamental, a acção dos estudantes portugueses no seu esforço irreprimível pela valorização da nossa sociedade e também de cada vez mais amplas camadas da população, representando todos o seu suporte social."


É deste LP que a revista "mundo da canção" nº 2, saída em Janeiro de 1970, dá notícia conjuntamente com o LP de José Afonso "Contos Velhos, Rumos Novos".  Os títulos dos 2 LP a dar conta dos ventos de mudança que então se iniciavam.



Deste disco era ainda transcrito o poema "Canção da Fronteira".




Agora, a recordação de "Canção da Fronteira", do ano de 1969, do álbum "O Canto e as Armas".



Adriano Correia de Oliveira - Canção da Fronteira

sábado, 12 de novembro de 2016

Leonard Cohen - You Want It Darker

2016 viu desaparecer dois dos nomes maiores da música popular contemporânea: David Bowie e Leonard Cohen.

Duas figuras únicas no panorama musical das últimas décadas, duas figura de culto a constarem no panteão da melhor música que nos foi dado ouvir. Duas figuras de quadrantes distintos da música popular. David Bowie no Rock, junto dos camaleões, Leonard Cohen no Folk, junto dos constantes.

Em termos discográficos ambos começaram em 1967, David Bowie era um dos benjamins do Rock, tinha somente 20 anos, Leonard Cohen, um já conhecido poeta, um iniciado no Folk, um dos mais velhos da geração de 60, tinha já 33 anos. Os respectivos últimos álbuns anunciavam a partida, David Bowie com “Blackstar” – (Look up here, I’m in heaven) -, Leonard Cohen com “You Want It Dark” - (I’m ready, my lord) -, discos a preto e branco, as capas também.

Dois discos pesados, difíceis, nenhum dos discos é para se ouvir regularmente.
Mais David Bowie, um disco mais obscuro, complexo, menos catalogável na sua discografia.
Menos Leonard Cohen, um disco mais na continuidade, menos distante da globalidade da sua discografia.

A última chama, para perdurar através dos tempos, é “You Want It Dark”, é Leonard Cohen, sempre!






Leonard Cohen - You Want It Darker

Manuel Freire - Menina dos Olhos Tristes

mundo da canção nº 2

Já com 2 EP gravados é, no entanto, a passagem pelo programa "Zip-Zip", em 1969, que vai tornar Manuel Freire conhecido com o êxito estrondoso que foi a interpretação da canção "Pedra Filosofal".

Iria ser precisamente "Pedra Filosofal" o tema principal do 3º disco de Manuel Freire, um Single editado em 1970 já pela etiqueta "Zip-Zip". A canção tornar-se-ia rapidamente um hino de resistência ao fascismo até ao 25 de Abril de 1974.

Na página "mc notícia" dá-se nota do lançamento do disco:
"No dia 14 do mês que passa , foi lançado o quarto disco de Manuel Freire, pela marca "Zip-Zip Movieplay", A composição "Pedra filosofal", de António Gedeão, foi transmirida, nesse mesmo dia, pelo menos dezasseis vezes."

A revista "mundo da canção", que deu sempre o devido destaque a Manuel Freire, publica logo em Janeiro de 1970, no seu segundo número, a letra de "Pedra Filosofal" e fecha este nº 2 com uma ficha com o historial do cantor.




Como já recordámos, neste Regresso ao Passado, a faixa principal "Pedra Filosofal", oportunidade, agora, para o lado B com a menos conhecida "Menina dos Olhos Tristes".




Manuel Freire - Menina dos Olhos Tristes

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Leonard Cohen - So Long, Marianne

Faleceu Leonard Cohen.


Data de 1956 a edição do primeiro livro de LeonardCohen “Let Us Compare Mythologies”.
“Nessa obra situam-se os primeiros temas que se tornarão inseparáveis da obra deste autor: a história e o misticismo, numa dualidade judaico-cristã, colocando uma forte oposição entre o Belo e o Feio, a Pureza e a Corrupção, o Espírito e a Carne” no dizer de Manuel Cadafaz de Matos no livro “Leonard Cohen – Redescoberta da vida e uma alegoria a Eros” publicado em 1975. Este dualismo verificar-se-á ao longo da sua carreira, entre o aprofundar da sua vida interior, reflectida na escrita ou em períodos de reclusão, e a necessidade de ligação ao mundo exterior, o retorno à música.
Ainda do mesmo livro: “todos esses escravos que vivem (enlatados) nas grandes cidades… poderiam ir perfeitamente viver para as florestas pois felizmente ainda existem grandes florestas e grandes paisagens no mundo” dizia Leonard Cohen em entrevista, em Paris, a Manuel Cadafaz de Matos, em 1974. Ele próprio experimentaria na década de 90 o isolamento num mosteiro budista onde seria ordenado monge.
É em situação de semi-reclusão que conhece e vive com Marianne Ihlen (falecida em Julho deste ano tendo Leonard Cohen dito na altura "acho que vou seguir-te muito em breve"), nos anos 60, na ilha de Hydra, na Grécia. A ela dedicará “So Long, Marianne” no seu primeiro álbum.



Vasculhava eu uns caixotes, com velharias e coisas antigas que se guardam vá-se lá saber porquê, quando encontrei umas folhas por mim manuscritas, muito provavelmente no final dos anos 60, com as letras de três canções do primeiro álbum de Leonard Cohen: “So Long, Marianne”, “Sister of Mercy“ e “Hey, that’s no way to say goodbye”. Como as obtive é uma incógnita que julgo não conseguir desvendar. Senão vejamos, como é que nessa época se conseguia obter as letras de uma música?
Podiam vir impressas na capa do disco. Ok, não era o caso.
Podia ter ouvido essas músicas até conseguir a transcrição das letras. Pouco provável, pois não têm um único erro.
Podiam vir publicadas nalguma revista. Talvez na revista “mundo da canção” que começou a ser publicada em Dezembro de 1969 e reproduzia letras de músicas (algumas a pedido). É uma hipótese, mas logo três canções? E se sim, para quê copiá-las?
Uma coisa é certa. O meu fascínio pelo primeiro álbum, e em particular por estes três temas, de Leonard Cohen era imenso.
Desde logo tornou-se um dos meus autores preferidos. As melodias, a peculiaridade da forma de cantar (declamar?), as orquestrações de Paul Buckmaster e as letras (não esquecer que Leonard Cohen era antes de músico, um poeta) constituíam então um todo único e insuperável. Até hoje!

Lembramos agora as primeiras espiras do lado B do primeiro disco de Leonard Cohen, "So Long, Marianne".




Leonard Cohen - So Long, Marianne

Nuno Filipe - Cantiga da Manhã

mundo da canção nº 2

Já lembrado, neste Regresso ao Passado, o músico Nuno Filipe (1947-2002) teve uma passagem breve, mas fundamental, na área do Pop-Rock, a revelar-se, hoje, uma das figuras mais injustamente esquecida.

O "mundo da canção", atenta ao que de melhor se produzia em Portugal no campo da música popular, destaca logo no seu nº 2, em Janeiro de 1970, a pessoa de Nuno Filipe.

Este nº do "mundo da canção" trás uma entrevista feita pela poetisa Maria Teresa Horta, então colaboradora da revista, e cunhada de Nuno Filipe, o que a torna peculiar. Isto, para além do facto de todas as canções por ele gravadas terem letra da conhecida poetisa.




Nuno Filipe procurava, efectivamente, novos rumos para a canção portuguesa, afastando-se, claramente da onda de baladeiros que então dominava as novas sonoridades, diria mais em linha com um Quarteto 1111 ou a Filarmónica Fraude.

Pela entrevista conclui-se que o último Single, em nome próprio, gravado por Nuno Filipe, "Nossas canções/2" ainda não tinha sido editado, publicando a revista as letras de 2 canções de "Nossas Canções/1", respectivamente, "Roteiro de Lisboa" e "Cantiga da Manhã".




A primeira já por aqui passou, agora, oportunidade para ouvir "Cantiga da Manhã". O acompanhamento é do grupo Álamos.




Nuno Filipe - Cantiga da Manhã

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

mundo da canção nº 2 de Janeiro de 1970

mundo da canção nº 2

Em Janeiro de 1970 era editado o 2º número da revista "mundo da canção". Revista que nos iria acompanhar por muitos e bons longos anos na divulgação da melhor música popular portuguesa e também brasileira, francesa, espanhola, sem esquecer o Pop-Rock de expressão anglo-saxónico então dominante.

A capa deste nº é de Joan Manoel Serrat, cantor, ainda hoje no activo e, ao tempo, proibido na TV e rádio espanhola.




Primeiro de uma forma mais regular, depois mais espaçada, mas sempre do lado dos "que se batem pelos melhores rumos da canção portuguesa", assim se fez a revista "mundo da canção", no editorial deste nº é destacado o início do poema "É preciso avisar toda a gente" do poeta, oposicionista ao regime de Salazar, João Apolinário.





Este poema foi musicado por Luís Cília para o álbum "la poésie portuguese de nos jours et de toujours - 1" de 1967 que voltamos a recordar.



Luís Cília - É preciso avisar toda a gente

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Objectivo - Dance Of Death

Se na década de 60 a rádio teve a primazia na divulgação da música Pop-Rock que por cá e lá fora se fazia, no final da década a televisão começou a ter algum destaque na difusão de sonoridades contrárias aos standards instalados.
Praticamente tudo começa com o programa “Zip-Zip”, em 1969, que, para além de dar a conhecer os chamados baladeiros como Manuel Freire, José Jorge Letria, José Barata Moura, Padre Fanhais, também a música Rock menos convencional fez aqui a sua presença. É o caso do grupo Objectivo que teve aqui a sua primeira aparição (1969), o público, ao que parece, participou na escolha do nome do grupo.
Com 1 EP e 3 Singles gravados entre 1969 e 1972 tiveram diversas formações, diferentes em cada disco gravado. Por lá passaram alguns conhecidos músicos portugueses como Mário Guia (ex- Ekos), Zé Nabo (futuro baixista de Rui Veloso, Salada de Frutas, etc.), Zé da Cadela (reconhecido baterista de Rock progressivo, Xharanga e KamaSutra). Entre os estrangeiros os destaques vão para o conhecido escocês Mike Sergeant, o americano Kevin Hoidale e Jim Cregan que passou pelos Cockney Rebel, Family e foi durante muitos anos músico de Rod Stewart. A sonoridade era típica do hard-rock da época e as letras eram em inglês.





De acordo com Luís Pinheiro de Almeida, em "Biografia do Ié-Ié" foram os primeiros a gravar um Single em estéreo em Portugal, era o Single de 1970 que inclui “The Dance of Death”.




Objectivo - The Dance Of Death

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Chinchilas - Barbarela

Um nome a recordar da música Pop-Rock portuguesa dos anos 60: Filipe Mendes.

Desconhecido do grande público, foi (é) considerado, por muitos, o melhor guitarrista de Rock feito em Portugal. Destaque nos anos 60 para o grupo Chinchilas de que ele era líder. Os Chinchilas formaram-se em 1964 e eram originários do Porto, duraram até 1971 e tiveram mais que uma formação.
Participam no “Grande Concurso Ié-Ié” de 1966 ficando em 6º lugar. Posteriormente Filipe Mendes frequenta um curso de guitarra na Chicago School of Music. Entre actuações e gravação de 2 Singles chegam a 1971 onde actuam no Festival de Vilar de Mouros. Entretanto tinham participado no Concurso Barbarela em Palma de Maiorca e gravado o tema “Barbarela”.






Mais recentemente adoptou o nome Phil Mendrix (Filipe Mendes/Jimmy Hendrix) e, para além da sua própria banda, participa como músico convidado em Os Irmãos Catita e Ena Pá 2000 (projectos do ex-candidato à Presidência da República Manuel João Vieira).




Recordemos então “Barbarela” (cuja letra é de esquecer: “Barbarela Road, dibididu dibididá/Waiting for the girls, in Barbarela Road”), mas musicalmente suficientemente interessante, a lembrar os Santana e também The Doors. As influências já eram outras, os tempos do Ié-Ié estavam definitivamente passado.




Chinchilas - Barbarela

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Os Rocks - Don't Blame Me

Mais uma passagem pela música feita em Angola nos anos 60 e pelo seu conjunto de referência Os Rocks.

 Depois de se terem formado em 1962, ganham popularidade em 1964 ao ganhar o Festival de Música Moderna em Angola. Com o título “ÊXITO DO FESTIVAL DE MÚSICA MODERNA: «OS ROCK’S» FORAM VENCEDORES INCONTESTÁVEIS” escrevia então a revista Plateia:
“Numa iniciativa da Empresa do elegante cinema Restauração, o festival constituiu um verdadeiro êxito, dando azo a que esta empresa lance mais vezes iniciativas destas, que redundam a favor do movimento artístico e musical de Luanda, no sentido de a fazer progredir. As multidões juvenis foram atraídas ao Festival, e desde segunda a sexta-feira a sala encheu-se, ficando, na final, a transbordar de uma multidão entusiástica. O júri, constituído por Alice Cruz, Guerreiro Bruno, Santos e Sousa e Amaral Lopes, escolheu os vencedores, coincidindo as classificações com a opinião do público. Confirmando mais vez o seu extraordinário talento como conjunto, valor e popularidade, foram incontestáveis vencedores os «Rock’s», que obtiveram a taça «Angola Films». Os restantes conjuntos classificaram-se pela seguinte ordem: 2.º— «Herbert et les jeunes». 3.º— «Joe Mendes e seus Electrónicos». 4.° — «Os Incógnitos». Todos os conjuntos actuaram com interesse, tendo sido sempre muito ovacionados pelo público juvenil e entusiasta. No final, os «Rock’s» receberam uma formidável, calorosa e gritante ovação do público, que lhes reconheceu o mérito de vencedores.” 

Em 1966 ficam em 2º lugar no Concurso de Ié-Ié realizado no Teatro Monumental, e são, em Angola, considerados o melhor conjunto do ano, gravam entretanto o 1º EP.
Em 1967 Eduardo Nascimento, vocalista do grupo, vence o Festival da Canção.
Terminam em 1969, mas antes deixam um último registo o 2º EP de nome “Don't Blame Me”, título da canção principal.





“Don't Blame Me” é um tema popular dos anos 1930 e a primeira versão é, julgo eu, de Rudy Vallée em 1933.





O tema foi recuperado nos anos 50 e 60 sendo de referir as versões de Sara Vaughan, Ella Fitzgerald, Nat King Cole ou ainda dos Everly Brothers.

A versão de Os Rocks surpreende pela positiva mostrando o à-vontade na abordagem de sonoridades mais jazzísticas. A evolução em relação ao primeiro EP é nítida, quer na sonoridade do conjunto quer na segurança que Eduardo Nascimento evidencia na interpretação das 4 canções. O destaque vai então para “Don't Blame Me”.




Os Rocks - Don't Blame Me

domingo, 6 de novembro de 2016

Keepers - Light My Fire

A discografia dos The Doors teve, relativamente tarde, o seu reconhecimento em Portugal. Poucos terão sido os temas a ser divulgados e muito menos a ter êxito “just in time”. A excepção terá sido “Light My Fire” que se ouvia com grande regularidade na rádio, esplanadas ou nos animados bailes de Liceu. Grupos portugueses a interpretarem The Doors com certeza que havia, a arriscarem gravar composições deles, menos provável.
Até que descobri uma gravação de um grupo português que dava pelo nome Keepers onde aparecia uma versão de “Light My Fire”. Quanto ao grupo pouco há dizer, também pouco se sabe, gravaram 3 EP nos anos 1967/68 (um dos quais com versões de canções do Festival da Eurovisão, ui!), sendo o terceiro o que contêm a versão de “Light My Fire”.





De certeza que se basearam na versão do porto-riquenho José Feliciano, também de 1968, e que foi um grande êxito. À versão latina de José Feliciano, que caiu bem nos gostos do grande público, os Keepers parecem ter querido dar um toque abrasileirado mas o resultado final é desastroso. Para os fãs incondicionais dos The Doors eis um vídeo com 10 minutos de “Light My Fire. The Doors na Europa em 1968.





Do mesmo ano, segue “Light My Fire” pelos imaturos Keepers, nem a capa se safa.




Keepers - Light My Fire

sábado, 5 de novembro de 2016

Os Ekos - Só

Os Ekos efectuaram gravações entre 1965 e 1970.
Depois da passagem pelos 2 primeiros EP “Esquece” e “Hoje, amanhã e sempre” chegamos ao 3º EP de 1966 onde o tema em destaque é “Só”, continuando pois fiéis a cantar em português e a privilegiar os originais.





Para além de passarem pela RTP, “As suas actuações aconteciam maioritariamente em festas, festivais e concursos de «yé-yé», escolas, casas regionais e boîtes (Lisboa), hotéis e casinos (Porto e Algarve)” de acordo com a “Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX”.

 As sucessivas alterações na composição do conjunto, em virtude do cumprimento do serviço militar, conduziria rapidamente ao seu fim. Ressurgiriam ainda em 1970 para a gravação de um último EP, mas definitivamente já era tarde.

“Só” é, como refere a contra-capa, um “Shake” composto por Mário Guia, baterista e principal compositor do conjunto. A qualidade não é famosa, afinal “Ekos” era a marca das guitarras mais baratas que então existiam, mas reflecte bem o tipo de composição que animava muitos dos bailes de então.




Os Ekos - Só

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Quarteto 1111 - Back to the Country

O ano de 1970, é o ano do Quarteto 1111 e do seu líder o José Cid.

Depois da edição do álbum homónimo e do Single "Todo o Mundo e Ninguém", o ano não termina sem um novo Single de nome "Back to the Country".
Pela primeira vez o Quarteto canta em inglês, começa a tentativa de internacionalização ou, como há quem defenda, uma forma de contornar a censura (o próprio TóZé Brito em entrevista ao Expresso em 08/01/2011 afirma: " Em português não conseguíamos gravar. Os nossos discos eram proibidos pela censura uns atrás dos outros. E, às tantas, tivemos que começar a dizer coisas mais fortes em inglês").
Insisto, no entanto, na primeira hipótese considerando a evolução que o Quarteto e José Cid tiveram a partir daí.






"Back to the Country" é já outra faceta do Quarteto 1111, com influências sonoras a fazer lembrar Santana ou ainda Brian Auger, boas referências, portanto. O melhor estava a chegar ao fim e o pior já espreitava uma oportunidade para se instalar, acabar com o Quarteto, substituí-lo por uns duvidosos Green Windows e catapultar José Cid para um futuro menos interessante.

Em termos de vendas "Back to the Country" foi relativamente bem conseguido e em Fevereiro de 1971 ocupava o 11º lugar no Top Nacional de Singles e EP, onde também aparecia "Walk on the Grass" do Paulo de Carvalho e o destaque ia para "Lonely Days " dos Bee Gees. Já nos álbuns, a música era outra, José Afonso ocupava o 1º lugar com "Traz Outro Amigo Também".

Agora, ouçamos "Back to the Country" do Quarteto 1111. Quem não conhecer, com certeza que não o identificaria como uma música do Quarteto, muito menos com José Cid.




Quarteto 1111 - Back to the Country

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Zica - O Cosmonauta Louco

Em 1969 o homem tinha chegado à lua, facto que não passou despercebido à música popular, por exemplo, David Bowie lançava “Space Oddity” com êxito assinalável.
Por cá esta odisseia não passou despercebida. José Cid, talvez influenciado por “Space Oddity”, compôs um tema de nome “O Cosmonauta Louco”. Tinha uma recordação muito vaga deste tema quando “tropecei” num EP de um tal Zica onde a canção “O Cosmonauta Louco” aparecia.

A contra-capa do EP esclarece-nos sobre este Zica:
“Zica não é um nome artístico, mas apenas o nome por que desde sempre trataram aquele que na realidade se chama Helder Luís Fernandes. Deveríamos talvez ter começado por dizer que Zica é um cantor, como é óbvio, pois trata-se de apresentar um nome novo no nosso meio musical. Zica é um excelente músico: toca piano, viola e bateria. O seu tempo livre dedica-o, sobretudo, à música, tocando, fazendo músicas e aproveitando para ver os grandes espectáculos musicais, como é o caso do Festival da Ilha de Wight a que assistiu este ano e onde sentiu reforçada a sua inclinação musical para o estilo que adoptou. Neste seu primeiro disco, compôs de parceria com José Cid as músicas e letras, sendo acompanhado pelo Quarteto 1111.”





Provavelmente foi o primeiro e último EP deste Zica que agora sabemos chamar-se Helder Luís Fernandes.
O EP contém ainda um tema interessante de nome “Viagens Na Minha Terra” e transpira Quarteto 1111 por todos os poros; ou seja, José Cid algures na encruzilhada da inovação, do retrocesso e dos balões de oxigénio, como diria Joaquim Fernandes no prefácio de "O Mundo da Música Pop".

Vamos lá então recordar a música Pop portuguesa em 1970, pela voz de Zica, numa composição de José Cid.




Zica - O Cosmonauta Louco

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Teresa Paula Brito - Vejam Bem


“Maria Teresa Ramos de Paula Brito nasceu em Lisboa em 23 de Putubro de 1944. Aos 16 anos de idade fez a sua primeira apresentação como intérprete no programa «Onda Nova» da E. N. A convite de Carlos Paredes cantou o tema do filme «Verdes Anos» e em 1966 forma, com José Duarte, o duo «The Strollers». Em 1967 representa Portugal no Festiva Internacional de Música Popular em Cuba onde também actuou durante um mês. Participou no Festival da Canção de 1969 e colaborou, no mesmo ano, com José Afonso no LP «Contos Velhos, Rumos Novos». Em 1970, o Júri dos Prémios da Imprensa (Música Ligeira) atribui-lhe, por unanimidade, o prémio de intérprete feminina «pela justeza formal e pela criteriosa escolha do reportório».” Assim se resumia, no texto da contra capa do EP “Minha Senhora de Mim” de Teresa Paula Brito gravado em 1971 com músicas de Nuno Filipe, a carreia musical de Teresa Paula Brito até essa data.


De Teresa Paula Brito (1944-2003) já passámos os temas “Verdes Anos” e “Ven Oir el Mar” precisamente do EP “Minha Senhora de Mim”, já destacámos também a colaboração no duo The Strollers, falta dar nota, entre muitas outras, para uma visão mais completa da sua obra, do EP gravado em 1970 com canções do José Afonso, que ela tão bem interpretava.





A escolha fica em “Vejam Bem”, apreciem.



Teresa Paula Brito - Vejam Bem

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Manuel Freire - Eles

Na década de 60, dominada em Portugal pelo nacional-cançonetismo, com Artur Garcia, António Calvário, a Simone e a Madalena Iglésias à cabeça, eram poucos os cantores dados a outras preocupações e outras sonoridades não estandardizadas. Menos ainda os que passavam na rádio, raro era “apanhar” o José Afonso, o Adriano Correia de Oliveira, muito menos o Luís Cilia.

A juntar-se a este pequeno grupo apareceu em 1968 Manuel Freire.
Manuel Freire vivia em Ovar, minha terra Natal, onde era vê-lo na sua Renault 4L toda colorida e pintada de flores, o máximo do movimento hippie de então.




O seu primeiro disco, um EP de 4 canções passava na rádio, que outros vieram a ser censurados. Para quem se lembra, em 1969 fica célebre a sua participação no saudoso "Zip-Zip" com o estrondo que foi “A Pedra Filosofal”. No final dos anos 70 era menor a sua produção, o seu melhor tinha passado. Perduremos então em 1968 ainda na primeira gravação, a opção vai para “Eles”, simples, muito simples e uma bonita voz de trovador.



Manuel Freire - Eles