sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Procol Harum - Homburg


Falar dos Procol Harum é equivalente a falar de “A Whiter Shade of Pale” a canção que é normalmente evocada. Não me recordo de outro grupo onde uma canção fosse tão marcante e quase anulasse, injustamente, toda uma discografia. Em 1967 “A Whiter Shade of Pale” rapidamente chega a nº 1 no Reino Unido e entra directamente para a história da música popular. O tom barroco do tema vem da fonte de inspiração, a conhecida suite “Air” de Bach.




Mas, para audição, a opção não vai para “A Whiter Shade of Pale”, mas sim para “Homburg”, o Single que lhe sucedeu. À semelhança de  “A Whiter Shade of Pale” não teve, o que na época era usual, edição em LP.

“Homburg” com a mesma similitude barroca de “A Whiter Shade of Pale”, ficaria na sombra desta e não teria o mesmo sucesso. “Homburg” sempre bonito e pouco lembrado, agora recordado para nossa satisfação.



Procol Harum - Homburg

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Jim Morrison - Père Lachaise

Em 1995, em passeio por Paris, a visita à campa de Jim Morrison no cemitério Père Lachaise. Entre outros, o registo em fotografia desse momento, eu e a minha filha Ana então com 13 anos.



Jim Morrison - Uma Canção Americana e Outros Escritos

Jim Morrison - Uma Canção Americana e Outros Escritos

Editado, em 1981, pela Assírio & Alvim "Uma Canção Americana e Outros Escritos" contem  as letras (edição bilingue) de todas as canções de Jim Morrison, do álbum "The Doors" de 1967 a "An American Prayer" de 1978.

Contem ainda o poema "Ode to L. A. While Thinking of Brian Jones, Deceased" distribuído nos concertos dos The Doors após a morte de Brian Jones, dos The Rolling Stones, em 3 de Julho de 1969, e um texto publicado na revista "EYE".




Na introdução, de Manuel João Gomes, pode-se ler:
"Foi em 1967, quando boa parte dos movimentos juvenis viviam empenhados no culto da paz e do amor, quando São Francisco abrigava a grande fuga hippy, quando os Beatles aderiam ao orientalismo e o status que recuperava comercial e culturalmente a paz, o amor e a flor.
Jim Morrison, descendente dum marujo que não suportava terra firme, insistia, com os Doors, em apelar para a violência e para o caos, em fazer guerra às normas universais e às modas mais evidentes, em demandar praias distantes e portos por achar."

Fundamental para qualquer fã (ou curioso) de Jim Morrison, da sua música e da sua poesia.

The Doors - A Feast Of Friends

The Doors, uma muito breve história

Ainda The Doors e Jim Morrison.

Após a sua morte, Jim Morrison vai ser absorvido e mesmo banalizado pelo sistema. À época figura de grande riqueza intelectual (ver a sua poesia) e espontaneidade nos seus actos (ver as suas actuações) que não eram propriamente bem vistos por um sistema tradicionalista. Averso à autoridade, era permanentemente inconformado. Para alguns a razão de ser no ícone em que se tornou. No entanto, e de acordo também com alguns autores, tentando explicar o porquê da sua importância como símbolo de revolta de uma geração, crêem que a sua projecção se deveu, não tanto à sua poesia (complexa e muitas vezes de difícil entendimento), ou à sua performance em palco (afinal poucos o puderam presenciar, na Europa só fizeram uma tournée em 1968), mas sim à sua voz (ou seja o que atingiu um maior número de pessoas).
Diz Hervé Muller em “Jim Morrison para lá dos Doors”:
“… é essa voz, mais ainda do que a sua aparência física ou o seu comportamento no palco, precedendo tudo que iria fazer dele o mais poderoso símbolo de revolta da sua geração. Essa voz! Ela era de tal modo sonora e poderosa, que Morrison foi provavelmente o único cantor branco a ter conseguido atingir tais paroxismos de violência, sem nunca dar a impressão de forçá-la o mínimo que fosse, como se tivesse sempre uma reserva ilimitada de força vocal.”

É verdade, era a voz que nos fascinava, a melhor voz Rock alguma vez ouvida; talvez, nem ele próprio tivesse noção disso, pois que a sua maior preocupação estava, mais do que no canto, fundamentalmente na escrita, “Eu sou um homem de palavras” afirmava Jim. A música ligeira tinha Frank Sinatra, no rock tínhamos Jim Morrison.
É a esperança de se tornar reconhecido como escritor que o leva a afastar-se dos The Doors e ir para Paris, em 1971, onde faleceria a 3 de Julho. Consta que Pamela, companheira de Jim, escreveu na certidão de óbito: “James Douglas Morrison, poeta”.

Desenho de Jim Morrison usado no álbum
"An American Prayer"


Em 1978 os restantes elementos dos The Doors gravam o álbum póstumo “An American Prayer”. Trata-se, fundamentalmente, de declamações de poemas gravados em vida por Jim Morrison aos quais foi adicionada música pelos restantes The Doors, mais uma vez “Eu provoco o caos com as palavras, os outros restabelecem a ordem com a música”, dizia Jim Morrison.
Destaque para o poema título “An American Prayer” do qual escolho a parte final do mesmo. A música é uma adaptação do “Adagio” de Albinoni que The Doors já tinham gravado (não editado) em 1968 e aqui recuperada. A parte final do poema ficou conhecida por “A Feast Of Friends” e é com ele que ficamos, agora mais de 45 anos depois da morte de Jim Morrison:

“Wow, I´m sick of doubt
Live in the light of certain
South Cruel bindings
The servants have the power
dog men and their mean women
pulling poor blankets over our sailors
I´m sick of dour faces
Staring at me from the T.V. Tower
I want roses in my garden bower; dig?
Royal babies, rubies
must now replace aborted
Strangers in the mud
These mutants, blood meal
for the plant that´s plowed

They are waiting to take us into the severed garden

Do you know, how pale and wanton thrillful
comes death in a strange hour
unannounced, unplanned for
like a scaring over-friendly guest you´ve brought to bed

Death makes angels of us all and gives us wings
where we had shoulders, smooth as ravens claws

No more money, no more fancy dress
This other kingdom seems by far the best
until it´s other jaw reveals incest
And loose obidience to a vegetable law

I will not go
Prefer a Feast of Friends
To the Giant Family




The Doors - A Feast Of Friends

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

The Doors - Hyacinth House

The Doors, uma muito breve história


E chegamos ao último álbum de originais dos The Doors (com Jim Morrison vivo, na realidade The Doors gravaram ainda mais 2 álbuns de muito menor interesse).
Em finais de 1970 The Doors iniciam as gravações de “L.A. Woman” que veria a luz do dia em Abril de 1971.
Jim Morrison já se tinha retirado para Paris (deixando em suspenso o futuro dos The Doors) onde viria a falecer a 3 de Julho. O álbum teve um êxito enorme e as críticas foram quase unânimes quanto à qualidade deste último registo, um único senão, pela primeira vez a voz de Jim Morrison denota alguma falta de clareza a que não será alheio a consumo excessivo de álcool e drogas.
Deste último álbum ficaram para sempre composições como “L.A. Woman”, “Riders on the Storm” ou ainda “Love Her Madly”.

Na edição de Novembro/Dezembro de 1971 do jornal de “Música popular, jazz, erudita e rádio” “a memória do elefante” Octávio A. F. Silva escrevia:
“…pouco antes do desaparecimento de Jim Morrison apareceu o seu último trabalho: «L.A.WOMAN». Neste álbum, ainda uma última criação de génio em RIDERS ON THE STORM. Apelo prolongado e desesperado, envolve-nos na sua densidade ultra-sólida para nos prostrar atentos num encanto pós orgástico. RIDERS ON THE STORM é ainda uma sequência do anteriormente exposto. Porém, os «Doors» chegaram também a algo de muito incaracterístico, que com o desaparecimento de Morrison talvez nunca cheguemos a compreender. Esperemos o futuro dum grupo que foi um dos maiores de toda a música popular dos anos 60, asseverando, no entanto, que as excelentes qualidades dos seus músicos não chegarão com certeza para suprir a falta dum dos génios primeiros dessa mesma música popular.” (claro que acertou em cheio).

Um interessante vídeo com “Riders On The Storm” pode agora ser visto.




A escolha para audição vai para a menos conhecida “Hyancinth House”, onde uma menor qualidade vocal de Jim Morrison é notória, sendo o solo de Ray Manzarek inspirado na composição de Chopin “Polonaise in A-flat major, Op. 53”.

Na edição de Janeiro/Fevereiro de 1972 do jornal “a memória do elefante” “L.A.Woman” aparece entre as dez escolhas dos melhores álbuns de 1971:
“… Desenrolar contínuo de violência que não desmente os propósitos de rotura revelados desde o primeiro momento de acção, L.A.WOMAN é o continuar dos ataques frontais à sociedade americana, atitude de que os Doors nunca desistiram muito embora essa permanência ideológica activa lhes trouxesse demasiados incómodos. A sua grande vitória foi precisamente fazer sentir a impossibilidade da sua recuperação. Aos olhos da classe dominante do seu país, o seu nome esteve sempre ligado a uma sensação de insegurança que obrigava a uma vigilância cuidada de todos os seus movimentos. Doors de Jim Morrison: uma forma que acaba para sossego dos tradicionalistas americanos. L.A.WOMAN: música popular que nos será sempre grato recordar.”


Passados mais de 45 anos de “L.A.Woman” e da morte de Jim Morrison, recordemos então “Hyancinth House”.



The Doors - Hyacinth House

terça-feira, 27 de setembro de 2016

The Doors - Universal Mind

The Doors, uma muito breve história

O ano de 1970 vê sair o primeiro registo ao vivo dos The Doors naquele que é considerado um dos melhores álbuns ao vivo de sempre, o duplo “Absolutely Live”.

Não é, efetivamente, fácil de encontrar melhor, sou fã indefetível deste álbum gravado em diversos concertos no conturbado ano de 1969 e ainda em 1970.
Jim Morrison dizia: “Eu provoco o caos com as palavras, os outros restabelecem a ordem com a música”, “Absolutely Live” é disso testemunho.
Por entre versões de Bo Diddley (“Who do you love”), Willie Dixon (“Back Door Man” e “Close to you”) e ainda Bertolt Brecht/Kurt Weill nessa magnífica interpretação de “Alabama Song”, a recuperação de temas já anteriormente gravados “Five to One”, “Soul Kitchen” e essa espantosa interpretação de “When the music’s over” de 16 minutos, surgem 4 inéditos “Love Hides”, “Build me a Woman”, “Universal Mind” e, pela primeira vez, a superior interpretação do épico “The Celebration of the Lizard” em 14 minutos de The Doors inigualáveis.

(No vídeo excelente versão de "Universal Mind" de mais de 8 minutos)



A seleção vai, no entanto, para a transcendente “Universal Mind”, surpreendente pela simplicidade, beleza e interpretação de Jim Morrison.

"I was doing time
In the universal mind,
I was feeling fine.
I was turning keys,
I was setting people free,
I was doing alright.

Then you came along,
With a suitcase and a song,
Turned my head around.

Now I'm so alone,
Just looking for a home
In every place I see.

I'm the freedom man.
Yeah, that's how lucky I am."



The Doors - Universal Mind

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

The Doors - Peace Frog/Blue Sunday

The Doors, uma muito breve história


O ano de 1969 foi de grande turbulência na carreia dos The Doors.
Senão vejamos:
Concerto esgotado no Madison Square Garden no início do ano, a que se seguiram as sessões de gravação de “Soft Parade “.
Jam Session conhecida por “Rock is Dead”, ou o desencanto (premonição?) de Jim Morrison com o Rock: “As long as I got breath, the death of rock is the death of me, and rock is dead!”.
Ligação ao “Living Theatre” grupo de teatro radical criticado como sendo um grupo de vagabundos em busca do paraíso.
Em Março o célebre concerto em Miami perante mais de 10 mil pessoas. Jim transpunha para o palco a experiência do “Living Theatre” e interrompia, sistematicamente, as canções para falar/provocar a audiência: “São todos um bando de escravos! O que é que vão fazer para isso acabar?” ou “Quero ver dançar, quero ver divertirem-se.”, “Não existem regras, não existem limites”. Jim é acusado de embriaguez e de comportamento “impúdico e lascivo”, “exibição das partes íntimas” e “simulação de actos de masturbação e copulação oral” (citações do livro "Jim Morrison para lá dos Doors"). O FBI emite mesmo mandato de captura e a revista “Rolling Stone” publica o famoso poster de Jim Morrison “Wanted”.





A reputação do grupo atingiu níveis muito baixos em particular na conservadora Flórida com lançamento de campanhas pela decência em diversas cidades. Em consequência concertos são cancelados por todo o país.
Termina ainda a realização do filme “Feast of Friends”.
Segue-se a edição do livro de poesia “The Lords” de Jim Morrison.
Nas montanhas da Califórnia Jim inicia as filmagens de um novo filme (HWY - An American Pastoral).
Só em Julho realizam, na cidade do México, os primeiros concertos pós-Miami.
É entretanto lançado “Soft Parade”, o 4º álbum, com violenta reação de alguma crítica pela introdução de orquestra de cordas e metais.
Iniciam, ainda em 1969, as gravações do 5º álbum de originais de nome “Morrison Hotel”.
Jim deixa crescer a barba, engorda e aumenta o consumo de álcool.

“Morrison Hotel” sai em Fevereiro de 1970. É o retorno aos Blues (“Gosto de cantar blues – esses blues profundos, longos e desenfreados, sem princípio nem fim específicos” – dizia Jim Morrison) e a um Rock mais pesado. O álbum abre com o excelente “Roadhouse Blues”.





Também por cá o álbum foi devidamente assinalado. O programa “Em Órbita” considerava “Peace Frog” entre as melhores canções do ano e lia o seguinte texto: “Os Doors continuam a compor um dos mais polémicos agrupamentos de hoje. Praticantes duma forma desencantada de música popular, amantes do desequilíbrio, da violência e da provocação, as suas criações assumem, desde os primeiros dias, as proporções dum interminável combate. “Peace Frog” é o mais representativo trabalho dos Doors do ano findo.”

“Peace Frog” seguida da muito bela “Blue Sunday” é a proposta para hoje. Para ouvir repetidas vezes.



The Doors - Peace Frog-Blue Sunday

domingo, 25 de setembro de 2016

The Doors – Shaman’s Blues

The Doors, uma muito breve história

A vida de Jim Morrison extravasava a do grupo The Doors.

Entre 1968 e 1969 publica o conjunto de poemas “The New Creatures” e “The Lords”. Em 1970 em edição de autor é publicado “An American Prayer”.
Entre 1968 e 1969 realiza vários pequenos filmes (“Feast of Friends” e “HWY- An American Pastoral”).
É no meio de toda esta actividade que The Doors gravam o 4º álbum ”Soft Parade” saído em 1969. E é o álbum que mais se afasta do som típico dos The Doors sendo por isso o disco mais criticado (em particular pelos mais puristas defensores do som dos primeiros álbuns).
Gravado com orquestra de cordas e metais, Robbie Krieger (guitarra) toma parte mais activa com alguns temas de sua autoria. Não é, no entanto, um álbum menor, pelo contrário, estamos na presença de uns The Doors em expansão das suas fronteiras (se é que elas existiam). O tema de maior êxito foi “Touch me” (de Robbie Kriger) que podemos ver em mais um excelente vídeo numa passagem dos The Doors pela TV.





O álbum retomava mais um tema de longa duração, precisamente “Soft Parade” de nove minutos que encerra o álbum, um dos melhores de sempre.
Outra faceta determinante de Jim, na escrita e nas actuações, era o seu lado místico. O xamanismo era parte integrante da sua personalidade. No culto dos Índios da América Latina, nas cerimónias religiosas onde pontifica o Xamã em estado de transe, assim se via Jim Morrison.
Os concertos eram como que a cerimónia e ele o Xamã em viagem alucinogénica. (“Is everybody in? The ceremony is about to begin”. Dizia Jim no início de “Celebration of the Lizard”.)

A escolha, do álbum “The Soft Parade”, vai para “Shaman’s Blues” onde, a certa altura e subtilmente, “and your mind” (o vosso espírito) se transforma em “and you’re mine” (e vocês pertencem-me), Jim Morrison no seu melhor.




The Doors – Shaman’s Blues

sábado, 24 de setembro de 2016

The Doors - Not to Touch the Earth

The Doors, uma muito breve história

Jim Morrison foi um bom aluno, estudou sociologia, biologia e literatura na Flórida. Em 1964 ingressa na UCLA (Universidade de Cinema de Los Angeles) para o curso de teatro e cinema. Possuia pois uma cultura literária e cinematográfica que não era comum no universo dos músicos de Rock.
Pela cultura literária, admirava Baudelaire, Aldous Huxley, William Blake, Appolinaire, Rimbaud tendo publicado vários livros, The Doors beneficiaram assim da sua poesia; da sua experiência cinematográfica, manifestava preferências por Visconti, Fellini e Godard e realizaria também vários pequenos filmes, viria a influência para as suas teatrais representações em palco.

Depois dos primeiros dois álbuns gravados em 1967 e da projecção alcançada, a expectativa em relação ao próximo álbum era grande. No primeiro álbum sobressaía o tema final, de longa duração,  “The End”, o segundo álbum terminava com 11 minutos de “When the music’s over”.
Como seria no terceiro? A ideia inicial consistia na versão musical do poema épico de Jim “The Celebration of the Lizard”, no entanto as gravações ficaram por um “demo” com mais de 17 minutos e acabou por não ser incluído.

Do terceiro álbum de 1968 de nome “Waiting for de Sun” o sucesso maior foi “Hello, I love you”, mas também “Spanish Caravan” ("Take me to Portugal, Take me to Spain" dizia Jim Morrison) ou ainda “Unknown soldier” (abordagem à guerra do Vietname, simulando Jim Morrison, em palco, um fuzilamento).

Excelente o vídeo seguinte com a performance de “Unknown Soldier”.





A escolha do 3º álbum de originais vai para “Not to Touch the Earth" uma pequena amostra do que seria a suite “The Celebration of the Lizard” que só apareceria completa no álbum ao vivo de 1970 “Absolutely Live”. Sem nenhuma música de longa duração “Waiting for de Sun” mantêm o rótulo de indispensável.




The Doors - Not to Touch the Earth

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

The Doors - Moonlight Drive

The Doors, uma muito breve história


“West Coast Sound” foi a designação que ficou para identificar a corrente musical inovadora e criativa surgida na Costa Oeste Americana, de Los Angeles a San Francisco, nos meados dos anos 60.

Grateful Dead, Love, Buffalo Springfield, Byrds e também The Doors são algumas das melhores expressões desse movimento.
Contrariando a tendência “Flower Power” da generalidade dos grupos, The Doors desenvolveram um registo mais “underground”, contra-corrente da tendência geral. Música bela mas simultaneamente angustiante; por um lado os poemas complexos de Jim Morrison, por outro a agressividade desconcertante da sua música e ainda a singularidade da sua voz (e das suas representações).
Voz grave, possante, cheia de improvisos (então praticamente inédito no contexto do Rock), seria, em muitos concertos, perturbador e dificultante na tarefa dos restantes elementos do grupo.

A história dos The Doors começou algures em 1965 quando Ray desafia Jim a cantar um dos seus poemas e ele surpreende-o com “Moonlight Drive”:
“Let’s swim to the moon 
Let’s climb throught the tide 
Penetrate the evening 
That the city sleeps to hide …” 

Ainda em 1967, depois do primeiro álbum “The Doors”, gravam o segundo, de nome “Strange Days”, e é aqui que “Moonlight Drive” aparece.
No vídeo temos The Doors ao vivo em 1968 interpretando “Moonlight Drive” .




 Desse segundo e esplêndido “Strange Days” aqui fica “Moonlight Drive”, a versão de estúdio.




The Doors - Moonlight Drive

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

The Doors - Alabama Song

The Doors, uma muito breve história

The Doors são a mítica banda dos anos 60 liderada pelo carismático Jim Morrison que todo o mundo conhece. Merecem uma abordagem mais extensa tal a importância que a banda teve e ainda hoje tem, quer em termos de influência musical, quer na figura lendária de Jim Morrison. A obra dos The Doors está praticamente toda esmiuçada, desde os discos originais, concertos ao vivo, compilações, “bootlegs”, até à descoberta das “Lost Paris Tapes” que por aí circulam, sem esquecer o infindável número de livros com todas as histórias (verdadeiras e não verdadeiras) da banda. Procurarei pois fazer a selecção de músicas que de alguma forma me pareçam menos óbvias (será possível?) e que mereçam o devido destaque. Evitarei assim temas evidentes e extensos, como “Light My Fire”, “The End”, “When The Music Is Over”, “Riders On The Storm”, “L.A. Woman” e outros, também pela sua extensão, como por exemplo esse magnífico “Celebration of the Lizard”, tema ímpar da obra dos The Doors e na realidade não tão conhecido, ou ainda “Soft Parade”.

Ray Manzarek (Teclas) e Jim Morrison (Voz) conheceram-se em 1965 como estudantes de cinema na UCLA. John Densmore (bateria) e Robbie Krieger (guitarra) eram conhecidos de Ray num centro de meditação “Maharishi”. Jim mais dado à poesia e ao teatro deu o nome ao grupo.
The Doors vem de uma frase do poeta inglês William Blake:

 “There are things that are known and things that are unknown; in between are doors”.

Ou ainda, também de William Blake:

“If the doors of perception were cleansed everything would appear to man as it is: Infinite”

O sucesso foi imediato nos Estados Unidos com razoável atraso na Europa, e claro em Portugal. Durante muitos anos The Doors foram o meu grupo preferido, até aos excessos comerciais dos anos 80 (após “Apocalypse Now” de Coppola em 1980 – Banda sonora dos The Doors) e 90 (após o filme “The Doors” de Oliver Stone em 1991). O mesmo não aconteceu, felizmente, com o interessante filme de 2010 “You're Strange: A Film About The Doors” com narracção de Johnny Depp.
Agora, passados mais de 45 anos da morte de Jim Morrison e Ray Manzarek falecido há 3, é altura de recuperarmos The Doors sobretudo naquilo que efectivamente mais interessa, a música dos The Doors e a poesia de Jim Morrison.

Do primeiro álbum “The Doors” de 1967 (um dos melhores álbuns Rock de sempre) a escolha vai para “Alabama Song” (uma das duas canções não originais). Trata-se de um tema retirado de uma ópera alemã dos anos 30 (Bertolt Brecht – Letra e Kurt Weill – Música), no vídeo “Alabama Song” cantado por Lotte Lenya (mulher de Kurt Weill).





Indispensável também vídeo ao vivo dos The Doors interpretando "Alabama Song".




Do ano mágico de 1967 segue, do primeiro álbum, "Alabama Song".




The Doors - Alabama Song

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

The Fifth Dimension - Aquarius/Let the Sunshine In

Canções que se ouviam no ano de 1969

The Fifth Dimension teriam em 1969 mais um ano repleto de sucesso. Mais um ano com canções a ficarem na história da música Pop.

Depois do sucesso de "Up, Up and Away" em 1967 e "Stoned Soul Picnic" (um tema de Laura Nyro) em 1968, o ano seguinte constituiu um dos anos em que os The Fifth Dimension atingiram maior popularidade.
Do álbum "The Age of Aquarius" saíram diversos hits, dos quais se destacaram "Wedding Bell Blues" (mais um tema de Laura Nyro) e o incontornável "Aquarius/Let the Sunshine In", que foi uma das canções mais populares em todo o mundo.





"Aquarius/Let the Sunshine In" é um medley de duas canções que faziam parte do musical Rock "Hair".  "Hair" foi uma produção musical que reflectia a contra-cultura hippie e a revolução sexual que se verificou na década de 60.
"Aquarius/Let the Sunshine In" uma das canções mais agradáveis do ano de 1969.



The Fifth Dimension - Aquarius/Let the Sunshine In

terça-feira, 20 de setembro de 2016

The Rolling Stones - Honky Tonk Women

Canções que se ouviam no ano de 1969


Como vimos foram várias as canções dos The Beatles que marcaram o ano de 1969. E em relação aos rivais The Rolling Stones como é que foi esse ano?
Se em The Beatles, que há muito tinham abandonado os palcos, era reconhecida a instabilidade criativa, nos The Rolling Stones começava, segundo alguns, o melhor período da sua carreira. Depois do bem sucedido "Beggars Banquet", editado no final do ano anterior, The Rolling Stones retomam os concertos após mais de um ano sem o fazer. A 5 de Julho, 2 dias apenas depois da morte de Brian Jones, actuam gratuitamente no "Hyde Park Festival" e em Novembro começam a tournée nos Estados Unidos, onde não actuavam desde 1965.

O Concerto de Hyde Park, que se transformou na homenagem póstuma a Brian Jones.
Em The Rolling Stones de Philippe Bas-Rabérin


Em 1969, ouvia-se e muito a música dos The Rolling Stones, "Street Fighting Man", "Sympathy For The Devil" e "Honky Tonk Women" estavam entre as mais escutadas, e o ano não terminaria sem a edição de um novo álbum "Let It Bleed", com forte retorno ao Blues, donde se destacaria "Gimme Shelter", "Midnight Rambler" e "You Can't Always Get What You Want".





"Honky Tonk Women" foi editada em Single a 4 de Julho (véspera do concerto em Hyde Park) no Reino Unido, surgindo no álbum "Let It Bleed" em versão country com o nome de "Country Honk". O grande sucesso, em Single, segue para audição, estávamos no ano de 1969.



The Rolling Stones - Honky Tonk Women

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

The Beatles - Don't Let Me Down

Canções que se ouviam no ano de 1969

Entre Singles, EP e álbuns, The Beatles foram uma constante nos Top europeus e americanos de 1963 a 1970.
No ano de 1969 foram editados os álbuns "Yellow Submarine" e "Abbey Road" (este nº 1 em todo o lado) e ainda os Singles "Get Back", "Don't Let Me Down", "The Ballad of John and Yoko" (canções não editadas em álbuns originais), "Something" e "Come Together" (do álbum "Abbey Road"). Seria ainda editado o primeiro Single da Plastic Ono Band, formação de John Lennon e Yoko Ono, "Give Peace a Chance", que se tornaria num hino anti-guerra.
Um ano eclético para The Beatles este 1969. Com desencontros evidentes e já próximos do fim, todos estes discos andaram nos Top e foram bem populares. Da excelência de "Abbey Road" para os menos conseguidos, diria mesmo sofríveis "The Ballad of John and Yoko" e "Get Back".





Em particular "Get Back" e "Don't Let Me Down" ouviam-se incessantemente, recordo-me de na praia do Areinho, em Ovar, numa Jukebox que lá havia, estas duas músicas serem passagem frequente.
A recordar os dias passados naquela praia, entre dois mergulhos e uma sande, a audição de "Don't Let Me Down".



The Beatles - Don't Let Me Down

domingo, 18 de setembro de 2016

Frank Sinatra - My Way

Canções que se ouviam no ano de 1969


No final dos anos 60 a música Pop-Rock dominava de forma esmagadora as tabelas de vendas. A música mais tradicional com origem nos standards da música americana da primeira metade do século XX estava praticamente arredada do gosto de uma juventude ávida por ritmos mais acelerados. Eram raras as excepções.

Frank Sinatra era uma delas. Em 1969, tinha largas dezenas de álbuns e Singles já editados (as primeiras gravações datam de 1939) e comete a proeza de ter uma canção 75 semanas no Top 40 do Reino Unido (recorde que segundo a Wikipédia ainda se mantêm).
Esse feito foi alcançado com a canção "My Way" que acabou por ser um dos maiores sucessos de Frank Sinatra.




Tendo sido popularizada por Frank Sinatra, "My Way" é, no entanto um original, de 1967, do francês Claude François com o título "Comme d'habitude". A letra em inglês foi escrita por Paul Anka.
"My Way" está entre as canções mais ouvidas em 1969.



Frank Sinatra - My Way

sábado, 17 de setembro de 2016

Bob Dylan - Lay Lady Lay

Canções que se ouviam no ano de 1969

Numa variação mais "country" Bob Dylan editou em 1969 o seu nono álbum de originais de nome "Nashville Skyline". Vocalmente Bob Dylan está mais soft e não tão nasalado como o é (era) habitualmente, o disco teve, genericamente, uma boa recepção da crítica e galgou aos primeiros lugares nas tabelas de vendas dos Estados Unidos e Reino Unido,

A canção que se destacou deste álbum foi "Lay Lady Lay" que muito se ouviu naqueles tempos. Terminava assim uma década em que Bob Dylan foi uma das suas maiores referências, sendo "Lay Lady Lay" a sua última canção a atingir níveis elevados de popularidade.





"Lay Lady Lay" foi uma das canções de Bob Dylan que teve mais versões destacando-se logo em 1969 a dos The Byrds e, em 1972, a de Melanie.
E é com uma certa nostalgia que recuperamos o original de Bob Dylan, "Lay Lady Lay", uma das mais ouvidas no ano de 1969.



Bob Dylan - Lay Lady Lay

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Fleetwood Mac - Albatross

Canções que se ouviam no ano de 1969

Chega de "One-Hit Wonder"  e canções "Bubblegum". O ano de 1969, como neste Regresso ao Passado já tivemos oportunidade de constatar, foi particularmente produtivo para a melhor música que então se praticava. Muitos dos grupos consagrados também tiveram lugar nos Top do ano. The Beatles e The Rolling Stones, claro, mas também os Creedence Clearwater Revival, os Peter, Paul and Mary, The Who, Jethro Tull, Simon and Garfunkel, Bob Dylan, etc. foram frequentadores daqueles lugares.

Os Fleetwood Mac não eram, em 1969, propriamente um grupo consagrado, mas sem dúvida eram já um dos melhores grupos britânicos de Blues-Rock.
Quando, em finais de 1968, foi editado o Single que continha "Albatross", o tema para hoje seleccionado, tinham já sido editados dois álbuns, alvos de reconhecido valor. "Albatross" não fazendo parte de nenhum álbum de originais será incluído na excelente colectânea, de 1969, "The Pious Bird of Good Omen".




"Albatross" é um magnífico instrumental composto por Peter Green, então principal guitarrista dos Fleetwood Mac, e foi o único Single do grupo a alcançar o primeiro lugar no Reino Unido, aconteceu durante o ano de 1969.



Fleetwood Mac - Albatross

quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Tommy Roe - Dizzy

Canções que se ouviam no ano de 1969

Tommy Roe é um cantor Pop norte-americano que teve particular sucesso nos anos 60 com canções simples e vulgares, mas eficientes ao ouvido menos exigente.

Em 1962 teria o primeiro nº 1 com "Sheila", mas o êxito maior seria em 1969 com a canção "Dizzy". Canções de gosto fácil  e que ficam de imediato no ouvido, em concreto "Dizzy", que se ouvia profusamente, tinha os ingredientes necessários para se tornar rapidamente, nos dois lados do Atlântico, no sucesso de vendas que foi.





Um género de canção que encaixa na perfeição na designação "Bubblegum Pop" ou seja a ser consumida avidamente pela adolescência e pré-adolescência (de 1969, claro).
Eis Tommy Roe e "Dizzy".




Tommy Roe - Dizzy

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Zager and Evans - In The Year 2525

Canções que se ouviam no ano de 1969

Continuamos com canções que fizeram furor no ano de 1969. Canções plenas de nostalgia independentemente da qualidade intrínseca das mesmas. Algumas de grupos dos quais nunca mais se ouvir falar, foram "maravilhas de um sucesso só" ou no dizer anglo-saxónico "One-Hit Wonder". Por exemplo, ficando somente no ano de 1969, The Archies com "Sugar, Sugar", The Thunderclap Newman com "Something In The Air" ou, a que hoje recuperamos, do duo Zager and Evans com o seu "In The Year 2525".

O ano de 1969 foi um ano em que se fez futuro, foi o ano da descida do homem na Lua, o que se reflectiu em obras musicais significativas como o álbum "To Our Children's Children's Children" dos The Moody Blues ou a canção "Space Oddity" de David Bowie. A propensão para temas futuristas era grande e o duo norte-americano Zager and Evans soube aproveitar a onda. "In The Year 2525" foi nº 1 quer nos Estados Unidos (precisamente quando três astronautas norte-americanos poisaram na Lua), quer no Reino Unido logo de seguida.





"In The Year 2525" foi, efectivamente, um grande êxito, ouvia-se em todo o lado, foi um sucesso fácil e efémero. Mas, por vezes, ainda me dou conta a contarolar "In the year 2525, if man is still alive If woman can survive, they may find...". E agora, em três minutos, recuemos a 1969 e façamos uma viagem de 2525 a 9595 com Zager and Evan.



Zager and Evans - In The Year 2525

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Thunderclap Newman - Something In The Air

Canções que se ouviam no ano de 1969

Grupos houve que surgiram, tiveram um grande êxito, e de seguida desapareceram. Foi o caso dos Tunderclap Newman. Formados em 1969, na início da década de 70 já praticamente deles não se ouvia falar.

Andy "Thunderclap" Newman (1942-2016), no piano, John "Speedy" Keen, bateria e voz, e Jimmy MucCulloch, guitarra constituíram a formação inicial dos Thunderclap Newman, a partir de ideia de Pete Townshend, dos The Who, que colaborou no grupo a tocar baixo e também como produtor.

Editaram em 1970 um único álbum de nome "Hollywood Dream" que incluía a canção que os celebrizou, "Something In The Air".

"Something In The Air" foi, no ano anterior,  um grande êxito, esteve durante 3 semanas em primeiro lugar no Reino Unido e é mais uma daquelas canções a fazer-nos reviver um período das nossas vidas em que tudo parecia mais belo e mais simples que os dias de hoje. Boa memória de 1969.





"Something In The Air" dos Thunderclap Newman, umas das mais ouvidas no ano de 1969, é um clássico da melhor música Pop então praticada, havia mesmo qualquer coisa no ar...



Thunderclap Newman - Something In The Air

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

The Youngbloods - Get Together

Canções que se ouviam no ano de 1969

Mais uma canção cheia de nostalgia que muito se ouvia no ano de 1969. Há muitos, muitos anos que não a ouvíamos, é "Get Together" do grupo novaiorquino da 2ª metade dos anos 60 The Youngbloods.

Trata-se de um original ("Let's Get Together") de Dino Valenti que teria diversas interpretações para além do próprio (de nome real Chet Powers), The Kingston Trio, Jefferson Airplane (já aqui recordada) e The Youngbloods foram algumas delas.
Já gravada em 1967 pelos The Youngbloods, é a 2ª versão, a de 1969, a mais popular de todas e é a esta que está ligada à nossa memória.




Um hino à paz e à amizade a espelhar boas memórias dos anos 60.


"Come on people now 
Smile on your brother 
Everybody get together 
Try to love one another 
Right now"



The Youngbloods - Get Together

domingo, 11 de setembro de 2016

Tommy James and The Shondells - Crimson And Clover

Canções que se ouviam no ano de 1969

Se em Inglaterra o início do ano de 1969 era ocupado pelo menos recomendável "Ob-La-Di Ob-La-Da" dos Marmalade, nos Estados Unidos o lugar cimeiro das tabelas ("Billboard") ia para uma grande canção já aqui recordada, "I Heard It Through The Grapevine" na voz de Marvin Gaye.
Marvin Gaye seria destronado por Tommy James and The Shondells e a canção que fez a delícia de muitos bailes de garagem, "Crimson And Clover".

Tommy James and The Shondells foram mais um dos muitos grupos Pop-Rock que proliferaram nos anos 60 e cujo êxito se circunscreveu a essa década. A discografia original termina precisamente em 1970. Tiveram direito a duas canções no Top One, "Hanky Panky" em 1966 e "Crimson And Clover" em 1969, o seu maior sucesso.





"Crimson and Clover" gravada em Single ainda em 1968, teve versão maior (5:26 minutos) em 1969 no álbum com o mesmo nome e é com esta última que terminamos. De notar ainda os efeitos, que a tecnologia então já permitia, na guitarra e nas vozes no final da canção. Momento repleto de nostalgia com "Crimson and Clover".



Tommy James and The Shondells - Crimson And Clover

sábado, 10 de setembro de 2016

Marmalade - Ob-La-Di Ob-La-Da

Canções que se ouviam no ano de 1969

Como sempre, as canções que mais se ouviam na rádio não eram propriamente as de melhor qualidade. Normalmente o que mais se ouve é o que mais se vende e muitas vezes o que mais se vende corresponde a critérios comerciais de gosto duvidoso.
O ano de 1969 não foi excepção. A canção que mais se terá ouvido, terá sido "Sugar, Sugar" dos americanos The Archies e a qualidade não é propriamente recomendável.
Iremos então deambular entre canções que se ouviam no ano de 1969 e que, independentemente do seu valor, de alguma forma preenchem o nosso imaginário da adolescência. Algumas de inegável qualidade, vivíamos uma época em que a qualidade e criatividade musical atingiram níveis comerciais elevados, outras claramente de gosto fácil com patamares de popularidade, e consequentemente de vendas, elevados.

E começamos por aquela que no início do ano de 1969 ocupava o 1º lugar nas tabelas do Reino Unido (tabela oficial "UK Singles Charts"): "Ob-La-Di Ob-La-Da" na versão dos escoceses Marmalade. Um bom exemplo de uma das mais fracas canções Pop de sempre, ainda por cima sendo um original dos The Beatles, a atingir níveis invejáveis de popularidade.




Dos Marmalade já tivemos oportunidade de recordar "I See The Rain" de 1967 a propósito da versão desta mesma canção pelo nosso Conjunto Hi-Fi, lembramos agora "Ob-La-Di Ob-La-Da" que foi 1º lugar, e único, no Reino Unido.
Cantarolemos.



Marmalade - Ob-La-Di Ob-La-Da

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Raimundo Jorge - No País do Sol

Continuamos no ano de 1969 com mais um nome a surgir no panorama da música de intervenção, então em claro crescimento. O nome é Raimundo Jorge e dele ficou-nos um único EP contendo quatro canções de sua autoria: "No País do Sol", "Vem ao Mar Comigo", "Canção da Folha que Cai" e "Cidadãos Honestos".




 O acompanhamento é da Orquestra de Jorge Machado e na contra-capa um pequeno texto de José Manuel Nunes (apresentador do então excelente programa na Rádio Renascença “Página Um” e mais tarde director de programas da RDP):
“Se quisermos colocar a música e a palavra de Raimundo Jorge numa das habituais prateleiras da música portuguesa depara-se-nos um problema. Existe em Raimundo Jorge seriedade e intencionalidade. Unidade entre música e palavra (o que é raro). Existe equilíbrio, atente-se em “Cidadãos honestos” agressivo e chocante e “Vem ao mar comigo” suave e conciliante. Não existe passividade nem alheamento, mas verdade, dirão, nua e crua. No fim de contas o cor-de-rosa também cansa. Um título genérico para este registo? Raimundo Jorge – preto no branco.”

A recordação vai para "No País do Sol".




Raimundo Jorge - No País do Sol

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Elisa Lisboa - Mulher Mágoa

Elisa Lisboa, actualmente com 72 anos, é uma reconhecida actriz de inúmeras telenovelas da nossa televisão.

No final da década de 60, e na década de 70 também, Elisa Lisboa experimentou a canção, da qual não se saiu nada mal. O primeiro disco é um EP, editado em 1969, com as canções "Mulher-Mágoa", "D. Quixote Já Morreu", "Tout Ne Peux Changer" e "C'est Déjà L'Automne".




"Elisa Lisboa é um caso aparte no panorama daquilo a que poderíamos chamar o lugar-comum da canção portuguesa. De facto, chega sem pressas, sem sensacionalismos de mau gosto, quase pé ante pé pela estrada do que pode acontecer, trazendo apenas o que é seu: a inteligência, a sensibilidade, o inexcedível e trabalhado bom gosto.
Filha legítima das grandes intérpretes internacionais de determinado (e determinante) tipo de canção - reconhecem-se na sua voz distantes ecos de uma Gréco, duma Amália, duma Piaff, até - é ao mesmo tempo bem filha de Lisboa: mesmo quando canta em francês, surgem na magoada cadência de sua voz inconfundível, as esquinas dramáticas duma cidade feita de claros-escuros, onde o perfil da saudade permanentemente se contrapõe à jovem brisa da saudade dum Tejo sempre novo.", texto assinado por Ary dos Santos na contra capa do primeiro EP de Elisa Lisboa.

Para audição segue "Mulher-Mágoa" uma canção de Ary dos Santos e Nuno Nazareth Fernandes com a Orquestra de Jorge Machado.



Elisa Lisboa - Mulher Mágoa

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Duo Orpheu - Criança

Entre os muitos novos nomes que o ano de 1969 viu surgir no panorama musical português é de referir ainda o Duo Orpheu.

O Duo Orpheu, constituído no ano anterior, era formado por Manuel José Soares e Vitor Leitão e eram mais uns a tentar a renovação da música ligeira. Participaram em diversos festivais , entre os quais, em 1970, o Grande Prémio TV da Canção e no Festival da Figueira da Foz.
Como Duo tiveram curta duração, gravando entre 1969 e 1971, 2 EP e 1 Single, seguindo posteriormente carreiras a solo.





 Do 1º EP, intitulado Natal, recordamos "Criança" composta por Manuel José Soares com arranjos e direcção de orquestra de Pedro Osório.



Duo Orpheu - Criança

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Daniel - Desfolhada Portuguesa

Daniel foi um baladeiro que teve alguma notoriedade no final da década de 60, início da de 70 tendo-nos deixados alguns Singles e EP gravados.
Numa toada trovadoresca, com influências Folk do outro lado do Atlântico, Joan Baez e Bob Dylan, termina carreira musical, já depois do 25 de Abril de 1974, com uma sonoridade mais Pop-Rock.

Os primeiros EP datam de 1968 e no ano seguinte participa no VI Grande Prémio TV da Canção, com a canção "Os Fios da Esperança" classificando-se num modesto 8º lugar.




Nesse mesmo ano edita mais 2 EP, sendo o primeiro designado precisamente "Grande Prémio TV da Canção de 69" onde constava, para além de "Os Fio da Esperança", a sua versão de "Desfolhada Portuguesa", a canção então vencedora do festival na voz da Simone de Oliveira.




Daniel - Desfolhada Portuguesa

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Vieira da Silva - Canção para um Povo Triste

Mais um "baladeiro" é revelado no ano de 1969: Vieira da Silva.

Nesse ano venceu o 1º Festival de Música Popular Portuguesa realizado no Casino da Figueira da Foz e no final do ano é editado o primeiro EP.
No EP constam as canções: "Canção para um povo triste", "Balada Para o Menino do Dia de Hoje", "Balada do Soldadinho" e "Auto-Retrato Para Uma Humanidade" todas assinadas por Vieira da Silva (o disco chegou a ser apreendido pela PIDE).




Na contra-capa constava o seguinte texto:
"Este é o primeiro disco de Vieira da Silva, e, no entanto, parece-nos, desnecessária a sua apresentação. Não porque o nome deste jovem estudante de Medicina, ande já por aí, de boca em boca, soprado nas trombetas do êxito, julgado nos areópagos da fama. Apesar dos seus primeiros prémios de interpretação e composição, alcançados no 1º Festival de Música Popular, o nome de Vieira da Silva pouco ou nada dirá ao grande público da música ligeira...
E, no entanto, parece-nos desnecessária a sua apresentação.
Porquê?
Porque um artista que canta, vale pelo que canta, como canta e porque canta ...
Porque o único, o autêntico cartão de visita de um artista que canta, são as suas canções...
Porque não nos parece justo colocar na apresentação de Vieira da Silva, adjectivos vazios, ocos por, inutilmente, estafados.
Quem é Vieira da Silva, o que canta, como canta e porque canta, saberá imediatamente quem escutar este artista, verdadeira afirmação de personalidade e talento de um ARTISTA."

Em 1970 participa no 2º Convívio, organizado pela revista "mundo da canção",  na Galeria Alvarez, no Porto (o primeiro tinha tido a presença de Manuel Freire). O dossier "Historial"  dos 45 anos da revista refere:
"O público encheu por completo aquele espaço de encontro e convívio e, aos 25 de Abril de 1970, a reincidência aconteceu, desta vez com canções e música de VIEIRA DA SILVA."
(mais tarde Vieira da Silva chega a ser director da revista)

Deste 1º EP, para audição, segue "Canção para um Povo Triste".



Vieira da Silva - Canção para um Povo Triste

domingo, 4 de setembro de 2016

José Mário Branco - Ai flores do verde pinho

Depois de uma passagem alargada pelo programa televisivo "Zip-Zip", ainda espaço para mais algumas canções deste significativo ano na música popular portuguesa e no Pop-Rock então em crescendo no nosso país.

Começamos com o José Mário Branco. Embora somente em 1971 tivesse uma divulgação e um reconhecimento mais alargado, datam do ano de 1969 as primeiras gravações deste invulgar cantautor português.
É em 1969 que é editado o EP "Seis Cantigas de Amigo", trata-se de um conjunto de seis canções de inspiração renascentista que José Mário Branco enviou a Fernando Lopes-Graça e que mereceu a edição em disco pelos Arquivos Sonoros Portugueses.





Michel Giacometti assina um texto na capa do EP que começa assim:
“Rompendo com uma norma que excluía do catálogo dos Arquivos Sonoros Portugueses as obras de música popular* (e durante certo tempo a qualidade nitidamente inferior dessas obras justificava, supomos, a exclusão), resolvemo-nos a publicar agora as presentes Seis Cantigas de Amigo.

Ao fazê-lo reconhecemos-lhes implicitamente as qualidades essenciais de estilo e de tom a que imediatamente se adere, assim como uma presença saudável (haurida no mais fundo da nossa tradição lírica), o que comprova da parte do Autor, no exílio, a sua fidelidade à Pátria, de que está longe. Essa fidelidade, José Mário Branco a quis exprimir numa obra que se insere muito naturalmente naquela corrente, nova entre nós, que esboça a fisionomia duma canção integrada no contexto nacional.”

“* Entendemos por música popular toda a música que, não sendo erudita nem folclórica, se identifica com os problemas da colectividade (para esclarecer, contestar ou aderir), ou procura reencontrar formas que pertencem à tradição nacional, sem prejuízo, num ou outro caso, duma qualidade artística que é a garantia mesma da sua popularização.”

 Neste disco, também com a presença de Sérgio Godinho na 2ª viola e pandeireta, são já nítidos algumas das características que viriam a inspirar a sua obra futura. Por exemplo, a música “Ma madre velida”, e que viria a dar mais tarde “Cantiga do Fogo e da Guerra”.

Com poema de D. Dinis (fonte de inspiração, também no mesmo ano, para Nuno Filipe e para a poetisa Maria Teresa Horta na canção já aqui passada "Canção à Maneira da Saudade") segue a cantiga “Ai flores do verde pinho”, era o princípio da obra de José Mário Branco.



José Mário Branco - Ai flores do verde pinho

sábado, 3 de setembro de 2016

Filarmónica Fraude - Menino

A Propósito do Programa televisivo Zip-Zip - 1969


Com estas passagens que fizemos de alguma da música portuguesa que passou pelo programa de televisão "Zip-Zip" no ano de 1969, poderá ficar a ideia, para quem não viveu esses tempos,  de se tratar de um programa normal de divulgação musical. Não é verdade.
Não só a música que nele passou não era de todo habitual num programa televisivo, como o programa era constituído por outras rubricas, como as entrevistas, não só a eminentes figuras da cultura mas também a gente do povo, como ainda as rábulas cómicas a cargo do Raul Solnado.
Foi assim possível, apesar da proibição da passagem do cantor José Afonso e da poetisa Natália Correia, tomar contacto com personalidades da nossa cultura como Almada Negreiros, Ary dos Santos, Amélia Rey Colaço, António Victorino d'Almeida, e ainda gente comum como um limpa-chaminés, o Carlos dos jornais (ardina lisboeta), o fotógrafo ambulante ou o último aguadeiro de Lisboa.

Para terminar estas recordações da música que passou pelo "Zip-Zip" guardámos a proposta mais interessante que surgiu no ano 1969, a Filarmónica Fraude.
A Filarmónica Fraude tinha um EP editado quando foi para o ar a 23 de Junho de 1969 o programa "Zip-Zip" onde participaram. José Nuno Martins, o apresentador dos momentos musicais, recorda essa passagem transcrita em "E Tudo Acabou em 69":
"... no que toca à Filarmónica que (conforme a afinação possível...) apresentou o tema «Flor de Laranjeira», creio que terá excedido as expectativas."
E, na mesma fonte, refere António Pinho, elemento da Filarmónica Fraude:
"Uma correria. Nem houve tempo de fazer uma passagem da »Flor de Laranjeira» no Villaret para ensaiar o som. Aquilo era ao vivo, e devia ter-se ensaiado num intervalo do programa. Mas houve lá qualquer trapalhada, porque levaram a alta velocidade o Solnado, que ia dar uma entrevista a fazer de Camões no respectivo largo.
Aquilo deu para ali uma confusão dos diabos. Resumindo, só sei que de repente era a nossa vez de entrar no ar, e nem ensaio de som tínhamos feito."




"Flor de Laranjeira" já foi objecto de passagem neste Regresso ao Passado, do mesmo EP escolhemos, tendo por base "Canção da Beira Baixa", a bem conhecida canção "Menino".

Finalmente alguns nomes que passaram no "Zip-Zip", e que não foram agora recordados: George Fame, Caetano Veloso e Gilberto Gil, Patxi Andión. Quem sabe, uma oportunidade para um dia voltarmos a recordar o "Zip-Zip".



Filarmónica Fraude - Menino

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Pop Five Music Incorporated - Adagio

A Propósito do Programa televisivo Zip-Zip - 1969


Os Pop Five Music Incorporated eram um grupo oriundo do Porto que existiu entre 1967 e 1972.
O repertório era predominantemente de versões dos grupos Rock de melhor gosto como The Beatles, King Crimson, Chicago, Procol Harum, The Moody Blues o que os distinguia da generalidade dos grupos Pop-Rock nacionais de gosto mais fácil, não que, nas primeiras gravações, não estivessem incluídos temas bem comerciais com "Those Were The Days" e "Ob-La-Di Ob-La-Da".

Depois da edição de 2 EP , onde constavam as canções acima referidas, respectivamente em 1968 e 1969, é editado o único LP por eles gravado de nome "A Peça".
Pelo programa "Zip-Zip", atento ao que de melhor por cá se fazia, passam os Pop Five Music Incorporated dando-se assim a conhecer a um público mais vasto.




E não avançamos mais na história dos Pop Five Music Incorporated, ficamos no ano de 1969 e no 2º EP onde fomos buscar o tema "Adagio" uma adaptação do conhecido tema do compositor barroco italiano Tomaso Albinoni (1671-1751).



Pop Five Music Incorporated - Adagio

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Sindicato - Smile

A Propósito do Programa televisivo Zip-Zip - 1969


Na sequência do êxito de grupos como os Blood, Sweat & Tears e depois os Chicago, praticantes de um Rock de fusão com o Jazz, também por cá surgiram grupos a alinharem por sons similares. Foi o caso dos Sindicato, tinham, portanto, uma secção de metais nos quais sobressaía Rui Cardoso e também o então jovem Rão Kyao, o conhecido Jorge Palma integrava o grupo cabendo-lhe teclados e voz.

Depois de, em Julho de 1969, terem participado, e ficado em 2º lugar (o 1º lugar foi para os Música Novarum) no 1º Festival de Conjuntos Pop da Costa do Sol, passam pelo programa da TV "Zip-Zip".
O "Zip-Zip" atento, para além da dominante música de intervenção, ao fenómeno Pop-Rock por cá tão mal divulgado.



Em rtp.pt

Quanto aos Sindicato será necessário esperar por 1971 para surgir a primeira e única gravação, em nome próprio. Tratou-se de um Single com as composições "Smile" e "SINDIblues Swede CATO'S Shoes". Ficamos com "Smile" um tema assinado por Jorge Palma, Ricardo Levy e Victor Mamede.



Sindicato - Smile