sexta-feira, 31 de julho de 2015

Yes - Survival

Uma das minhas primeiras preferências entre os grupos de Progressive-Rock foi para os britânicos Yes que desde muito cedo me impressionaram pela sonoridade muito própria que então evidenciavam. Temas extensos com uma textura musical complexa acrescida de uma vocalização, muito peculiar e inconfundível de Jon Anderson, em registos agudos mas sem falsete, imprimiam uma originalidade na música dos Yes que se manteve particularmente criativa até 1974.

Constituídos em 1968 por Jon Anderson (voz), Peter Banks (guitarra), Chris Squire (1948-2015) (baixo), Tony Kaye (teclados) e Bill Bruford (bateria) rapidamente se salientaram pela competência técnica que demonstravam, em 1969 gravam o primeiro álbum "Yes".


Um álbum que ainda hoje se ouve com agrado. O disco manifestava características sonoras (como em "Beyond and Before") que iriam ser desenvolvidas em discos posteriores, aproximações à música Folk e Clássica e ainda versões sofisticadas de músicas dos The Byrds e The Beatles ("Every Little Thing" e "I See You" respectivamente). "Survival", o tema que segue para audição, revela uma miscelânea de sons que vão do Jazz, ao Folk e ao Psicadélico então em voga, uma boa introdução ao som dos Yes.



Yes - Survival

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Colosseum - Walking In The Park

De Inglaterra mais um grupo formado no final dos anos 60, mais concretamente 1968, a engrossar a fileira das bandas que ficaram catalogadas no Progressive Rock, são os Colosseum.

Os Colosseum formaram-se a partir de 3 músicos oriundos dos Bluesbreakers de John Mayall: John Hiseman, baterista, Dick Heckstall-Smith, saxofone e Tony Reeves no baixo. Jim Roche na guitarra e Dave Greenslade no órgão completaram a formação inicial dos Colosseum.

O primeiro LP do grupo surge em 1969 de nome "Those Who Are About to Die Salute You" evidenciava uma sonoridade que podemos classificar de Progressive Jazz-Rock, onde as influências dos Blues também estão presentes. Foram entre os grupos Progressive, um dos menos popularizados, não atingindo o reconhecimento de outros grupos como os King Crimson ou The Nice.



Praticando um estilo de fusão, distinguiam-se facilmente de outros grupos da época, com grande liberdade de expressão e altos níveis de energia. "Walking On The Park" a faixa de abertura do primeiro álbum com um poderoso trompete é representativa da sonoridade deste disco.
Eis então "Walking In The Park" dos britânicos Colosseum.





Colosseum - Walking In The Park

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Santana - Evil Ways

O primeiro álbum dos Santana surgiu pouco depois da actuação no festival de Woodstock em 1969. Começamos desde já pela recordação de "Soul Sacrifice" na contagiante performance destes Santana cheios de Rock e de referências Latinas.



Os Santana tiveram até à data como permanência constante Carlos Santana, mexicano de origem e elemento central na sonoridade deste grupo formado em 1967 em São Francisco.
Tomei conhecimento dos Santana ao 2º álbum, o espantoso álbum "Abraxas" de 1970, foi uma das minhas primeiras aquisições e acompanhou-me em toda a minha juventude (melhor dizendo, acompanha-me até hoje pois ainda o ouço com todo o prazer). Simplesmente brutal a guitarra de Carlos Santana e as percussões de Michael Shrieve, José "Chepito" Areas e Mike Carabello. À época, um som completamente original.




Na primeira oportunidade adquiri também o primeiro álbum que não desiludiu, lá estava "Soul Sacrifice", mas também "Evil Ways" que era o tema mais conhecido. Uma capa surpreendente, caras humanas (8,9, mais?) e o corpo de uma negra formam no conjunto um leão de boca aberta.
Ficamos com "Evil Ways".



Santana - Evil Ways

terça-feira, 28 de julho de 2015

MC5 - Kick Out The Jams

Os americanos MC5 (Motor City Five) existiam desde 1964 mas só em 1969 vêm editado o primeiro álbum. Praticantes de um Rock pesado, veloz, cheio de energia como é mostrado logo no primeiro LP do grupo, um álbum gravado ao vivo (pouco usual um primeiro disco ser ao vivo).




Gravam ainda mais 2 álbuns em 1970 e 1971 e terminam no ano seguinte.
Do primeiro álbum recuperamos o tema que mais versões teve ao longo dos tempos, "Kick Out The Jams" começando pela versão ao vivo, em Chicago, do malogrado Jeff Buckley (1966-1997).





Agora, sim o original tal como aparece ao vivo no primeiro álbum, igualmente intitulado "Kick Out The Jams", dos MC5.



MC5 - Kick Out The Jams

segunda-feira, 27 de julho de 2015

The Stooges - 1969


The Stooges, na sua origem, foram um grupo pouco conhecido.
O período de 1967 a 1974 constituiu a primeira fase deste grupo para muitos tido como percursor do Punk-Rock. Dos The Stooges emergiu Iggy Pop figura incontornável da história da música Rock.



Tive oportunidade de ver Iggy Pop na sua primeira passagem por Portugal, foi a 25 de Junho de 1981 no Pavilhão Infante Sagres (como é que era possível efectuarem-se concertos neste pavilhão com tão más condições acústicas?) no Porto. De tronco nu, como sempre, num concerto a transbordar  energia, na altura ficou-me a ideia de já estar a viver de êxitos passados. Vejo agora que, puro engano, muito teria para dar ao Rock, ele ainda aí anda, já com os seus 68 anos.

Muitos anos depois, movimento Punk já passado há muito, uma carreira a solo cheia de vitalidade e vários álbuns de efectivo interesse, eis o retorno dos The Stooges em 2003, sendo Iggy Pop o único sobrevivente da formação inicial.
Agora é tempo de  voltar aos The Stooges iniciais, ao primeiro álbum do grupo, e de dar conta de quão deslocados estavam em relação à generalidade da produção musical daquela época.
A escolha vai directa para a faixa de abertura "1969" o ano da gravação e edição do álbum.



The Stooges - 1969

domingo, 26 de julho de 2015

Chicago - Does Anybody Really Know What Time It Is?

Formados no mesmo ano dos Blood, Sweat and Tears (1967), rivalizaram com eles em popularidade nos finais da década de 60 início da de 70, vinham de Chicago e adoptaram o nome da cidade, eram os Chicago (no primeiro álbum denominaram-se Chicago Transit Authority). Tal como aqueles enveredaram pela fusão do Rock e o Jazz construindo uma sonoridade que iria agradar a multidões. O livro "POPMUSIC-ROCK", ao considerarem o êxito dos Chicago até 1971, justificavam-no assim:
"Receita infantil: permitir o reconhecimento dum rock tradicional integrando-lhe uma sonoridade «nova» obtida por repetição de figuras decalcadas do jazz mais conformista."

Bom, na verdade, no curto espaço de 3 anos, em 3 duplos LP e uma caixa de 4 LP, ninguém ficou insensível  a estes 7 músicos e à sua música multifacetada, Rock, Pop, Jazz, Música Clássica de tudo um pouco. A partir de 1972 optaram por uma sonoridade mais comercial, com algumas baladas de sucesso como "If You Leave Me Now", continuando até aos nossos dias, já vão no álbum XXXVI.




Do primeiro duplo álbum, gravado e editado em 1969 ficamos com a faixa "Does Anybody Really Know What Time It Is?" editada em Single somente em 1970 após o êxito do segundo duplo álbum do grupo.



Chicago - Does Anybody Really Know What Time It Is?

sábado, 25 de julho de 2015

The Flock - Tired Of Waiting

Não tiveram o sucesso de outros grupos de fusão Jazz-Rock como os Blood, Sweat and Tears ou os Chicago, optaram por uma sonoridade menos convencional, foram inovadores ao introduzir o violino como instrumento solista em substituição da usual guitarra. Falamos da banda norte-americana The Flock.
Editam em 1969 um promissor 1º álbum composto por 5 originais mais uma versão de "Tired Of Waiting" dos britânicos Kinks. São elogiados por John Mayall, que nas notas da contra-capa do disco escreve: "I got close to going berserk over their prodigious and varied musical talent, as a whole and individually" e "The Flock was the best band I'd heard in America".



Depois da gravação do 2º álbum, "Dinosaur Swamps", em 1970, Jerry Goodman, o violinista, ingressa no projecto fusionista Mahavishnu Orchestra, do guitarrista John McLaughlin, onde se manteve até 1973.

Recuperamos, do primeiro e homónimo álbum , a vibrante versão de "Tired Of Waiting", o hit dos Kinks de 1965. Aqui vai.



The Flock - Tired Of Waiting

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Superstars - Andy Warhol e os Velvet Underground

Nº 22 da colecção Rei Lagarto "Superstars - Andy Warhol e os Velvet Underground" é uma edição da Assírio & Alvim de 1992, com tradução, actualização e anexos de João Lisboa.


É constituído por três partes, "Heróis" uma entrevista de Christian Fevret aos elementos do grupo, "Dicionário" tudo de A a Z sobre The Velvet Underground e Anexos organizados por João Lisboa.

"Perante a fuga à agonia urbana reivindicada pelo movimento hippie, os Velvet Underground davam mais importância às grandes cidades, optando por enfrentá-las a partir do interior e esgrimindo as mesmas armas: o ruído anárquico do grupo frente ao ruído atroador das urbes. Eles eram Nova Iorque, eram o reflexo das suas ruas e das suas gentes, chegando a encarnar o mais duro e puro som da metrópole de forma obsessiva e autodestrutiva." na entrada Urbanos da letra U.

The Velvet Underground - All Tomorrow's Parties

Talvez o grupo com menos popularidade e o que se revelou mais importante na história do Rock: The Velvet Underground.

Formados por Lou Reed (1942-2013), John Cale, Sterling Morrison (1942-1995) e Maureen Tucker dão o primeiro concerto como The Velvet Underground a 11 de Novembro de 1965.
The Velvet Underground foi a primeira e a melhor banda de Rock de vanguarda.
O termo vanguarda, tantas vezes mal utilizado, aplica-se aqui justamente, o som praticado era único e explorava caminhos até então inéditos no Rock. Desalinhados com a música psicadélica dominante oriunda da West Cost, não são reconhecidos no seu tempo (1965-1971) mas são das bandas mais influentes nas gerações seguintes.
Andy Warhol, o artista plástico da Pop-Art, apadrinha-os e produz o primeiro álbum do grupo. Também impõe Nico (1938-1988) em três faixas do disco e o famoso álbum da "banana" (capa desenhada por Andy Warhol) editado em 1967 vai designar-se "The Velvet Underground and Nico".


Deste álbum verdadeiramente histórico ficamos com "All Tomorrow's Parties", escrita por Lou Reed, interpretada por Nico, inspirada no ambiente que se vivia na Factory, o estúdio de Andy Warhol.

"Nos anos 60 toda a gente se interessava por toda a gente. A contracultura, a subcultura, a pop, as superstars, a droga, as luzes, as discotecas. Havia sempre uma festa algures: numa cave, num sótão, num autocarro ou no metro. Se não era num barco, era na estátua da Liberdade. Os anos 60 eram a balbúrdia. E os Velvets cantavam All Tomorrow's Parties." Andy Warhol em "Superstars - Andy Warhol e os Velvet Underground".



The Velvet Underground - All Tomorrow's Parties

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Blitz nº38 de 23 de Julho de 1985

Jornal "Blitz"

Mais um nº do jornal Blitz que saiu há 30 anos.
Na capa uma fotografia de Paul Weller dos The Style Council então no auge na popularidade. Depois do êxito com The Jam era a vez, antes de início da carreira a solo, dos The Style Council. Nunca teve o reconhecimento internacional que teve em Inglaterra.


- Páginas 2 e 3 com pequenas pouco interessantes notícias, sobra a fofoquice sobre o Live-Aid ocorrido a 13 de Julho de 1985. Os The Who que quiseram meia-hora para ensaiar, Paul McCartney que se queixou do som, Julian Lennon que cancelou a actuação, etc., etc..
- Página 4 quase toda com um anúncio da Rádio Comercial, pequenas notícias sobre a Rádio Live Almada e Rádio Portugal. Ainda o bar Jamaica em Rondas Nocturnas.
- Página 5 é-nos apresentado os «Lone Justice - Uma nova estrela no céu da Califórnia». O elogio do primeiro álbum "Lone Justice" saído em 1985 e a revelação de Maria McKee.
- Página 6 com 3 artigos sobre o Live-Aid, um dos quais sobre a transmissão da RTP, "A vergonhosa RTP...", "Os comentáios idiotas foram às centenas, as intervenções, durante a actuação de quase todos os grupos, despropositadas, e os pensamentos cretinos, em voz alta, sem conta possível".
- Página 7 dedicada aos The Style Council a propósito da edição em Portugal do excelente "Our Favorite Shop".
- Páginas centrais, muitas fotografias, pouco texto, são os Geneis - A imagem de um Concerto.
- Página 10, Busca no Sótão recupera a propósito do Live-Aid os Crosby, Stills, Nash & Young, dez anos depois.
- Página 11, mais Pregões e Declarações.
- Página 12, João Pinheiro de Almeida assina Blitzpectrum, os jogos na Playstation da época, o Spectrum.
- Página 13, recupera-se, muito bem, Yves Montand - Um senhor do palco.
- Página 14, a análise de um disco dos desconhecidos Woodentops e a escolha do Blitz com aos discos editados naquela semana. Como o jornal reconhece "Nos álbuns a semana é relativamente falha de interesse".  Fica o Maxi-Single de David Bowie "Loving The Alien".
- Página 15 e os Top da semana. Em Portugal "We Are the World" mantem-se em primeiro lugar nos Singles e nos LP "Brothers In Arms" dos já menos interessantes Dire Straits a entrar directamente para o primeiro lugar. Nos EUA são os Tears For Fears a manter o primeiro lugar nos LP enquanto na Grã-Bretanha Bruce Sprinsgteen mantinha igualmente o primeiro lugar com "Born In USA" (isto não devia ser ao contrário?).
- Página 16, conversa com João Peste, Causas e efeitos de ser Pop Dell'Arte: "A minha atitude dentro do grupo é um tanto semelhante à dos futuristas do princípio do século. É como se lutasse contra uma certa apatia estável, mas lutando sem saber em nome de quê."

Creedence Clearwater Revival - Susie Q

Se em Inglaterra a segunda metade da década de 60 viu surgir grupos tão significativos como The Moody Blues, Jethro Tull, Led Zeppelin, King Crimson, The Nice ou os Yes, todos a ficarem conotados ao British Progressive Rock, nos Estados Unidos,  o Folk-Rock e o Jazz-rock eram as sonoridades preponderantes, Bob Dylan, The Band, Crosby, Stills & Nash, Blood, Sweat and Tears e Chicago são alguns bons exemplos.

No entanto, outros grupos surgiram noutras fronteiras do Rock, a música pesada dos Mountain, o experimentalismo dos The Flock, a inspiração afro-cubana dos Santana, o Hard Rock dos MC5Steppenwolf, o protopunk dos The Stooges, o vanguardismo dos The Velvet Underground ou a música de fusão de Frank Zappa. Ou ainda o Blues Rock comercial dos Creedence Clearwater Revival. É com estes que ficamos.

Os Creedence Clearwater Revival, também conhecidos por CCR, por simplificação, existiram no período de 1967-1972, tornaram-se particularmente populares e granjearam a simpatia de público muito variado, deixaram-nos 7 álbuns de originais.
O sucesso chegou logo em 1968 com a edição do primeiro álbum com o mesmo nome do grupo.


Neste álbum inicial carregado de Blues destacava-se John Fogerty, vocalista e guitarrista do grupo que se manteve após o fim dos CCR com carreira a solo que se prolonga até aos nossos dias.
Deste primeiro álbum seleciono "Susie Q", um original de Dale Hawkins dos anos 50, aqui numa versão de 8 minutos que tanto ouvimos na nossa juventude, a lembrar os bailes de finalistas dos anos 60.



Creedence Clearwater Revival - Susie Q

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Gonçalo Lucena & Conjunto Nova Onda - Porque Não Vens Dançar

Consta que eram mais de 300 os conjuntos de Pop-Rock, em Portugal, no início da década de 60. Mais de música ligeira ou “conjuntos modernos”, diria eu, pois aqueles cuja sonoridade mais se aproximava do Rock’n’Roll poucos haveriam de ser. E mesmo estes faziam, genericamente, versões modernas de temas tradicionais e populares, ou então versões de êxitos internacionais muitas das vezes adaptados à língua portuguesa.

Gonçalo Lucena e Conjunto Nova Onda foi um desses conjuntos. Formados no final da década de 50, seria no ano de 1963 que deixariam para os anos vindouros a gravação única de um EP.
Gonçalo Lucena viria a ser muito popular na década de 70 como concorrente no concurso “A Visita da Cornélia”. Lembram-se? Luís Waddington, viola-solo do grupo é pai da estrela pop Jay Kay, lider dos Jamiroquai.



O disco é composto por um “Twist” versão portuguesa de “Do You Want to Dance”, um “Rumba Rock” de nome “Vendaval”, um original de Tony de Matos, e ainda um “Madison” e o instrumental, em estilo “Slow Rock”, “Solidão”, na linha da influência dos lendários The Shadows.
Os Onda Nova foram mesmo um dos primeiros conjuntos portugueses a adoptar a sonoridade dos The Shadows, e estariam na origem do bem popular Conjunto Mistério.
Para audição segue “Porque Não vens Dançar”, versão portuguesa de “Do You Want to Dance”, porque não?



Gonçalo Lucena & Conjunto Nova Onda - Porque Não Vens Dançar

terça-feira, 21 de julho de 2015

Walter Behrend e o seu Conjunto - Petite Fleur

Já recordámos “Petite Fleur” na interpretação de Bert Weedon. Desconhecia qualquer versão portuguesa para "Petite Fleur". Até que, de recuo, em recuo, à procura dos primeiros sons pop-rock feitos em Portugal, acabei por descobrir a dita versão, foi no ano de 1960.

Já referi o EP “Os Caloiros da Canção” de 1960, gravado a meias pelo Daniel Bacelar e Os Conchas, como o primeiro disco de Rock'n’roll português. Também já fiz eco da prensagem de 2 Singles em 1959 pelo Joaquim Costa, o Elvis de Campolide, com as canções “Rip It Up” e “Tutti Frutti”. Continuando a recuar já descobrimos Shegundo Galarza & Seu Conjunto e o tema “Rock And Roll - Ritmo Sobre Teclas” de 1956 e ainda o Conjunto Jorge Machado e o seu “Rock'N'Roll Rag “ também de 1956.
Outras referências obrigatórias são Pedro Osório e o Seu Conjunto (1958-Porto) e também, pese não ter deixado nenhum registo gravado, os Babies de José Cid formados em 1957 em Coimbra. Uma pesquisa mais cuidada e aparecem outras referências primordiais da nova música em Portugal, como por exemplo Toni Hernandez e o Seu Conjunto ou, a escolha para hoje, Walter Behrend e o Seu Conjunto.
Em relação a este último refere a Wikipédia:
“Freitas Morna conhece Heinz Worner, grande tocador de acordeão e Walter Behrend que nesse mesmo ano de 1955 cria o primeiro conjunto rock de que há memória em Portugal o "Walter Behrend e o seu conjunto" ensaiando numa cave na Rua António Patrício (Porto) que era frequentada por estudantes daquela época.”

Para já, até novas descobertas, fiquemos por aqui: “Walter Behrend e o Seu Conjunto”, primeiro conjunto rock formado em 1955.
No Ep “Dance com” de 1960 podia-se ler na contra-capa:
“Na composição deste disco, que dedicamos especialmente aos amadores dos modernos ritmos de baile, houve o cuidado de, a par de escolha criteriosa dos trechos de sucesso, preparar uma selecção que traduzisse variedade, que é tão de agrado do discófilo. … Para quem tem ouvido ou dançado embalado ao sabor da música interpretada por este Conjunto, uma faceta salta logo à vista: além da música que executam num estilo muito pessoal, inconfundível, emprestam uma vivacidade e uma alegria contagiantes a quantos os escutam ou aplaudem em presença, seja através da Rádio, seja num Club Nocturno ou na TV.”

Este EP é constituído por 4 faixas a saber: Marina / De degrau em degrau / Petite fleur / Eu tenho uma boneca.


Uma das capas que o EP teve.
Um bem conhecido lugar do Porto.

Facilmente se constata que, na realidade, Walter Behrend e o seu Conjunto era mais um conjunto de baile género Marino Marini (músico italiano muito popular na década de 50) do que propriamente um “conjunto rock”, pelo menos nesta altura. A escolha vai para a faixa mais interessante a já eleita “Petite Fleur” (recordemos, um original de Sidney Bechet que já aqui evoquei na interpretação de Bert Weedon).



Walter Behrend e o seu Conjunto - Petite Fleur

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Toni Hernandez e o Seu Conjunto - Só Tu

É sabido que Portugal tomou contacto com Rock’n’Roll não através dos discos mas através do cinema. Foram filmes como “Uma Rapariga com Sorte” e “O Ritmo do Século”, no original “Rock Around the Clock”, de 1956, que deram a conhecer os novos ritmos, danças e o crescente protagonismo da juventude no outro lado do Atlântico.

No lado de cá “O Diário Popular” (de acordo com o Blog Ié-Ié) relatava assim o ambiente a propósito da exibição de “O Ritmo do Século”:
“O filme causou verdadeira revolução nos nervos dos espectadores - alguns dos quais, mais exuberantes, chegaram a dançar nos corredores durante o intervalo - facto talvez único nos anais do cinema Capitólio!”

e ainda
“A sala encheu-se de ponta a ponta e o "calor" da euforia era tanto que, permanentemente, se deixava de ouvir a música para se ouvirem palmas, assobios e gritinhos... Vá lá que as cadeiras ficaram direitas...”

 Apontado como um dos pioneiros do Rock’n’Roll em Portugal Toni Hernandez e o Seu Conjunto foi um grupo musical do final dos anos 50, início dos anos 60. No entanto, a audição de “Toni Hernandez …” pouco o remete para o Rock’n’Roll pese a versão desenxabida de “Oh Carol” ou ainda um tresloucado “Baby Rock”. Era nitidamente um conjunto de baile com fortes influências latinas em particular do italiano Marino Marini que tanto se ouvia naqueles tempos. A escolha de uma música não foi fácil, dada a banalidade e monotonia das músicas gravadas. Até que acabei por ceder em “Só Tu” designado por bolero-rock que farão recuar os mais velhos para os salões de dança da década de 50.


 “Só Tu” aparece no que julgo ser o 2º EP de “Toni Hernandez e o seu conjunto” datado de 1960. Também, sem certezas, penso que estamos na presença de mais um grupo do Porto. E assim, timidamente, o Rock’n’Roll dava os primeiros passos no nosso país.



Toni Hernandez e o seu Conjunto - Só Tu

domingo, 19 de julho de 2015

Conjunto José Nóvoa - The House Of The Rising Sun

“The House Of The Rising Sun” é uma canção americana de origem e data incerta. Das inúmeras versões (de Bob Dylan a Jimi Hendrix) a que alcançou maior êxito foi, sem dúvida, a gravada pelo grupo The Animals em 1964.

No vídeo podemos recordar “The House Of The Rising Sun” no “original” dos The Animals de Eric Burdon (voz) e Alan Price (órgão) (que pirosos! diríamos hoje).



"The House Of The Rising Sun" ouviu-se por toda a década de 60, foi um enorme sucesso em todo o lado e cá também.
Ignorava qualquer versão portuguesa até descobrir, do mesmo ano de 1964, uma versão de um conjunto, que também desconhecia, de nome José Nóvoa. As expectativas eram baixas, mas fui completamente surpreendido ao ouvir “The House Of The Rising Sun” por este Conjunto José Nóvoa numa versão de mais de cinco minutos (julgo, naquela época, completamente original um tema com esta duração). Uma interpretação muito minimal, despida de adornos desnecessários, diria muito avançada, em 1964, para o nosso burgo.
O texto da contracapa reza assim:
"O Conjunto de José Nóvoa com menos de três anos de existência, atingiu já um lugar de destaque no panorama musical português. Com este seu primeiro disco, consequência lógica do êxito, já alcançado, esperamos ir de encontro aos desejos dos seus inúmeros admiradores. É composto por seis jovens entusiastas, que fazendo da música um passatempo, se dedicam a ela de corpo e alma. José Nóvoa é o pianista e toca vibrafone e órgão electrónico; Rui Teixeira, o vibrafonista; Jorge Ferreira é o vocalista e toca viola-baixo; Aníbal Remo toca viola eléctrica e flauta; Tude Portugal é o viola-baixo e canta algumas canções; Dário Alves é o baterista.”

Ah!, é verdade o Conjunto José Nóvoa era do Porto e parece que faziam as praias do norte e ainda bailes de finalistas.



Conjunto José Nóvoa - The House Of The Rising Sun

sábado, 18 de julho de 2015

Teresa Paula Brito - Verdes Anos

Teresa Paula Brito, um nome relativamente pouco conhecido e praticamente esquecido.

Já por aqui passou na abordagem ao duo The Strollers, com o José Duarte, em 1967. No entanto, a sua obra espalha-se de uma forma ziguezagueante (ou seja coisas boas e menos boas, desde Festivais da Canção a colaborações com Carlos Paredes ou José Afonso) por toda a década de 60 e a primeira metade de 70. Depois de um EP gravado em 1962, merece destaque e é a escolha de hoje, a interpretação, no ano seguinte, do tema, com o mesmo nome, do filme “Verdes Anos” (felizmente agora disponível em DVD, à semelhança de "Mudar de Vida" do mesmo realizador) de Paulo Rocha, no original de Carlos Paredes.
No vídeo temos a sequência do filme onde a música de fundo é a interpretação de “Verdes anos” por Teresa Paula Brito.


 (cena do sobrinho, recém chegado a Lisboa, de profissão sapateiro com a criada que entretanto conhece)

Em 1968 no EP “Canções para Fim de Noite” está incluído o tema de hoje “Verdes Anos”.

Em 1971 dizia Teresa Paula Brito ao jornal “DISCO MÚSICA & MODA”:
Se tivesse nascido nos Estados Unidos teria sido cantora de Jazz”.

Mas cá nasceu e viveu. Falecida em 2003, é mais uma a ficar, naquilo que o país é pródigo, esquecida.
Segue “Verdes Anos”.



Teresa Paula Brito - Verdes Anos

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Memórias do Rock Português

"Memórias do Rock Português" é um livro de Aristides Duarte cuja 3ª edição, revista e actualizada, data de Fevereiro de 2007. Em edição de autor, Aristide Duarte faz uma interessante resenha do chamado Rock Português dos primórdios à actualidade, seguida da biografia de alguns significativos grupos e artistas, continua com informação variada, memorabilia, discografia básica, melhores discos de música portuguesa nos anos de 1999 a 2003, etc..

 
A leitura do livro foi-me suscitando algumas dúvidas e tive a oportunidade de em 2010, via mail, o questionar, mantendo uma interessante troca de impressões. Fausto  e o conjunto Rebeldes de Moçambique, a popularidade dos Jotta Herre, a música de intervenção no final do PREC, a qualidade da música dos portugueses Croix Sainte, etc., etc. foram objecto de troca de opiniões. É mesmo assim, ainda bem que há quem pela escrita mantenha viva a história de parte importante da música portuguesa: o Rock Português (ou feito em Portugal?).
 
 


Os Tártaros - Tartária

Um dos conjuntos com maior destaque, a ganhar popularidade notória em 1964, e oriundo do Porto foi o conjunto Os Tártaros.
Com uma sonoridade muito “Shadowsiana” gravaram 4 EP com adaptações de temas populares, por vezes pouco felizes, mas também alguns originais, mais agradáveis. Na sua discografia aparecem tangos, valsas, “shakes”, “twist”, “surf”, enfim, as variantes mais populares da época.
Aristides Duarte no livro "Memórias do Rock Português" sobre Os Tártaros refere:
"Numa época em que o Rock português se reduzia a uma meia dúzia de grupos que existiam no Porto e em Lisboa, quando as condições técnicas deixavam muito a desejar e o Rock (ou "yé yé") não era muito bem visto por uma certa camada de público mais idoso, os Tártaros deram cartas e foram dos poucos que conseguiram alguma notoriedade."



Depois de já os termos recordado em adaptações, “Oh! Rosa arredonda a saia” e “Valsa da Meia-Noite”, é agora a vez de um original. Entre estes, logo no primeiro EP (com vendas a atingir as 2000 cópias, de acordo com o blog "Música Eléctrica a Preto e Branco") de 1964, aparece um dos temas mais interessantes de nome “Tartária”, que se tornou uma espécie de hino do conjunto.

António Duarte no livro "A Arte Eléctrica de Ser Português - 25 Anos de Rock'n'Portugal" considera “Tartária” como “o “twist” mais “speedado” do rock português”. “Tartária” é uma boa oportunidade para pôr todo o corpo a mexer e reviver velhos tempos. Recordar é viver. Do melhor feito por cá, na primeira metade da década de 60, segue a bem agitada “Tartária”.



Os Tártaros - Tartária

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Conjunto Académico João Paulo - Hully Gully do Montanhês

Mais um Regresso ao Passado à música Pop feita em Portugal nos anos 60, de novo ao Conjunto Académico João Paulo.
Pela extensão e diversidade da obra deixada pelo Conjunto Académico João Paulo ficam justificados múltiplos retornos a este popular conjunto dos anos 60. Possuidores de uma larga (pouco vulgar) discografia efectuaram gravações regularmente entre 1964 e 1972. Também passaram com frequência na RTP, talvez porque, como dizia Henrique Mendes na contra-capa do 1º EP do grupo em 1964:
“Não usam gritos; não partem microfones; cortam o cabelo; vestem bem.”

Nem sempre primaram pela qualidade, muitas vezes próximo do popularucho, nem sempre se evidenciaram pela originalidade, muitas vezes versões fáceis de músicas inglesas, francesas ou italianas. Outras vezes arriscaram, relativamente bem, em originais, ex: “Milena (a da Praia)” e “Hully Gully do Montanhês”.



Ficamos pois com “Hully Gully do Montanhês” (do 3º EP “+1DISCO=4SUCESSOS” de 1965) e, não é demais dizê-lo, a bonita voz que Sérgio Borges tinha.



Conjunto Académico João Paulo - Hully Gully do Montanhês

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Os Conchas - Poesia em Movimento

Recuemos 55 anos. Exactamente, estamos em 1960. Um ainda pouco conhecido cantor americano, Johnny Tillotson, numa sonoridade claramente anos 50, grava uma canção que seria grande sucesso: “Poetry in Motion”.




Em Janeiro de 1961 era nº 1 em Inglaterra. Ainda no mesmo ano (isto é que era estar atento!) o duo Os Conchas (e mais um regresso a este duo, então considerado os Everly Brothers portugueses) fizeram a sua versão de “Poetry in Motion” que sai no já 3º EP. No lado B aí está “Poesia em Movimento”. O duo Os Concha durou até 1964, José Manuel Concha continuou carreira a solo, do Pop-Rock à música ligeira terminando na música pimba, eis o seu percurso.

E agora, aí está “Poesia em Movimento”.



Os Conchas - Poesia em movimento

terça-feira, 14 de julho de 2015

Conjunto Mistério - Sem Ti Não Sei Viver

Continuamos no ano de 1963, agora com o Conjunto Mistério.

Do Conjunto Mistério já recordámos “Tired of Waiting For You”, “Chapéu Preto”, “America” e “Goodbye my Love”. Nos 2 primeiros EP o Conjunto servia de suporte ao então conceituado Fernando Concha (do duo Os Conchas).
Na contra-capa do 1º EP constava o seguinte texto:

“Seleccionado entre 19 conjuntos de características similares o «CONJUNTO MISTÉRIO» obteve num concurso realizado pelo Cinema Roma o prémio especial de uma viagem a Londres a fim de os seus componentes serem apresentados aos fabulosos «SHADOWS». No regresso de Londres esperava-os ainda outro prémio e este de valor incalculável a gravação de um disco comercial. Ei-lo que aqui está, pronto a girar no vosso pick-up e a demonstrar-vos o bom nível atingido por esta mão cheia de jovens músicos amadores que acompanham de forma brilhante um nome já conhecido: FERNANDO CONCHA”

Este primeiro EP, gravado em 1963, incluía uma versão de "I'll Get You", original do mesmo ano, dos The Beatles, aqui com o nome “Sem Ti Não Sei Viver”.
“I'll Get You” era o lado B do single “She Loves You” e não chegou a ser incluído em nenhum álbum oficial dos The Beatles até aparecer na colectânea “Past Masters” de 1988.



Se o original não é de primeira água, que dizer desta versão? “Sem Ti Não Sei Viver”, era o Conjunto Mistério e segue para audição. E já lá vão mais de 50 anos.



Conjunto Mistério - Sem Ti Não Sei Viver

segunda-feira, 13 de julho de 2015

Mário Simões e seu Quarteto Apresentando Carlos do Carmo – Loucura

Antes da década de 60 a cena musical portuguesa era dominada pelo fado doentio e o nacional-cançonetismo mofoso; a década de 60 vê surgir o twist, o Ié-Ié e a música pop; a de 70 é a da consagração da música popular portuguesa; a década de 80 é inundada pelo chamado “rock português”; os anos 90 são da geração do hip-hop; o novo milénio é, até agora, de domínio absoluto do novo fado e o regresso da música pop.

O ano de 2012 vê mesmo surgir o único e inclassificável “DESFADO” de Ana Moura (“DESFADO” é fado?). “DESFADO” é um prazer enorme, é um ponto alto da música popular portuguesa. Não sendo grande admirador do fado, mas mantendo alguma curiosidade aqui ou acolá, que é como quem diz, no fado (de Coimbra) de José Afonso e Adriano Correia de Oliveira, uma ou outra incursão de José Mário Branco pelo dito, pelas novas abordagens que Carlos do Carmo sempre expressou (em particular no álbum “Um Homem na Cidade” de 1977), ou ainda o agradável surgimento de um Camané, Ana Moura e o seu “DESFADO” é de rendição incondicional. Mas não é com este “DESFADO” que vamos ficar, senão era mais um Regresso ao Futuro que ao Passado, fica a sua recomendação.

A curiosidade levou-me a pesquisar Carlos do Carmo que já fez mais de 50 anos de carreira e conduziu-me ao que julgo ser a sua primeira gravação. A gravação é um EP de Mário Simões e seu quarteto de 1963 e entre um calipso, um samba bossa nova e um twist, aparece um fado denominado “Loucura”.


 Então, aqui vai, “Mário Simões e seu quarteto apresentando Carlos do Carmo” e o fado “Loucura”.



Mário Simões e seu Quarteto Apresentando Carlos do Carmo – Loucura

domingo, 12 de julho de 2015

Night Stars- Babichon

Agora alguma da música Pop que por cá (ex-colónias incluídas) se fazia na primeira metade da década de 60.

De Moçambique, cantado em francês e português, com influências americanas tipo Neil Sedaka, aqui vão pela segunda vez os Night Stars. Depois de em 1964 terem gravado um 1º EP surge no ano seguinte nova oportunidade de gravação nos estúdios do Rádio Clube de Moçambique, com o patrocínio da Discoteca da Companhia Ultramarina de Comércio Lda., em Lourenço Marques.


O primeiro tema dá pelo nome de “Babichon” e é o que vamos recordar. Como era habitual as contra-capas reproduziam pequenos textos, que, normalmente, eram verdadeiras “pérolas”. Lia-se, então:

“Acompanhando o ritmo inebriante da música moderna, o CONJUNTO "NIGHT STARS" soube impor-se, conquistando um público vasto entre os apreciadores de ritmos modernos, que guindou aos lugares cimeiros dos conjuntos MOÇAMBICANOS.
A comprová-lo, inúmeras actuações tanto na Capital de Moçambique, como em toda a província e, como consagração máxima, a exigência do público da sua segunda gravação comercial.
Decerto Você gostará deste disco, não só pela selecção dos números nele apresentados, mais ainda, porque lhes é dado apreciar cinco jovens pertencentes à chamada NOVA VAGA DE RITMO, em excelente actuação.
Eis pois uma razão poderosa, para que este disco não falte na sua discoteca.”

Depois de tomar os devidos cuidados de forma a não se ficar "inebriado" com esta “Nova Vaga de Ritmo”, eis "Babichon" pelo Conjunto Night Stars.


Night Stars- Babichon

sábado, 11 de julho de 2015

Deep Purple - Hush

Formados em 1968 em Inglaterra, no mesmo ano dos King Crimson e dos Led Zeppelin, os Deep Purple, cujo sucesso não foi inferior ao daqueles, enveredaram de imediato por um som pesado, menos original e mais comercial que, por exemplo, os Led Zeppelin.
Com algumas variações na sua formação mantêm-se ainda hoje com alguns dos músicos que constituíram os Deep Purple na sua fase de maior sucesso, início dos anos 70. Ian Gillan, Ian Paice e Roger Glove ainda por lá andam, John Lord, organista e o músico mais influente no grupo faleceu em 2012.



Apontados como um dos grupos pioneiros do Hard Rock e Heavy Metal, conjuntamente com os Led Zeppelin e Black Sabath, fizeram escola naqueles géneros musicais influenciando muitos grupos como os Mettalica, Aerosmith, Bom Jovi ou Motorhead.
O primeiro álbum "Shades Of Deep Purple" surge logo no primeiro ano de actividade. Deste álbum saiu o primeiro Single a atingir algum êxito nos Estados Unidos, "Hush" era a canção, um original do músico americano Joe South.



Deep Purple - Hush

sexta-feira, 10 de julho de 2015

King Crimson - 21st Century Schizoid Man

Foram diversas as formações que os King Crimson tomaram desde o seu início, no ido ano de 1968, até aos nossos dias. Como elemento permanente, o seu mentor, Robert Fripp (guitarra).
Da primeira formação dos King Crimson fizeram também parte Greg Lake (voz e baixo, mais tarde dos Emerson, Lake and Palmer), Michael Giles (bateria), Ian McDonald (sopros e teclados) e Peter Sinfield (letras).
As primeiras actuações do grupo datam de 1969 e antes do final do ano era editado o primeiro álbum de nome "In The Court Of Crimson King", Composto por 5 faixas é dos primeiros álbuns a figurar como Progressive Rock e um dos mais influentes do género. A sua audição leva-nos a uma mistura de géneros do Folk ao Rock de vanguarda e à improvisação, do Hard Rock ao psicadélico, no final a designação de Progressivo fica-lhe bem (ainda hoje).




Para já ficamos com a faixa de abertura "21st Century Schizoid Man". Aos King Crimson e a este álbum havemos de voltar.



King Crimson - 21st Century Schizoid Man

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Blitz Nº 36 de 9 de Julho de 1985

Jornal "Blitz"

Faz 30 anos este nº do jornal Blitz.
Num nº pouco interessante o destaque da capa ia para Sting.



 - As páginas 2 e 3 com pequenas notícias, anunciava-se a vinda de Laurie Anderson a Portugal e em Breves ficava-se a saber que "Springsteen conquistou o público londrino que encheu Wembley durante três dias, para as primeiras actuações do cantor em Londres desde há quatro anos."
- Página 4 artigo com o título "Pop Dell'Arte no RRV: Renascimento e paixão da arte POP".
- Página 5 com artigo único sobre Sting a propósito do álbum a solo "The Dream Of The Blue Turtle"
- Nick Drake - Uma obra esquecida é um pequeno artigo da página 6  a ter em conta para os apreciadores da música de Nick Drake "... uma voz e génio, injustamente remetidos ao esquecimento..."
- Página 7 completa com o artigo "The Smiths: Herança oculta". A "pós-modernidade" dos The
Smiths"
- "As Noites Longas" ocupam as páginas centrais deste nº do Blitz. "As Noites Longas" "...um novo espaço de ocupação nocturna" da meia-noite às sete da manhã.
- A página 10 é ocupada por Luís Pinheiro de Almeida em dois artigos, o Busca no Sótão com "Os Concertos de Beneficência - Bangla Desh foi pioneiro" e a Feira da Ladra com a passagem de 14 anos sobre a morte de Jim Morrison.
- Pregões e Declarações para a página 11.
- Página 12 dá-se a conhecer um tal de Robin George e o seu Rock melódico.
- Página 13, o Blitz rendido à tecnologia do ZX SPECTRUM.
- Página 14, nada de relevante nos discos editados entre nós, sobra os GNR e "Os Homens Não Se Querem Bonitos".
- Página 15, os discos mais vendidos: Em Portugal nos Singles era "We Are The World" e nos LP "Brothers In Arms" dos Dire Straits; nos EUA o panorama não era animador, Phil Collins dominava nos Singles e LP; em Inglaterra os Marillion destronam Bryan Ferry com "Misplaced Childhood" e na lista Independente The Cult mantêm o primeiro lugar com "She Sells Sanctuary".
- Página 16 entrevista com Tom Robinson, "É sempre bom experimentar novas sonoridades".

Led Zeppelin por Howard Myllet

Editado pela Centelha, "Led Zeppelin", escrito por Howard Myllet, é nº 6 da colecção Rock On e foi publicado em Maio de 1983 com uma tiragem de 2000 exemplares.
Dos primordiais The Yardbirds até, em apêndice, ao derradeiro "Coda" publicado entre nós em 1983, três anos após o fim dos Led Zeppelin, a história de um dos mais fascinantes grupos de Rock.



No prefácio do livro dizia-se:

"Em 1974, o repórter americano Robert Hillburn descrevia os Led Zeppelin como a «quintessencial banda rock, aquela que resumia os elementos fundamentais do rock da última década. Se alguém quisesse fazer um filme acerca de um grupo rock, os Led Zeppelin poderiam muito bem cumprir esse papel. Robert Plant, é o típico vocalista macho, sexy e agressivo; Jimmy Page é o guitarrista talentoso capaz de capturar as fantasias das audiências com a sua experimentação electrónica; John Bonham é baterista para fornecer uma noite de um consciente e martelado drumming e terminar a sua actuação com um solo de 20 minutos; o baixista John Paul Jones fornece uma firme tensão inerente à sonoridade do grupo."

Curiosidade: o livro custou 250$00 ou seja 1,25€.

Led Zeppelin - I Can't Quit You Baby

Em Julho de 1968 acabaram The Yardbirds. Na formação final, já sem Eric Clapton, já sem Jeff Beck constava o nome de Jimmy Page.
Em Setembro de 1968 estavam formados os New Yardbirds com Jimmy Page, Robert Plant, John Bonham e John Paul Jones. De acordo com Howard Mylett no livro "Led Zeppelin" o "...concerto final realizou-se na Universidade de Liverpool a 19 de Outubro." Curta duração, portanto.
Em Outubro de 1968 gravam o primeiro álbum e mudam de nome, aí estão os Led Zeppelin.

Os Led Zeppelin dividiram opiniões. "POPMUSIC-ROCK" caracterizava-os assim:

"Musicalmente, o grupo representava uma escalada na potência sonora em relação aos Cream/Hendrix. A dobragem do papel rítmico da guitarra-baixo pela guitarra-solo produzia uma música simplista, repetitiva, enfática pelo uso da bateria no sentido duma acentuação dos tempos, e agressiva pelo papel complementar do bombo em relação guitarra-baixo."

Já o Record Mirror citado no livro "Led Zeppelin" supra referido afirmava:

"Pleno de ideias interessantes que resultam, o álbum é um disco bem conseguido, um excelente primeiro volume..."

ou ainda na revista OZ de acordo com a mesma fonte:

"Muito ocasionalmente é editado um álbum que escapa a uma imediata classificação simplesmente porque é um produto marcante tão óbvio que só o tempo é capaz de nos mostrar a sua importância (Bringing It All Back Home de Dylan, Younger Than Yerterday dos Byrds, Disraeli Gears dos Cream, Are You Experienced? de Hendrix e Sgt. Pepper dos Beatles) Este álbum dos Led Zeppelin é um destes casos raros."

Em Janeiro de 1969 é então editado o primeiro e homónimo registo dos Led Zeppelin que vai constituir um marco na música Rock.


Deste álbum histórico recuperamos, na melhor tradição dos Blues, um tema original de Willie Dixon "I Can't Quit You Baby". Os Led Zeppelin e o seu Blues-Hard Rock.



Led Zeppelin - I Can't Quit You Baby

quarta-feira, 8 de julho de 2015

Fleetwood Mac - Looking For Somebody

Constituídos em Inglaterra em 1967, é no Blues Boom britânico de 1968 que editam o primeiro álbum, são os Fleetwood Mac. É mais um Regresso ao Passado a este excelente grupo de blues.
No seu início formados por Peter Green, John McVie, Mick Fleetwood (os três ex-Bluesbreakers de John Mayall), Jeremy Spencer e Bob Brunning é com esta constituição que é gravado "Fleetwood Mac" ou como também ficou conhecido "Peter Green's Fleetwood Mac". Um álbum de blues puro com Peter Green e Jeremy Spencer a comporem a maior parte das faixas.

Ainda neste ano de 1968 vai ser editado o único Single que vai chegar a nº 1 em Inglaterra e que contem o instrumental que vai constituir uma marca dos Fleetwood Mac deste período: "Albatross"




Os Fleetwood Mac mantêm-se ainda hoje com dois dos músicos da formação inicial e que deram o nome ao grupo: Mick Fleetwood e John McVie. "Merry Go Round" é um tema escrito por Peter Green e é o que recordamos desse excelente primeiro álbum dos Fleetwood Mac.



Fleetwood Mac - Looking For Somebody

terça-feira, 7 de julho de 2015

Steppenwolf - Hoochie Coohie Man

Mais um grupo famoso a ter o primeiro álbum lançado no ano de 1968, foram os Steppenwolf.

Canadianos de origem tiveram em John Kay, vocalista, a sua referência maior, ainda por aí continua como John Kay and the Steppenwolf. Formados em 1967, os Steppenwolf teriam sucesso reconhecido até à separação em 1972. O êxito veio logo no primeiro, homónimo registo, onde constava o tema que viria ser popularizado em 1969 no filme "Easy Rider" com Peter Fonda e Dennis Hooper. Hoje, é a canção que de imediato se associa ao mundo motard.




À semelhança de muitos outros grupos surgidos nesta época e que viriam a ser identificados no género Hard-Rock as suas raízes estão nos Blues e no Blues-Rock. No caso dos Steppenwolf a atestá-lo o tema escolhido, "Hoochie Coohie Man" um standard dos Blues, original de Willie Dixon (1915-1992) e gravado pela primeira vez por Muddy Waters (1913-1983) em 1954. Para ouvir a versão dos Steppenwolf, decorria o ano de 1968.



Steppenwolf - Hoochie Coohie Man

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Jethro Tull - My Sunday Feeling

Diferentes períodos, diferentes formações, diferentes sonoridades, permanente o seu líder Ian Anderson. Nasceram no Blues-Rock, passaram pelo Folk-Rock e pelo Progressive-Rock e continuaram por manifestações menos interessantes de Hard-Rock, perderam-se no Electronic-Rock e nas aproximações à World Music. Jethro Tull é o nome da banda formada em 1967 e que perdura até aos nossos dias (bem, Ian Anderson diz que os Jethro Tull terminaram em 2014). Os Jethro Tull tinham como líder Ian Anderson, multi-instrumentista, com relevo na composição, na voz e no seu instrumento de eleição, a flauta.
Foi desde 1967 até final da década de 70 uma das formações de Rock mais cativante e original que nos foi dado conhecer. Infelizmente a discografia pós 1980 é repetitiva, desinspirada, usando e abusando dos mesmos clichés de composição, instrumentação e perda progressiva de voz.

O melhor é mesmo ir ao início, e no início estava "This Was".



"This Was" é o disco com mais influências de Jazz e Rhythm'n'Blues dos quais o grupo foi progressivamente afastando-se, é também o único com o guitarrista Mick Abrahams, futuro Blodwyn Pig.
O álbum abria com a faixa "My Sunday Feeling", uma amostra da excelência dos Jethro Tull naquela época.



Jethro Tull - My Sunday Feeling

domingo, 5 de julho de 2015

Family - The Chase

Family foi mais um grupo a explorar as novas sonoridades que se desenvolviam no final da década de 60, assim, esta banda inglesa formada em 1966, aparece referenciada no Rock progressivo, psicadélico com laivos de Jazz e Folk.
A figura destacada do grupo era Roger Chapman, vocalista, possuidor de uma estranha voz com um impressionante vibrato. Com 7 LP editados entre 1968 e 1973 o sucesso maior foi "In My Own Time" um single editado em 1971.



Várias formações depois, o projecto esgotado, o grupo termina em 1973, tendo Roger Chapman, no final a década, prosseguido carreira a solo. 2012 vê o regresso dos Family.

Começamos pelo primeiro álbum "Music in a Doll's House" editado em 1968 e dele recuperamos a faixa de abertura "The Chase", eram os Family de Roger Chapman e a sua voz ímpar no mundo do Rock.


Family - The Chase

sábado, 4 de julho de 2015

Iron Butterfly - In-A-Gadda-Da-Vida

O ano de 1968 vê confirmarem-se várias tendências em torno do Rock: o Jazz-Rock, o Hard-Rock, o Folk-Rock, o Country-Rock, o Progressive-Rock. Neste ano surgem um conjunto de primeiras gravações que vão constituir uma referência musical daquele período tão criativo,  enquanto alguns grupos dão os seu último concerto: Cream, Buffalo Springfield, The Yardbirds.
Steppenwolf, Fleetwood Mac, The BandIron Butterfly, Family, Led Zeppelin, King Crimson, Deep Purple, Pentangle, Fairport Convention e os Blood, Sweat and Tears, são algumas dessas novas referências (destaque para o início das gravações de Joni Mitchell que nunca mais parou de nos encantar).
Motivos de sobra para nos fixarmos alguns dias no ano de 1968.

Depois de já termos recordado o álbum inicial dos Blood, Sweat and Tears é hoje a vez de recuperar os Iron Butterfly.

Os primórdios dos Iron Butterfly remontam a 1966, mas é em 1968 com edição dos 2 primeiros álbuns que se vão tornar conhecidos. Praticantes de um Rock psicadélico, são tidos como um dos percursores do Hard-Rock.
Se o primeiro LP "Heavy" não teve muito reconhecimento (no vídeo a faixa "Iron Butterfly Theme" no programa de televisão Playboy After Dark),



é no segundo "In-A-Gadda-Da-Vida" que, nos Estados Unidos, vão conhecer o sucesso, nomeadamente com o tema título, que no LP ocupava todo o 2º lado do disco com os seus longos 17 minutos.
Com o Heavy Metal à espreita segue "In-A-Gadda- Da-Vida" na versão para Single.



Iron Butterfly - In-A-Gadda-Da-Vida

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Blood, Sweat and Tears - I Love You More Than You'll Ever Know

Blood, Sweat and Tears é uma das bandas onde o rótulo Jazz-Rock melhor se enquadra. Formados em 1967 por 8 músicos multi-instrumentistas mantêm-se até hoje mas com uma formação completamente diferente da original, por lá passaram quase duas centenas de músicos.
Jazz, Rock, uma pitada de psicadelismo e de música clássica, versões de canções que vão de James Taylor, The Rolling Stones a  Erik Satie (1866-1925, pianista, compositor francês)  assim se fizeram os primeiros discos dos Blood, Sweat and Tears.

O primeiro álbum, "Child Is Father To The Man" de 1968, será marcado pela presença de Al Kooper (membro fundador do grupo que o abandonaria logo de seguida) e é uma das referências daquele ano.
Um álbum representativo dos novos caminhos abertos pela música popular na segunda metade da década de 60. Al Kooper rasga fronteiras e abre novas possibilidades numa amálgama sonora que ainda hoje se ouve com agrado.
"I Love You More Than You'll Ever Know" de Al Kooper é um dos temas deste primeiro registo dos Blood, Sweat and Tears e que é hoje um clássico.

No vídeo Beth Hart e Joe Bonamassa interpretam "I Love You More Than You'll Ever Know" em Amsterdão em 2014, faz parte do excelente triplo álbum "Live in Amsterdan".




Agora o original, recuemos ao ano de 1968, eram os Blood, Sweat and Tears e "I Love You More Than You'll Ever Know", muito, muito bom!



Blood, Sweat and Tears - I Love You More Than You'll Ever Know

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Leonard Cohen - Suzanne

Se "All Along the Watchtower" de Bob Dylan vinha mostrar que em 1968 o Folk-Rock estava vivo e recomendava-se, outras gravações deste período confirmam que, apesar do desvario experimentalista que a música Rock atravessou, a música Folk, nas suas mais diversas matizes, se mantinha com velhos e novos intervenientes a mostrar doses generosas de criatividade.

Podíamos citar, começando pelos mais antigos, Johnny Cash e o álbum ao vivo "At Folsom Prison", Donovan ao vivo com "Donovan in Concert" e em estúdio com o excelente "The Hurdy Gurdy Man", Simon and Garfunkel e a beleza de "Bookends" e os novos, The Band e o primeiro álbum "Music from Big Pink", Arlo Guthrie e o primeiro "Alice's Restaurant" e por fim o poeta judeu canadiano Leonard Cohen e a primeira gravação "Songs of Leonard Cohen".



Já com vários livros editados, é na 2ª metade dos anos 60 que Leonard Cohen, sendo apanhado pela cena Folk de Nova Iorque, se inicia na música. As suas canções vão ser primeiramente conhecida através da cantora Judy Collins que em 1966 no seu álbum "In My Life" inclui as canções "Suzanne" e "Dress Rehearsal Rag".

O primeiro álbum de Leonard Cohen abria com "Suzanne", eternamente bela, uma das canções da minha adolescência.



Leonard Cohen - Suzanne

quarta-feira, 1 de julho de 2015

The Band - The Weight


Simplesmente The Band assim ficou conhecido o conjunto de músicos que entre 1965 a 1967 acompanharam o "eléctrico" Bob Dylan (era Bob Dylan and the Band). Oficialmente tomaram a designação The Band em 1968 quando gravaram o primeiro LP e efectuaram os primeiros concertos sem Bob Dylan.

"Music from Big Pink" foi o primeiro álbum do grupo The Band que teve o seu fim em 1977 após o famoso concerto de despedida realizado por Martin Scorsese em 1976: "The Last Waltz"



"Enquanto, em toda a parte, se comentava o regresso de Dylan, este negava-se a ser entrevistado e não queria saber nada de actuações públicas. Os seus eternos acompanhantes - «The Band» - editaram um álbum, sozinhos, contendo algumas canções de Dylan extraordinariamente tratadas, com o que confirmaram serem um dos melhores grupos do momento, na América. Os críticos classificaram o álbum - Music from Big Pink - como a mais completa incursão no campo do folk-rock e o tema The Weight encabeçava todas as listas de êxitos." em "bob dylan" de Jesús Ordovas.

E é "The Weight" um clássico dos The Band que segue para audição.



The Band - The Weight